Acre
Apesar de preso, Leopoldo ainda pensa em retomada do poder na Bolívia
Roberto Vaz – de La Paz-Bolívia – Fotos de Oscar Mercado
Em janeiro de 2014 ac24horas negociou uma entrevista com o governador cassado e preso, Leopoldo Fernandez, principal desafeto de Evo Morales que continua em território boliviano. Foram 18 dias de negociação até que a equipe de reportagem recebeu sinal verde para chegar até ele. Depois de um dia e meio de viagem chegamos a La Paz, onde esperamos mais três dias para recebermos a autorização para entrar na casa verde do líder maior da oposição boliviana.
A primeira surpresa boa foi vê-lo forte, sorridente e determinado. Nos recebeu à porta da casa que divide com a esposa, pois não podia atravessar uma faixa amarela, colocada na área, para não infringir a condicional que lhe garante, temporariamente, o cumprimento da pena em seu domicilio, imposta pela Suprema Corte Boliviana.
Ele sabe que está lutando contra o inimigo poderoso, que usa do poder para mantê-lo encarcerado e que qualquer sinal de fraqueza poderá colocá-lo na lista dos políticos desaparecidos, sem que o clamor dos poucos seguidores ganhe força para libertá-lo das garras de Evo Morales. Por isto, Leopoldo Fernandez, mesmo em prisão domiciliar, comanda um grupo de resistência para combater o que classifica de “abuso e populismo” de Evo Morales, que usa indevidamente verbas pública para promoção pessoal e para implantação de programas sociais para se manter no poder. “Ele copiou o modelo de compra de votos do Brasil e da ditadura da Venezuela”, compara o ex-governador da província de Pando-BO, cassado há cinco anos.
Dom Leopoldo explica que esses modelos de governos nacionalistas de “esquerda” proliferaram por toda América do Sul a partir da influência do ex-presidente falecido da Venezuela, Hugo Chaves. Mas faz questão de elogiar Ollanta Humala, presidente do Peru. “Ele está surpreendendo-me. Imaginava que faria como os outros de estabelecer um governo controlador como na Bolívia, Equador e Venezuela. Mas o Humala está sendo democrático,” afirmou.
Nestes cinco anos de prisão, Leopoldo enfrentou tortura psicológica, perda de direitos políticos e a saúde ficou debilitada, tanto que foi obrigado a tirar um rim e hoje se recupera de um câncer numa aconchegante casa da Zona Sul de La Paz. “Tudo eles fizeram para me calar, mas não conseguiram. Luto por uma causa, pela libertação do povo e por democracia plena. Não luto por meus interesses e nem por vantagens deste governo fascista”, desabafa o ex-prefeito do distrito de Pando (Bolívia). E de imediato foi inevitável a primeira pergunta: “Porque estás mesmo preso?” E a resposta curta mostra quão Leopoldo está bem humorado: “Também queria saber! Vamos perguntar ao Evo e ao Juan Quintana (Ministro da Casa Civil Boliviana)?”
Leopoldo e eu já nos conhecemos desde os tempos em que ele jogava futebol no Acre – de 1972 a 1974 e depois de 1975 a 1977. Primeiro atuando pelo Independência Futebol Clube e depois pelo Rio Branco F.C. Nossa primeira conversa foi para lembrar os bons tempos de Acre. Perguntou sobre muitas pessoas, em especial quis saber noticias do amigo (quase irmão) Illimani Suarez. Respondi tudo e ainda contei mais. Falei do futebol que foi a falência depois que passou a profissional e da morte do professor Walter Félix, o Té, que o deixou muito triste.
Quando sentamos numa poltrona de couro de lhama para começar a gravar uma entrevista, ele se trancou: “não gravo entrevistas, não dou entrevistas. Falo com você porque é meu amigo. Sem gravador, sem filmagem”, advertiu. E assim foi feito.
Como tudo começou – O governador preso conta que sentiu o golpe de perseguição de Evo bem antes do mandado de prisão. E não fugiu porque não quis. Segundo ele, desde o massacre de Povenir, quando ele se manteve contra a matança ordenada por Juan Quintana (uma espécie de Zé Dirceu de Evo Morales) vieram as primeiras ameaças. Ou ele se retrava e recuava ou as forças armadas do governo boliviano passavam por cima. E relata que não podia recuar porque muitos pais de famílias foram mortos, defendendo um pequeno pedaço de terra. Pelo relato de Leopoldo, tinha gente de várias nacionalidades, inclusive um grande número de brasileiros.
