Cotidiano
Vítima de feminicídio em Capixaba sonhava em ser Enfermeira: “o sonho dela era estudar, mas ele proibia”, diz irmã
A jovem havia se matriculado no Ensino de Jovens e Adultos (EJA) no ano passado. Estava no terceiro módulo

A advogada Tatiana Martins alerta para sinais de violência que muitas mulheres ignoram quando estão sendo oprimidas e a mercê de ameaças do companheiro. Foto: cedidas
Danniely Avlis/agazeta.net
Auriscléia Lima do Nascimento, de 25 anos, sonhava em ser enfermeira, terminar os estudos e conquistar a própria independência. Gostava de estudar, de louvar na igreja, de decorar festas de aniversário. Era alegre, humilde, querida por onde passava. Tinha dois filhos que eram, nas palavras da irmã, “tudo para ela”.
Mas, na manhã da última quarta-feira (11), os planos de Auriscléia foram brutalmente interrompidos. Ela foi assassinada com golpes de terçado na zona rural de Capixaba, interior do Acre. O principal suspeito do crime é o ex-companheiro Natalino Santiago, com quem ela viveu por cerca de seis anos e de quem tentava se afastar após anos de ameaças, agressões e medo. O filho do casal, de apenas oito anos, também foi ferido no ataque. A criança já recebeu alta médica e está fora de perigo.
Em entrevista, a irmã da vítima, Rita de Cássia, compartilhou não apenas a dor da perda, mas a vida que Auriscléia sonhava em construir. “Ela era uma menina muito boa, humilde, delicada. Os filhos dela eram tudo para ela. Cuidava da mãe doente, fazia tudo sozinha”, relembra.
A jovem havia se matriculado no Ensino de Jovens e Adultos (EJA) no ano passado. Estava no terceiro módulo. “O sonho dela era estudar, mas ele proibia. Dizia que não era para ela estudar, que ficaria sem celular, que não podia nem ir na casa da minha mãe”, contou a irmã.
Além disso, Auriscléia tinha se inscrito na CNH Social e fazia planos de comprar uma motocicleta para ir e voltar das aulas com mais liberdade.

Ela foi assassinada com golpes de terçado na zona rural de Capixaba, interior do Acre. Foto: cedida
Sinais ignorados e uma rotina de medo
A advogada Tatiana Martins alerta para sinais de violência que muitas mulheres ignoram quando estão sendo oprimidas e a mercê de ameaças do companheiro: “Nós sempre estivemos em estado de vulnerabilidade, desde quando nascemos somos hiper-sexualizadas, sempre precisamos estar atentas. Provavelmente a violência vai advir dessa necessidade de o homem manter o controle”, acrescenta.

Para a família, o mais importante agora é que a memória de Auriscléia não seja reduzida a uma estatística. Foto: cedida
A violência já fazia parte da vida de Auriscléia há anos. Amigos e familiares relatam que ela vivia sob constante ameaça e controle do ex-marido, Natalino Santiago, com quem viveu por cerca de seis anos. “Ela falava que, se ele descobrisse que ela queria se separar, ele mataria ela e o menino. E que, se fugisse, ele pegaria nossa mãe”, disse Rita.
Apesar das agressões e ameaças, o medo e a manipulação emocional fizeram com que Auriscléia demorasse a sair da relação. Quando finalmente tentou, foi impedida com violência fatal. “Ela conheceu ele na igreja. Ele se apresentava como pastor. Era uma farsa. A gente não imaginava os crimes que ele já tinha cometido. Quando soubemos, ela já estava casada e sendo ameaçada”, relembra a irmã.
Suspeito tem prisão preventiva decretada
Em decisão proferida em audiência de custódia, a Vara Estadual do Juiz das Garantias decretou a prisão preventiva do falso pastor Natalino Nascimento Santiago, de 50 anos, acusado de crime de feminicídio ocorrido na última quarta-feira, 11, na Comarca de Capixaba.

O crime foi cometido em um momento em que a vítima fatal tentava romper a relação com o acusado, não aceitando que o filho de 9 anos ficasse sob a guarda dele. Foto: captada
A decisão, do juiz de Direito plantonista Leandro Gross, considerou que a prisão ocorreu dentro dos limites da legalidade e que foram observados os direitos fundamentais do custodiado
“Que ela não seja esquecida”
Para a família, o mais importante agora é que a memória de Auriscléia não seja reduzida a uma estatística. Ela era uma jovem cheia de sonhos, uma mãe dedicada, uma filha amorosa e uma mulher que, mesmo sob ameaças, ainda acreditava que podia reconstruir a própria vida.

