Brasil
Consultorias lidam com dificuldade de prever quadro eleitoral para 2018
A nebulosidade do quadro político brasileiro tem tirado o sono de analistas de consultorias voltadas para o mercado financeiro. Só na semana passada, tiveram de lidar com o depoimento-bomba de Antonio Palocci e a reviravolta na delação da JBS.
O único consenso é que a calmaria ora observada na taxa de câmbio e no preço de ativos não deverá sobreviver ao processo eleitoral de 2018.
“Isso aqui é o Brasil, uma montanha-russa, acidentes estão sempre na esquina”, disse, enquanto pegava avião para tomar pulso de Brasília na terça (5) Richard Back, da XP Investimentos.
No dia 30 de agosto, uma nota do Eurasia Group comparando uma eventual candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) com a campanha fracassada de Hillary Clinton nos EUA em 2016 foi recebida com balbúrdia.
“As pessoas não entenderam, não quisemos dizer que ele é carta fora do baralho e que o prefeito paulistano João Doria é o melhor nome da centro-direita. O que falamos é que os ventos são antipolíticos, contra o establishment, e Alckmin é um político tradicional como Hillary”, diz um dos autores do texto, João Augusto de Castro Neves.
Diretor para América Latina do Eurasia, Neves crê que “ser o novo é central”, e que “o próprio Alckmin deu a receita do bolo, ao lançar Doria para a prefeitura em 2016”.
Ouvidas, outras consultorias trabalham com variáveis semelhantes de análise para avaliar os riscos de 2018:
1 – A continuidade da gestão Michel Temer, reforçada pela revisão da delação da JBS que envolvia o presidente, e chance de algo da agenda reformista vingar;
2 – a presença ou não do desgastado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na urna; e
3 – a pulverização ou não das candidaturas do campo conservador.
“O cenário básico é a vitória de uma candidatura de continuidade”, afirma Rafael Cortez, da Tendências. Ele vê Alckmin bem, especialmente se Lula não concorrer.
“Nesse caso, a necessidade de um anti-Lula, papel que caberia melhor ao Doria, não existe. O problema é saber quando a Justiça decidirá sobre a sentença de Lula, e como os tucanos querem escolher seu candidato em dezembro, haverá uma desconexão dos ‘timings’ perigosa”, diz.
Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Se a segunda instância confirmar a sentença, o que pode ocorrer no primeiro semestre do ano que vem, ele ficará inelegível.
“Se sair, será um Lula diferente do de 2002. A política econômica não seria focada em reformas. Haverá muita volatilidade”, avalia Juan Jensen, sócio da 4E Consultores.
Ricardo Sennes, da Prospectiva, acredita que Lula não será candidato. “Ele precisa apresentar um nome mais ao centro”, afirma ele, que vê Alckmin bem posicionado.
Menos assertivo é Ricardo Ribeiro, analista político da MCM Consultores. “A conjuntura é temerária para fazermos apostas firmes. O ambiente é favorável para uma candidatura de oposição, porque há discurso pronto contra Temer e reformas.”
Ribeiro não compartilha a ideia de que Doria seria mais forte do que Alckmin. “Ainda há muita fumaça, mas há fogo?”, diz ele, que não descarta Lula no páreo.
Concorda com ele Leonardo Barreto, da Factual Análise. “A Eurasia deposita excessivamente suas fichas no sentimento antipolítico e praticamente não leva em conta como o estado da economia vai afetar o eleitor.”
Já Back, da XP, vê “Doria com bastante potencial”. “O pessoal [sua clientela] prefere o Doria, acha o Alckmin muito pesado”, diz.
As empresas no geral descartam Ciro Gomes (PDT).
Se há pouca dúvida no mercado sobre a permanência de Temer, sobra questionamento se a melhoria econômica chegará ao eleitor.
“Acho que farão tudo pela retomada na economia. Se sim, teremos mais candidatos na centro-direita, provavelmente com o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) no páreo”, diz Sennes.
