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‘Dilma, Aécio e Campos estão todos no mesmo diapasão’, afirma Marina Silva
Para provável candidata à Presidência em 2014, governo Dilma não criou nenhuma ‘referência’ e segue agenda eleitoral
João Villaverde, Iuri Dantas e Marcelo de Moraes / BRASÍLIA – O Estado de S. Paulo

Wilson Pedrosa/Estadão
Marina diz que Rede, partido que pretende fundar, não é concebido com perspectiva eleitoreira
Depois de cumprida metade do mandato, qual é a marca do governo Dilma Rousseff? Esta é uma das perguntas feitas por Marina Silva, que há dois anos recebeu quase 20 milhões de votos para ser presidente da República. Ela mesma responde: “Temos uma referência de FHC, que foi a estabilidade econômica e uma de Lula, que foram os ganhos sociais, mas, sinceramente, ainda não tenho uma referência do governo Dilma”.
Em meio a um périplo pelo País em busca das 500 mil assinaturas que possam viabilizar seu novo partido, a Rede Sustentabilidade, a ex-ministra do Meio Ambiente e senadora pelo PT do Acre concedeu entrevista exclusiva ao Estado. Incomodada com a antecipação do calendário eleitoral, Marina comparou Dilma aos principais pretendentes ao cargo – Aécio Neves (PSDB-MG) e Eduardo Campos (PSB-PE) -, e destacou a Rede como única alternativa ao sistema político atual.
Crítica à política econômica do governo, Marina elogiou a redução do custo de energia elétrica, mas atacou a inexistência de uma política de eficiência, que permitisse ao Estado poupar investimentos em hidrelétricas como Belo Monte, e suas consequências ambientais “irreparáveis”.
Como a sra. vê a economia hoje e o que defende para que o PIB cresça com menos inflação?
Uma das coisas que precisam ser feitas é descontinuar políticas de curto prazo para alongar o prazo da política. Em 2008, muitas medidas foram tomadas, que surtiram efeito em 2010. Neste momento, a repetição da mesma fórmula não está funcionando. Há um esgotamento da política de estímulo ao consumo interno, que tem ampliado o endividamento das famílias, ao mesmo tempo em que a crise mundial assola nossos grandes demandantes de exportações. Precisaremos de investimentos básicos, estratégicos. Podemos ter ganhos de curto prazo em 2014, como tudo indica que teremos após as diversas medidas tomadas nos últimos anos, mas o resultado será eleitoral, não estrutural.
Os prejuízos que temos com a insegurança dos investidores, em função da inflação elevada, da política de juros, faz com que haja uma certa retração do investimento privado. A lógica que está posta consegue retornos de curto prazo.
Estamos em março de 2013, mas em plena campanha por 2014. Por quê?
Esse era o momento do intervalo para os partidos, em debate com a sociedade. A gente pode fazer a competição pelo caminho de cima, partir do patamar do ganho da estabilidade econômica, que foi a contribuição do Fernando Henrique. Partir da contribuição do Lula, que foram os ganhos sociais, a estabilidade econômica com distribuição de renda. E criar a agenda estratégica a partir desses ganhos. Algumas pessoas ficam torcendo para que tenha mais desgraça, porque aí cada um vai ser o salvador da pátria. Eu não parto desse princípio. A gente tem uma referência ao Lula, ao Fernando Henrique, mas sinceramente ainda não tenho uma referência ao governo Dilma. Qual é o “delta mais” do governo da presidente Dilma?
O que acha do governo Dilma?
Do ponto de vista negativo é a inflação, sem dúvida. Há uma política de quase extrapolar os limites da meta de inflação e essa flexibilidade toda de manejar a política fiscal. Mas qual é o “delta mais” dessa agenda? Neste momento, é legítimo que a sociedade cobre: qual é mesmo o referencial do atual governo? Obviamente que ainda tem dois anos para dizê-lo, mas a antecipação da eleição leva para uma agenda do imediatismo que não nos dá o tempo para colocar termos de referência claros. Qual a diferença se for Aécio Neves, Eduardo Campos ou a Dilma? Tem diferença em relação ao modelo de desenvolvimento? Me parece que até agora todos estão no mesmo diapasão.
Temos hoje 30 partidos e 39 ministérios. Surgiu um novo partido, tem de criar novo ministério…
Não, para o nosso não precisa. Se o nosso for criado, não precisa de ministério. Aumentar ministérios em função do atendimento das demandas legítimas da sociedade, dos bens e serviços que podem ser gerados pelo Estado é uma coisa. Aumentar todo esse peso da burocracia estatal em função de ter nacos para distribuir para os partidos, em nome da governabilidade, essa é a mesmice que vejo em todos os partidos, infelizmente. Você muda um ministro do PDT, mas é o PDT que continua indicando. Você muda do PMDB, mas é o PMDB que é o dono daquela vaga e ninguém tasca. O esforço que estamos fazendo é de um agenda de médio e longo prazo. Insisto: não é mais um partido coisa nenhuma, e não é uma perspectiva eleitoreira. Se fosse, não teríamos ficado dois anos discutindo, num movimento amplo da sociedade. Preferimos um movimento oceânico.
A senhora é favorável à independência do Banco Central?
Não sei se é preciso essa institucionalização da independência. O importante é que essa instituição possa agir com independência, e não ter a situação semelhante à dos argentinos, onde não há clareza.
Caso a Rede chegue ao Planalto, como será a relação com o Congresso e os partidos?
Esse é o momento de discutir a nova base. Será que dá mesmo para o Brasil passar mais quatro anos com o presidente refém dos políticos? É possível uma nova governabilidade, que seja programática? Existem pessoas do PSDB, do PDT, do PSB, do PT, do PMDB, de todos os partidos, que ficam sempre terceirizadas, com muita disposição. Numa democracia, a alternância de poder é altamente salutar. Não tem o que temer.
Aécio Neves, Eduardo Campos e Dilma se aproximam de sindicatos. E a Rede?
Prefiro pensar os sindicatos como categoria social, não como votos. Está havendo uma mudança nas forças que mobilizam o ato de fazer política. Estamos saindo do ativismo dirigido pelos partidos, sindicatos, ONGs, academia e pelas corporações, para um ativismo autoral, onde os ativistas não são dirigidos por ninguém, são os protagonistas. A prova desse ativismo autoral é que mais de 1,5 milhão de pessoas assinaram petição dizendo que não querem Renan Calheiros.
Uma das medidas mais populares de Dilma foi a redução da conta de luz. Qual sua opinião?
A antecipação do fim dos contratos foi salutar. Concessões feitas há 20, 30 anos, já tinham amortizado seus investimentos, e quem paga isso é o contribuinte. Seria injusto manter a mesma tarifa porque as concessionárias ganhariam duas vezes. O problema foi quando o governo entrou com subsídios, criando desconfiança entre os investidores.
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Maioria dos trabalhadores de Rio Branco vive sob forte pressão financeira, aponta pesquisa
Os dados revelam uma realidade complexa. Enquanto a maior parte dos lares (25,5%) tem três moradores, seguidos por 24% com duas pessoas e 20,5% com quatro, uma fatia significativa de 17% abriga cinco ou mais indivíduos

