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Aos 82 anos, idoso faz primeira tatuagem para homenagear o filho que morreu vítima de Covid no Acre
Família fez tatuagem com o bordão que Gerônimo Neto falava: ‘só alegria’. Antônio Borges ainda se emociona ao falar da perda: ‘nunca mais vou esquecer’.

Antônio Borges, de 82 anos, fez tatuagem em homenagem ao filho que morreu por Covid – Foto: Arquivo pessoal
Por Tácita Muniz
Para Antônio Borges ainda é difícil falar da perda do filho, que morreu há quatro meses vítima da Covid-19 em Rio Branco. Gerônimo Borges Neto morreu no dia 9 de março, aos 59 anos, após travar uma batalha contra a doença que durou mais de 30 dias. Amoroso, foi pai e filho exemplar, um otimista incorrigível que deixou como legado a alegria e a vontade de viver.
E foi pensando nesse legado que Antônio Borges decidiu eternizar a lembrança do filho na pele – o amor e a saudade transbordaram em forma de tatuagem. Junto com mais algumas pessoas da família; o neto, o filho e a bisneta, ele encarou a agulha do tatuador com os olhos fechados e o coração aberto.
“Só alegria” – o bordão repetido tantas vezes pelo o filho que partiu agora está no braço, foi a forma que a família encontrou de homenagear Gerônimo. Gerente de uma loja da rede de eletrodomésticos, a partida foi marcada por comoção – dos amigos e da família. Sempre sorridente, ele costumava finalizar frases com o bordão – era uma forma de dizer que tudo ia ficar bem.
A saudade do filho ainda embarga a voz de Antônio e é com poucas palavras que ele conta como foi fazer a primeira tatuagem aos 82 anos para gravar na pele o amor pelo filho mais velho.
“Foi minha primeira tatuagem e única. É difícil falar muito porque é muita emoção e alegria em fazer essa homenagem para meu filho. Nunca pensei em fazer uma tatuagem, mas a perda do meu filho é um acontecimento que nunca mais vou esquecer e agora tenho o prazer de sempre trazer comigo a frase que ele sempre falava: ‘Só alegria!’. É algo que está gravado no meu coração e que pra mim é um orgulho ter tido essa coragem, porque é muito emocionante e agora tenho muito prazer em expor meu braço com a frase que ele sempre dizia”, disse.

Pai, irmão e filho de Gerônimo fizeram tatuagem em homenagem a ele – Foto: Arquivo pessoal
Família fez tatuagem
A escolha pela homenagem ocorreu de forma bastante natural. Gerônimo era aquele pai e avô presente. Gostava de casa cheia, almoços aos domingos e demonstrava amor, com as palavras e nos gestos. Era escudo e porto seguro dos filhos e netos. O pai, que mora em Rondônia, não conseguiu se despedir do filho a tempo.
Na última semana, Antônio, junto com o filho Adão Sobrinho, decidiu ir até Rio Branco para visitar o túmulo do filho e um dos refúgios da família para acalmar a saudade é remexer nas lembranças. Durante uma conversa, decidiram que uma tatuagem com a frase que ele sempre dizia seria uma boa forma de homenageá-lo.

Gerente comercial usava bordão ‘só alegria’ – Foto: Arquivo pessoal
Murilo Borges, de 33 anos, conta que o pai sempre foi uma pessoa que acreditava no lado bom das coisas. E foi Maria Júlia, de 15 anos, que mexendo nas agendas do avô teve a ideia de um dia tatuar algo que lembrasse, em suas palavras, seu maior protetor. Externalizou isso em uma reunião de família e a ideia animou a todos.
“Estávamos olhando as coisas guardadas do meu avô e nós achamos muitas agendas, muitas mesmo, desde 1997, e aí eu falei: ‘algum dia vou fazer uma tatuagem de algo escrito nessas agendas’. Daí pensei: ‘só alegria’ era o lema do meu avô, todos conheciam ele por essa frase e aí surgiu a ideia”, conta a adolescente.
Para Murilo, seria a segunda tatuagem em homenagem ao pai. Dias após o gerente morrer, ele tatuou no braço: “Parte de mim entende sua partida, outra parte morre de saudades, pai” – também foi a primeira vez que ele fez uma tatuagem. Agora, logo embaixo dessa, ele fez o bordão do pai.
“Todo mundo que esteve com meu pai por algum dia, uma hora, ouviu ele falar esse lema, tudo girava em torno disso. Meu pai sempre foi uma pessoa muito positiva, que eu nunca vi desanimar. Em momentos difíceis ou em qualquer situação, ele tentava enxergar o lado bom das pessoas; a maior qualidade do meu pai era acreditar nas pessoas, mesmo que elas decepcionassem, ele acreditava que elas podiam melhorar”, relembra.
O sorriso era a marca registrada do gerente. A morte dele foi marcada por muitas homenagens, principalmente de quem o conhecia de perto. Para os funcionários, um líder que incentivava e ajudava a todos. Para a família, o suporte e ponto de equilíbrio. Ele deixou a mulher, dois filhos e três netos.

