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Candidatos nota mil dão dicas para uma boa redação. Enem de 2019, 53 candidatos tiraram nota 1 mil na redação.
Ao todo, foram 3,6 milhões de redações corrigidas, e somente 53 receberam pontuação máxima.

Proposta de redação da prova do Enem 2019 – CADERNO AMARELO — Foto: Reprodução Inep
Por G1
Dos quase quatro milhões de participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2019, 53 candidatos tiraram nota 1 mil na redação, de acordo com balanço divulgado nesta sexta-feira (17) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep).
O tema da redação do Enem 2019 foi “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”. Os estudantes tiveram acesso a textos de apoio como um trecho do artigo “O que é cinema”, de Jean-Claude Bernardet; um trecho do texto “O filme e a representação do real”, de C.F.Gutfreind.
No total, o Inep diz que corrigiu 3.652.864 provas de redação do Enem, que aconteceu nos dias 4 e 11 de novembro. Os dados não incluem as provas do Enem PPL, aplicado para pessoas privadas de liberdade.
O G1conversou com alguns desses estudantes nota 1 mil, que deram dicas de como elaborar uma boa redação. Confira:
Mapa mental

Rascunho redação Enem 2019 — Foto: Arquivo Pessoal/Daniel Gomes
Daniel Gomes, 25 anos, foi um dos candidatos que atingiu a nota 1 mil na redação. Gomes mora em Fortaleza, cursa engenharia de produção na Universidade Federal do Ceará (UFC), e faz estágio na área. O último Enem dele foi em 2013. Agora, ele quer cursar medicina.
Gomes diz que redigiu cerca de 80 redações ao longo de 2019 para treinar e não fez cursinho. “Sempre procurei estudar de forma profunda cada competência exigida pela banca e, principalmente, estudar as redações nota 1 mil e 980”, afirma. “Eu tinha um mapa mental, um modelo de redação que poderia se adaptar a muitos temas. Isso me ajudou bastante”, conta.
Ele explica que o “mapa mental” era a estrutura da redação (introdução, desenvolvimento, conclusão); palavras conectoras que pudessem relacionar os parágrafos e unir ou contrapor as ideias, e também “agentes” que poderiam ser usados na conclusão, como ministérios do governo ligados à área, empresas, livros clássicos.
Nesta redação em específico, ele citou o filme nacional Cine Holliúdy, de 2013, dirigido por Halder Gomes.
Gomes conta que citou a falta de incentivos do governo para o audiovisual e propôs projetos para levar estudantes de escolas públicas para o cinema. Ele também citou incetivos fiscais que poderiam ser criados em troca de ingressos para comunidades carentes.
Na conclusão ele argumentou que deveriam ser tomadas medidas para democratizar o acesso ao audiovisual, propondo um plano nacional.
Citação de filósofos

Vitória Castro, aluna nota 1000 na redação do Enem 2019 no Piauí. — Foto: Andrê Nascimento/G1
A estudante Vitória Castro, 19 anos, foi uma das estudantes do Piauí que conquistaram nota 1 mil na prova da redação do Enem 2019. Segundo ela, dois dos segredos para a nota máxima foram: fazer três redações por semana e estudar assuntos gerais de forma ampla, sem decorar temas específicos.
“A gente nunca pensa que vai tirar uma bota nota, ainda mais nota 1 mil, mas eu estava confiante de que tinha feito uma bota redação. Quando vi o número na nota, fiquei muito feliz, corri pra falar pra todo mundo”, disse a candidata.
Vitória contou o que fez para obter a nota máxima: praticou muito. Essa foi a terceira vez que ela fez a prova e já tinha obtido 940 pontos no Enem em 2018.
“Fazia de duas a três redações por semana, no cursinho, em casa, e isso contribuiu muito, porque a prática leva à perfeição”, disse Castro. “Alguns dos autores que li e citei na prova foram Gilberto Dimenstein, Milton Santos e John Locke.”
Gilberto Dimenstein é um escritor e jornalista brasileiro; Milton Santos foi um geógrafo brasileiro que ganhou, em 1994, o Prêmio Vautrin Lud de Geografia, na França, considerado o Nobel de Geografia. Ele foi o primeiro brasileiro a realizar este feito e faleceu em 2001. John Locke é um filósofo britânico e considerado um dos principais expoentes do liberalismo, autor da obra ‘Dois Tratados do Governo Civil’.
