Brasil
Entenda como superbloco formado por Lira muda a relação da Câmara com o governo
Presidente da Câmara reforça protagonismo nas negociações com o Executivo; partidos prometem garantir governabilidade a Lula

Presidente da Câmara reforça protagonismo nas negociações com o Executivo; partidos prometem garantir governabilidade a Lula
A recente consolidação de dois grandes blocos na Câmara dos Deputados, que isolam o PT, mudou a forma como o governo vai precisar negociar a aprovação de pautas de interesse do Executivo. A base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aposta em uma facilitação de diálogo, mas parlamentares enxergam o movimento como uma forma de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ganhar força política.
Duas semanas após o anúncio de um bloco entre Republicanos, MDB, PSD, Podemos e PSC, com 142 deputados, Lira conseguiu consolidar uma formação ainda maior, com 173 parlamentares de nove partidos (PP, União Brasil, PSB, PDT, PSDB-Cidadania, Solidariedade, Avante e Patriota).
Oficialmente, o objetivo dos blocos é garantir espaços de poder na estrutura do Legislativo, com mais protagonismo nas mesas e comissões permanentes, tempo de fala e, portanto, visibilidade. Na prática, Lira reforça que o Palácio do Planalto fica condicionado às vontades dele. O presidente da Câmara já declarou abertamente que o governo não tem base consolidada e que essa costura era necessária.
Dentro do superbloco de Lira, as duas primeiras lideranças vão ficar com partidos que compõem a base do governo. Haverá uma rotatividade entre as legendas a cada dois meses, começando por Felipe Carreras (PSB-PE), seguido de André Figueiredo (PDT-CE). Ambos afirmaram que atuarão para dar governabilidade e trazer apoio para as pautas de interesse do Palácio do Planalto. Segundo Carreras, o bloco “vai ajudar o presidente Lula a pavimentar governabilidade e ter uma base sólida na Câmara”.
O rodízio é uma forma de pacificar o protagonismo dentro do bloco, que é composto, inclusive, de partidos da direita. Mas é Lira quem vai fazer o papel de articulador. Membros do outro bloco destacaram que, mesmo após o racha do Centrão, o presidente da Câmara manteve a articulação para viabilizar pautas de interesse nacional, sobretudo em relação a questões econômicas.
“É natural que haja discussões, articulações e decisões políticas. Inicialmente, o PP e o União formariam uma federação entre os dois partidos. Mas o cenário político mudou, a federação entre PP e União não deu certo e eles, juntamente com outros partidos, resolveram formar um bloco que ultrapassou o tamanho dos já existentes. O poder do Lira hoje é muito grande, mesmo com a esquerda presidindo o Brasil. Sem dúvidas, com esse blocão do PP, ele mostra o tamanho do poder de articulação dele”, destacou o deputado Fred Linhares (Republicanos-DF), completando que a atuação do Republicanos será independente e “a favor do Brasil”.
Apesar do protagonismo de Lira, até mesmo integrantes do PL não enxergam uma votação única por parte de todos os integrantes do blocão. “Há um extenso número de parlamentares que não vão aceitar votar pautas com que não concordam”, disse o deputado Abilio Brunini (PL-MT), citando o projeto de lei das Fake News.
“Dentro do blocão, há deputado de direita e esquerda. O grupo tem uma finalidade, por exemplo, garantia de tempo de líder para partidos menores que vão incorporar para ter mais tempo de fala. Nesse sentido o PL não precisa disso”, completou Brunini.
Líderes do PT apostam no diálogo
Nos bastidores, a criação do superbloco de Lira foi vista como uma reação do presidente da Câmara para não perder o poder de articulação na Casa, mesmo depois de ter sido reeleito presidente em uma votação recorde, que somou 464 votos. Lira chegou a dizer que “se diverte com as narrativas” e negou que o propósito do bloco seja chantagear o governo.
O líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu (PR), disse que a consolidação do bloco “é uma forma de os partidos se organizarem dentro da Câmara para ocupar os espaços que cada bancada tem direito pelo tamanho e proporcionalidade”. Ele negou que o blocão tenha viés contra ou a favor do governo, da oposição ou do próprio presidente da Casa. “Lira disse que nunca participou do processo”, declarou.
Dirceu destacou, ainda, que “o bloco não vai esmagar ninguém ou o protagonismo de partidos menores”. Na visão do deputado Rogério Correia (PT-MG), vice-líder do governo, a divisão facilita a articulação e o isolamento do partido é estratégico.
“Se o PT participasse de um bloco, teríamos dificuldade de diálogo com o outro. Então manter o PT fora dos blocos e dialogar com os dois é bom para o governo. Facilita o diálogo sem estarmos interferindo na disputa entre esses dois grupos”, afirmou.
Comentários
Brasil
Com Alckmin, empresários defendem reversão de tarifas e pedem maior prazo