Gerônimo era apaixonado pela família e sempre fez questão de manter todos juntos — Foto: Arquivo pessoal
‘Não era só uma frase’
Quem fez sua primeira tatuagem também foi Adão Sobrinho, de 55 anos. Ele conta que antes de perder o irmão jamais pensou em fazer algo parecido. “Meu irmão era um cara tão especial que é até difícil falar tudo de bom que ele tinha. Era um cara que não tinha tristeza, mesmo em um momento difícil, ele dizia: ‘só alegria’. Meu irmão merecia muito mais que só uma tatuagem, porque isso a gente vai levar no coração o resto da vida e meu mano era tão querido que por ele eu faria tudo”, diz.
Maria Júlia também fez a homenagem. Aos 15 anos, ela quer lembrar do avô como seu eterno protetor e fonte de amor inesgotável, assim como era para toda a família.
“Não era só uma frase, era um estilo de vida. Foi por isso que não podia ser algo diferente. Meu avô foi sempre família, ele sempre dava muito valor a isso. A gente se reúne sempre aos domingos, como ele gostava, para manter contato com a família, meus avôs, bisavôs, é nisso que a gente se apega. A gente sofre junto quando tem que sofrer, mas também se fortalece.”
Para Murilo, o pai deixa um legado de que sempre é possível melhorar. Bem humorado, ele conta que o pai era a única pessoa que ele conhecia que estava sorrindo na foto da carteira de habilitação. Saudoso, ele conta que chegou a questionar o pai o motivo de ter saído rindo na foto do documento. Prontamente, Gerônimo respondeu: “o rapaz disse que podia sorrir, então pra quê sair sério?”

Filho diz que quer perpetuar legado do pai – Foto: Arquivo pessoal
‘Agradeço pelo pai que tive’
Ele sempre achava que tudo ia ficar tudo bem e passava isso pra família. É uma frase que carrega vários significados, uma tentativa de resumir um legado marcado por ética, profissionalismo, bondade e altruísmo.
“Eu tenho uma coisa em mim de agradecer muito. Ainda que seja duro aceitar, nunca questionei o porquê meu pai se foi, agradeço a Deus, porque tudo tem um motivo e ele veio para ensinar a gente a viver mais em família. Isso me conforta, porque, por mais que doa a partida, agradeço pela oportunidade de ter tido o pai que tive. Em vida, ele era meu apoio, agora preciso andar com as próprias pernas e ser esse porto para meus filhos e minha família”, diz Murilo.
O vídeo postado por Maria Júlia foi visto e compartilhado centenas de vezes. Ela disse que isso gerou muitas mensagens que acabam dando mais força neste momento.
“Foi um consolo as mensagens que recebemos. Teve gente da loja que ele trabalhava que fez a tatuagem também. Então, o que meu avô deixou foi realmente um legado e é muito bom nos depararmos com tanto carinho. Ele dizia que era meu protetor, que enquanto ele tivesse aqui não tinha o que temer e agora ele continua aqui, na minha pele”, relembra.
Assim como diz a trilha sonora usada no vídeo feito pela família, “Ai que saudade d’ocê”, de Zeca Baleiro, a família encontra nas lembranças boas um refúgio para afagar o coração e preencher a falta do pai, marido e filho. Como é difícil lidar com a perda repentina, mas agora, ao olhar na pele, a família vai lembrar que, mesmo nos dias mais cinzas, ainda assim é “só alegria”.

