Acre
Fiéis do Acre demonstram devoção em emocionante Sexta-feira da Paixão
Procissões e encenações marcam tradição religiosa em cidades acreanas; evento reúne milhares em clima de reflexão e fé

A manifestação, que acontece anualmente, reforça a espiritualidade e a união dos participantes. Foto: cedida
A Sexta-feira da Paixão foi marcada por forte comoção e demonstrações de fé em diversas cidades do Acre. Milhares de fiéis participaram das tradicionais procissões que relembram o calvário de Jesus Cristo, um dos momentos centrais da Semana Santa.
Em Rio Branco, Epitaciolândia, Sena Madureira, Brasiléia, Xapuri e outras localidades, famílias e grupos religiosos percorreram as ruas em oração, carregando cruzes e imagens sagradas.
“É uma tradição que fortalece nossa fé e nos une em reflexão”, destacou Marcela de Souza, que há mais de 23 anos integra a celebração.
Além das procissões, encenações teatrais e missas especiais movimentaram o dia, culminando em uma grande procissão no fim da tarde. Com apoio da Polícia Militar, os eventos transcorreram sem incidentes.
A Semana Santa segue com programações religiosas até o domingo de Páscoa, quando os cristãos celebram a ressurreição de Cristo, encerrando um dos períodos mais importantes para a fé católica.

A programação religiosa segue até o Domingo de Páscoa, quando os cristãos celebram a ressurreição de Cristo. Foto: internet
A Sexta-Feira Santa é parte do tríduo pascal, celebração da Igreja Católica que retoma a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. A data varia a cada ano porque tem como referência o período da Festa de Pessach (páscoa judaica), citado nos evangelhos cristãos.
“Quando a gente vislumbra o período de preparação para a páscoa, isso vai acontecer por uma tradição que vem desde antes do período cristão, e já era praticada pelo judaísmo”, explica Ana Beatriz Dias Pinto, doutora em Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Segundo a especialista, os escritos relatam que, para os judeus, a festividade ocorria no sábado e domingo de lua cheia após o início da primavera no hemisfério norte (outono no hemisfério sul).
“Quando Jesus foi sentenciado à morte, eles precisaram antecipar o momento de crucificação dele – que foi o castigo imposto na época – para que não atrapalhasse as festividades dos judeus. Então, acabou sendo numa sexta-feira”, diz.
Na celebração judaica, a data em que Jesus Cristo foi morto coincidiu com os preparativos da Festa de Pessach. Tradicionalmente um cordeiro é morto em sacrifício para a proteção das moradias sujeitas à décima praga no Egito, que previa a descida do anjo da morte, quando todos os primogênitos seriam mortos em razão da escravização do povo judeu.

