Conecte-se conosco

Brasil

Dólar perto de R$ 5,60: entenda o que leva a moeda a subir tanto aqui no Brasil

Publicado

em

Risco fiscal, interferências políticas, pandemia e situação dos EUA são alguns fatores que levam o dólar para cima dos R$ 5

Juliana Elias, do CNN Brasil Business

No final de 2020, quando a conturbada eleição presidencial norte-americana já tinha finalmente se resolvido e as primeiras vacinas contra o coronavírus começavam a chegar ao mercado e dar ao mundo um gostinho de esperança de fim da pandemia, o Brasil chegou a acreditar que os piores momentos do câmbio tinham passado.

Depois de chegar perto dos R$ 5,90 em maio, o dólar havia baixado para menos de R$ 5,20 no fim de 2020. Passados três meses de 2021, porém, a moeda já está de volta à banda dos R$ 5,50 aos R$ 5,80 dentro da qual veio flutuando o último mês inteiro. Nesta quarta-feira (7), era negociada perto dos R$ 5,63.

Não há uma conta única para estimar qual seria o valor de equilíbrio do dólar hoje –aquele em que a sua cotação em relação ao real refletiria da maneira mais fiel a força da economia doméstica em comparação ao restante do mundo e não estimularia demais nem os exportadores, nem os importadores. O consenso entre economistas, porém, é de que esse preço certamente é menor do que R$ 5 e bem abaixo das cotações atuais.

Sintoma desse forte desalinhamento é o Brasil ter passado 2020 inteiro e seguir em 2021 no topo da lista das moedas que mais perdem valor para o dólar no mundo, atrás apenas de um pequeno punhado de países, que inclui Sudão, Líbia e Venezuela.

Por trás do conforto com que o dólar se acomodou tão acima do que seria sua cotação natural no Brasil, está um intersecção caótica de fatores políticos, econômicos e internacionais, que, misturados todos ao mesmo tempo, acabaram sustentando os patamares prolongadamente altos da moeda.

São preocupações que estão todos os dias na boca e nos relatórios que guiam as decisões de analistas, investidores e economistas. Veja a seguir quais são elas:

Risco fiscal

No topo dos temores está o chamado “risco fiscal”, ou seja, a preocupação com a possibilidade de que o governo não se comprometa em reverter o seu nível de endividamento já recorde. Na visão dominante do mercado financeiro – que é quem leva e traz os dólares diariamente –, isso abre a porteira para uma sucessão de desequilíbrios econômicos e é o grande espantalho de investimentos hoje.

“A questão fiscal é, sem dúvida, o grande catalizador dessa fuga de capital e aversão ao risco no Brasil”, disse Fernando Bergallo, diretor da FB Capital. “Não há dúvidas de que o auxílio à pandemia era necessário, mas o fato é que o governo não tinha caixa para isso.”

Com os gastos extraordinários da pandemia, a dívida pública brasileira, que já estava entre as mais altas do mundo emergente, saiu de 75% do PIB, em 2019,, para 90%, atualmente, proporção que ainda deve seguir crescendo. É por isso que a pressão por reformas, cortes de gastos e respeito ao teto de gastos são os grandes mantras do mercado financeiro –e, quanto mais o governo se esquivar de fazê-las, mais os receios (e, portanto, o dólar) aumentam.

“O medo não é que o governo não pague a dívida, mas a dívida muito alta já é uma pressão por si”, disse o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio Vale.

“Por conta do receio, o câmbio sobe, a inflação sobe, aí é necessário subir juros, o que tira perspectiva de crescimento da economia e desestimula os investimentos de longo prazo. É um ciclo vicioso que se retroalimenta.”

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados

Pandemia fora de controle

A inabilidade em controlar o avanço das mortes e infecções por coronavírus, ao lado de um programa de vacinação que começou lento e atrasado, prolongam a pandemia e, com ela, as agonias que trazem à economia –e isso redunda em mais temor pelo desarranjo fiscal.

“Quanto mais agressiva a pandemia, mais a população precisa de suporte fiscal. O correto seria fazer um pacote de ajuda e, ao mesmo tempo, restringir outros gastos, mas, com o enfraquecimento da popularidade do governo, as concessões aumentam.”

