Acre
Prefeito recebe parlamentares para solucionar os problemas causados com a imigração dos haitianos
Depois do registro de cerca de 1600 haitianos presentes em Brasiléia, parlamentares juntamente com o prefeito irão fazer um relatório para entregar aos Governos do Estado e Federal
Reportagem: Wiliandro Derze Fotos: Alexandre Lima Imagens: Almir Andrade
Metade dos deputados do Acre, se deslocaram até Brasiléia para ver de perto a situação dos imigrantes – Foto: Alexandre Lima
A chegada de haitianos todos os dias na fronteira acreana de forma desordenada chamou a atenção das autoridades do Estado. Uma comitiva de deputados estaduais esteve presente no município de Brasiléia para verificar de perto a situação dos refugiados. O prefeito, Everaldo Gomes juntamente com o presidente da Assembléia Legislativa- Aleac, Elson Santiago e os demais parlamentares se reuniram na prefeitura e depois seguiram a pé até o clube Vila Brasília, onde estão alojados os haitianos.

Prefeito Everaldo Gomes (camisa azul),ladeado pelos deputados Jamil Asfury, Elson Santiago e Marileide Serafim em seu gabinete – Foto: Alexandre Lima
O objeto da visita dos deputados é conferir de perto a situação que estão os haitianos e a forma desordenada como estão chegando até o Brasil, exatamente ao município de Brasiléia. Os parlamentares passaram pelo parque centenário e observaram que os haitianos estão usando o local para fazer suas necessidades fisiológicas, o que vem causando um intenso mau cheiro.
Durante a reunião dos deputados e o prefeito de Brasiléia, ficou definido que será criada uma comissão que apresentará um relatório das problemáticas verificadas pelos parlamentares. O caos estabelecido na fronteira mostra a situação constrangedora vivida pela população, que ao chegar aos bancos, correios e principalmente aos postos de saúde estão tendo que disputar vagas com os haitianos para serem atendidos.
De acordo com dados estatísticos mais de 5 mil haitianos passaram por Brasiléia desde 2010. No total estão presente atualmente cerca de 1600 haitianos, sendo que 112 esperam pela legalização de seus documentos junto a Policia Federal.

Momento da chegada no local onde estão cerca de 1400 refugiados na cidade de Brasiléia – Foto: Alexandre Lima
O presidente da Aleac, Elson Santiago disse que vendo a situação que passa o município de Brasiléia com o transtorno de ter que acomodar os haitianos, vai pedir para ser feito um relatório pelo parlamento. “Vamos entregar esse relatório para que o Governo do Estado e o Governo Federal tomem as providenciam emergenciais. O município de Brasiléia e sua população estão sendo prejudicadas, devido estar tendo que manter os haitianos”, disse.
Para o prefeito o problema dos haitianos fugiu do controle e vem afetando a rede municipal de saúde que está atendendo todos os dias os imigrantes. “Estamos fazendo como manda as normativas dos direitos humanos, seja na saúde ou de outra forma. Não podemos é acomodá-los por muito tempo. Temos nossa população para atender e neste momento estamos com dificuldades”, afirmou o prefeito.
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Todo o trabalho de limpeza no local, onde estão os haitianos está sendo feito pela prefeitura de Brasiléia, que colocou a equipe da secretaria de ação social para realizar acompanhamento e ajudar os refugiados.
A secretaria de Justiça e Direitos Humanos está garantindo a alimentação e os colchões e estadia dos refugiados, além de outros serviços.
O trabalho do Governo do Estado e da prefeitura está sendo intenso, mas os problemas estão aumentando a cada dia, tendo em vista que mais haitianos estão chegando e procurando o abrigo.

