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Brasil

Atualmente 127 afegãos aguardam acolhimento no Aeroporto de Guarulhos

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Famílias vindas do Afeganistão acampam no Aeroporto de Guarulhos enquanto aguardam por vagas em abrigos.

É com diploma na mão e visto brasileiro que centenas de afegãos vem chegando ao país neste ano de 2022. São engenheiros, médicos, servidores, professores, profissionais de alta patente. Pessoas formadas que deixaram tudo em seu país, o Afeganistão, fugindo do poder dos radicais do Talibã, que assumiram o poder no ano passado. Muitas desembarcam no Aeroporto Internacional de Guarulhos em busca de uma oportunidade no Brasil mas, sem condições ou apoio, acabam montando um acampamento e vivendo dentro do aeroporto.

Há pelo menos 10 dias, uma engenheira química afegã fez do Terminal 2 do aeroporto sua casa. Junto com marido, filha pequena,  irmã médica e cunhado, ela fugiu do regime do Talibã, grupo religioso fundamentalista que voltou ao poder após os Estados Unidos (EUA) terem retirado suas tropas do Afeganistão, depois de 20 anos de ocupação. A reportagem da Agência Brasil conversou com ela ontem (13) no aeroporto, mas preserva seu nome por segurança. “Lá estava muito ruim. Quando o Talibã chegou, não pudemos mais ir à escola, à universidade ou ao trabalho”, contou.

“A situação no Afeganistão para as mulheres é muito ruim. É muito e muito difícil para as mulheres viverem no Afeganistão”, acrescentou sua irmã.

Ao chegar ao Brasil, elas receberam alimentos, água, biscoitos para a criança e algumas roupas. Também foram vacinadas contra sarampo, poliomielite e covid-19. Mas, agora, esperam por oportunidades para se estabelecerem por aqui. “Nós esperamos do Brasil, do governo brasileiro, poder ter nossa casa, nosso próprio trabalho e oportunidade”, disse a médica, que também pretende continuar com os estudos.

O Brasil se tornou destino de muitos afegãos desde que, em setembro do ano passado, foi publicada uma portaria interministerial autorizando o visto temporário e a autorização de residência por razões humanitárias.

Os afegãos chegam ao Brasil com a esperança de conseguir um lugar para morar e um emprego. Mas ao desembarcar, nem sempre conseguem receber acolhimento. A prefeitura de Guarulhos, o governo de São Paulo e o governo federal dizem buscar alternativas para atender a essas famílias. Mas logo que entram em território brasileiro, elas acabam assistidas, principalmente, por voluntários.

Um dos que passam dias no aeroporto para ajudar os afegãos é a ativista Swany Zenobini. Desde o dia 19 de agosto, ela tem ido até o local o todos os dias. “Desde a retomada do Talibã ao poder, no Afeganistão, muitos começaram a ser perseguidos e a sofrer retaliações. Uma das formas para fugir disso é saindo do país. Como o Brasil, em setembro do ano passado, deu o visto humanitário, deu chance para essas pessoas virem para o Brasil, muitos optaram pelo nosso país”, explicou ela à reportagem da Agência Brasil.

“Neste ano, a partir de julho, começou um boom muito grande de afegãos chegando ao Brasil. A prefeitura de Guarulhos não consegue comportar todos eles. A cidade de São Paulo, que é próxima e grande, também não consegue comportar. Cidades do interior não estão preparadas para a situação, até porque a crise humanitária nunca avisa que vai acontecer. Mas a gente, minimamente, deveria estar preparado, já que o Brasil é signatário de convenções internacionais, principalmente de refugiados. Essas pessoas têm chegado ao Brasil e encontrado o chão do aeroporto como forma de acolhimento”, disse Swany.

Diplomados

Em geral, contou, as pessoas que chegam ao Brasil são homens, jovens e solteiros ou famílias com crianças pequenas. “Todas as pessoas que vieram para cá aparentam ter poder aquisitivo de médio para alto. Alguns falam inglês. Muitos deles são diplomados, com faculdade, mestrado e doutorado”, afirmou.