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados

Interferências políticas

Também não colabora com o humor dos agentes financeiros a sucessão de intervenções do presidente Jair Bolsonaro em quadros políticos e econômicos do governo. Entre demissões e renúncias, Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobras tiveram seus presidentes trocados neste ano.

Bolsonaro anunciou a demissão de Roberto Castello Branco, o ex-presidente da Petrobras, por um post nas redes sociais. A notícia foi postada na noite de 19 de fevereiro, depois que aumentos fortes foram feitos pela estatal nos combustíveis –foi o último dia em que o dólar fechou abaixo dos R$ 5,40. Dali para frente, a moeda entrou em um rali que a ergueu até os R$ 5,60 onde está agora.

Na semana passada, num movimento inédito, os três chefes das Forças Armadas deixaram seus postos após a troca do ministro da Defesa, além de o quarto ministro da Saúde ter assumido a pasta em um ano de pandemia.

“Se o presidente tentou intervir de várias maneiras, e em várias esferas, olhando a reeleição de 2022, o que mais pode vir pela frente?”, questiona Vale.

Medo de Lula

A cotação do dólar também nunca mais foi a mesma depois que, no início de março, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o tornou elegível novamente até que novas investigações sejam feitas.

Desafeto histórico do mercado financeiro, o petista tornou bastante real a possibilidade de uma disputa entre Lula e Bolsonaro à próxima presidência e turvou de vez os planos de emplacar uma candidatura de centro-direita, mais afinada às demandas dos donos do dinheiro.

“Quem receber a economia em 2023 terá uma situação muito complicada depois desses aumentos de gastos e vai precisar fazer algum ajuste fiscal, mas nem Lula, nem Bolsonaro devem fazê-lo.”

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados

Ajuda trilionária, juros e inflação nos EUA

As intempéries domésticas apenas pioram um cenário que, lá fora, já é desfavorável para outras moedas frente ao dólar.

A pandemia, no ano passado, já tinha sido um disseminador de pânico que fez investidores do mundo todo correrem de volta com suas reservas para mercados seguros, como os Estados Unidos. Isso causou uma fuga de capitais em massa das economias em desenvolvimento e fez com que o dólar ficasse mais forte em relação a praticamente todas as moedas do mundo emergente, incluindo o real.

Em 2021, esse fluxo de dinheiro rumo à nação do dólar continua, mas por motivos diferentes: agora, os holofotes estão sobre o novo pacote gigantesco de ajuda do presidente Joe Biden, que irá injetar mais US$ 1,9 trilhão em estímulos à economia norte-americana.

Se deve catapultar o crescimento, a montanha de ajuda também já começou a despertar o medo de inflação no país, o que, por sua vez, traz a expectativa de aumento nos juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano. O resultado é que os juros dos Treasuries, os títulos públicos americanos, já começaram a subir e a remunerar mais nos vencimentos mais longos, superiores a 10 anos.

Como os títulos americanos têm a fama de ser os mais seguros e estáveis do mundo, qualquer subida de juros por lá atrai o dinheiro para si. Isso tem ajudado o dólar a se fortalecer frente a diversas moedas do mundo neste ano.

Juros baixos no Brasil

Outro fator que também jogou contra o real nesse ano de pandemia foram os juros domésticos. Eles saíram dos mais altos do mundo, no passado recente, para um dos mais baixos entre os países emergentes.

Em 2020, em um hiperestímulo à economia, o Banco Central baixou a Selic, a taxa de referência do país, a 2% ao ano, a menor da história. Atualmente, ela está em 2,75% ao ano, patamar ainda historicamente baixo.

Mais do que a taxa em si, porém, interessa aos investidores o que os economistas chamam de diferencial de juros, ou seja, a diferença entre os juros de uma economia em comparação ao de outras.

São esses juros que servem de referência para remunerar os títulos públicos e toda a renda fixa do país. Países com risco alto –característica típica dos emergentes– precisam de juros estruturais também mais altos do que o dos pares desenvolvidos, caso queiram manter alguma atratividade para os investidores de fora. E os juros brasileiros nunca ficaram tão próximos ao de economias mais maduras e estáveis quanto hoje.

