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Associação diz que fiscais receberam ordem para suspender fiscalizações na Resex

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Decisão ocorreu após reunião de Salles com parlamentares e fazendeiros do Acre em novembro.

Pecuaristas desmatam a Reserva Chico Mendes para criação de gado — Foto: Yuri Marcel/G1

Por Iryá Rodrigues, G1 AC — Rio Branco

A Associação dos Servidores do Ibama e ICMBio no Acre afirma que fiscais receberam orientação para suspender a fiscalização de crimes ambientais dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapuri, no interior do Acre.

De acordo com o vice-presidente da Associação, Messias Lopes, a orientação foi verbal, sem documentos oficiais, e foi dada após uma reunião entre o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, parlamentares do Acre, ICMBIO e fazendeiros do Acre, no início de novembro.

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O caso foi denunciado em reportagem pelo jornal “Folha de S. Paulo”.

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“Não temos nenhum documento oficial, o que temos são informações extraoficiais de que as operações de fiscalização foram suspensas na unidade de conservação Chico Mendes.”

Superintendente nega

O superintendente do ICMBio no Acre, Wilker Júnior, negou que as fiscalizações estejam suspensas dentro da Resex Chico Mendes e afirmou que a última ocorreu de 1º a 30 de outubro.

Ele disse ainda que não tem previsão para nova fiscalização este ano por causado período de chuvas. Segundo Júnior, além das condições climáticas da região, o cronograma de fiscalização segue também as denúncias de irregularidades dentro da Reserva.

“Está tudo normal nas atividades”, disse.

O vereador de Xapuri, Gessi Nascimento (MDB), que participou da reunião com o ministro Ricardo Salles, disse que as fiscalizações chegaram a ficar suspensas “de imediato” após a reunião, mas que agora estariam “normais”.

O vereador disse também que na reunião eles denunciaram a ação truculenta dos fiscais do ICMBio contra moradores da Reserva.

Sobre essa acusação, o superintendente do órgão disse que só quem pode falar é a superintendência federal. A redação enviou e-mail para a superintendência e também para o Ministério do Meio Ambiente, mas até a última atualização desta reportagem não obteve resposta.

A presidente da Associação e servidora do ICMBio, Roberta Graf, lamentou a postura dos parlamentares que participaram da reunião em defesa de quem ela chamou de “criminosos ambientais”. A reportagem tentou contato com a deputada federal Mara Rocha (PSDB), que esteve na reunião, mas também não obteve resposta.

“O que preocupa muito é que esse pessoal que procurou os parlamentares, que por sua vez procuraram o ministro, são os invasores, grileiros e pecuaristas que vêm de fora. São todos processos antigos, são criminosos ambientais. Nos preocupa muito que os parlamentares estejam defendendo gente que não é de dentro da reserva, defendendo criminosos ambientais”, falou Roberta.

O procurador da república no Ministério Público Federal do Acre Pará, Joel Bogo, confirmou que há inúmeras denúncias envolvendo crimes ambientais na reserva.

“Nessa reserva tem vários inquéritos civis, policiais, tem vários procedimentos que temos instaurados em decorrência de ilícitos ambientais ali. Há uma série de problemas que já vinham de antes e que nesse ano se agravaram, principalmente relacionados a desmatamento ilegal e ocupações irregulares,” disse.

Ele comentou sobre as queixas dos fazendeiros levadas ao ministro. “As reclamações desse grupo [que se encontrou com o ministro] são em relação às ações que o ICMBio fez para retirar as pessoas irregulares da área. Mas, a princípio, não temos registro de nenhuma irregularidade por parte do ICMBio.”

“De fato essas pessoas se reuniram, tem vários registros de reiteradas infrações, algumas a gente já denunciou até criminalmente,” acrescentou o procurador.

Sobre a paralisação da fiscalização do ICMBio, o procurador disse: “Então, eu não tenho essa informação, não tem nenhum documento que formaliza isso em nenhum processo do MPF. Mas eu, pessoalmente, não tenho conhecimento de nenhuma ação de fiscalização desde a reunião. Parece que não houve nenhuma ação desde então,” afirmou.

Infratores ambientais na reunião

O grileiro Rodrigo Oliveira Santos também participou da reunião com o ministro. Ele foi denunciado em 2016 pelo Ministério Público Federal por causar dano ambiental à Reserva Extrativista Chico Mendes. Segundo consta na denúncia, Santos é acusado de invadir terras da União e manter uma criação com 150 cabeças de gado em uma área de 78 hectares dentro da Reserva, sem autorização do órgão ambiental.