Segundo a ativista, apesar de fornecer o visto humanitário para essas pessoas, o Brasil erra ao não oferecer atendimento ao desembarcar. “Não existe hoje um fluxo de atendimento e de acolhimento. Não existe perspectiva a longo prazo de se gerar emprego para essas pessoas. Hoje só se pensa em assistencialismo”, reclamou.

Quem também tem ajudado os afegãos no aeroporto é o jornalista e voluntário José Luiz Santiago. “Eles chegam aqui realmente esperando algo melhor como um lugar no mínimo digno para dormir, com banho diário. Mas o que ele encontra aqui é o chão. Aqui é um lugar de passagem e de ida e volta. Aqui não é moradia. O Brasil deveria ter se preparado para recebê-los”.

A Delegacia da Polícia Federal no aeroporto informou que, somente em setembro, 653 afegãos ingressaram no país. Em outubro, até ontem (13), foram 343.

Na manhã de ontem, a prefeitura de Guarulhos conseguiu encaminhar 47 afegãos para um abrigo em Morungaba, na região metropolitana de Campinas, interior paulista. Com isso, até o final da tarde de ontem, 127 afegãos permaneciam abrigados no aeroporto, informou a administração municipal.

MPF

Nesta semana, o Ministério Público Federal cobrou explicações dos governos federal e estadual e da concessionária que administra o aeroporto sobre a situação dos afegãos acampados no aeroporto. Segundo o órgão, o grupo que vive em situação precária tem aumentado nos últimos meses “à medida que novos conterrâneos desembarcam no Brasil, fugindo das violações a direitos humanos perpetradas em seu país de origem pelo regime fundamentalista do Talibã. Todos possuem visto humanitário, mas devido a dificuldades financeiras e de comunicação, muitos não têm escolha senão permanecer no terminal”, disse o MPF.

O Ministério Público Federal informou que vem conduzindo reuniões interinstitucionais nas últimas semanas, mas cobrou o governo federal que é preciso melhor coordenação e prestação de apoio material para atender as pessoas.

De acordo com o MPF, a Lei nº 13.684/2018 estabelece que cabe aos três entes federativos adotar medidas que proporcionem direitos básicos a esses refugiados, tais como proteção social, atenção à saúde e qualificação profissional.

“O governo federal, que emitiu os vistos humanitários, precisa, conforme determina a lei, coordenar os trabalhos com os demais entes federativos de modo a evitar situações tão graves como a atual onde, nesse momento, crianças e bebês afegãos estão em situação de total vulnerabilidade no saguão do aeroporto. Isso é inadmissível”, disse o procurador da República Guilherme Rocha Göpfert. Ele convocou uma nova reunião interistitucional para hoje (14) para debater soluções para esse problema.

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Polícia Federal apreende 613 kg de cocaína em galpão de empresa de fachada em Blumenau

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Droga estava escondida em bunker subterrâneo e seria enviada à Europa; um homem foi preso e investigação aponta ligação com cidadãos britânicos procurados internacionalmente

Cocaína estava armazenada em um bunker de empresa de fachada em Blumenau. Fot: captada 

A Polícia Federal (PF) apreendeu 613 quilos de cocaína durante uma operação de combate ao tráfico internacional de drogas em Blumenau, no Vale do Itajaí (SC). A ação contou com apoio da Polícia Militar de Santa Catarina e resultou na prisão de um homem suspeito de integrar a organização criminosa.

A droga estava escondida em um bunker no subsolo de um galpão pertencente a uma empresa de exportação de ligas metálicas, que funcionava como fachada para o esquema. Segundo as investigações, o local era usado para o preparo e armazenamento da cocaína antes do envio para a Europa.

Durante a operação, a PF também cumpriu um mandado de busca em um endereço residencial em Florianópolis ligado ao suspeito, onde foram apreendidos veículos, embarcações, joias e documentos. O inquérito aponta a existência de uma estrutura criminosa internacional com base em Santa Catarina, que contava com suporte logístico de brasileiros e liderança de cidadãos britânicos com histórico de tráfico na Inglaterra e procurados internacionalmente.

