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Políticos brasileiros têm WhatsApp clonado e desconfiam de “grampo” em aplicativo

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O deputado Arthur Maia (PPS-BA), à esq., e o ministro Carlos Marun (MDB-MS) foram vítimas de clonagem do WhatsApp – Pedro Ladeira/Folhapress

Um mistério atormenta políticos que circulam pelo Congresso Nacional e gera desconfiança crescente: de 2016 até agora, dezenas de parlamentares tiveram o aplicativo de mensagens WhatsApp clonado por golpistas.

De acordo com levantamento feito pelo UOL, pelo menos 20 políticos, a maioria deles deputados federais, tiveram o aplicativo clonado no período em questão. Diante deste cenário, a Polícia Legislativa emitiu um comunicado a todos os deputados federais e senadores recomendando que instalem a verificação por senha e e-mail no aplicativo o quanto antes, o que dificulta a invasão ou clonagem.

Pior, de acordo com o que alguns congressistas disseram à reportagem, é o receio de que, se é possível invadir o aplicativo para tentar aplicar um golpe ou extorsão, como aconteceu nos casos que vieram à tona, também é possível espionar seu conteúdo. E eles estão certos. “O WhatsApp é um aplicativo muito seguro, mas os telefones celulares não são”, diz Emílio Simoni, diretor do DFNDR Lab da Psafe, empresa especializada em segurança digital, para resumir a situação.

“Geralmente, as clonagens são utilizadas para aplicação de golpes e extorsão, mas em tese é possível utilizar as técnicas para capturar o conteúdo de mensagens e mídia do WhatsApp em trabalhos de inteligência criminosa e espionagem. Os parlamentares não estão ficando paranoicos não. Agora, se isso está mesmo ocorrendo, é outra história”, diz o especialista em segurança. “A maioria das pessoas pensa que esta história de hacker só acontece no exterior e isso não é verdade. Os hackers brasileiros estão entre os melhores do mundo.”

Polícia Federal diz que investiga os casos

Para o ministro Carlos Marun (MDB-MS), da Secretaria de Governo, um dos afetados pela clonagem do WhatsApp, a situação é complicada. “Fui vítima da clonagem e fiquei sem acesso ao meu WhatsApp por mais de seis meses”, afirma o ministro, vítima do golpe no início do ano passado, enquanto ainda exercia o mandato de deputado federal.

“Além do contratempo de ficar sem uma das principais ferramentas de comunicação que utilizamos hoje em dia e de ter sido vítima de um golpe, fica também uma sensação de violação da intimidade e da privacidade. Agora, quem é que me garante que meu aplicativo não é bisbilhotado por aí?”, questiona o ministro.

Ele reclama que entrou em contato com a equipe do aplicativo diversas vezes até conseguir demonstrar o problema e recuperar o acesso à própria conta (leia o posicionamento do WhatsApp mais abaixo).

Marun conta que registrou uma denúncia na Polícia Federal, mas não teve mais notícias sobre o caso. “Parece que a coisa ficou meio parada por lá.” Outros parlamentares afirmam que também pediram providências à PF.

Em nota enviada ao UOL, por meio de sua assessoria de imprensa, a PF afirma que está investigando o caso e, por isso mesmo, não iria comentar.

Ameaça de expor pornografia de celular de deputado

Outra vítima foi o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), que teve o aplicativo de mensagens clonado no início deste ano. “É um absurdo e ninguém sabe ainda a extensão destas invasões, deste tipo de ataque”, diz. “Vou fazer uma representação ao MPF [Ministério Público Federal] pedindo que obrigue o WhatsApp a ter uma representação efetiva para atender aos clientes no Brasil. Esse canal não existe e levou dez dias para conseguir falar com eles e obter uma solução”, afirma Teixeira.

O deputado conta que teve as contas clonadas em quatro números de celular e aparelhos diferentes e que uma pessoa de sua lista de contatos chegou a depositar R$ 600 para o golpista que pediu dinheiro em seu nome. Ele denunciou o caso à Polícia Legislativa e disse que está cobrando a operadora pelo prejuízo, já que no caso dele os golpistas aparentemente conseguiram registrar os números dele em outros chips.