Para 36,5% da população, a renda obtida pelo núcleo doméstico é declarada insuficiente para cobrir as necessidades básicas. Foto: captada
Ascom Fecomércio/AC
A combinação de baixa renda, avanço da informalidade e alto nível de endividamento está empurrando a maior parte dos trabalhadores de Rio Branco para um cenário de forte restrição orçamentária. A conclusão é da pesquisa do Instituto DataControl, encomendada pela Fecomércio/AC e divulgada nesta quinta-feira, 4.
Segundo o estudo, realizado com 200 pessoas economicamente ativas no final de novembro de 2025, 61,5% sobrevivem com até R$ 1.518 por mês, enquanto 51,5% possuem dívidas parceladas, das quais metade compromete mais de 20% da renda familiar. O aperto é tão grande que 27,5% recorrem a “bicos” para completar o orçamento, 16,5% buscam empréstimos e 10% deixam de pagar alguma conta considerada menos essencial. Apenas 41% conseguem poupar qualquer valor ao final do mês.
O levantamento mostra que 83,3% exercem alguma atividade remunerada, mas nem sempre em condições estáveis. Apenas 35,5% têm vínculo formal. Outros 17% trabalham sem contrato, sendo 11,5% realizando bicos e 5,5% atuando como empresários. Há ainda 12,5% de aposentados. Esse cenário de precariedade se reflete no fato de que 38% dos entrevistados não declaram um emprego fixo.
A taxa de desemprego atinge 16,7% da população e revela profunda desmotivação. 44,4% dos desempregados não procuram mais uma vaga, enquanto 31,9% buscam trabalho há mais de dois anos e 17,4% sequer lembram desde quando estão sem emprego. O estudo também aponta que 19,5% trocaram de emprego no último ano, reforçando o cenário de instabilidade.
Para o assessor da Fecomércio-AC, Egídio Garó, os dados reforçam uma tendência já percebida no setor produtivo. “Estamos diante de um mercado de trabalho que emprega, mas ainda não garante estabilidade financeira para grande parte das famílias. A renda é baixa, o endividamento é alto e a margem para poupar é mínima”, afirmou.
Os dados revelam uma realidade complexa. Enquanto a maior parte dos lares (25,5%) tem três moradores, seguidos por 24% com duas pessoas e 20,5% com quatro, uma fatia significativa de 17% abriga cinco ou mais indivíduos, o que intensifica a demanda por recursos. Contudo, essa carga muitas vezes não é distribuída de forma proporcional. Em 44,4% das famílias, o sustento recai sobre os ombros de uma única pessoa, e em 39,5%, apenas dois membros arcam com todas as despesas.
É neste cenário que a percepção de insuficiência se cristaliza. Para 36,5% da população, a renda obtida pelo núcleo doméstico é declarada insuficiente para cobrir as necessidades básicas. “Isso evidencia um descompasso estrutural entre o tamanho das responsabilidades e a capacidade financeira disponível para suportá-las”, detalhou o assessor da Fecomércio-AC, Egídio Garó.
A gestão das dívidas e a capacidade de planejamento financeiro revelam um cenário de constante tensão. O estudo aponta que 33,3% gastaram mais com compromissos, enquanto 37,5% mantiveram o nível de desembolso. Para mais da metade (54%) dos entrevistados, as parcelas mensais já representam uma dificuldade clara para o equilíbrio das contas. Ainda que a maioria (57,5%) declare realizar algum tipo de planejamento de gastos, a prática não é suficiente para evitar os apertos.
Quando o orçamento estoura, uma esmagadora maioria de 77,5% depende da negociação de prazos de até 30 dias para se reerguer, e 9,5% necessitam de mais de 45 dias, indicando uma fragilidade significativa na capacidade de absorção de choques.
A pesquisa também detalhou o perfil do mercado de trabalho de Rio Branco. 53% dos trabalhadores são mulheres, e 61,5% estão na faixa etária economicamente mais ativa, entre 16 e 44 anos. Em termos de formação, 37% concluíram o ensino médio, enquanto 16% possuem diploma de nível superior. A estrutura ocupacional é liderada pelo setor de serviços (21,5%), seguido pelo comércio (19%) e pelo setor público (16,5%).
A mobilidade urbana também pesa no bolso e no tempo dos trabalhadores. 29,5% consideram grande a distância entre casa e trabalho, enquanto 27,5% usam transporte coletivo, 18,5% a moto e 15% o carro próprio.
Egídio Garó explicou que os números são um alerta claro para a necessidade de mais oportunidades de emprego formal e de melhor remuneração em Rio Branco.
“A alta proporção de pessoas com a renda comprometida e sentindo a insuficiência de seus ganhos demonstra que a recuperação econômica precisa chegar com mais força ao bolso do trabalhador”, concluiu.
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Nota pública sobre atendimentos da Secretaria de Agricultura, Cageacre e Emater
A medida é temporária e visa garantir a continuidade dos serviços públicos enquanto são realizados ajustes administrativos e estruturais nas sedes dos órgãos

