Brasil
A ciência e a tecnologia nas vacinas contra Covid-19
Estudo, trabalho e investimento permitiram, em tempo recorde, o desenvolvimento das vacinas contra o coronavírus usadas nesse primeiro ano
Portal Correio
Na próxima semana, completa-se um ano desde o início da campanha global de vacinação contra a Covid-19. Antes que a campanha começasse, levou-se um ano para se chegar a vacinas com eficácia comprovada contra o vírus causador da doença. Um prazo recorde, que surpreendeu tanto o público leigo quanto os especialistas.
Para se chegar a esse resultado, houve antes muito estudo e trabalho por parte de cientistas, além de investimentos bilionários de grandes laboratórios e de governos de países ricos. Isso porque todos perceberam o potencial de mortes, danos à saúde e impactos na economia provocados pela doença, caso sua disseminação não fosse contida.
E a vacinação já é reconhecida há décadas como a forma mais eficiente de conter doenças infecciosas e até se chegar à erradição de doenças, como demonstram os casos da varíola e da poliomielite.
Os Estados Unidos, por exemplo, investiram 5,7 bilhões de dólares em julho de 2020, em cinco programas de pesquisa que procuravam desenvolver vacinas contra o coronavírus. Alguns desses projetos conseguiram resultado e já estão sendo usadas, como os da Pfizer/BioNTech, Janssen(Johnson&Johnson), Moderna e Oxford/AstraZeneca. Outros, como a da Novavax, ainda estão em desenvolvimento.
A Alemanha comprou 23% da empresa Curevac, que também continua desenvolvendo uma vacina. Uma coalisão da países do G20 e da União Europeia aportou oito bilhões de dólares em pesquisas. O Canadá destinou 11,8% do seu orçamento anual para pesquisas especificamente para a área de inovação contra o coronavírus.
Duas estratégias diferentes foram adotadas para a pesquisa em busca de uma vacina eficaz contra o Sars-Cov-2. Uma delas foi a de investir em tecnologias de vacinas já reconhecidas e de eficácia comprovada. A outra foi buscar o apoio em novas tecnologias em desenvolvimento, para combater um vírus sobre o qual se sabia muito pouco no início do processo.
O MonitoR7 entrou em contato com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) para esclarecer o funcionamento de cada uma das tecnologias nas vacinas contra Covid disponíveis no Brasil. Em entrevista, Mayra Moura, diretora da SBIm, explicou cada imunizante e fez comparações entre as vacinas.
Em primeiro lugar, Moura falou sobre a CoronaVac, que utiliza uma tecnologia já conhecida e testada. “O vírus é cultivado e depois, é inativado e esse vírus inteiro, morto, é utilizado com outros componentes para formular a vacina.” diz a especialista.
A inativação é feita com substâncias químicas, que destroem o material genético do vírus e, consequentemente, impedem a sua replicação. O vírus se torna incapaz de causar a doença, mas continua com a capacidade de se ligar a penetrar nas nossas células.
Ao receber a vacina, nosso organismo identifica esse vírus inativado como um organismo estranho e aciona o sistema imunológico para responder se defender desse invasor. Quando a pessoa vacinada tiver contato com o vírus, o seu organismo já estará preparado para reagir e evitar a contaminação, neutralizando o coronavírus.
A tecnologia do vírus inativado(ou atenuado) é uma das mais reconhecidas e testadas na área de vacinas. Os imunizantes contra a poliomielite(Salk) e contra a raiva usam essa tecnologia. A ButanVac, que está sendo desenvolvida no Brasil pelo Instituto Butantan, também utiliza essa tecnologia.
Outra tecnologia já usada, ainda que mais recente, é a de vetores virais, usada na produção da vacina Fiocruz/Oxford/AstraZeneca, na Janssen e também para a russa Sputnik V. Foi desenvolvida para doenças que não respondiam bem a outros tipos de vacinas e como melhoramente para vacinas já existentes.