“Essa situação de desconfiança está tirando o sono de muita gente”, afirma um deputado que pediu para não ser identificado na reportagem. Ele foi vítima de uma invasão no aplicativo de mensagens e de uma tentativa de extorsão. “Não tinha corrupção lá dentro, não, se é o que você quer saber”, diz o parlamentar.

“O que existia era alguma pornografia compartilhada em grupos de amigos, e o golpista ameaçou expor. Eu nem tinha compartilhado nada e não me preocupei”, conta ele. “Falei que era deputado e que ia entregar o caso para a PF, nunca mais me procurou e eu mudei o aparelho, a linha e a conta no aplicativo de mensagens”, diz. “Agora, imagina quem tem o que não deve registrado ali? Não dorme em paz nunca mais”, afirma, em tom de brincadeira.

De acordo com o levantamento feito pelo UOL -junto aos próprios parlamentares, grupos de WhatsApp de partidos políticos, mensagens em redes sociais e notícias veiculadas na imprensa–, políticos de todos os matizes ideológicos e de partidos diferentes foram vítimas de clonagem e golpes no WhatsApp. Há ao menos vítimas de PT, PSDB, PMDB, PR, PSB e PSC.

O ministro Marun ficou sem acesso à própria conta no aplicativo por mais de seis meses

Compartilhamentos perigosos

De  acordo com Simoni, o diretor do DFNDR Lab, os golpes no WhatsApp acontecem, principalmente, por meio do compartilhamento (em grupos ou em contatos diretos) de links com vírus ou outros códigos maliciosos. Quando o usuário clica no link suspeito, o hacker consegue instalar programas no celular que roubam dados pessoais e bancários, além do conteúdo de mensagens em aplicativos e as fotos, vídeos e documentos salvos no aparelho e nas nuvens a ele associadas.

“Quem usa o sistema operacional Android, que por ser o mais usado é também o mais atacado, tem que ter um antivírus instalado, é primordial essa proteção”, afirm

“Nesta modalidade, o hacker não apenas obtém o conteúdo de conversas e mídias, ele assume o controle do celular e passa a interagir com os contatos da vítima, geralmente para pedir dinheiro em nome dela”, diz o especialista em segurança. “Mas não só para isso. Neste tipo de golpe também é comum o invasor tentar chantagear a vítima com a ameaça de expor aos contatos salvos no aparelho alguma foto ou conteúdo comprometedor”, afirma ele.

Para tanto, é necessário conseguir mudar o registro do número do telefone do original para um chip em posse do hacker. Depois ele instala o WhatsApp no aparelho, que associará o chip à conta e permitirá o acesso ao aplicativo. “Por isso é tão importante instalar a verificação com senha e e-mail, fica praticamente impossível de invadir”, afirma Simoni.

“Usando as mesmas técnicas, seja por vírus ou registro de chip, é possível invadir o WhatsApp e outros aplicativos não para golpes, mas para fins de espionagem industrial, por exemplo. Essa é uma preocupação constante em grandes empresas. Me parece natural que o mesmo problema possa afetar políticos.”

Ele pondera que este é um golpe sofisticado e que geralmente as vítimas são escolhidas a dedo. “Por depender da ação coordenada de uma quadrilha, com gente dentro da operadora, as vítimas são escolhidas nominalmente, não tem como fazer isso em massa de forma automática que nem no caso dos links maliciosos”, diz.

O especialista explica que, no laboratório de segurança que comanda, a popularização das invasões no WhatsApp foi percebida a partir de meados de 2016 e só aumentou até hoje. De acordo com levantamento da Psafe, os brasileiros clicam, em média, em oito links maliciosos a cada segundo. No último trimestre do ano passado, foram mais de 66 milhões de ataques virtuais registrados no Brasil.

WhatsApp oferece canal de denúncia

Procurado pela reportagem, o WhatsApp mandou um link a partir do qual os usuários podem denunciar “clonagem ou algum uso errôneo” da sua conta no aplicativo. A empresa informa também que possui 1,2 bilhão de usuários no mundo e 120 milhões no Brasil e que sua prioridade é criar um ambiente seguro para os usuários se comunicarem.