Apesar de não ter gravado esta declaração, ele disse que “podem me acusar de tudo, menos de que sou assassino de crianças, mulheres, idosos e trabalhadores”.
Leopoldo Fernández Ferreira foi acusado pelo chamado “massacre de Porvenir”, de 11 de setembro de 2008, que deixou 13 mortos e 54 feridos. Após vários dias de manifestos, a polícia boliviana o captura, em 16 de setembro de 2008 e leva para a prisão de segurança máxima de Chonchocoro, região de San Pedro (Bolívia), depois sendo transferido para o presídio de San Pedro de La paz.
Foram quase cinco anos de prisão, quando foi diagnosticado um problema de saúde, que o forçou a tirar um dos rins na tentativa de evitar um câncer que se instalava no local. Com isso ganhou o direito de cumprir pena (sem veredicto) em casa. Em 22 maio deste ano, quando completará 62 anos, terá cumprido um ano de cárcere doméstico.
Mesmo com a vigilância constante do governo boliviano, Leopoldo faz reuniões com o que restou da oposição em sua casa, traça as estratégias de combate à política populista de Evo Morales e ainda tem tempo de planejar a próxima campanha contra o cocaleiro que se mantém forte no poder.
Dom Leopoldo explica que tentou trazer para a oposição o atual prefeito de La Paz, um jovem político de 41 anos e bem avaliado numa zona eleitoral em que Evo Morales tem a grande maioria do votos. Trata-se de Luis Revilla Herrero, do Partido Movimiento Sin Miedo (MSM), eleito em 2010, com quase 50% dos votos. “Estive reunido com ele algumas vezes. Mas a tendência é que Luis Revilla seja candidato à presidência numa terceira via,” previu.
Está nítido que ele sonha em ser o candidato a presidente das Forças Contrárias a Evo, mas diz que “o importante neste momento é a união de todos para extirpar o câncer que se instalou na Bolívia”, numa referência clara ao atual presidente boliviano. E neste ponto, é bem claro: o nome melhor é o do empresário Samuel Doria Medina, líder do partido União Nacional (UM).
Apesar de considerar uma chapa forte tendo Medina à frente, ele ainda não demonstra firmeza quando questionado se ganham a eleição: “Difícil dizer com certeza, mas seremos páreo duro para Evo. Se a união for total nós ganhamos, mas se houver dissidente, ele ganhará outra vez”, explica.
Para mostrar que quer mesmo tomar o poder de Evo Morales, o destemido Leopoldo diz que usará as mesmas armas: publicidade e dinheiro. Para cuidar da campanha, ele quer contratar nada mais nada menos que o brasileiro Duda Mendonça e para cuidar da parte financeira foi contratado um executivo americano que trabalhou na equipe financeira de Barack Obama.
Leopoldo Fernandez concorda que a Bolívia vive um bom momento econômico, mas critica a política financeira e social de Evo Morales. “Ele faz um distribuição de renda equivocada e não investe em saneamento básico e saúde. Ele investe na construção de casas, trazendo as famílias do campo para a cidade, criando um grande problema social, um cinturão de miséria em torno da capital”.
Na opinião de Leopoldo, essas medidas são feitas com o único objetivo de conseguir votos, comprando a esperança das pessoas. “É uma cópia mal feita dos programas do Lula e da Dilma”, denuncia ele.
Apesar desse ponto favorável ao atual governo, Leopoldo diz que há um grande sentimento de mudança por parte do povo, pois “Evo Morales não cumpriu as promessas de campanha. Os jovens são os principais adversários do atual modelo de governo. Eles estão nas escolas, nas ruas, nas praças fazendo protesto. E aos poucos o cordão vai engrossando”, observa.
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Prefeitura de Rio Branco reforça ações de emergência
A Prefeitura de Rio Branco mobilizou, nas primeiras horas deste sábado (27), uma força-tarefa para atendimento às famílias afetadas pelas fortes chuvas registradas nas últimas 48 horas na capital.
O volume acumulado de água fez o nível do Rio Acre subir rapidamente e provocou o transbordamento de igarapés que cortam a cidade, atingindo diversas áreas urbanas.