À Justiça Federal na época, Santos alegou que morava na área da reserva há mais de 25 anos e assumiu a prática de atividade pecuária sob a alegação de ser atividade corriqueira na região. Porém, a Justiça determinou a reintegração definitiva do lote que fica no Seringai Santa Fé, em Epitaciolândia.

Também estava na reunião Jorgenei da Silva Ribeiro. Ele e o irmão José Messias Ribeiro, delegado aposentado, também foram denunciados por crime ambiental cometido em 2013, ao desmatarem 71,50 hectares de vegetação nativa, sem autorização do órgão ambiental competente, para abertura de um ramal.

Consta na denúncia que foram abertas na floresta “uma estrada principal, uma estrada secundária, e uma clareira ao lado de um igarapé onde foi construído um local típico de acampamento”.

Em 2018, os dois voltaram a causar danos à Resex Chico Mendes – mesmo após a autuação do ICMBio e o embargo da área, ainda decorrentes da abertura do mesmo ramal no interior da Resex, em Assis Brasil.

Ainda conforme o MPF, a abertura da estrada teve como finalidade “o escoamento de produtos da exploração agropecuária e madeireira do Seringal Senegal”.

Já Gutierri Ferreira da Silva foi denunciado em 2010 por desmatar 9,43 hectares de mata primitiva na Colônia Santa Fé em Deus, Seringal Nova Esperança, no município de Xapuri, sem autorização do órgão ambiental competente.

Constam nos autos que Ferreira admitiu o desmatamento, mas em menor proporção, com a finalidade de fazer “roçado” destinado à plantação de milho e pequenas criações galinhas e 40 cabeças gado, mas sem saber ao certo a extensão da área porque nunca chegou a medi-la.

Ele foi condenado pela Justiça a 1 ano e 4 meses de reclusão, que foi substituído por serviços à comunidade, e 39 dias-multa, à razão de um décimo do salário mínimo vigente à época dos fatos.

Procurados pela reportagem, Rodrigo Santos e Gutierre Ferreira não quiseram gravar entrevista. não conseguiu contato com os irmãos Jorgenei e José Messias Ribeiro.

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Aleac aprova orçamento de R$ 13,8 bi para 2026, com espaço para PCCR e RGA de servidores

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PLOA 2026 é aprovado com crescimento de 13,63% e garante avanços para servidores da Saúde e da Educação

Deputados estaduais durante sessão ordinária na Aleac que aprovou o Projeto de Lei Orçamentária Anual para 2026. Foto: captada 

Everton Damasceno

Os deputados aprovaram na noite desta quarta-feira (16) o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para o exercício de 2026 durante sessão ordinária realizada na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac).

Os números projetados para o exercício de 2026 tiveram um aumento de 13,63% em comparação com os de 2025, somando mais de R$ 13,8 bilhões, sendo R$ 9,3 bilhões em recursos próprios e R$ 4,4 bilhões provenientes de outras fontes de recursos, em conformidade com as leis e normas que disciplinam a matéria orçamentária.

O orçamento prevê, ainda, recursos para as despesas obrigatórias e constitucionais, repasse aos poderes, manutenção da folha de pagamento, pagamento das parcelas das dívidas e manutenção dos encargos da máquina estatal.

Elaborado pelo Poder Executivo, seguindo as normas estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), em acordo com o Plano Plurianual (PPA) e a Agenda Acre 10 Anos, o projeto é resultado do trabalho técnico realizado pela Seplan e pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), em conjunto com os órgãos das administrações direta e indireta do Estado do Acre.

Emendas garantem PCCR da Saúde e RGA dos servidores públicos

Também foram aprovadas duas emendas importantes para os servidores públicos que lutam por melhorias salariais.

Após consenso entre a base e a oposição, os deputados também aprovaram emenda do deputado Edvaldo Magalhães para a implementação do Reajuste Geral Anual (RGA) dos servidores públicos do estado a partir do próximo ano.

“Superados os limites impostos pela Lei Federal n° 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), fica garantida a recomposição das tabelas das carreiras dos profissionais do Ensino Público Estadual, conforme a Lei Complementar n° 67, de 29 de junho de 1999, que estabelece o Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações da Educação,” diz o texto.