Para se ter uma ideia, após a crise financeira de 2008, enquanto os juros básicos norte-americanos estavam abaixo de 0,5%, a Selic brasileira dava um retorno que variou de 6% até 14%. Hoje, os juros norte-americanos estão de novo próximos do zero, mas com a Selic abaixo de 3%.

A expectativa de tentar trazer algum alívio para o câmbio e, portanto, para a inflação, foi justamente um dos fatores que levaram o Banco Central, no Brasil, a voltar a subir os juros no mês passado, em plena recessão, depois de cinco anos de cortes.

Comentários

Continue lendo
Publicidade

Brasil

Netflix compra Warner e HBO Max; confira o que pode mudar no serviço de streaming

Publicado

em

REUTERS/Francis Mascarenhas

A Netflix anunciou, nesta sexta-feira (5), a compra da Warner Bros. Discovery por US$ 72 bilhões.

A empresa afirma que a aquisição é uma estratégia valiosa para ampliar o domínio global e reforçar o catálogo com algumas das franquias mais valiosas do entretenimento.

Entre elas, estão as aclamadas sagas de Game Of Thrones (2011), Harry Potter (1998) e The Last Of Us (2023).

Essa operação promete mudar o mercado do streaming e a HBO Max pode passar por uma fusão ou ser incorporado a plataforma, isso pode afetar o preço dos planos no futuro ao integrar as plataformas Netflix e HBO.

Comentários

Continue lendo

Brasil

Homem de 79 anos procura noiva e divulga lista de requisitos absurdos

Publicado

em

Aristocrata abre campanha para encontrar noiva, oferecendo salário e benefícios. As exigências vão do signo até a nacionalidade

Para as pessoas que estão buscando um par romântico, umas das maneiras de se conectar com alguém é usar aplicativos de namoro. No caso deste aristocrata britânico, de 79 anos, essa foi uma das opções, mas não a última. Sir Benjamin Slade lançou uma campanha anunciando que está em busca de uma noiva e que possui certas exigências — até demais.

O homem falou sobre o assunto no programa “Millionaire Age Gap Love” do Channel 5 — rede de televisão britânica — e comentou que procura por uma noiva que seja uma “boa reprodutora” para lhe dar um herdeiro. Mas não para por aí: os requisitos se estendem até a idade e ao signo do zodíaco da “sortuda”.

Será que é fácil cumprir os requisitos?

As condições do barão descendente de Carlos II envolvem que a nova namorada seja, pelo menos, 20 anos mais jovem. Além disso, é preciso saber dançar dança de salão, jogar bridge e gamão e ainda fazer palavras cruzadas.

A lista possui 11 requisitos

De acordo com informações do jornal Daily Star, Benjamin mencionou algumas outras coisas que restringem ainda mais a lista. As mulheres não podem ser escorpianas e nem ter qualquer tipo de dependência química, seja em substâncias psicoativas ou álcool.

Ele também exige fatores relacionados à nacionalidade. Sua companheira não pode ser de países que comecem com a letra “I” ou que tenham a cor verdenas bandeiras. Escocesas também estão proibidas de se candidatarem a essa “oportunidade imperdível”.

“Não me importo com canadenses, americanas, alemãs e pessoas do norte da Europa, como gosto de chamar pessoas semelhantes. Acho que casar com uma esquimó não é para mim. O que eu preciso é de uma moça simples e simpática do interior, que saiba e entenda as coisas”, disse.

Há recompensas

Com esses inúmeros requisitos, é de se esperar que o aristocrata teria que oferecer algo. Segundo ele, a pretendente escolhida será recompensada com 50 mil libras esterlinas por ano, o que corresponde a mais de R$ 270 mil. O objetivo é que com o dinheiro a mulher administre sua propriedade em Somerset, na Inglaterra.