Diante da situação, o prefeito Tião Bocalom convocou uma reunião de emergência em seu gabinete, reunindo todos os secretários municipais para alinhar ações imediatas de resposta e assistência.
Logo após o encontro, o prefeito visitou a Escola Álvaro Vieira da Rocha, no bairro Conquista, onde 10 famílias — totalizando 36 pessoas — já estão abrigadas pela Defesa Civil Municipal e pela Secretaria de Assistência Social.
Tião Bocalom destacou o trabalho integrado das equipes municipais e reforçou que todas as providências vêm sendo adotadas desde o início das ocorrências.
“Não é com prazer, é com tristeza. Mas fazer o quê? Infelizmente, as chuvas chegaram e as inundações começaram a aparecer. Desde ontem, nossas equipes da Defesa Civil, apoiadas por todas as secretarias, estão em campo até duas horas da manhã para retirar famílias. Aqui nesta escola estão 10 famílias, 36 pessoas, e estamos tomando todas as providências possíveis. A prefeitura está fazendo a sua parte, como sempre fizemos, junto ao governo do Estado e à Defesa Civil. Tanto é que em 2021 ganhamos o prêmio de melhor acolhimento da Defesa Civil Nacional. Fazemos tudo com dor no coração, porque sabemos o quanto é difícil para as famílias, mas seguimos firmes para garantir apoio a quem mais precisa.” ressaltou o prefeito de Río Branco
Após visitar as famílias abrigadas, o gestor seguiu para o Parque de Exposições, onde equipes já iniciam a preparação para novas ações de acolhimento e prevenção, caso o nível das águas continue subindo.
A Prefeitura de Rio Branco segue monitorando a situação e reforça que está de prontidão para atender novas ocorrências decorrentes das chuvas.
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Cinco mulheres são presas ao tentar entrar com drogas escondidas em laranjas no presídio de Rio Branco
Cinco mulheres foram presas na manhã deste sábado (27) ao tentarem introduzir drogas escondidas dentro de laranjas no Complexo Penitenciário de Rio Branco. A prisão ocorreu durante o procedimento de fiscalização de rotina realizado por policiais penais da unidade.
Segundo informações da administração penitenciária, o material levado pelas visitantes passou pelo aparelho de raio X, que identificou irregularidades no interior das frutas. Durante a inspeção manual, os agentes localizaram 779 gramas de maconha, 105 gramas de cocaína e cerca de um quilo de tabaco.
Diante do flagrante, todo o material ilícito foi apreendido e as cinco mulheres receberam voz de prisão ainda dentro do complexo prisional. Elas foram conduzidas à Delegacia de Flagrantes (DEFLA), onde permaneceram à disposição da Justiça e devem responder por crimes relacionados à tentativa de introdução de drogas no sistema penitenciário.
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Rio Acre ultrapassa cota de transbordamento e atinge 14,55 metros em Rio Branco
Elevação de 82 centímetros em um único dia aumenta risco de alagamentos em áreas ribeirinhas da capital

Foto: Jardy Lopes
O nível do Rio Acre seguiu em elevação ao longo deste sábado (27), conforme boletim divulgado pela Defesa Civil Municipal de Rio Branco. Na última medição do dia, realizada às 21h, o manancial atingiu 14,55 metros, permanecendo acima da cota de transbordamento, que é de 14,00 metros.
De acordo com os dados oficiais, a primeira aferição do dia, às 5h26, apontava 13,73 metros, já acima da cota de alerta, estabelecida em 13,50 metros. Às 9h, o rio chegou a 14,00 metros, alcançando oficialmente a cota de transbordo. O nível continuou subindo ao longo do dia: 14,14 metros ao meio-dia, 14,30 metros às 15h, 14,43 metros às 18h e, por fim, 14,55 metros às 21h.
Com isso, o Rio Acre acumulou uma elevação de 82 centímetros em apenas 24 horas, ampliando o risco de alagamentos em áreas ribeirinhas da capital acreana.
Apesar de não haver registro de chuvas nas últimas 24 horas em Rio Branco — com índice de 0,00 milímetro —, o coordenador municipal da Defesa Civil, tenente-coronel Cláudio Falcão, explicou que a elevação do nível do rio é consequência das fortes chuvas registradas nas cabeceiras e em municípios do interior do estado.















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