Porto de Los Angeles • 13/05/2025. REUTERS/Mike Blake
A indústria solicitou ao vice-presidente Geraldo Alckmin que o governo federal negocie uma ampliação do prazo de vigência da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, previsto para 1° de agosto.
A declaração foi realizada após reunião do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços com representantes do setor industrial brasileiro.
“O que nós ouvimos aqui foi negociação, ou seja, um empenho para rever, o que coincide com a proposta do governo brasileiro e do presidente Lula. Foi colocado de que o prazo é exíguo. O prazo é curto. De que nós deveríamos trabalhar pela sua dilação”, disse Alckmin após o encontro.
Para o vice-presidente, a tarifa de 50% pode ser vista como uma oportunidade para a indústria ampliar os seus acordos comerciais. “É oportunidade para mais acordos comerciais. Podemos abrir oportunidades para fazer mais acordos comerciais”, afirmou.
Fonte: CNN
Comentários
Brasil
Caixa libera abono salarial para nascidos em setembro e outubro

Foto: Reprodução
Cerca de 3,8 milhões de trabalhadores com carteira assinada que ganham até dois salários mínimos e nasceram em setembro e outubro podem sacar, a partir desta terça-feira (15), o valor do abono salarial do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep) em 2025 (ano-base 2023). A quantia está disponível no Portal Gov.br.
Ao todo, a Caixa Econômica Federal liberará pouco mais de R$ 4,4 bilhões neste mês. Aprovado no fim do ano passado, o calendário de liberações segue o mês de nascimento do trabalhador. Os pagamentos começaram em 17 de fevereiro e vão até 15 de agosto. O trabalhador pode conferir a situação do benefício no aplicativo Carteira de Trabalho Digital.
Neste ano, R$ 30,7 bilhões poderão ser sacados. Segundo o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), o abono salarial de 2025 será pago a 25,8 milhões de trabalhadores em todo o país. Desse total, cerca de 22 milhões que trabalham na iniciativa privada receberão o PIS e 3,8 milhões de servidores públicos, empregados de estatais e militares têm direito ao Pasep.
O PIS é pago pela Caixa Econômica Federal; e o Pasep, pelo Banco do Brasil (BB). Como ocorre tradicionalmente, os pagamentos serão divididos em seis lotes, baseados no mês de nascimento. Os saques terão início nas datas de liberação dos lotes e acabarão em 29 de dezembro de 2025. Após esse prazo, será necessário aguardar convocação especial do Ministério do Trabalho.
Nascidos em | Recebem a partir de |
Janeiro | 17 de fevereiro |
Fevereiro | 17 de março |
Março e Abril | 15 de abril |
Maio e Junho | 15 de maio |
Julho e Agosto | 16 de junho |
Setembro e Outubro | 15 de julho |
Novembro e Dezembro | 15 de agosto |
Quem tem direito
Tem direito ao benefício o trabalhador inscrito no PIS/Pasep há, pelo menos, cinco anos, e que tenha trabalhado formalmente por, no mínimo, 30 dias no ano-base considerado para a apuração, com remuneração mensal média de até dois salários mínimos. Também é necessário que os dados tenham sido informados corretamente pelo empregador na Relação Anual de Informações Sociais (Rais).
O valor do abono é proporcional ao período em que o empregado trabalhou com carteira assinada em 2023. Cada mês trabalhado equivale a um benefício de R$ 126,50, com períodos iguais ou superiores a 15 dias contados como mês cheio. Quem trabalhou 12 meses com carteira assinada receberá o salário mínimo cheio, de R$ 1.518.
O abono salarial não se confunde com as cotas do antigo Fundo PIS/Pasep, que podem ser sacadas por meio de outra plataforma, lançada em março deste ano. O antigo fundo abriga cotas de cerca de 10,5 milhões de pessoas que tinham empregos formais antes da Constituição de 1988. O abono salarial beneficia trabalhadores com carteira assinada após a Constituição de 1988, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Pagamento
Trabalhadores da iniciativa privada com conta-corrente ou poupança na Caixa receberão o crédito automaticamente no banco, de acordo com o mês de seu nascimento.
Os demais beneficiários receberão os valores por meio da poupança social digital, que pode ser movimentada pelo aplicativo Caixa Tem. Caso não seja possível a abertura da conta digital, o saque poderá ser realizado com o Cartão do Cidadão e senha nos terminais de autoatendimento, unidades lotéricas, Caixa Aqui ou agências, também de acordo com o calendário de pagamento escalonado por mês de nascimento.
O pagamento do abono do Pasep ocorre via crédito em conta para quem é correntista ou tem poupança no Banco do Brasil. O trabalhador que não é correntista do BB pode efetuar a transferência via TED para conta de sua titularidade via terminais de autoatendimento, portal na internet ou no guichê de caixa das agências, mediante apresentação de documento oficial de identidade.
Quem não é correntista da Caixa ou do Banco do Brasil e tem direito ao benefício também pode sacar o valor por meio do Portal Gov.br, no serviço Receber o abono salarial, mas é necessário ter conta prata ou ouro.
Até 2020, o abono salarial do ano anterior era pago de julho do ano corrente a junho do ano seguinte. No início de 2021, o Codefat atendeu a recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU) e passou a depositar o dinheiro somente dois anos após o trabalho com carteira assinada.