Nessa tecnologia, em vez de usar o próprio vírus atenuado da doença, os cientistas usam um outro vírus, que não causa doenças nos seres humanos e ainda são modificados para não se replicarem dentro do nosso organismo. Estes vírus são usados como “vetores”. Eles “carregam” a vacina para dentro das células. Nos vetores são introduzidos genes da proteína S do coronavírus.
A entrar nas células, esses genes do coronavírus são reconhecidos como invasores e o sistema imunológico se prepara para combatê-los. Também neste caso, ao ocorrer o contato com o coronavírus, o sistema imunológico estará pronto para neutralizá-lo, evitando a sua replicação e, consequentemente, a doença.
Além da vacina produzida no Brasil pela Fiocruz para o combate à Covid, outras vacinas que utilizam a tecnologia de vetor viral são as de adenovírus e vacinas contra a gripe(Influenza).
Já as vacinas da Pfizer e Morderna são exemplos da outra estratégia. De investimento em tecnologias até então inéditas na produção de vacinas. Elas são fabricadas a partir da tecnologia do RNA mensageiro ou mRNA.
De acordo com a SBIm, em laboratório, os cientistas desenvolvem o mRNA sintético, que ensinará ao nosso organismo a fabricar a proteína S do SARS-CoV-2, responsável pela ligação do vírus com as nossas células.
“Essa proteína, quando identificada pelas nossas células de defesa, vai induzir uma resposta imunológica, uma produção de anticorpos específicos para essa proteína” afirma Mayra Moura. Logo, quando a pessoa entra em contato com a doença, com o vírus real, as células de defesa já reconhecem aquela proteína S do Sars-Cov-2 e entende que já existe uma resposta imunológica formada.
É essencial deixar claro que a molécula não contém outra informação. Não é capaz de realizar qualquer outra tarefa e não penetra no núcleo de nossas células. A SBIm ainda reforça: “Então, não consegue causar a Covid-19 ou qualquer alteração em nosso genoma”.
Para Moura, o sucesso das vacinas RNA mensageiro mostram um “novo caminho” na ciência e entende que a partir de agora, “outras vacinas vão surgir com uma velocidade talvez muito maior, justamente porque agora já se sabe que essa tecnologia funciona e é muito boa”.
Um exemplo do potencial das vacinas da RNA mensageiro está na pesquisa desenvolvida atualmente pelo laboratório Moderna, em busca de um imunizante contra a Aids. Há quatro décadas os cientistas buscam uma vacina contra a doença, sem sucesso. O laboratório está usando nas suas pesquisas a mesma tecnologia da sua vacina contra Covid, já disponível em vários países.
Para concluir, nós pedimos que a diretora da SBim avaliasse os resultados das vacinas desenvolvidas contra a Covid-19, depois de tanto estudo, trabalho e investimento, independentemente da tecnologia usada. Mayra Moura, resumiu de forma simples: “Os casos de covid estão diminuindo? Os casos de hospitalização, estão diminuindo? Os casos de óbitos? Então sim, as vacinas são efetivas”.
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Ex-deputado Daniel Silveira pede ‘saidinha’ de Páscoa a Alexandre de Moraes
Daniel Silveira foi condenado pelo STF a oito anos e nove meses de prisão por defender pautas antidemocráticas, como a destituição de ministros do tribunal e a ditadura militar

Ex-deputado Daniel Silveira pediu para deixar a prisão na Páscoa. Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara
O ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) pediu autorização do STF (Supremo Tribunal Federal) para deixar temporariamente o regime semiaberto e passar a Páscoa com a família. Cabe ao ministro Alexandre de Moraes decidir se autoriza ou não a “saidinha”.
A defesa argumenta que ele já cumpriu mais de um sexto da pena – um dos requisitos previstos na Lei de Execuções Penais para a concessão do benefício. O outro é o bom comportamento, que segundo seus advogados ele também já comprovou ao se dedicar ao trabalho e a atividades acadêmicas.
