Acre
Acre sedia Encontro Trinacional para enfrentar o tráfico de pessoas na fronteira com Bolívia e Peru
O Acre sediou nesta quarta-feira, 22, em Rio Branco, o 1º Encontro Trinacional Brasil–Bolívia–Peru de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, reunindo representantes de governos, organismos internacionais e sociedade civil. O evento, promovido pela Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), contou com a presença de autoridades como o cônsul do Peru no Acre, Pedro Haraud, e representantes da Organização Internacional para as Migrações (OIM), agência da ONU.
Durante sua fala, o cônsul peruano Pedro Haraud destacou a gravidade da situação na fronteira entre o Acre e o departamento de Madre de Dios, no Peru. “A situação do tráfico de pessoas na fronteira de Madre de Dios com o Acre, sabemos que existe. Está dominado por organizações dedicadas ao narcotráfico e à mineração ilegal. Têm muito poder, têm muito dinheiro e têm muita presença na zona. O problema é que os Estados não têm muita presença nessa zona por dificuldade do terreno”, afirmou.

Foto: David Medeiros
O diplomata ressaltou o papel de comunidades e instituições locais na denúncia e monitoramento dos casos. “O que temos são organizações religiosas, comunidades indígenas que ajudam a dar essa informação. Sabemos que o abuso é grande, mas não podemos dar uma cifra exata de casos de tráfico de pessoas. Que deve existir, deve existir”, disse.
Haraud lembrou que o Peru vem aprimorando sua legislação e ampliando recursos para combater o tráfico de pessoas nas fronteiras. “O governo está priorizando essa temática pela gravidade que tem em todas as fronteiras. Tanto na fronteira com Tabatinga, no Brasil, e na fronteira aqui com Assis e com Iñapari, há novas legislações de proteção. Há mais recursos dedicados à luta contra o tráfico de pessoas. O Peru está muito interessado”, completou o cônsul.
A secretária adjunta da SEASDH, Amanda Vasconcelos, reforçou a importância da articulação trinacional para enfrentar o tráfico de pessoas e fortalecer a proteção a migrantes. “É extremamente muito importante essa união de força entre os países considerando que geograficamente a gente fica numa região de grande fluxo, a nossa fronteira tem muito essa entrada e saída de pessoas, então é mais que essencial essa parceria junto aos outros países, para que a gente consiga identificar a maneira como eles trabalham esse fluxo, a maneira como trabalham com o tráfico de pessoas, que é o foco principal aqui do nosso encontro hoje”, explicou.

Foto: David Medeiros
Segundo Amanda, a cooperação precisa ser formalizada e sustentada por informações e dados integrados. “O Brasil tem representantes do governo federal, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, para que a gente consiga formalizar e trazer de maneira mais precisa essa parceria que já existe. É uma parceria que o governo do Estado atua ali diretamente com os outros países, mas agora a gente quer trazer isso de maneira mais ampla, com mais informações, mais dados, para que a gente consiga construir uma política pública mais precisa e voltada para aquilo que a gente realmente precisa, que é a coibição do tráfico de pessoas”, reforçou.

Foto: David Medeiros
A coordenadora sênior de projetos da Organização Internacional para as Migrações (OIM) no Acre, Yamara Andrade, destacou que o tráfico de pessoas é uma das principais violações enfrentadas por migrantes que cruzam as fronteiras amazônicas. “Um dos nossos princípios é a migração segura e ordenada, e para isso é muito importante que as pessoas tenham a possibilidade de migrar de forma segura. Nós sabemos que, muitas vezes, nesse trajeto, ocorrem situações como o tráfico de pessoas. É muito importante tantos atores estarem trabalhando junto, organizações não governamentais, sociedade civil, governo e agências da ONU, porque é muito importante essa junção de forças para que esse crime seja combatido”, afirmou.
Yamara explicou que a OIM atua com capacitação técnica e apoio a governos locais no atendimento às vítimas e na prevenção de crimes.“Trabalhamos com fortalecimento de capacidades junto aos governos estaduais, municipais e federais, na prevenção desse crime. Também damos suporte na assistência e no atendimento às vítimas, porque sabemos que as pessoas que sofrem desse crime precisam de atendimento psicológico e social, que deve ser muito bem feito”, disse.