Plenário da Assembleia Legislativa do Acre acompanha a votação do orçamento, que prevê mais de R$ 13,8 bilhões para o próximo ano. Foto: captada 

Outra emenda aprovada foi a do deputado Adailton Cruz, que garante a implantação do Novo Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR) dos servidores da Saúde.

“O Poder Executivo deverá, até o final do primeiro quadrimestre do exercício financeiro de 2026, iniciar a implantação do Novo Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações – PCCR dos servidores da Saúde do Estado do Acre,” diz o projeto.

Sindicalistas reunidos na Aleac, que acompanharam a votação, aplaudiram a aprovação das emendas por parte dos deputados.

Sindicalistas comemoram nas galerias da Aleac a aprovação das emendas que garantem RGA e o novo PCCR da Saúde. Foto: captada 

Outra emenda aprovada é de autoria do deputado Adailton Cruz (PSB). De acordo com o texto, o Palácio Rio Branco deverá, até o final do primeiro quadrimestre do exercício financeiro de 2026, encaminhar para iniciar a implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR) da Saúde.

“Nessas horas que você constrói entendimentos, tem muitos personagens que ficam invisíveis e, era impossível chegarmos à redação desse texto se não tivesse tido a iniciativa de alguns parlamentares, que se dispuseram a construir o acordo, mas mais do que isso, se a gente não tivesse tido aqui a aquiescência, a concordância do deputado Manoel Moraes, que é o líder do governo. Temos que fazer esse reconhecimento”, disse Edvaldo Magalhães.

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CEMAF atualiza regras do licenciamento agropecuário no Acre

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Com a nova resolução, o governo do Acre busca dar mais segurança jurídica aos produtores rurais, ampliar a eficiência do licenciamento ambiental e conciliar a produção agropecuária com a proteção do meio ambiente no estado

Medida visa desburocratizar processos e adequar normas à realidade local, garantindo maior celeridade aos produtores rurais. Foto: captada 

Foi publicada no Diário Oficial do Estado do Acre, a aprovação por parte do Conselho Estadual de Meio Ambiente e Floresta (Cemaf) da Resolução nº 05, de 11 de dezembro de 2025. Essa resolução redefine os procedimentos técnicos e administrativos para o licenciamento ambiental de atividades agropecuárias no Acre que envolvam o uso alternativo do solo para fins comerciais. A norma entra em vigor a partir da data da publicação.

A nova resolução revoga a Resolução Cemaf nº 2/2022 e tem como objetivo alinhar a legislação estadual às normas federais de licenciamento ambiental, além de atender determinações judiciais decorrentes de ação civil pública que apontou a necessidade de adequações na norma anterior.

Entre os principais pontos estão a classificação das atividades agropecuárias de acordo com o potencial poluidor ou de degradação ambiental — baixo, médio e alto impacto —, a definição clara dos tipos de licença e a padronização dos prazos de análise por parte do Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMAC).

As atividades classificadas como de baixo impacto ambiental poderão receber Certidão de Dispensa de Licenciamento Ambiental. Já os empreendimentos de médio impacto serão licenciados por meio da Licença Ambiental Única (LAU). Para atividades de alto impacto ambiental, o processo seguirá o rito ordinário, com emissão de Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO).

A resolução estabelece que o prazo máximo para análise e manifestação conclusiva do IMAC será de até seis meses, contados a partir da entrega completa da documentação. Para atividades de baixo impacto, o prazo é reduzido para até 60 dias. O texto também autoriza, sempre que possível, a análise remota dos processos de baixo e médio impacto, com uso de imagens de satélite e bases de dados oficiais, mantendo a vistoria presencial obrigatória para atividades de alto impacto.

Outro destaque é o tratamento diferenciado à agricultura familiar. Produtores familiares portadores de Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) ou Cadastro da Agricultura Familiar (CAF), assim como microempreendedores individuais (MEI), ficam isentos da cobrança de taxas e preços públicos para o protocolo e a emissão de licenças e certidões ambientais, mediante comprovação.

A norma também prevê apoio técnico aos pequenos produtores por meio de órgãos estaduais e municipais de assistência técnica e fomento, com a construção de planos de apoio articulados com o IMAC. Além disso, define que determinadas atividades de rotina, como aquisição de animais, compra de insumos, máquinas agrícolas, construção de cercas, currais, aceiros sem supressão de vegetação nativa e melhorias na propriedade, não exigem licenciamento ambiental.