Representante do Estado que coordena o local onde estão os refugiados, Damião Borges (dir), recebeu os parlamentares, prefeito e vereadores – Foto: Alexandre Lima
Veja o que alguns deputados falaram sobre a situação que presenciaram:
Deputado Jamyl Asfury – Vamos fazer um levantamento da situação e encaminhar documentos para o Governador Tião Viana e a presidenta Dilma. Precisamos mostrar que o município de Brasiléia não pode sustentar esses haitianos, que o sistema de saúde do município pode entrar em crise. Os serviços da cidade no caso dos bancos e correios estão sendo afetados e gerando um transtorno para a população”.
Deputado Astério Moreira – Temos o apoio do Governador Tião Viana para solucionar este problema que tomou de conta de nosso município. O Itamaraty e o Ministério da Justiça devem tomar providências urgentes.
Deputado Wesley Rocha – A situação não está sendo fácil para o município ter que atender os haitianos. Sabemos que a vinda deles para o Brasil virou um comércio entre o país vizinho do Haiti, que é a República Dominicana e os coiotes que trazem os haitianos até o Brasil. O Governo Federal deve analisar essa situação, vindo aqui saber do problema e frear a entrada dos haitianos.
Deputado Edvaldo Souza – Presenciamos uma verdadeira situação de emergência em Brasiléia. O município está sendo tomado pelos haitianos e isso pode levar a um problema de saúde e social. Tendo em vista que esses haitianos antes ficam alguns dias em Brasiléia e estava indo para frentes de trabalhos em outros estados. Agora eles estão sem ter para onde ir, e estão ficando pelas praças e andando pela cidade. De forma emergencial o Governo Federal tem que resolver essa situação da entrada dos haitianos no Brasil.
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Acre
Acre receberá 316 novas moradias do programa Minha Casa, Minha Vida
Unidades serão distribuídas em 14 municípios e fazem parte de investimento federal para cidades de pequeno porte
O Acre foi contemplado com 316 unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida, que serão construídas em 14 municípios do estado. O anúncio, feito pelo Ministério das Cidades nesta sexta-feira (8), integra um investimento federal que abrange mais de 2,7 mil municípios brasileiros, com meta de contratar cerca de 30 mil novas moradias em áreas urbanas com até 50 mil habitantes.
Os municípios selecionados devem cadastrar suas propostas até 12 de setembro de 2025, por meio da plataforma TransfereGov, e têm até 10 de março de 2026 para apresentar a documentação necessária à Caixa Econômica Federal. Cada unidade poderá receber subsídio de até R$ 140 mil.
Segundo o secretário Nacional de Habitação, Augusto Rabelo, a iniciativa prioriza a qualidade de vida da população e o uso de terrenos viáveis para construção. No total, o programa prevê cerca de 60 mil novas moradias em 2.726 municípios do país, sendo as 316 unidades no Acre destinadas a reduzir o déficit habitacional e melhorar as condições de moradia em cidades menores.
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Acre
Preço baixo garante bônus para produtores de açaí no Acre
Por Wanglézio Braga – acremais
Produtores de açaí de cultivo no Acre terão um alívio no bolso na hora de pagar ou quitar financiamentos do Pronaf. É que o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar anunciou um bônus de 15,65% no Programa de Garantia de Preços para Agricultura Familiar (PGPAF) referente ao mês de agosto. O benefício é válido para operações liquidadas entre 10 de agosto e 9 de setembro deste ano.
O cálculo do desconto leva em conta os preços de mercado de julho, quando o quilo do açaí foi comercializado a R$ 1,94, valor inferior ao preço de garantia estabelecido pelo governo, de R$ 2,30. A diferença acionou o mecanismo do PGPAF, que garante ao agricultor familiar um abatimento proporcional no pagamento do crédito rural.
Na prática, isso significa mais fôlego para o pequeno produtor enfrentar um período em que os preços caíram, mas os custos de produção permanecem altos. O programa é visto como uma importante ferramenta de proteção de renda, ajudando a manter a atividade viável mesmo diante das oscilações do mercado.
O bônus anunciado foi oficializado pela Portaria SAF/MDA nº 343, publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (8), assinada pelo secretário Vanderley Ziger. A medida vale exclusivamente para os estados e produtos listados no anexo da portaria, sendo o Acre contemplado no caso do açaí de cultivo.
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Acre
Óleo de murumuru do Acre se firma no mercado nacional ao integrar bioeconomia, sustentabilidade e força cooperativa
Gerar renda com produtos da floresta tem sido a missão da Cooperativa dos Produtores de Agricultura Familiar e Economia Solidária de Nova Cintra (Coopercintra), situada em Rodrigues Alves, município do interior do Acre com 14.938 habitantes, dos quais mais de 61% vivem na zona rural.
Essa realidade é o que torna a comunidade um exemplo vivo de bioeconomia, ao trabalhar, com responsabilidade ambiental, a cadeia produtiva do óleo de murumuru, matéria-prima que confere notas da floresta acreana aos produtos vendidos por marcas como a Natura. O avanço é fruto de uma engrenagem que reúne diversos atores: ações governamentais de capacitação e infraestrutura, parcerias com a iniciativa privada e, sobretudo, a força pulsante do cooperativismo.