A investigação continua para identificar outros integrantes do esquema, que já tinha rotas estabelecidas para o narcotráfico transatlântico.

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Exame toxicológico para primeira CNH é vetado pelo governo federal

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Medida que exigia resultado negativo para condutores de motos e carros foi rejeitada com argumento de aumento de custos e risco de mais pessoas dirigirem sem habilitação; novas regras do Contran para tirar CNH sem autoescola, no entanto, podem alterar contexto

Na justificativa do veto, o governo argumentou que a exigência aumentaria os custos para tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e poderia influenciar na decisão de mais pessoas dirigirem sem habilitação. Foto: captada 

O governo federal vetou a exigência de exame toxicológico para obter a primeira habilitação nas categorias A (motos) e B (carros de passeio). A medida, que seria incluída no Código de Trânsito Brasileiro, foi rejeitada com a justificativa de que aumentaria os custos para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e poderia incentivar mais pessoas a dirigirem sem a documentação obrigatória.

O veto, no entanto, pode ter perdido parte de sua sustentação após o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) editar resolução que permite a retirada da CNH sem a obrigatoriedade de cursar autoescola, reduzindo significativamente o custo total do processo de habilitação.

Outro ponto do projeto que virou lei, e também relacionado aos exames toxicológicos, permite que clínicas médicas de aptidão física e mental instalem postos de coleta laboratorial em suas dependências — desde que contratem um laboratório credenciado pela Senatran para realizar o exame. O governo também vetou esse artigo, alegando riscos à cadeia de custódia do material, o que poderia comprometer a confiabilidade dos resultados e facilitar a venda casada de serviços(exame físico e toxicológico no mesmo local).

As decisões refletem um debate entre a busca por maior segurança no trânsito — com a triagem de possíveis usuários de substâncias psicoativas — e o impacto financeiro e logístico das novas exigências para os futuros condutores.

Assinatura eletrônica

O terceiro item a ser incluído na lei é o que permite o uso de assinatura eletrônica avançada em contratos de compra e venda de veículos, contanto que a plataforma de assinatura seja homologada pela Senatran ou pelos Detrans, conforme regulamentação do Contran.

A justificativa do governo para vetar o trecho foi que isso permitiria a fragmentação da infraestrutura de provedores de assinatura eletrônica, o que poderia gerar potencial insegurança jurídica diante da disparidade de sua aplicação perante diferentes entes federativos.

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Caixa de som que ficou três meses no mar é achada intacta e funcionando no litoral gaúcho

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Equipamento JBL, resistente à água, foi encontrado na Praia do Hermenegildo após provavelmente cair de um navio a 300 km dali; aparelho ligou normalmente

A caixa de som, projetada para ser resistente à água, sobreviveu à corrosão salina por todo esse período. Ao ser ligada, o equipamento funcionou normalmente. Foto: captada 

Uma caixa de som à prova d’água da marca JBL passou cerca de três meses no mar e foi encontrada intacta e ainda funcionando na Praia do Hermenegildo, no extremo sul do estado. A descoberta foi feita por um morador que passeava de quadriciclo na orla na última segunda-feira (30) e avistou o equipamento entre algas e areia.

Acredita-se que a caixa tenha caído de um container durante um transporte marítimo em agosto, próximo à Praia de São José do Norte, a cerca de 300 quilômetros dali. Apesar do longo período submerso e da exposição à água salgada, que acelera a corrosão, o aparelho resistiu e ligou normalmente quando testado.

O caso chamou atenção pela durabilidade do produto, projetado para ser resistente à água, e pela jornada incomum — percorrer centenas de quilômetros à deriva no oceano e ainda chegar em condições de uso à costa gaúcha. A situação virou uma curiosidade local e um exemplo inusitado de “sobrevivência” tecnológica.

Veja vídeo:

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