A jovem havia se matriculado no Ensino de Jovens e Adultos (EJA) no ano passado. Foto: cedida
“Que ela não seja esquecida, eu gostaria que as pessoas lembrassem dela como ela realmente era: sorridente, alegre, uma menina humilde que gostava de ajudar os outros.”, relata Cássia.
A história de Auriscléia é também um alerta: a violência pode estar onde menos se espera e os sinais não devem ser ignorados, pois muitas vezes “meter a colher em briga de marido e mulher” pode salvar vidas.
Canais de Ajuda
A denúncia e o rompimento do ciclo de violência são passos desafiadores, mas necessários, que demandam suporte de familiares, amigos e instituições especializadas. O acolhimento da vítima é essencial para romper o ciclo de violência e desvincular-se do agressor.
As vítimas podem procurar a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) pelo telefone (68) 3221-4799 ou a delegacia mais próxima.
Também podem entrar em contato com a Central de Atendimento à Mulher, pelo Disque 180, ou com a Polícia Militar do Acre (PM-AC), pelo 190.
Outras opções incluem o Centro de Atendimento à Vítima (CAV), no telefone (68) 99993-4701, a Secretaria de Estado da Mulher (Semulher), pelo número (68) 99605-0657, e a Casa Rosa Mulher, no (68) 3221-0826.
Produção e supervisão: Gisele Almeida
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Bocalom evita compromisso automático com Mailza e defende união “ideal” da direita, mas lembra: “Quem tem medo, não entra”
Prefeito de Rio Branco relembra apoio decisivo a James, marido da vice-governadora, em 2008, mas ressalta que “política é dinâmica”; em entrevista, aponta obras e educação como prioridades

Ao tratar do ambiente eleitoral, Bocalom deixou claro que a união é desejável, mas não pode ser imposta. As declarações foram dadas durante entrevista ao programa Bar do Vaz. Foto: captada
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), afirmou nesta terça-feira (16) que não se sente obrigado a apoiar a vice-governadora Mailza Assis na disputa pelo governo do Acre em 2026. Em entrevista ao programa Bar do Vaz, do ac24horas.com, ele defendeu a união da direita como “cenário ideal”, mas ressaltou que eleições são competitivas por natureza.
— O ideal é que o grupo não se desfaça. Mas eleição é eleição. Quem tem medo, não entra — disse Bocalom, ao ser questionado sobre um possível apoio a Mailza. — Eu tenho [obrigação de apoiá-la] ao mesmo tempo que ela também tem.
O prefeito relembrou ter ajudado James, então marido de Mailza, a ser eleito prefeito de Senador Guiomard em 2008 — mesmo ano em que ele perdeu a disputa por Rio Branco. Contou que recusou mudar seu título eleitoral para ser vice de James, mas articulou a migração do PSDB, mobilizou recursos e fez campanha pessoalmente no município.
— Tirei o partido da mão de um vereador, botei na mão do James e ajudei ele a montar o partido lá. Deixei aqui três ou quatro vezes a minha eleição na capital e passava o dia inteiro com ele lá — relatou. — Brasília me arrumou um dinheirinho para fazer minha campanha. Dividi metade para mim e metade mandei para o interior, para ele.
Sobre a relação atual com Mailza, Bocalom afirmou ter “carinho muito grande”, mas ponderou que “política é dinâmica”. Ele também destacou o orgulho de comandar a capital e citou ações na educação e obras urbanas como marcas de sua gestão.
Declarações estratégicas
“O ideal é que o grupo não se desfaça”
“Eleição é eleição. Quem tem medo, não entra”
“Eu tenho [obrigação de apoiar] ao mesmo tempo que ela também tem”
“Ela hoje é vice-governadora, e política é dinâmica”
Relembrando 2008
- Articulação: Bocalom ajudou James a montar PSDB em Senador Guiomard
- Recursos: Dividiu verba de campanha entre capital e interior
- Resultado: James eleito prefeito, Bocalom perdeu em Rio Branco
Gestão atual
- Obras: Revitalização de praças, fontes interativas, “cara de capital”
- Educação: Entrega de uniformes e tablets a alunos municipais
- Aprovação: Vitória no 1º turno com quase 55% dos votos em 2024
As declarações ocorrem em momento crucial de articulação pré-eleitoral, com Mailza Assis e Alan Rick como principais nomes da sucessão estadual.
A postura cautelosa de Bocalom reflete complexidade das alianças na direita acreana, onde históricos pessoais e projetos políticos nem sempre se alinham automaticamente.