Saúde mental em dia

Gabriel Lopes, 20, é um dos candidatos nota mil do Enem 2019 — Foto: Arquivo Pessoal, Gabriel Lopes
Para o estudante do Rio de Janeiro, Gabriel Lopes, 20, tão importante quanto praticar a redação, são os cuidados com a saúde mental para a hora da prova. Ele disse que o candidato precisa estar bem para poder se concentrar e ir bem no exame.
“Não é besteira, é muito importante estar com a mente e corpo sãos para fazer uma boa redação”, disse Lopes que espera poder usar a nota do Enem para se inscrever no curso de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Lopes presta o Enem desde 2015 quando terminou o ensino médio e contou que escreveu ao menos uma redação por semana durante a preparação para a prova no Curso pH, da capital carioca. Ele contou que procurava praticar sempre que podia, e mesmo nas atividades de outras disciplinas, tentava argumentar para treinar para a prova.
“A redação foi minha vida, eu lia jornal e pensava em temas, eu via possibilidades de redação em todo lugar”, disse Lopes.
O candidato citou o filme “Na Quebrada”, do diretor Fernando Grostein Andrade e disse que aplicou conceitos dos filósofos Theodor Adorno e Max Horkheimer sobre a indústria cultural. Ele contou que passou a se interessar por temas filosóficos após ganhar um livro que resumia o pensamento de diversos intelectuais.
De Machado de Assis a Kant

Letícia Silva foi outra das estudantes piauenses a conseguir a nota 1 mil na redação do Enem 2019. Ela disse que usou na prova o embasamento que adquiriu lendo autores clássicos como o escritor brasileiro Machado de Assis e o filósofo alemão Immanuel Kant.
“Eu me preparei fazendo umas três redações por semana”, disse Silva. “Busquei ter embasamento em autores clássicos como Machado de Assis, de pensadores como Kant. No momento eu não lembro quais autores eu usei na prova, mas o tema permitia desenvolver e defender um ponto de vista, apesar de ter sido inesperado.”
A candidata contou que essa foi a terceira vez que fez o exame, e que em edições anteriores conseguiu a pontuação de 840 e 940 pontos. A jovem disse ainda que pretende cursar medicina na Universidade Estadual do Piauí (Uespi).
Aristóteles e atualidades
O estudante Thiago Nakazone, de 18 anos, comemora a conquista da nota mil na redação, com amigos e parentes. “Eu tomei como base alguns filósofos como Aristóteles, a quem eu poderia recorrer para argumentar. Não parei para assistir aos jornais, mas, sempre que estava em casa, via as notícias ou olhava o celular. Isso também me ajudou”, afirmou o estudante, que fazia cerca de duas redações por mês para treinar a escrita.
“Eu confesso que gostei. No dia da prova, passei a limpo a redação, transcrevi, e os professores gostaram. Só que eu não estava esperando mil. Foi realmente uma surpresa”, contou.

Thiago Nakazone conquistou nota mil na redação do Enem 2019 — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
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Cardiologistas apontam os melhores tratamentos para pressão alta
A pressão alta ocorre devido a combinação de fatores genéticos e estilo de vida pouco saudável. Doença afeta 1 bilhão de pessoas no mundo
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a pressão alta é uma condição que afeta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. Ela ocorre quando o sangue circula nas artérias com força exagerada de forma constante. Se não tratada, a evolução da hipertensão pode levar a quadros de acidente vascular cerebral (AVC), infarto e insuficiência renal.
Os casos acontecem devido a fatores genéticos e estilo de vida: obesidade, dietas alimentares inadequadas, sedentarismo, excesso de álcool e estresse são a “combinação perfeita” para a pressão alta.
Segundo especialistas entrevistados pelo Metrópoles, o tratamento pode ser feito com medicamentos. Eles ajudam a controlar a pressão arterial, relaxando vasos sanguíneos e diminuindo o volume de líquidos nas artérias.
No entanto, em casos mais leves, mudanças no estilo de vida são suficientes para reduzir a hipertensão ou conjugadas à medicação.