A assessoria de imprensa do aplicativo dá algumas dicas de segurança (veja abaixo). Entre elas, estão a de desconfiar de mensagens com erros gramaticais ou de grafia e evitar acessar links de origem desconhecida.

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Secretário diz que aliança com MDB para chapa de Mailza Assis está “praticamente fechada”

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Luiz Calixto afirmou que apoio do partido está em fase avançada e que base já inclui PP, União Brasil, PSDB, PDT, Podemos e Solidariedade

“Estamos numa conversa avançadíssima com o MDB, e eu acho que o prego está batido e, na minha opinião, a conta já está virada”, declarou. Foto: captada 

Com Mirlany Silva, da Folha do Acre

O secretário de Governo do Acre, Luiz Calixto, afirmou que as negociações com o MDB para integrar a chapa da vice-governadora Mailza Assis na disputa pelo governo em 2026 estão em fase avançada e praticamente definidas. A declaração foi dada durante o podcast “Vem Comigo”, na quinta-feira (18).

Segundo Calixto, a base de apoio a Mailza já reúne PP, União Brasil, PSDB, PDT, Podemos e Solidariedade, e a chegada do MDB consolidaria uma ampla federação partidária.

— Estamos numa conversa avançadíssima com o MDB, e eu acho que o prego está batido e, na minha opinião, a conta já está virada — declarou o secretário.

Ele também sinalizou que ainda há espaço para outras composições, especialmente na definição do vice na chapa. — Tem espaço para todo mundo, agora é importante que as pessoas estejam em cima do mesmo tablado, no mesmo caminhão, usando o mesmo microfone — completou.

A declaração reforça a estratégia de ampla aliança em torno de Mailza, que conta com o aval do governador Gladson Cameli e busca se consolidar como a candidatura oficial do grupo governista na sucessão estadual.

Durante a entrevista, Calixto foi enfático ao afirmar que a candidatura de Mailza Assis é irreversível. “A governadora Mailza é candidatíssima. E será, se Deus quiser, irreversível. Somente Deus e ela pode decidir o contrário”, disse.

Ele também fez elogios ao perfil da vice-governadora, destacando sua postura conciliadora, determinação e capacidade de diálogo. Segundo ele, trata-se de uma mulher “determinada, focada, disciplinada, meiga, que não grita com ninguém, não bate na mesa para assustar ninguém e não impõe medo a ninguém”.

“Ela nos guia pelo exemplo de uma mulher íntegra, com muitas qualidades, humana, que sabe sentir a dor do próximo. É essa mulher que governará o Estado a partir de 1º de janeiro de 2027”, declarou.

Ao comentar o cenário das pesquisas, Calixto afirmou que cerca de 74% do eleitorado ainda não decidiu em quem votar para o governo do Estado. Segundo ele, Mailza pontua acima de 20% mesmo sem ser conhecida por mais da metade da população, o que, na avaliação do secretário, demonstra um grande espaço para crescimento. Em contrapartida, ele avaliou que possíveis adversários, mencionando como exemplo o senador Alan Rick, também pré-candidato ao governo, já estariam próximos de seu teto eleitoral por serem mais conhecidos.

“O senador Alan Rick aparece com índices entre 38% e 40%, mas ele já é conhecido por praticamente todo o eleitorado. Ou seja, as pessoas já sabem quem ele é, e isso indica que ele já está próximo do seu teto. Já o potencial de crescimento da nossa vice-governadora é muito grande. Ela tem um espaço extraordinário para avançar. Por essas razões é que acreditamos nesse projeto; não se trata de excesso de otimismo, mas de dados”, destacou Calixto.

Calixto também comentou sobre a possibilidade de o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, não disputar o governo em 2026. Para ele, o gestor municipal deve concluir o mandato para o qual foi eleito.