O Grupo Teatral Terra Nossa, da Igreja Católica da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Sena Madureira realizaram a tradicional programação em memória da Paixão de Cristo. Foto: cedida
Evangelhos
“A interpretação teológica desse evento é fundamentada nos evangelhos, principalmente o Evangelho de João e também nas Cartas de São Paulo, quando ele vai falar que Cristo era a verdadeira Páscoa e que foi imolado [morto em sacrifício]”, explica Ana Beatriz.
A ruptura histórica e cultural promovida pelo sofrimento de Jesus Cristo, posto em sacrifício, impulsionou a criação de uma nova religião, destaca a teóloga.
“Um homem de carne e osso, que acaba sendo morto e, pela espiritualidade, se compreende que ele veio para cumprir as escrituras. Então, ele vai demonstrar que não existe mais só a necessidade de se sair da escravidão para a liberdade, mas que havia a necessidade desse povo sair do contexto de pecado para um contexto de amor”, reforça Ana Beatriz.
A sexta-feira retoma exatamente os últimos passos de Jesus até a sua morte, no dia em que foi sentenciado e penitenciado a carregar a cruz na qual viria a ser pregado até perder a vida. Para católicos, na liturgia da Sexta-Feira Santa não acontece o momento da eucaristia, que é uma ação que dá graças à presença de Jesus Cristo. “Dentro dessa dinâmica do simbolismo, a ausência da celebração eucarística está ligada a um caráter de luto. Os católicos entram em luto na quinta-feira à noite”, frisa Ana Beatriz.
A missa celebrada na data também reserva um momento de adoração da cruz para destacar o sacrifício de Jesus Cristo para redimir o mundo dos pecados, detalha a teóloga.
“Aqui no Brasil, por termos uma tradição latina, a gente é muito passional. Muita gente beija a cruz, se ajoelha diante dela. Na Europa, por exemplo, as pessoas se aproximam da cruz e fazem uma reverência com a cabeça. Em alguns lugares, fazem uma genuflexão [dobram os joelhos], mas não tem essa coisa de tocar e beijar. Cada povo vai ter um costume”, afirma.
Também é na Sexta-feira Santa que tradicionalmente algumas cidades encenam a Via Sacra, para relembrar a trajetória de Jesus até a morte e o significado da Paixão de Cristo, que se pôs em sacrifício pela humanidade.
“O tom que pela tradição da igreja se pede é de austeridade, silêncio, contemplação e luto. É realmente um momento de se lembrar que uma pessoa morreu, que é o líder máximo do cristianismo”, enfatiza.
Feriado
No Brasil, desde a chegada dos portugueses, o cristianismo foi adotado como religião oficial do Império e a tradição foi mantida após a Independência em relação a Portugal. Como um país com grande população cristã, a Sexta-Feira Santa é considerada um feriado religioso pela Lei 9.093/1995.
“Apesar do Brasil ser um estado laico, acabou sendo convencionado que se manteria esse calendário como feriado, porque se faz parte da cultura do povo, da tradição e dos costumes. Se isso faz sentido para o povo, não tem por que retirar do calendário”, reforça.
Sincretismo
Além das religiões cristãs, muitas outras celebram a Páscoa com liturgias que trazem um simbolismo próprio.
“A umbanda e o candomblé, que são algumas das maiores religiosidades de matriz africana no país, a Quimbanda e o Batuque vão celebrar a Páscoa como uma festa de renascimento espiritual. Vão fazer festas para Oxalá, que seria o orixá associado à figura de Jesus Cristo, porque a gente tem um sincretismo muito grande entre as matrizes africanas e o catolicismo”, salienta Ana Beatriz.
No próprio cristianismo, as práticas e interpretações também variam, afirma a teóloga. “Na doutrina espírita, a ressurreição de Jesus é vista como uma evolução, uma sobrevivência do espírito. Eles não vão ter rituais, mas eles respeitam como um símbolo de renovação interior. E eles, evidentemente, têm também a figura de Jesus Cristo como um profeta, como alguém muito evoluído.”
Para a pesquisadora, a Semana Santa é um período para reflexões independentes de uma religião e que pode motivar até mudanças sociais.
“Hoje, a gente pode reinterpretar também o sentido da Páscoa como uma oportunidade de a gente olhar para nós mesmos, para a nossa realidade social, para a nossa realidade econômica, política e pensar, a partir daí, o que a gente quer para a nossa sociedade?”, conclui.
O que é sincretismo religioso?
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“Cobrança” inusitada: homem com chapéu de corno protesta na Câmara de Cruzeiro do Sul
Manifestante irreverente rouba a cena durante sessão legislativa; identidade e motivos do ato ainda são desconhecidos

Até o momento, a identidade do homem e o motivo exato de seu protesto ainda não foram divulgados. O caso, no entanto, já virou assunto entre os moradores da cidade. Foto: captada
Na noite da última quinta-feira, dia 8, uma cena inesperada chamou a atenção durante a sessão da Câmara Municipal de Cruzeiro do Sul. Um homem, usando um chamativo “chapéu de corno”, adentrou a galeria do público e começou a fazer gestos de cobrança em direção aos vereadores, do outro lado do vidro que separa os espaços.
O tom humorado da manifestação arrancou risadas de funcionários, parlamentares e espectadores, que não esperavam por um momento tão descontraído em meio aos trabalhos legislativos. Apesar do episódio inusitado, a sessão não foi interrompida e seguiu normalmente.