“Do nosso ponto de vista, seria ideal haver um só candidato de centro-direita”, afirma. “A pulverização pode levar a uma polarização entre esquerda e outro polo radical, como Jair Bolsonaro.”
O polêmico deputado não é considerado alguém que pode ganhar a eleição, dado o pouco tempo de TV que terá e o seu discurso agressivo.
“Mas ele pode ser disruptivo no processo, influenciando o resultado”, diz Cortez. “Haverá impacto em ativos e no câmbio, hoje excessivamente bem comportados. Vamos ter sustos.”
As chances de uma terceira via também estão sob o microscópio. Marina Silva (Rede) é vista como uma força decadente, mas uma eventual chapa com o ex-presidente do Supremo Joaquim Barbosa pode mudar o cenário.
“O tempo está acabando. Se alguma novidade for surgir, tem de ser até o fim deste ano”, diz Neves.
DE OLHO EM 2018
O que dizem as consultorias sobre os pré-candidatos a presidente
MARINA SILVA (REDE)
Marina é uma incerteza – Juan Jensen (4E)
A terceira via nunca é desprezível, e há risco de canibalização na centro-direita – Rafael Cortez (Tendências)
GERALDO ALCKMIN (PSDB)
Ele poderia ser um candidato muito forte, com apoio capilarizado – Ricardo Ribeiro (MCM)
Ele tem mais chance de ser o candidato do establishment, e isso é preocupante – João Augusto de Castro Neves (Eurasia)
JOAQUIM BARBOSA (SEM PARTIDO)
Em chapa com Marina, seria forte. Fez gestos recentes para o centro – Richard Back (XP)
O ambiente ainda é propício para o surgimento de uma novidade, como seria Joaquim Barbosa com Marina – Ricardo Ribeiro (MCM)
JAIR BOLSONARO (PSC)
Bolsonaro morre sozinho na disputa. Assim que abrir a boca para falar de economia, desidrata – Ricardo Sennes (Prospectiva)
Ele poderá ser um candidato com potencial, mesmo não ganhando – Rafael Cortez (Tendências)
JOÃO DORIA (PSDB)
Difícil apresentá-lo como alguém sem vínculos com o mundo político – Leonardo Barreto (Factual)
Doria seria um candidato adequado num cenário em que Lula disputa – Juan Jensen (4E)
CIRO GOMES (PDT)
Ciro Gomes não tem chance – Ricardo Ribeiro (MCM)
Eu ficaria preocupado com um cenário com Ciro e Bolsonaro – João Augusto Castro Neves (Eurasia)
HENRIQUE MEIRELLES (PSD)
Não parece competitivo, mas daria racionalidade para o debate econômico necessário – Richard Back (XP)
É especialista em coordenar entrega de resultados econômicos em períodos eleitorais – Leonardo Barreto (Factual)
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA (PT)
O cenário com o Lula sugere forte polarização, com unidade nas esquerdas – João Augusto de Castro Neves (Eurasia)
Lula não será candidato, indicará alguém de centro como o Fernando Haddad e tentará ter uma bancada forte – Ricardo Sennes (Prospectiva)
Da Folha
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Estatais federais têm rombo de R$6,7 bilhões em 2024, o maior em 20 anos
Este cenário ocorre apesar de um aumento na arrecadação federal, que atingiu R$ 2,7 trilhões em 2024, um crescimento de 9,6% em relação ao ano anterior
As empresas estatais federais brasileiras registraram um déficit de R$6,7 bilhões em 2024, o maior em 23 anos, conforme informações divulgadas pelo Banco Central nesta sexta-feira (31).
Este resultado negativo indica que as receitas dessas empresas foram insuficientes para cobrir suas despesas ao longo do ano. Até novembro de 2024, o déficit acumulado já alcançava R$6 bilhões, sinalizando uma tendência de deterioração nas contas das estatais.