O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e da Companhia de Armazéns Gerais e Entrepostos do Acre (Cageacre), informa que as instituições listadas abaixo estarão com atendimentos presenciais nos seguintes locais:
- Emater – pontos de atendimento na Secretaria de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict), localizada no Hotel Pinheiro – Rua Rui Barbosa, 450, Centro – Rio Branco – AC;
- Cageacre – Rua Estado do Acre, número 16, no Bairro da Base; pontos de atendimento no Mercado dos Colonos, localizado na Rua Estado do Acre, número 16, no bairro da Base, Centro – Rio Branco – AC;
- Seagri – ponto de atendimento no novo prédio da Secretaria de Educação, situado na Avenida Nações Unidas, 1955, em frente ao 7º Batalhão de Engenharia de Construção (7º BEC), nas salas 501 e 502.
A medida é temporária e visa garantir a continuidade dos serviços públicos enquanto são realizados ajustes administrativos e estruturais nas sedes dos órgãos. O governo do Estado agradece a compreensão de todos e reforça o compromisso com a eficiência e a qualidade no atendimento à população.
Rynaldo Lúcio dos Santos
Presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
Pádua Cunha
Presidente da Companhia de Armazéns Gerais e Entrepostos do Acre
José Luís Tchê
Secretário de Estado de Agricultura
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Governo do Acre celebra conquista de servidor público em premiação nacional de fotojornalismo
Para o governo do Acre, o prêmio reafirma a importância do investimento público na qualificação das equipes de comunicação