Foto: David Medeiros
A coordenadora também abordou o trabalho de regularização documental de migrantes na chegada ao Acre.“A partir do momento em que a pessoa entra no país e já é documentada, nós trabalhamos com o princípio de que ninguém é imigrante irregular as pessoas estão apenas indocumentadas em algum momento. Assim que chegam aqui, elas têm esse atendimento para que tenham acesso a todos os direitos que o Brasil garante aos migrantes”, explicou.
Ela ressaltou que a documentação regular reduz a vulnerabilidade dessas pessoas a redes criminosas.“Uma pessoa documentada tem acesso aos direitos e é muito mais difícil se tornar vítima de tráfico de pessoas ou exploração de trabalho. Por isso, fortalecemos as casas de passagem e os centros de acolhimento com capacitações e treinamentos, garantindo que a acolhida seja segura”, completou.“É muito importante que os governos vizinhos estejam aqui, porque nós fazemos diálogos com os congêneres nos outros países. Como é tratado aqui? Como é tratado lá? Como podemos colaborar para que essas pessoas estejam fazendo essa travessia de forma segura, evitando cair novamente nas redes de tráfico?”, questionou.
A representante da OIM também destacou que o problema não atinge apenas estrangeiros.“Nós sabemos que não são só os migrantes que chegam que podem ser vítimas de tráfico de pessoas, mas também brasileiros, em território nacional e em outros países. Então, a OIM trabalha em todo esse sentido”, concluiu.
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Associação Família Azul deve suspender atendimentos e cobra apoio do poder público ao autismo; mais de 100 crianças ficarão sem acompanhamento
Dell Pinheiro
A falta de recursos financeiros levou a Associação Família Azul do Acre a suspender integralmente seus atendimentos a crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O anúncio foi feito pela presidente da entidade, Heloneida da Gama, em um vídeo divulgado nas redes sociais, no qual ela faz um apelo direto às autoridades e denuncia a ausência de apoio do poder público à causa do autismo no Estado.
Segundo Heloneida, o encerramento das atividades deixou mais de 100 crianças sem acompanhamento especializado, sem qualquer previsão de retomada. A dirigente afirma que, apesar da relevância social do trabalho desenvolvido pela associação, não houve até o momento articulação concreta para garantir a continuidade dos serviços.
Durante o desabafo, a presidente questionou a destinação das emendas parlamentares dos deputados estaduais. De acordo com ela, cada parlamentar dispõe de aproximadamente R$ 4,5 milhões, sendo cerca de R$ 2,5 milhões obrigatoriamente direcionados à saúde e à Educação, enquanto o restante pode ser aplicado conforme a escolha de cada deputado.
Para Heloneida, pequenas parcelas desses recursos seriam suficientes para manter o atendimento de entidades que atuam diretamente com famílias atípicas. “O que custa combinar com outro deputado e dizer: cada um contribui com R$ 50 mil ou R$ 80 mil?”, questiona, ao destacar que valores considerados modestos dentro do orçamento parlamentar poderiam assegurar a continuidade de serviços essenciais.
A presidente também fez um apelo às famílias e aos eleitores, lembrando que 2026 será ano eleitoral. Ela orienta que a população cobre dos candidatos, durante a campanha, quais ações efetivas foram realizadas em favor do autismo e se houve destinação concreta de recursos para associações como a Família Azul.
Outro ponto levantado foi a fragilidade da rede pública de atendimento no Acre. Segundo Heloneida, atualmente há mais de 5 mil crianças e adolescentes aguardando a primeira consulta, além de outras 4 mil na fila da segunda avaliação. Ela também denuncia a escassez de psiquiatras, especialmente para o acompanhamento de adolescentes acima dos 17 anos, e a demora excessiva no diagnóstico, fatores que comprometem o tratamento precoce.
A dirigente destacou ainda o peso financeiro enfrentado pelas famílias e pela própria associação. Somente a folha de pagamento mensal da entidade gira em torno de R$ 20 mil, valor inviável de manter sem apoio institucional. Mesmo diante do fechamento dos atendimentos, segundo ela, nenhum deputado estadual se manifestou publicamente em defesa da associação.
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Ex-prefeito de Sena Madureira, Nilson Areal, morre aos 63 anos
O ex-prefeito de Sena Madureira, Nilson Areal, morreu no final da tarde deste domingo (14), aos 63 anos, após sofrer uma parada cardíaca. Ele estava internado no Hospital João Câncio Fernandes, onde realizava tratamento contra um câncer de pulmão. O óbito foi confirmado por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que atenderam a ocorrência na unidade hospitalar.