A resolução reforça ainda a obrigatoriedade de observância das normas específicas quando as atividades estiverem localizadas em áreas sensíveis, como terras indígenas, unidades de conservação, zonas de amortecimento e áreas com sítios arqueológicos, respeitando as competências da Funai, ICMBio e IPHAN.

O texto estabelece que os requerimentos e as concessões de licenças ambientais deverão ser publicados no Diário Oficial do Estado e em jornal de circulação local. A solicitação de certidão de dispensa de licenciamento para atividades de baixo impacto passa a valer a partir de 1º de janeiro de 2026.

Com a nova resolução, o governo do Acre busca dar mais segurança jurídica aos produtores rurais, ampliar a eficiência do licenciamento ambiental e conciliar a produção agropecuária com a proteção do meio ambiente no estado.

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Governo pede nova alteração em lei de empréstimo de R$ 250 milhões com o BNDES

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Mudança técnica retira autorização direta ao banco e detalha garantias do financiamento; proposta tramita em regime de urgência na Aleac

O governador Gladson Cameli encaminhou à Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) uma mensagem propondo mais uma alteração na lei que autoriza a contratação de empréstimo de R$ 250 milhões junto ao BNDES. Fotos: assessoria 

O governador do Acre, Gladson Cameli (PP/AC), enviou uma nova mensagem à Assembleia Legislativa do Estado (Aleac) pedindo mais uma alteração na lei que autoriza a contratação de empréstimo de até R$ 250 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O documento foi encaminhado ao presidente da Casa, deputado Nicolau Júnior (PP/AC), com pedido de tramitação em regime de urgência.

Segundo o governador, a mudança proposta é técnica e não altera o valor do empréstimo nem sua finalidade. O objetivo é ajustar a redação do artigo 2º da Lei nº 4.656, de 23 de outubro de 2025, que trata das fontes de custeio e das garantias da operação de crédito destinada ao fortalecimento das cadeias de produção no estado.

Na mensagem aos deputados, Gladson Cameli explica que a nova adequação atende a uma orientação da Secretaria do Tesouro Nacional, encaminhada por meio do Ofício SEI nº 71987/2025/MF. A recomendação foi baseada em um entendimento mais recente da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, que passou a exigir que as autorizações legislativas sejam dadas ao Poder Executivo, e não diretamente às instituições financeiras, como o BNDES.

Com isso, o governo propõe retirar do texto legal qualquer autorização direta ao banco, deixando claro que cabe exclusivamente ao Poder Executivo a contratação da operação de crédito. A proposta também detalha de forma mais precisa quais receitas poderão ser usadas como garantia do empréstimo.

Pelo novo texto, o Estado poderá vincular como garantia as receitas do Fundo de Participação dos Estados (FPE), do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e de outros impostos previstos na legislação. Caso essas fontes sejam extintas ou se tornem insuficientes, o projeto permite a utilização de fundos ou tributos que venham a substituí-los e, em último caso, parte dos depósitos bancários.

A proposta ainda revoga o parágrafo único do artigo 2º da lei original e estabelece que a nova redação tenha efeitos retroativos a 24 de outubro de 2025, data próxima à sanção da legislação inicial.
Essa é mais uma etapa de ajustes no processo de autorização do empréstimo.

No fim de novembro, o governo já havia reenviado projetos à Aleac para corrigir a redação das leis que autorizaram tanto o financiamento de R$ 250 milhões junto ao BNDES quanto o de R$ 30 milhões com a Caixa Econômica Federal. À época, o Executivo afirmou que as mudanças serviam apenas para adequar os textos às exigências técnicas do Tesouro Nacional.

Agora, o governo reforça que a nova alteração também decorre de orientações dos órgãos federais de controle e tem como objetivo evitar problemas na tramitação do financiamento. Com o pedido de urgência, a expectativa é que o projeto seja analisado amanhã, se somando a outras 30 demandas do Executivo enviados à Casa Legislativa nesta terça-feira (16).

Esta é a segunda adequação feita pelo governo na legislação, após ajustes similares em novembro. Com pedido de urgência, a proposta deve ser analisada pelos deputados ainda nesta semana, junto a outras 30 matérias do Executivo.

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