Essa é uma das propriedades da família Slade

Além disso, a namorada também terá direito a carro, casa, despesas pagas, alimentação e até férias. Não é como se fosse incomum que homens procurem por mulheres bem mais jovens para ter relacionamentos, mas Benjamin quis explicar o motivo.

“O imposto sobre herança é de 40% e a única maneira de eu transferir ela e a coleção de arte é deixá-la para minha esposa, livre de impostos, para que distribua aos meus parentes distantes. Ela também precisaria estar segurada, por isso precisamos de uma senhora pelo menos 20 anos mais jovem do que eu, pois não posso segurar uma esposa mais velha, então quanto mais jovem, melhor. Esta é a única maneira que resta para contornar o imposto sobre herança”, comentou.

O homem já colocou anúncios em jornais, criou perfis em aplicativos de relacionamento e até congelou seu esperma, mantendo a esperança de ter um filho homem

Aos 79 anos, o homem não está a procura somente do amor. Apesar de já ter uma filha com sua ex-esposa, Sahara Sunday Spain, o aristocrata britânico deixou claro que ainda quer ter um herdeiro do sexo masculino. Nesse caso, a exigência é que “tenha semelhança genética com um de seus ancestrais paternos”.

Confira a lista completa

  • Deve ser uma “boa reprodutora”
  • Pelo menos 20 anos mais jovem
  • Nenhuma mulher escocesa
  • Deve ser capaz de ter filhos homens (ele quer dois, “um herdeiro e um reserva”)
  • Nada de comunistas ou lésbicas
  • Nada de mulheres com dependência química
  • Nada de mulheres do signo de escorpião
  • Precisa ter licença para usar espingarda e para dirigir; licença de helicóptero é um bônus
  • Capaz de administrar uma propriedade de 1.300 acres (cerca de 5,2 milhões de m²) e 2 castelos
  • Mais de 1,68 m de altura
  • Nenhuma mulher de países que começam com a letra I ou que tenham verde na bandeira

Comentários

Continue lendo

Brasil

Papa Leão XIV divulga nova orientação para sexo no casamento

Publicado

em

Papa Leão na FAO em Roma • 16/10/2025 REUTERS/Remo Casilli

Em um novo decreto assinado pelo papa Leão XIV, o Vaticano divulgou orientações para fiéis sobre a prática sexual no casamento, reconhecendo que o sexo não se limita apenas à procriação, mas contribui para “enriquecer e fortalecer” a “união exclusiva do matrimônio”.

A questão está intimamente ligada à finalidade unitiva da sexualidade, que não se limita a assegurar a procriação, mas contribui para enriquecer e fortalecer a união única e exclusiva e o sentimento de pertencimento mútuo.

O documento assinado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé cita o Código de Direito Canônico e diz que uma visão integral da caridade conjugal é aquela que “não nega sua fecundidade”, ainda que deva “naturalmente permanecer aberta à comunicação de vida”.

O texto também prevê o conceito de consentimento livre” e “pertencimento mútuo”, assegurando a mesma dignidade e direitos ao casal.

“Um cônjuge é suficiente”

No decreto publicano em italiano, o Vaticano orientou 1,4 bilhão de católicos do mundo a buscarem o casamento com uma única pessoa para a vida toda e a não manterem relações sexuais múltiplas, estabelecendo que o casamento é um vínculo perpétuo e “exclusivo”.

Criticando a prática da poligamia na África, inclusive entre membros da Igreja, o decreto reiterou a crença de que o casamento é um compromisso para toda a vida entre um homem e uma mulher.

“Sobre a unidade do matrimônio – o matrimônio entendido, isto é, como uma união única e exclusiva entre um homem e uma mulher – encontra-se, ao contrário, um desenvolvimento de reflexão menos extenso do que sobre o tema da indissolubilidade, tanto no Magistério quanto nos manuais dedicados ao assunto”, diz o documento.

“Embora cada união conjugal seja uma realidade única, encarnada dentro das limitações humanas, todo matrimônio autêntico é uma unidade composta por duas pessoas, que requer uma relação tão íntima e abrangente que não pode ser compartilhada com outros”, enfatizou a Santa Sé.

 

Fonte: CNN

Comentários

Continue lendo