Imagem vencedora é de reportagem que retrata coleta de coquinhos caídos das palmeiras, sementes de um ouro vegetal que alimenta sonhos e sustenta famílias: o murumuru. Foto: Pedro Devani/Secom
A Secretaria de Estado de Comunicação, por meio da Agência de Notícias do Acre, conquistou o segundo lugar no Prêmio Ampla de Jornalismo, na categoria Fotojornalismo, com um trabalho assinado pelo fotojornalista Pedro Devani. A imagem premiada ilustra a reportagem “Do murumuru ao mundo: mulheres do Acre moldam a bioeconomia com saber ancestral e cuidado com a floresta”, escrita pela repórter Tácita Muniz.
O reconhecimento reforça a excelência do trabalho desenvolvido por profissionais da comunicação do Estado e evidencia o resultado direto dos investimentos que o governo do Acre vem realizando na capacitação contínua de seus servidores.
Promovido pela Ampla Amazônia, o prêmio reconhece as melhores produções jornalísticas sobre Amazônia, inovação, impacto social e ambiental. A cerimônia oficial foi realizada nesta quarta-feira, 3, em Belém (PA), reunindo grandes nomes da comunicação e do jornalismo da região.
A Ampla Amazônia é uma organização apartidária, representativa de lideranças da Amazônia. Um laboratório de ideias e gerador de debates. Buscando fomentar o empreendedorismo no Pará e na Amazônia, dialogando com o setor público e fortalecendo o setor privado.

Ampla Amazônia é uma organização apartidária, representativa de lideranças da Amazônia. Foto: Marcos Nascimento
Pedro Devani também foi convidado a participar da cerimônia, simbolizando a importância da presença de profissionais que atuam diariamente na produção de conteúdo sobre a Amazônia. “Estou muito feliz”, afirmou Devani. “É um prêmio que destaca a bioeconomia na Amazônia, valorizando uma família de mulheres, que tira seu sustento da coleta diária de murumuru, coquinho. Há um detalhe curioso: a mulher retratada na foto que fiz é paraense e reside em Cruzeiro do Sul há mais de dez anos.”
“Sinto-me honrado por representar a Agência e, mais ainda, por este reconhecimento à fotografia e aos fotógrafos. Neste momento, represento o Acre, sendo o único a ganhar este prêmio de fotografia até agora. Lembro que no ano passado a [jornalista] Tácita [Muniz] se inscreveu e conquistou o terceiro lugar na categoria texto”, concluiu.

Pedro Devani tem mais de três décadas atuando na comunicação pública do estado do Acre. Foto: Marcos Nascimento
Para o governo do Acre, o prêmio reafirma a importância do investimento público na qualificação das equipes de comunicação. “Essa conquista demonstra que investir na formação e no aprimoramento dos nossos servidores gera resultados concretos. Pedro Devani é um exemplo do comprometimento e do talento que temos dentro do Estado”, destacou a secretária de Comunicação, Nayara Lessa.

Para o governo do Acre, o prêmio reafirma a importância do investimento público na qualificação das equipes de comunicação. Foto: José Caminha/Secom
Pedro atua como fotojornalista em diversas coberturas institucionais, registrando o cotidiano acreano com sensibilidade e rigor técnico. Sua vitória, além de celebrar o talento individual, reforça o compromisso do governo em fortalecer o jornalismo público, valorizando profissionais que ajudam a contar a história do Acre e da Amazônia com responsabilidade e profundidade.
A premiação representa mais um marco para o reconhecimento nacional da comunicação pública do Acre, que segue se destacando pela qualidade do conteúdo produzido e pela valorização dos servidores que constroem diariamente essa narrativa.




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