Vereadores e público se surpreendem com manifestação irreverente; sessão seguiu normalmente sem interrupções. Foto: captada
Reações ao ocorrido:
Apesar da natureza incomum do protesto:
A sessão seguiu normalmente sem interrupções
Nenhum parlamentar se manifestou sobre o ocorrido
Funcionários relataram nunca ter visto algo semelhante
O vídeo do incidente viralizou nas redes sociais locais
A identidade do homem e os motivos exatos de sua manifestação continuam desconhecidos. Especialistas em comportamento político avaliam que o episódio reflete novas formas de protesto popular, que combinam humor e crítica social. A Câmara informou que não tomará nenhuma medida sobre o caso, tratando-o como uma manifestação pacífica e inofensiva.
Veja vídeo com Notícias do Juruá:
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Acre
Governo promove mutirão de atendimentos em neuropediatria, exames e cirurgias em Brasileia
A coordenadora do programa Saúde Itinerante, Rosemary Fernandes, lembra que a ação já possui calendário definido para contemplar todas as regionais do Estado

Equipe envolvida na realização do programa Saúde Itinerante TEA. Foto: Pablo Charif/Sesacre
O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), realizou, de 9 a 11 de maio, uma nova edição da ação Saúde + Perto, com atendimentos do programa Saúde Itinerante Multidisciplinar Especializado em Neuropediatria e do Opera Acre, com mutirões de cirurgias de catarata e ginecológicas no Hospital Regional do Alto Acre, em Brasileia.
Somente o Saúde Itinerante TEA atendeu 200 crianças. No entanto, o número de atendimentos ultrapassa essa marca, considerando que a ação engloba múltiplos serviços por paciente, como odontopediatria, enfermagem, terapias e regulação.
Somando-se às ações realizadas nas demais regionais, foram 840 pessoas atendidas, ultrapassando a marca de mil atendimentos. Exames de ultrassonografia também foram ofertados em Brasileia, totalizando 62 exames, inclusive para pacientes indígenas, levados até o hospital com apoio de transporte aéreo.
“Nossos pacientes vieram fazer a ultrassonografia abdominal. Quero agradecer a todo o pessoal de Brasileia, porque fomos muito bem atendidos”, disse Marivânia Manchineri, indígena de Assis Brasil, que compareceu ao local acompanhada de outros sete indígenas, entre crianças e adultos.

Maria José Mota ao lado do filho, Eduardo, de 13 anos. Foto: Agnes Cavalcante/Sesaccre
Moradora da zona rural de Epitaciolândia, Maria José Mota, mãe de Eduardo, de 13 anos, levou o filho pela primeira vez ao atendimento especializado e celebrou o acesso ao serviço mais próximo de casa:
“Desde pequeno eu já percebia algo estranho, mas a professora dizia que era normal. De um tempo pra cá, quando ele mudou de série, a nova professora percebeu e fez um relatório. E eu quero ver o que o médico vai me dizer. Só gratidão por realizarem a ação aqui em Brasileia. É uma bênção, porque facilita muito.”

O número de atendimentos ultrapassa essa marca, considerando que a ação engloba múltiplos serviços por paciente, como odontopediatria, enfermagem, terapias e regulação. Foto: Agnes Cavalcante/Sesaccre
Além de Brasileia, as cirurgias do programa Opera Acre ocorreram simultaneamente:
– No Hospital da Mulher e da Criança do Juruá, com seis cirurgias ginecológicas;
– No Hospital Ary Rodrigues, em Senador Guiomard, com 60 cirurgias proctológicas;
– Na Fundação Hospitalar Governador Flaviano Melo, em Rio Branco, com cinco cirurgias vasculares e dez ginecológicas;
– No Hospital Dr. Manoel Marinho Monte, em Plácido de Castro, com 25 atendimentos;
– E no Hospital Abel Pinheiro, em Mâncio Lima, com 120 procedimentos de laqueadura.
O secretário de Saúde, Pedro Pascoal, reforça que depoimentos como o de Maria José demonstram que o Estado está no caminho certo: “Levar saúde para mais perto das pessoas não é uma tarefa fácil, mas nossa equipe tem se esforçado muito para manter essa ação conjunta, que beneficia toda a população nas regionais. Ver crianças tendo acesso a serviços de qualidade e mantendo consultas e terapias em dia é recompensador”, ressaltou.
A coordenadora do programa Saúde Itinerante, Rosemary Fernandes, lembra que a ação já possui calendário definido para contemplar todas as regionais do Estado:
“Conforme nosso calendário, em setembro iremos retornar ao Alto Acre. Estamos fazendo o caminho inverso, como nos orienta o governador e a gestão da Sesacre: ao invés de os pacientes irem até Rio Branco, levamos os profissionais até onde eles vivem, facilitando o acesso à saúde.”