Além do medicamento
Alterações na rotina são imprescindíveis para diminuir a pressão alta, e a alimentação tem papel fundamental. A inclusão de comidas mais saudáveis, como frutas, vegetais, grãos integrais e laticínios com baixo teor de gordura, é uma boa alternativa. Também é recomendado reduzir o consumo de sódio e álcool.
“Diante do quadro de pressão alta, a alimentação pode influenciar e ajudar bastante no controle pressórico. O primeiro passo é diminuir o consumo de sal. Ele é o grande vilão quando se trata de hipertensão”, afirma a cardiologista Érica Renata, da Clínica Cardiosenior, em Brasília.
A prática de exercícios físicos com regularidade é importante para o funcionamento adequado do organismo, já que ajuda a reduzir o sedentarismo e controlar o peso. Evitar o tabagismo e gerenciamento do estresse são outras táticas naturais essenciais.
Crianças e adolescentes
Apesar de ocorrer principalmente após os 50 anos, um estudo recente mostrou que a ocorrência de crianças e adolescentes com pressão alta tem aumentado. Dados estimam que cerca de 114 milhões de jovens têm a condição no mundo. A pesquisa foi publicada na revista científica The Lancet Child & Adolescent Health em novembro.
A alta dos casos nesse público tem ligação com o estilo de vida inadequado, com uma rotina alimentar repleta de alimentos ultraprocessados e pouca atividade física. O ciclo iniciado na infância tem se refletido cada vez mais cedo, aumentando as chances de crianças hipertensas se tornarem adultos com a doença.
De acordo com o cardiologista Renault Ribeiro Júnior, hábitos saudáveis devem ser introduzidos desde cedo para evitar uma geração hipertensa no futuro.
“Devemos procurar ser o maior exemplo para nossos filhos de como evitar um quadro de hipertensão. Se quisermos ter uma geração saudável, isso deve começar dentro de nossas casas”, sugere o coordenador de cardiologia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.
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Farra do INSS: presidente de ONG investigada foi condenado por caixa 2
Abraão Lincoln, presidente da CBPA, teria utilizado conta bancária de uma trabalhadora vinculada a ele para receber valores não declarados
Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores de Pesca e Aquicultura (CBPA) – uma das associações sediadas em Brasília e investigadas por embolsar R$ 221,8 milhões na Farra do INSS, foi condenado em agosto deste ano por “caixa 2” nas eleições de 2014.
Naquele ano, Abraão se candidatou a uma vaga no Congresso Nacional pelo estado do Rio Grande do Norte. À época, ele teria utilizado a conta bancária de uma auxiliar de secretaria subordinada a ele para receber valores não declarados à Justiça Eleitoral.
Segundo o Ministério Público, na conta da mulher, usada como laranja, “vultuosos” valores circulavam. Conforme apurado pelo órgão, um filho de Abraão era responsável por sacar o dinheiro, quando o montante não era encaminhado para outras contas, como a da esposa do aposentado.
A investigação eleitoral teve início após desdobramento da Operação Enredados. Inicialmente voltada para apurar crimes ambientais e de lavagem de capitais no setor pesqueiro, a ação também acabou revelando elementos que apontavam para a prática de ilícitos eleitorais a partir da quebra de sigilo do celular de um suspeito.
Durante as fases do processo, o Ministério Público Eleitoral identificou um repasse de um policial militar no valor de R$ 86 mil para a conta laranja. Ao MP o homem disse que prestou serviços ao réu, mas não conseguiu explicar a transferência. Além do PM, a esposa de Abraão também teria depositado R$ 46 mil na conta da trabalhadora.
Em depoimento, o presidente da CBPA disse que os valores depositados eram frutos de uma “vaquinha” arrecadada pela Confederação da Pesca para “fomentar os movimentos nacionais do setor”. No entanto, ao ser indagado sobre o motivo de o dinheiro não ter entrado na conta da própria entidade ou até mesmo na conta dele, Abraão desconversou.
Na ação, o aposentado negou ter feito caixa 2 e declarou, ainda, que os valores seriam utilizados para o evento “Gritos da Pesca”. O Ministério Público, porém, informou que em uma “simples pesquisa no Google” foi possível verificar que o encontro ocorreu em momento “totalmente diferente da movimentação bancária”.
Organização criminosa
Em 2015, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz foi um dos 18 alvos da Operação Enredados, deflagrada pela Polícia Federal (PF). À época, a investigação revelou esquema de crimes ambientais e contra a administração pública com ramificações em diversos estados, cuja sede era em Brasília.