Nilson Areal teve trajetória marcante na política acreana. Foi prefeito de Sena Madureira por dois mandatos consecutivos, entre 2005 e 2012, período em que conduziu importantes ações administrativas no município. Além da atuação no Executivo municipal, também exerceu o cargo de deputado estadual.
O ex-prefeito deixa esposa, dois filhos e três netos. A morte causou grande comoção em Sena Madureira e entre lideranças políticas do Acre.
O governador Gladson Cameli divulgou uma nota de pesar, na qual lamentou a morte do amigo de longa data e destacou a contribuição de Nilson Areal para a vida pública e o desenvolvimento do município.
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Mailza arrecada mais de 2 mil brinquedos para crianças com Corrida Solidária
A Corrida Solidária com Mailza, realizada neste sábado, 13, reuniu milhares de corredores em um grande ato de solidariedade, esporte e celebração da vida. Promovida pela vice-governadora Mailza Assis, em comemoração ao seu aniversário, a iniciativa arrecadou mais de 2 mil brinquedos, que serão destinados a crianças em situação de vulnerabilidade neste Natal.
Com clima favorável, sol aparecendo ao longo do percurso e muita animação, a corrida transformou-se em uma verdadeira festa popular. Antes da largada, os participantes cantaram parabéns para a vice-governadora. Ao final, além da entrega das medalhas, teve bolo de aniversário e um animado banho de mangueira garantido pelo Corpo de Bombeiros, fechando o evento em clima de alegria e confraternização.
Mailza agradeceu a participação do público e destacou o significado da ação. “Quero agradecer a cada pessoa que colaborou, que sonhou comigo esse momento, que trouxe um brinquedo e participou dessa corrida. É um gesto que simboliza compartilhar, solidarizar com as famílias que mais precisam, especialmente as nossas crianças. Também é cuidar da saúde, rever amigos e viver um momento de descontração. Esse evento foi preparado com muito amor e carinho, e juntos vamos fazer um Natal diferente para muitas crianças”, afirmou ela que também é secretária de Assistência Social e Direitos Humanos.
Entre os participantes, histórias de inclusão e afeto marcaram o evento. Regimar Souza do Nascimento e Leide Fernandes prestigiaram a corrida acompanhados da filha Jayane, de 24 anos, que tem paralisia cerebral.
“Ela quis vir, disse: ‘mãe, eu quero ir’. Trouxemos ela para participar e também homenagear o aniversário da vice-governadora”, contou Leide.
Regimar também parabenizou a iniciativa. “É uma ação linda. Ela transforma o próprio aniversário em um presente para quem mais precisa, para as crianças. Isso é algo que Deus abençoa, e que inspira outras pessoas a fazerem o bem”, afirmou.
Entre os grupos que mais chamaram atenção pelo entusiasmo esteve o Funcional da Polícia Militar do Acre, formado exclusivamente por mulheres, que chegaram animadas e abrilhantaram ainda mais a festa.
“Foram mais de 100 mulheres aqui. As meninas estavam muito ansiosas para participar, porque é um evento solidário. Nós trabalhamos em bairros periféricos, como Cidade do Povo, Taquari e também na Arena da Floresta. Ao todo, são 106 mulheres, todas muito alegres e felizes por estarem aqui hoje”, relatou a instrutora Halida Prado.
Resultados da corrida
Na categoria masculina, o grande vencedor foi Kauan Vitor, seguido por Jefferson Ramos em segundo lugar e Manoel Cunha em terceiro.
Kauan parabenizou a vice-governadora e ressaltou a importância do esporte aliado à solidariedade.
“Sou da corrida amadora há dois anos. Além de promover o esporte, essa ação ajuda as crianças do nosso Acre. Nem todo mundo consegue dar um presente no Natal, então é maravilhoso poder ajudar fazendo o que a gente ama”, disse.
Jefferson Ramos, corredor amador há dez anos, destacou os benefícios da prática esportiva.
“Qualquer esporte é importante para a nossa saúde. Depois da pandemia, as pessoas passaram a se cuidar mais. E hoje, além disso, estamos fazendo o bem”, ressaltou.
Na categoria feminina, Dalvanir Alves conquistou o primeiro lugar, seguida por Fran Melo em segundo e Juliane Souza em terceiro. Dalvanir celebrou a iniciativa.
“Uma oportunidade maravilhosa de incentivar o exercício físico e, ao mesmo tempo, proporcionar um Natal mais feliz para as crianças. A vice-governadora festejou seu aniversário da melhor forma, junto à população”, destacou.
Fran Melo, corredora profissional há oito anos, também elogiou o evento. “Foi uma ação linda. Quem ganha de verdade são as crianças, porque as doações foram brinquedos. Parabéns à vice-governadora por essa iniciativa”, afirmou.

















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