No mercado da manteiga de murumuru, enviada a pelo menos três grandes empresas de cosméticos do país, a Coopercintra atua em 53 comunidades rurais distribuídas entre cinco municípios. Foto: Pedro Devani/Secom
No mercado da manteiga de murumuru, enviada a pelo menos três grandes empresas de cosméticos do país, a Coopercintra atua em 53 comunidades rurais distribuídas entre cinco municípios: Porto Walter, Rodrigues Alves e Cruzeiro do Sul, no Acre; Guajará e Ipixuna, no Amazonas. Por ano, o grupo produz 20 toneladas do produto.
Queline Souza, diretora executiva da Coopercintra, conta que há 14 anos o trabalho do grupo é focado na sustentabilidade e no fortalecimento das famílias que vivem da floresta em pé. Famílias que elevam o nome do estado por meio da qualidade dos produtos que chegam às penteadeiras de todo o país. Um detalhe que revela a sensibilidade do projeto: 30% da diretoria da cooperativa é formada por mulheres.

Aproveitamento consciente desse recurso gera renda e fortalece a consciência ambiental. Foto: Pedro Devani/Secom
Tesouro da floresta
O murumuru é uma palmeira nativa da Amazônia, encontrada em áreas de várzea e em terra firme, com destaque para o território acreano. Seus frutos crescem em cachos protegidos por palhas espessas, uma estrutura fibrosa que resguarda o coco onde está a verdadeira joia: a amêndoa.
A colheita, feita por extrativistas das comunidades tradicionais, respeita o tempo da natureza. Após a coleta, os frutos são descascados manualmente e as amêndoas passam por secagem natural. Em seguida, são prensadas para extração da manteiga, uma substância cremosa, rica em ácidos graxos e altamente hidratante, qualidades que seduzem o mercado da beleza.
Todo esse processo hoje acontece na própria comunidade, na sede da Coopercintra. A agroindústria funciona com incentivo da Natura e também do governo do Acre, por meio da Fundação de Tecnologia do Estado do Acre (Funtac), que cedeu o espaço e oferece capacitações, qualificação técnica e métodos inovadores para garantir a excelência de um produto que leva a marca de Rodrigues Alves.
“O murumuru hoje é uma fonte de renda dentro das famílias. Antes era visto como apenas um espinheiro na mata, que muita gente achava inútil. Hoje, nossos produtores relatam que virou uma renda complementar e ajuda a preservar a natureza”, explica Queline.
Força da floresta
O aproveitamento consciente desse recurso gera renda e fortalece a consciência ambiental. Ao colher a amêndoa, as comunidades praticam o manejo sustentável, uma ação crucial para manter a área preservada. “Os nossos produtores têm papel fundamental nos municípios onde atuamos, porque entendem que dali vem o sustento de suas famílias, então eles são os principais guardiões da floresta”, reforça a diretora.

Óleo chega a grande empresas de cosméticos do país. Foto: Pedro Devani/Secom
Entre março e abril, a cooperativa realiza um cadastro com os extrativistas, visitando as comunidades para recadastramento e mapeamento das famílias beneficiadas. “Depois dessa visita, nós também vamos até a casa deles buscar a matéria-prima e selecionar as que serão trabalhadas na agroindústria”, detalha Queline.
Na extração do óleo de murumuru, nada se perde. A casca é levada para a olaria e a chamada “torta de murumuru”, resíduo sólido que sobra após a prensagem, é reaproveitada como ração.
Técnicas refinadas, como prensagem a frio e métodos mecânicos, transformam a manteiga em óleo vegetal puro, altamente valorizado na indústria cosmética por suas propriedades emolientes e regeneradoras. Mais do que um insumo, o óleo de murumuru carrega consigo a força da floresta, a biodiversidade e as mãos que o tornam possível, um elo entre tradição, sustentabilidade e inovação.

Queline Souza, diretora executiva da Coopercintra, conta que há 14 anos o trabalho do grupo é focado na sustentabilidade e no fortalecimento das famílias que vivem da floresta em pé. Foto: Pedro Devani/Secom
Cleisson Oliveira, selecionador de amêndoas há mais de 10 anos, domina a arte de escolher os melhores caroços. Ele entende que essa etapa é essencial para a qualidade do produto final. E foi justamente esse trabalho que sustentou sua família, sua esposa e seus filhos.
“Minha vida sempre foi aqui. E vejo que é preciso preservar, porque se derrubar a floresta e matar os pés de murumuru, não teremos trabalho. Então é fundamental manter tudo preservado”, avalia Cleisson.
O coletor Antônio Carlos da Costa, de 51 anos, percorreu todos os estágios da cadeia produtiva. Criou os filhos com o que chama de tesouro das palmeiras. A técnica de aguardar a queda natural dos frutos é o princípio básico do extrativismo sustentável, pois assim permite que a palmeira continue viva e produtiva por muitos anos, mantendo a floresta em pé e gerando renda às comunidades.
“É preciso valorizar os coletores. O trabalho mais difícil é feito na mata, como limpar o entorno, cuidar para não ter cobra nos cachos, é um serviço que exige atenção. Mas é dali que tiramos nossa renda”, diz Antônio.