Bocalom citou o resultado das urnas como indicativo de aprovação popular. “Ganhar no primeiro turno, com quase 55% dos votos, mostra que as pessoas estão satisfeitas”, afirmou Bocalom. Foto: captada
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Prefeitura de Rio Branco intensifica vacinação antirrábica até 19 de dezembro em pontos estratégicos da cidade
A população também pode vacinar seus animais no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), que funciona das 7h30 às 16h30, e na Urap Roney Meireles, das 8h às 12h

Rio Branco tem índice de vacinação de 80%, que é a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde. Foto: cedida
A Prefeitura de Rio Branco, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, segue intensificando a vacinação antirrábica para cães e gatos em diferentes pontos da cidade até o dia 19 de dezembro, com o objetivo de ampliar o acesso da população ao serviço e manter os índices de cobertura vacinal acima do recomendado pelo Ministério da Saúde.
Atualmente, a vacinação está sendo ofertada no Arasuper do bairro Aviário, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 11h30. Além disso, a população também pode vacinar seus animais no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), que funciona das 7h30 às 16h30, e na Urap Roney Meireles, das 8h às 12h.
Após o dia 19 de dezembro, todos os pontos de vacinação antirrábica serão temporariamente suspensos. O serviço será retomado a partir do dia 5 de janeiro de 2026, exclusivamente em dois pontos fixos: o Centro de Controle de Zoonoses e a Urap Roney Meireles.
De acordo com o agente de Vigilância em Zoonoses, Joel Pereira, a estratégia adotada pelo município tem sido fundamental para alcançar resultados positivos.
“Este ano conseguimos alcançar cerca de 80% de cobertura vacinal, que é a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde, graças às estratégias de busca ativa e à ampliação dos pontos de atendimento. Em 2026, esse trabalho continua, com a manutenção dos pontos fixos e a retomada das ações itinerantes, inclusive nas áreas ribeirinhas. A vacinação é fundamental para proteger os animais e prevenir a raiva na nossa cidade”, destacou o agente.
A importância da vacinação também é reconhecida pela população. A Vitória Santos, aproveitou a ida ao mercado para vacinar suas cachorras e aproveitou para destacar os benefícios da ação.
“Essa vacinação antirrábica é muito importante porque a raiva é uma doença grave, tanto para o ser humano quanto para o animal. Quando aparecem os sintomas, infelizmente não tem cura. Então, vacinar é uma forma de proteger o nosso animal e também a nossa família”, afirmou Santos.
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PF deflagra operação contra tráfico de drogas em voos comerciais partindo do Acre
Esquema usava funcionário terceirizado do aeroporto e CNHs falsas para enviar cocaína a outros estados; uma prisão foi realizada e nove quilos da droga foram apreendidos

O esquema criminoso utilizava voos comerciais regulares, partindo do Aeroporto de Rio Branco com destino a diversos estados da Federação. Foto: captada
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (16) a Operação Queda Livre para combater um esquema de tráfico interestadual de drogas realizado por meio de voos comerciais regulares que partiam do Aeroporto de Rio Branco. Foram cumpridos seis mandados judiciais — cinco de busca e apreensão e um de prisão preventiva — nas cidades de Rio Branco (AC) e João Pessoa (PB).
Investigação apontou que uma organização criminosa vinculada a uma facção do Acre, com comando a partir do sistema prisional, contava com a ajuda de um funcionário de empresa terceirizada do aeroporto para enviar entorpecentes a outros estados. Os traficantes usavam Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) digitais falsas para comprar passagens e embarcar com identidades adulteradas, burlando os controles aeroportuários.
Ao longo das apurações, a PF apreendeu cerca de nove quilos de cocaína em duas remessas. Os investigados podem responder por tráfico interestadual, associação criminosa, falsificação de documento e organização criminosa. As investigações seguem para identificar outros envolvidos.

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