“O prefeito Bocalom precisa, primeiro, cumprir a tarefa para a qual foi eleito. Ele foi eleito para governar Rio Branco e, entre essas atribuições, há muitas questões que precisam ser resolvidas. Precisamos avançar no saneamento básico, no transporte coletivo, no abastecimento de água, nas condições das ruas, na coleta de lixo, entre outros problemas que, em sua maioria, são de responsabilidade do município. O prefeito não pode abandonar esses compromissos com dois terços do mandato ainda por cumprir. Não foi para isso que a população o elegeu. Ele não pode simplesmente, com um ano e três meses de mandato, deixar tudo de lado, fingir que esqueceu os compromissos assumidos e partir para outra empreitada. Ele precisa cumprir sua tarefa de prefeito. Ele foi eleito para ser prefeito”, pontuou Luiz.

Ao abordar o debate ideológico, Calixto criticou a polarização política e defendeu uma atuação focada em resultados concretos. Segundo ele, a população espera soluções práticas, como melhoria na saúde, transporte, educação e serviços públicos, e não disputas ideológicas.

“A população quer soluções, quer resultados, quer entregas. Quer saber se o ônibus está funcionando corretamente, se chega ao ponto e se está bem conservado. Ela não quer saber se quem está na prefeitura é de esquerda, de direita, de centro ou sem rumo. Essa polarização que existe no país envolve dois extremos, a extrema direita e a extrema esquerda, que se retroalimentam para permanecer no poder. Precisamos sair dessa polarização e desse discurso vazio. O que a população quer é posto de saúde funcionando, ônibus circulando, merenda escolar, médico no posto, remédio disponível, iluminação pública funcionando e ruas razoavelmente conservadas e decentes”, afirmou o secretário.

Por fim, o secretário comentou sobre a formação da chapa majoritária para 2026 e destacou que o segundo voto ao Senado deverá ser destinado a um candidato alinhado ao projeto político da vice-governadora. Calixto citou o nome do senador Márcio Bittar como uma das preferências do grupo, mas ponderou que a definição dependerá do posicionamento político e do alinhamento com a candidatura de Mailza Assis.

“O Gladson é o nosso candidato número um. Nós temos um compromisso com o governador. Os índices de pesquisa indicam que ele terá uma votação extraordinária, em razão da empatia, do carisma e do desempenho dele. O outro candidato será aquele que apoia a governadora, porque é uma contradição ela apoiar alguém que não tenha reciprocidade. Não faz sentido ela estar no palanque de uma pessoa e essa pessoa não estar no palanque dela. Portanto, esse segundo voto será destinado a esse candidato. Nós temos a expectativa e o desejo de que seja o senador Márcio Bittar, mas ele precisa estar no palanque. Ele tem declarado apoio ao Bocalom. Evidentemente que, se estiver no palanque do Bocalom, naturalmente não será o candidato. Seria masoquismo. Não faz sentido. O candidato que fará par com o Gladson será aquele que estiver no mesmo palanque da governadora Mailza, que é a nossa candidata”, concluiu.

O secretário comentou sobre a formação da chapa majoritária para 2026 e destacou que o segundo voto ao Senado deverá ser destinado a um candidato alinhado ao projeto político da vice-governadora. Foto: captada 

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Prefeitura de Rio Branco reforça canais para denúncias de maus-tratos a animais

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Registro pode ser feito de forma anônima pelo site da Semeia; em caso de flagrante, orientação é acionar a Polícia Militar (190)

O registro pode ser realizado de maneira anônima ou identificada, garantindo sigilo ao denunciante e ampliando as possibilidades de apuração por parte dos órgãos responsáveis. Foto: cedida 

A Prefeitura de Rio Branco, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia), está reforçando os canais para denúncias de maus-tratos a animais na capital. A iniciativa visa facilitar o acesso da população aos órgãos responsáveis e fortalecer o combate a crimes ambientais e à violência contra animais.

As denúncias podem ser feitas de forma rápida, segura e sigilosa pelo site oficial da prefeitura: meioambiente.riobranco.ac.gov.br. O registro pode ser anônimo ou identificado, e a Semeia recomenda que o cidadão forneça o maior número de detalhes possível, como endereço completo, pontos de referência, fotos ou vídeos que comprovem a situação.

Em casos de flagrante – quando o crime estiver ocorrendo no momento –, a orientação é acionar imediatamente a Polícia Militar pelo 190 e solicitar o atendimento de uma guarnição da Polícia Ambiental, que poderá intervir de forma direta e urgente.