Este cenário ocorre apesar de um aumento na arrecadação federal, que atingiu R$ 2,7 trilhões em 2024, um crescimento de 9,6% em relação ao ano anterior. Esse incremento foi impulsionado por elevações de impostos e pelo crescimento econômico.
O déficit das estatais federais levanta preocupações sobre a sustentabilidade fiscal e a eficiência operacional dessas empresas, especialmente em um contexto de aumento da arrecadação e desafios econômicos.
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Saiba como será a eleição de presidente da Câmara
Neste saído deputados federais escolhem a gestão para o Biênio 2025/2026
Agência Câmara
A Câmara dos Deputados vai eleger seu presidente e os integrantes da Mesa Diretora, na tarde deste sábado (1º de fevereiro). E divulgou nesta sexta-feira (31) os ritos e as normas do processo eleitoral em que deputados federais de todo o Brasil vão às urnas eleger os gestores da Casa, para o biênio 2025/26.
Roteiro da eleição da Mesa Diretora:
- 9h: fim do prazo para formalização dos blocos parlamentares
- 11h: reunião de líderes, para a definição dos blocos/partidos que ocuparão cada cargo da Mesa, conforme a proporcionalidade partidária
- 13h30: fim do prazo para registro de candidaturas
- 16h: início da sessão da eleição
Veja o roteiro da sessão:
- Abertura da sessão, com a leitura de eventuais atos de criação de blocos parlamentares e das candidaturas aos cargos da Mesa, com a respectiva situação (homologadas, retiradas ou indeferidas);
- Fala dos candidatos ao cargo de presidente da Câmara, por dez minutos, na ordem definida em sorteio;
- Fala do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira;
- Breve explicação sobre o procedimento de votação;
- Abertura do processo de votação;
- Encerramento do processo de votação;
- Apuração do resultado para o cargo de presidente da Câmara, que será proclamado imediatamente;
- Havendo segundo turno para o cargo de presidente, a votação será realizada antes da apuração do resultado para os demais cargos. Os candidatos poderão falar novamente, por dez minutos, e serão convocados por ordem alfabética;
- Assunção da Presidência pelo candidato eleito, que fará discurso, se desejar;
- Apuração do resultado para os demais cargos da Mesa Diretora;
- Havendo segundo turno para os demais cargos, este será realizado de imediato;
- Proclamação do resultado da eleição dos demais cargos, cujos eleitos serão convidados a compor a Mesa;
- Encerramento da Sessão.
Veja as regras:
- Para o cargo de presidente, serão admitidas candidaturas avulsas. Para os demais cargos da Mesa, seguindo as orientações das eleições anteriores, quando houver formação de bloco parlamentar, apenas serão admitidas candidaturas avulsas oriundas do mesmo Partido a que couber a vaga;
- O encaminhamento dos ofícios de constituição de blocos parlamentares ocorrerá exclusivamente por meio físico, conforme decisão da Presidência publicada em 3 de janeiro de 2023;
- O registro de candidaturas poderá ser feito na Secretaria-Geral da Mesa até as 13h30 de sábado, por meio do app lnfoleg Autenticador, ficando a homologação sob responsabilidade da Presidência;
- Os membros da Mesa e presidentes de Comissão não necessitam se desincompatibilizar previamente dos cargos que ocupam, sendo vedada a recondução para o mesmo cargo;
- A retirada de candidatura poderá ser feita até uma hora antes do início da Sessão Preparatória;
- Os nomes dos candidatos aparecerão nas urnas eletrônicas em ordem definida por sorteio a ser realizado às 14h30;
- Somente os candidatos ao cargo de presidente poderão fazer uso da palavra;
- A ordem dos nomes definida para as urnas eletrônicas será observada para a chamada dos candidatos que queiram fazer uso da palavra, dispondo cada um de dez minutos improrrogáveis. Os candidatos poderão se utilizar de quaisquer das tribunas para os seus pronunciamentos;
- Aquele que for chamado e não comparecer à tribuna perderá a possibilidade de fazer uso da palavra em momento posterior;
- Não serão permitidos apartes ou interpelações aos candidatos. Os microfones de apartes ficarão desligados;