Murumuru é uma palmeira nativa da Amazônia, encontrada em áreas de várzea e terra firme, com destaque para o território acreano. Foto: Pedro Devani/Secom
Esperança plantada em cada muda
A ameaça das queimadas e do desmatamento preocupa as comunidades que sabem extrair riqueza natural sem ferir o meio ambiente. Foi com essa consciência que a Coopercintra implantou um viveiro florestal.
“Em parceria com a SOS Amazônia, começamos a trabalhar com 15 famílias no reflorestamento e enriquecimento de áreas. Nossos produtores estão engajados nesse trabalho, tanto em nossa comunidade quanto nas vizinhas, fortalecendo as cadeias e criando mais uma fonte de renda”, afirma Queline, mostrando a estrutura do viveiro montado ao lado da agroindústria.
O objetivo é fortalecer os sistemas agroflorestais e expandir outras cadeias de produção, como açaí, cacau, graviola, e também trazer o murumuru para mais perto dos extrativistas.
“Depois de reflorestar essas outras espécies, vamos iniciar o reflorestamento do murumuru, porque os pés estão muito distantes. Queremos enriquecer áreas e aproximá-los das moradias dos produtores”, projeta.

Entre março e abril, a cooperativa realiza um cadastro com os extrativistas, visitando as comunidades para recadastramento e mapeamento das famílias beneficiadas. Foto: Pedro Devani/Secom
Funtac parceira
A diretora técnica da Funtac, Suelen Farias, acompanha de perto o trabalho com a cooperativa. Segundo ela, o fortalecimento das cadeias produtivas se dá por diversas frentes.
“Oferecemos cursos de capacitação na coleta da matéria-prima, no armazenamento e na melhor utilização do recurso, inclusive melhorando o fluxo de produção”, explica.
A micro usina em funcionamento na Coopercintra foi doada pela Funtac em 2004. Desde então, o governo tem apoiado com aquisição de produtos e melhorias estruturais, com recursos do REM e também da Natura, que investiu no aperfeiçoamento do espaço.
“Além de novas tecnologias, damos cursos para que eles saibam como posicionar seus produtos no mercado. Ensinamos sobre redes sociais, como divulgar os produtos e melhorar a parte visual, como embalagens”, enumera Suelen.
Trata-se de um esforço conjunto entre Universidade Federal do Acre (Ufac), Sebrae, Funtac, governo estadual e iniciativa privada, um modelo de economia sustentável que mira o reconhecimento mundial.

Mais do que um insumo, o óleo de murumuru carrega consigo a força da floresta, a biodiversidade e as mãos que o tornam possível, um elo entre tradição, sustentabilidade e inovação. Foto: Pedro Devani/Secom
Governo faz história
No fim de junho, o governo do Acre realizou um feito aguardado há quase 30 anos: o pagamento da subvenção da borracha e do murumuru diretamente na conta dos produtores extrativistas. A ação histórica trouxe dignidade, agilidade e segurança.
A nova metodologia, prevista na Lei Estadual nº 1.277/1999 e oficializada pelo Decreto nº 1.564/2024, foi implementada por determinação do governador Gladson Cameli, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri).
“Essa decisão me deixou muito feliz. Criamos a divisão do subsídio para atender exclusivamente os extrativistas, porque antes ela era fundida a outras áreas”, explica o secretário de Agricultura, José Luis Tchê.
Segundo ele, o pagamento era constantemente atrasado por erros em CPF ou ausência de assinatura. O governo decidiu desburocratizar e pagar diretamente aos trabalhadores.
“Por solicitação do governador, decidimos resolver de vez a vida dos nossos extrativistas. Fizemos parceria com o Banco do Brasil e já pagamos mais de 70 extrativistas diretamente na conta. O plano piloto funcionou e vamos seguir nesse formato”, garante Tchê.
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