“Durante o período de reclusão, o reeducando dedicou-se de maneira constante ao trabalho e aos estudos conforme se atesta no (e-doc 603/604), desenvolvendo atividades produtivas que contribuíram significativamente para a sua ressocialização”, diz o pedido.
Daniel Silveira foi condenado pelo STF a oito anos e nove meses de prisão por defender pautas antidemocráticas, como a destituição de ministros do tribunal e a ditadura militar.
O ex-deputado chegou a ser colocado em liberdade condicional, mas voltou a ser preso na véspera do Natal por descumprir o horário de recolhimento domiciliar noturno (de 22h às 6h) estabelecido como contrapartida para a flexibilização do regime de prisão.
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Projeto de lei torna crime a perturbação da paz com pena de até 2 anos de prisão
O autor da proposta, deputado Kim Kataguiri (União-SP), afirma que a atualização da norma é necessária para as autoridades agirem de forma eficaz contra eventos que causam transtornos à população

Deputado Kim Kataguiri alega que projeto torna mais claro identificar perturbação da paz. Foto: Pablo Valadare/Agência Câmara
Da Agência Câmara
O Projeto de Lei 4315/24 transforma em crime a perturbação da paz, que hoje é uma contravenção penal. A proposta define o crime da seguinte forma: organizar, promover ou executar evento não autorizado pelo poder público, em via pública ou em prédio particular, que cause transtorno à vizinhança pelo uso de som elevado ou aglomeração que impeça ou dificulte o trânsito de pessoas ou veículos.
A pena prevista é detenção de 6 meses a 2 anos, podendo aumentar em 1/3 até a metade se:
– o evento for realizado à noite;
– o evento for realizado em sábado, domingo ou feriado;
– houver a presença de crianças ou adolescentes no evento;
– o evento for organizado por associação criminosa ou milícia privada;
– o evento atrapalhar as atividades de escola ou hospital e outras consideradas essenciais.
Conforme a proposta, incorre nas mesmas penas:
– o artista de qualquer espécie que se apresenta no evento;
– a pessoa que cede, a título gratuito ou oneroso, equipamento sonoro para a realização do evento;
– a pessoa que participa, de qualquer modo, desse tipo de evento.
Contravenção penal
Atualmente, a Lei das Contravenções Penais pune com 15 dias a três meses de prisão e multa quem perturbar o trabalho ou o sossego alheios:
– com gritaria ou algazarra;
– exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com a lei;
– abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;
– provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem a guarda.
Atualização necessária
O autor da proposta, deputado Kim Kataguiri (União-SP), afirma que a atualização da norma é necessária para as autoridades agirem de forma eficaz contra eventos que causam transtornos à população.
“Ao estabelecer penalidades claras e proporcionais, o projeto visa a reprimir a realização de eventos irregulares, promovendo um ambiente urbano mais seguro e harmonioso”, argumenta. A proposta será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, antes de ser votada pelo Plenário da Câmara. Para virar lei, a medida precisa ser aprovada pelos deputados e pelos senadores.
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Governo lança ações para enfrentar temperaturas extremas no Brasil
Para enfrentar as altas temperaturas, uma das ações é o Programa Cidades Verdes Resilientes, que tem o objetivo de aumentar a qualidade ambiental e preparar os municípios para lidar com a mudança do clima

Ministério do Meio Ambiente adota medidas para reduzir impacto das altas temperaturas. Imagem: YouTube
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima articula com os ministérios da Educação e da Saúde o enfrentamento das ondas de calor que atingem o país. O objetivo é alertar a população sobre os cuidados necessários para lidar com a elevação das temperaturas e viabilizar ações para minimizar seus impactos, principalmente nas escolas.
Em janeiro, a média de temperatura global esteve 1,75ºC acima dos níveis pré-industriais (1850-1900), de acordo com o Copernicus, observatório climático da União Europeia.
O Brasil sofre os efeitos do aquecimento global, entre eles, o aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como ondas de calor severas. Há previsão de temperaturas intensas para as próximas semanas, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), em especial para o Sul do país. Em alguns municípios, os termômetros devem registrar mais de 40°C.