A prisão preventiva de Abraão foi decretada em 14 de outubro de 2015. No documento, ele é citado como líder da organização criminosa que atuava junto ao extinto Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). As acusações formais imputadas a Abraão incluíam corrupção ativa, crimes contra o meio ambiente, emissão de autorização em desacordo com as normas ambientais e crimes praticados por particular contra a administração.
Segundo a operação, Abraão agia na liderança do grupo, juntamente a outros indivíduos, para obter atos administrativos ilícitos junto ao MPA. As ações incluíam emissão de licença para a venda de arraias com finalidade ornamental e ampliação da capacidade de estocagem desses animais por empresas laranjas.
Após solicitação da defesa, o presidente da CBPA foi solto em janeiro de 2016. O processo ainda tramita na Justiça.
Prisão do presidente
Em 4 de novembro deste ano, Abraão foi preso novamente, dessa vez pela CPMI do INSS sob a acusação de falso testemunho. Na ocasião, o sindicalista teria mentido sobre conhecer o tesoureiro da CBPA, Gabriel Negreiros – que é padrinho de um neto dele. Ao longo da sessão, o deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA) apresentou uma foto do batizado da criança e também afirmou que Abraão Lincoln depositou R$ 5 milhões em uma conta de Negreiros.
“Ele (Abraão Lincoln) chama de relação institucional depositar R$ 5 milhões na conta do Gabriel Negreiros, que nada mais é do que padrinho do neto dele. Ele ser padrinho do seu neto é relação institucional?”, questionou Duarte Jr.
Após ser pressionado pelo deputado, Abraão Lincoln disse que se confundiu ao responder o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, a respeito da relação com Negreiros. Segundo a comissão, Abraão também teria mentido em outros quatro momentos.
Na mesma data, o presidente da CBPA pagou fiança e foi liberado.
Careca do INSS e ligações políticas
Abraão Lincoln já comandou o Republicanos no Rio Grande do Norte e foi candidato a deputado federal pelo partido em 2018.
Ele mantém relação com políticos da legenda, tanto figuras regionais como nacionais. A influência se estende também ao próprio INSS.
Em 2024, o ex-diretor de benefícios André Fidelis pegou uma diária somente para ir a uma festa da entidade. Investigado pela PF, Fidelis foi exonerado do cargo em julho do ano passado, após reportagens da Farra do INSS.
A CBPA ainda aparece como uma das entidades que pagou o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, um dos pivôs do escândalo revelado pelo Metrópoles.
Apenas uma funcionária
A reportagem esteve no local em que está localizada a sede da associação. Na pequenina sala comercial, apenas uma funcionária costuma aparecer. O horário da mulher, apontada como secretária, também chama a atenção. Conforme testemunhas, ela permanece no endereço por aproximadamente duas horas por dia.
Segundo um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), a CBPA “não possui infraestrutura para localização, captação, cadastramento e muito menos fornecimento de serviços” compatíveis com o registro de milhares de associados, espalhados por mais de 3,6 mil municípios. Mesmo assim, até 2025, a associação conseguiu 757 mil cadastrados.
De acordo com CPMI que apura as fraudes, dos 215 mil aposentados e pensionistas vinculados à confederação que reclamaram de descontos, 99% não teriam autorizado a entidade a aplicar as deduções de seus benefícios no INSS.
Crescimento exponencial
A CBPA foi criada em 2020. Dois anos depois, obteve o acordo de cooperação técnica com o INSS – que permite os descontos nos benefícios, mesmo sem ter nenhum associado.
Apesar da falta de empregados, em 2023 o número de pessoas ligadas à CBPA passou de quatro, em maio, para mais de 340 mil associados no fim do ano, resultando em arrecadação anual de R$ 57,8 milhões.
No primeiro trimestre de 2024, auge da farra dos descontos indevidos, o número de filiados saltou para 445 mil, e o faturamento bateu R$ 41,2 milhões no período.
Durante sessão na CPMI do INSS, o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) classificou, em tom de crítica, o aumento no número de cadastros da associação como um “case” de sucesso. “Até 2025, eles conseguiram 757 mil cadastros, que correspondem a mais de R$ 221 milhões no período de dois anos”, disse o parlamentar.