Pacientes saíram do hospital enxergando, Foto: Pablo Charif/Sesacre
Um novo olhar
Uma das pacientes que passou por cirurgia de catarata foi a aposentada Sebastiana Gomes, de 68 anos, que aproveitou para destacar a excelência do atendimento. “O atendimento foi ótimo. Eu comecei a desconfiar numa consulta, porque meus ‘olho começou a queimar’, arder… e eu disse: ‘O que é isso?’. A médica disse que era catarata.”
Sua xará, Sebastiana Mendes, de 71 anos, também celebrou a nova vida após a cirurgia. “Eu achei uma coisa muito ótima, muito útil, desde a consulta até o atendimento. A gente gastaria muito pra fazer esse processo todo, e agora a gente ganhou tudo na mão. Agradeço a Deus e a toda a equipe.”
Já o oftalmologista Rafael Silva, que integrou a ação, também expressou gratidão pelo trabalho realizado. “São dias muito corridos, muito cansativos, mas a sensação é de dever cumprido. É gratificante, porque às vezes o paciente chega cego, sem enxergar nem meu rosto, e já sai da cirurgia vendo tudo. Pra nós, é emocionante.”
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Acre
Prefeito Jerry Correia discute criação de cooperativa rural em reunião com agricultores de Assis Brasil
Iniciativa visa fortalecer agricultura familiar e melhorar comercialização de produtos no KM 13

O encontro teve como objetivo discutir a criação de uma nova cooperativa que está sendo formada por agricultores locais, visando o fortalecimento da agricultura familiar. Foto: cedida
O prefeito Jerry Correia se reuniu na manhã deste sábado (10) com moradores e produtores rurais do Ramal do KM 13, zona rural de Assis Brasil, para discutir a formação de uma nova cooperativa agrícola. O projeto, idealizado pelos próprios agricultores, tem como objetivo organizar a produção, facilitar o acesso a políticas públicas e impulsionar a geração de renda no campo.
Durante o encontro, os cooperados apresentaram demandas e desafios enfrentados na região, além de propostas para fortalecer o setor produtivo local. O prefeito destacou o apoio da gestão municipal à iniciativa, que busca melhorar a qualidade de vida das famílias rurais.
“Prefeitura está à disposição para apoiar cooperativa”, afirma Jerry Correira
O chefe do Executivo municipal enfatizou a importância da união entre os produtores e o poder público. “Este é um passo fundamental para o desenvolvimento da nossa zona rural. Vamos trabalhar juntos para garantir que essa cooperativa cresça e beneficie cada vez mais agricultores”, declarou Correia.

A cooperativa deve começar suas atividades nos próximos meses, com foco na comercialização conjunta e no acesso a programas de fomento agrícola. Foto: cedida
O vereador Jesus Pilique, que também participou da reunião, reforçou o apoio do Legislativo ao projeto. “Essa é uma iniciativa que merece todo nosso incentivo, pois gera oportunidades e movimenta a economia local”, afirmou.
A Prefeitura de Assis Brasil segue implementando ações para valorizar a agricultura familiar e promover o desenvolvimento sustentável no município. A cooperativa deve começar suas atividades nos próximos meses, com foco na comercialização conjunta e no acesso a programas de fomento agrícola.