- Nos termos do art. 7°, caput, do Regimento Interno, a eleição dos membros da Mesa será feita em votação por escrutínio secreto e por sistema eletrônico, sendo exigida maioria absoluta de votos, em primeiro escrutínio, e maioria simples, em segundo escrutínio, presente a maioria absoluta dos deputados;
- Havendo empate na segunda colocação em primeiro escrutínio, será considerado classificado para o segundo escrutínio o candidato mais idoso entre os de maior número de legislaturas;
- Se houver segundo escrutínio para o cargo de presidente, os dois candidatos mais votados terão novos dez minutos para reapresentar as suas propostas, sendo que a chamada, nesse caso, será pela ordem alfabética;
- Em caso de empate em segundo escrutínio, será considerado eleito o candidato mais idoso dentre os de maior número de Legislaturas. (Com Agência Câmara de Notícias)
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Alcolumbre voltará a presidir o Senado após eleição da Mesa neste sábado, veja a instalação das comissões e composições já definidas
À presidência do Congresso Nacional deverá ocorrer com placar de cerca de 70 dos 81 votos dos senadores neste sábado elevando o senador Alcolumbre mais uma vez à presidência do Congresso Nacional
O senador Davi Alcolumbre (União-AP) já é tratado como futuro presidente do Senado, que elegerá novos integrantes de sua Mesa Diretora na eleição marcada para as 10 horas deste sábado (1º). A volta do político amapaense ao comando do Senado e, consequentemente, à presidência do Congresso Nacional deverá ocorrer com placar de cerca de 70 dos 81 votos dos senadores.
Alcolumbre já sinalizou para integrantes do governo de Lula que deve redefinir correlação de forças na relação do Legislativo com o Executivo já na terça (4), com a instalação das Comissões do Senado. Cujas composições já foram definidas no acordo para a composição da favorita de Alcolumbre.
Com a maior bancada com 15 senadores, o PSD presidirá o colegiado mais poderoso do Senado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O escolhido do partido para presidir esta mais importante comissão foi o senador Otto Alencar (PSD-BA), que é aliado de Lula e foi líder do governo no Senado, quando o titular Jaques Wagner (PT-BA) tirou licença. E a presidência da Comissão de Relações Exteriores também será do PSD, sob o comando do senador Nelsinho Trad (PSD-MS).
Na segunda maior bancada do Senado, 14 senadores PL ocuparão pastas estratégicas para os embates da direita com o governo de esquerda. A Comissão de Segurança Pública será presidida pelo senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), rival de Lula. E o senador Marcos Rogério (PL-RO) presidirá a Comissão de Infraestrutura. Postos conquistados pela articulação do ex-chefe do Planalto para compor a chapa de Alcolumbre, recebendo “carta branca” para o PL atuar nas duas comissões que preside, ficando imunes a arquivamentos de requerimentos de informação ao governo e convite ou convocação de ministros.
O MDB usou a barganha de ter 11 senadores para instalar Renan Calheiros (MDB-AL) como presidente da Comissão de Assuntos Econômicos; e Marcelo Castro (MDB-PI), no comando da Comissão de Assuntos Sociais.
Os nove senadores do partido de Lula, garantiram Teresa Leitão (PT-PE) como presidente da Comissão de Educação. E deve emplacar o senador Fabiano Contarato (PT-ES) na Presidência da Comissão de Meio Ambiente, blindando a oposição de comandar o colegiado no ano da COP-30
O partido de Alcolumbre, União Brasil garantiu a Presidência da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo para a senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO), graças ao bom relacionamento mantido pela tocantinense com o ministro Waldez Goes (PDT-AP).
A ex-ministra de Bolsonaro, senadora Damares Alves (REP-DF), predirá a Comissão de Direitos Humanos, no vácuo do protagonismo da esquerda no tema e após acusações de assédio terem derrubado o ex-ministro Sílvio Almeida.
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