Para enfrentar as altas temperaturas, uma das ações é o Programa Cidades Verdes Resilientes, que tem o objetivo de aumentar a qualidade ambiental e preparar os municípios para lidar com a mudança do clima.
O programa é implementado a partir de ações baseadas em seis eixos temáticos: áreas verdes e arborização urbana; uso e ocupação sustentável do solo; infraestrutura verde e azul e soluções baseadas na natureza; tecnologias de baixo carbono; mobilidade urbana sustentável e gestão de resíduos urbanos.
No guarda-chuva do programa, está a iniciativa AdaptaCidades, que fornecerá apoio técnico para que estados e municípios desenvolvam planos locais e regionais de adaptação. Ao aderir ao projeto, os governos estaduais devem indicar dez municípios com alto índice de risco climático para receber a capacitação. Também podem ser beneficiados consórcios intermunicipais e associações de municípios em caráter excepcional. A aprovação das indicações será feita pelo MMA com base em critérios técnicos, considerando o risco climático e o número de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Até o momento, 21 estados já participam da iniciativa.
Cidades Verdes Resilientes e AdaptaCidades estão alinhados ao Plano Clima, que será o guia das ações de enfrentamento à mudança do clima no Brasil até 2035. Em elaboração por 23 ministérios, sob a presidência da Casa Civil e a coordenação do MMA, o plano tem um dos eixos voltados à adaptação dos sistemas naturais e humanos aos impactos da mudança do clima. O segundo pilar é dedicado às reduções de emissões de gases de efeito estufa (mitigação), cujas altas concentrações na atmosfera causam o aquecimento do planeta.
Além das Estratégias Nacionais de Mitigação e Adaptação, o Plano Clima será composto por planos setoriais: são sete para mitigação e 16 para adaptação. Traz ainda Estratégias Transversais para a Ação Climática, que definirão meios de implementação (como financiamento, governança e capacitação) e medidas para a transição justa, entre outros pontos.
O MEC tem retomado as atas de registro de preços do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) que oferecem ganhos de escala, produtos padronizados e de qualidade aos entes federados, que ficam desobrigados a realizar processos licitatórios próprios (podendo aderir a ata da Autarquia). Já está disponível ata de registro de preços para compra de ventiladores escolares e está prevista ata para aparelhos de ar-condicionado ainda no primeiro semestre de 2025.
Além das ações coordenadas pelo governo federal, planos de contingência para período de extremo calor devem ser desenvolvidos por cada rede de ensino, considerando o princípio constitucional da autonomia federativa e as realidades locais.
Cuidados e dicas
As ondas de calor são caracterizados por temperaturas extremamente altas, que superam os níveis esperados para uma determinada região e época do ano. Esses períodos de calor intenso podem durar dias ou semanas e são exacerbados pelo aquecimento global, que tem aumentado tanto a frequência quanto a intensidade do calor em várias partes do mundo.
Esses episódios são potencializados em áreas urbanas devido ao efeito das ilhas de calor, fenômeno em que a concentração de edifícios, concreto e asfalto retém mais calor e aumenta ainda mais as temperaturas.
A saúde de toda a população pode ser afetada nessas situações, em especial os mais vulneráveis — como idosos; crianças; pessoas com problemas renais, cardíacos, respiratórios ou de circulação; diabéticos; gestantes; e população em situação de rua. O calor excessivo pode causar tontura; fraqueza; dor de cabeça; náuseas; suor excessivo; e alterações na pele. Ao notar esses sintomas, é essencial buscar ajuda médica.
Entre os cuidados para se proteger, é recomendável beber água regularmente, ainda que sem estar com sede; evitar exposição ao sol das 10h às 16h; usar roupas leves, chapéu e óculos escuros; refrescar-se com banhos frios e utilizar toalhas úmidas; e nunca deixar pessoas ou animais em veículos fechados.
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