De acordo com informações obtidas pela coluna Tácio Lohan, do Metrópoles, a CGU suspeita que a confederação tenha contratado uma empresa de telemarketing para buscar as filiações, o que é vedado, conforme os termos do acordo de cooperação técnica (ACT) com o INSS.
“Considerando o mês com 22 dias úteis e 8 horas de jornada de trabalho diário, a CBPA teria adicionado 8.524,86 descontos associativos por dia útil, isto é, 17,76 descontos por minuto”, pontuou o órgão.
“A CBPA não tem registro de nenhum funcionário junto à RAIS [Relação Anual de Informações Sociais], mas os quantitativos de descontos associativos adicionados são tão elevados que, mesmo que associação alegasse possuir 100 funcionários, os descontos associativos nessa quantidade ainda seriam improváveis de terem sido incluídos com observância de todas as formalidades legais e contratuais”, concluiu a CGU.
Segundo a Controladoria-Geral da União, a CBPA também teria solicitado mais de 40 mil vezes a inclusão de descontos em benefícios de pessoas mortas.
Farra no INSS
- O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023.
- Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
- As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU).
- No total, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do então ministro da Previdência, Carlos Lupi.
O outro lado
Ao Metrópoles a defesa de Abraão Lincoln disse que “recorreu e o TRE-RN ainda não julgou o recurso”. “O caixa 2 seria, segundo a denúncia, gastos na contabilizados que correspondem a uma fração irrisória do gasto total declarado”, disse Emanuel Grilo, advogado de Abraão.
“Naquele tempo não havia teto de gastos de campanha, e cada partido informava à justiça eleitoral quanto gastaria, de modo que não faria sentido sonegar documentos da prestação de contas deliberadamente”, finalizou.
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Mais de 80% das decisões do STF em 2025 foram monocráticas
Mais de 80% das decisões dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) em 2025 foram monocráticas (individuais). O dado foi divulgado pelo presidente da Corte, ministro Edson Fachin, durante a sessão de encerramento do ano judiciário na última sexta-feira (19).
Neste ano, o STF recebeu mais de 85 mil processos e proferiu cerca de 116 mil decisões, tanto em ações originárias quanto em recursos. Do total, 80,5% das decisões foram monocráticas e 19,5% colegiadas. Em relação a 2024, segundo Fachin, houve um aumento de 5,5% no número de decisões tomadas pelo conjunto dos ministros.
No STF, decisões monocráticas são aquelas dadas por apenas um ministro, geralmente em casos urgentes, quando há entendimento já consolidado do Tribunal ou para aplicar decisões anteriores da Corte.
Em alguns casos, esse tipo de decisão precisa ser levado ao colegiado em seguida para confirmação, modificação ou rejeição dela pelo plenário, ou por uma das turmas.
Quando o tema já foi decidido várias vezes pela Corte, o ministro pode apenas aplicar esse entendimento em decisões individuais, o que evita rediscutir a mesma matéria em sessões colegiadas, desafogando as sessões de deliberação.
No geral, é competência do relator decidir sozinho questões como negar seguimento a recursos, conceder ou negar liminares e aplicar precedentes.
Embora sejam comuns em todos os tribunais, as decisões monocráticas passaram a ser alvo de críticas nos últimos anos, principalmente por parte do Congresso Nacional, que vê nesse instrumento um excesso de poder individual dos ministros.
Desde 2023, parlamentares discutem medidas para limitar esse tipo de decisão.
Em novembro, após o ministro Gilmar Mendes decidir de forma monocrática restringir à PGR (Procuradoria-Geral da República) o poder de pedir o impeachment de ministros do Supremo, o Congresso reagiu e retomou a tramitação de uma proposta sobre o tema.
No mesmo dia da decisão de Gilmar, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) da Câmara aprovou, em caráter terminativo, um projeto de lei que limita decisões individuais de ministros contra leis aprovadas pelo Congresso Nacional.
A proposta também restringe o direito de partidos políticos recorrerem sozinhos ao STF para derrubar leis ou atos do Poder Executivo.
Segundo o projeto, de autoria do deputado federal e presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP), o ministro que proferir uma decisão monocrática deverá submetê-la à análise do plenário do Supremo na sessão seguinte. Caso isso não ocorra, a decisão perde a validade. O texto ainda precisa passar pelo Senado.




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