Antônio Borges diz que tem orgulho de mostrar tatuagem em homenagem ao filho que morreu – Foto: Arquivo pessoal
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Abastecimento de água é suspenso em Brasiléia para troca de flutuante no Rio Acre
Serviço programado segue até sexta-feira e fornecimento será retomado de forma gradual, informa o Saneacre
O abastecimento de água em Brasiléia foi interrompido de forma programada a partir das 7h30 desta quinta-feira (18) para a realização da troca do flutuante do sistema de captação no Rio Acre. A informação foi confirmada pelo Serviço de Água e Esgoto do Estado do Acre (Saneacre).
De acordo com o órgão, a intervenção tem como objetivo reforçar a segurança do equipamento em razão da cheia do rio. O serviço é considerado de alta complexidade e, devido às condições climáticas atuais, a previsão é que os trabalhos sejam concluídos apenas na sexta-feira (19), por volta das 10h.
Após a finalização da manutenção, o fornecimento de água será restabelecido de forma gradual em todos os bairros do município.
Ainda segundo o Saneacre, um novo flutuante foi instalado na Estação de Tratamento de Água (ETA) de Brasiléia, com a finalidade de melhorar o abastecimento e a qualidade da água distribuída à população, além de garantir maior regularidade no fornecimento para os moradores da cidade.
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Soldador morre após sofrer choque elétrico durante trabalho com telhas em depósito
Vítima encostou barra de ferro em fio de alta tensão de 13 mil volts; Samu tentou reanimação, mas óbito foi constatado no local
Um trabalhador identificado como Enilson morreu após sofrer uma descarga elétrica enquanto realizava serviços em um depósito. O acidente ocorreu no momento em que ele trabalhava na instalação de telhas de alumínio e realizava soldagem na estrutura.
De acordo com informações apuradas no local, Enilson utilizou uma barra de ferro para afastar uma das folhas de zinco, quando acabou encostando o objeto em um fio de alta tensão. A descarga elétrica foi imediata e fatal. O trabalhador estava acompanhado de outra pessoa, porém apenas ele foi atingido pelo choque.
Após o incidente, o soldador ficou pendurado na estrutura metálica e precisou ser retirado por colaboradores do próprio depósito, que prestaram os primeiros auxílios até a chegada do socorro.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e enviou inicialmente a ambulância de suporte básico. Diante da gravidade da situação, uma equipe de suporte avançado também foi deslocada ao local. Apesar de várias tentativas de reanimação, Enilson não resistiu e teve a morte constatada ainda no local.
Uma equipe da Energisa compareceu à área e realizou o desligamento da rede elétrica para a continuidade dos trabalhos periciais. Segundo os técnicos, o fio com o qual o trabalhador teve contato integra uma rede de aproximadamente 13 mil volts.
A equipe plantonista do Instituto Médico Legal (IML) foi acionada para a realização da perícia e remoção do corpo. A morte causou grande comoção entre os colegas de trabalho da empresa onde Enilson prestava serviço.
O caso deverá ser investigado pela Polícia Civil para apurar as circunstâncias do acidente.
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PRF prende homem com 6 mil maços de cigarro contrabandeados após perseguição na BR-317, em Rio Branco
Suspeito tentou fugir a pé, invadiu casas e comércios, mas foi detido após cerco; carga veio da fronteira com a Bolívia

Na vistoria do veículo, foram encontradas caixas contendo cigarros contrabandeados, totalizando seis mil maços. O automóvel e o material apreendido foram recolhidos. Foto: captada
Um homem foi preso na última terça-feira (16) pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) após ser flagrado transportando 6 mil maços de cigarros de origem estrangeira na BR-317, em Rio Branco. A carga, vinda da fronteira com a Bolívia, foi descoberta durante ação de fiscalização que resultou em perseguição e fuga do condutor.
Ao avistar a viatura, o motorista desobedeceu à ordem de parada e fugiu em alta velocidade, parando cerca de 1 km depois para tentar escapar a pé. Ele invadiu estabelecimentos comerciais e residências, mas foi localizado e contido após cerco das equipes. O veículo e os cigarros foram apreendidos.
O detido e os produtos foram encaminhados à Polícia Federal em Rio Branco, onde foram adotados os procedimentos legais. Além do crime de contrabando, também foi registrada a violação de domicílio, em razão da invasão de imóveis durante a fuga. A PRF divulgou o caso nesta quinta-feira (18).








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