A medida busca agilizar a apuração e aumentar a efetividade das ações de fiscalização, garantindo maior proteção aos animais e respostas mais ágeis às demandas da comunidade.

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Safra total de grãos de novembro no Acre é estimada em 187 mil toneladas

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O projeto é fruto da articulação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em parceria com a Cooperativa de Café do Juruá (Coopercafé), consolidando-se como ponte estratégica entre o governo estadual

Este ano, a cidade de Mâncio Lima, no interior do Acre, ganhou o maior complexo industrial da agricultura familiar da Região Norte, com investimento de R$ 10 milhões. Foto: captada 

A produção de café no Acre teve um aumento de 113,3% no período que abrange novembro de 2024 e deste ano. Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado no último dia 22 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção do grão, que tem sido um dos cultivos em ascensão no Acre, saiu de 3.079 toneladas no ano passado para 6.581 toneladas neste ano.

Os dados apontam ainda que a safra total no estado deve chegar a 187.062 toneladas em uma área plantada de 62.913 hectares para cultivo de cereais, leguminosas e oleaginosas. Além do café, foram estimadas as seguintes produções.

Produção agrícola (em toneladas)

Mandioca – 494.311

Milho – 123.214

Banana – 89.854

Soja – 56.656

Cana-de-açúcar – 10.181

Laranja – 5.252

Arroz – 4.339

Feijão – 2.829

Fumo – 112

O cultivo da mandioca lidera com folga, seguido pelo milho e pela banana, enquanto o fumo aparece como a menor produção.

Incentivo ao café

Nos últimos anos, o Acre tem apostado e incentivado na produção do café, se tornando um modelo de desenvolvimento sustentável, aliando economia e preservação em um dos produtos mais consumidos no mundo. Além disso, fortalece uma dinâmica de cooperativismo, que tem dado resultado e alcançado pequenos e médios produtores que agora já conseguem contribuir para essa safra.

Este ano, a cidade de Mâncio Lima, no interior do Acre, ganhou o maior complexo industrial da agricultura familiar da Região Norte, com investimento de R$ 10 milhões, e acendeu novas luzes sobre o cooperativismo e a bioeconomia amazônica, agregando tecnologia e valor ao café cultivado por mãos que conhecem profundamente a terra.

O projeto é fruto da articulação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em parceria com a Cooperativa de Café do Juruá (Coopercafé), consolidando-se como ponte estratégica entre o governo estadual, o governo federal e a iniciativa privada.

Além da vocação produtiva, o Complexo Industrial do Café do Juruá é um modelo exemplar de respeito ambiental e tecnologia limpa. Com uma estrutura física de 1.640 m², o parque fabril opera com energia 100% renovável, fornecida por 356 painéis solares que geram mensalmente 21.500 kWh, e adota práticas como o reuso inteligente da água da chuva e o uso de lenha certificada.

Somado a isso, no último dia 9, o setor cafeeiro do Acre recebeu um impulso de R$ 14,7 milhões com a assinatura de um convênio entre a ABDI e a Cooperativa dos Extrativista do Acre (Cooperacre). Durante o ato, o governador em exercício, Nicolau Júnior, ressaltou o papel do governo como parceiro no fortalecimento dos produtores rurais e na criação de um ambiente favorável aos negócios.

O complexo em Acrelândia será construído em um terreno cedido pelo governo do Acre, que tem contribuído com o fortalecimento da cadeia também com a mecanização, entrega de insumos e tecnologias que chega à zona rural.

Projetos

O secretário de Estado de Agricultura, José Luis Tchê, disse que as parcerias ao longo dos anos têm fortalecido a cultura do café, resultando na expansão do produto em todo o estado.

“O Complexo do Juruá já é um sinal disso, e agora teremos mais dois complexos. Foi publicado no Diário Oficial o lançamento do edital para a compra de mudas de café e cacau, aprovado pela nossa Assembleia Legislativa. Essas mudas serão adquiridas diretamente dos viveiristas locais, o que representa um grande avanço. Já temos garantido recurso para um milhão e meio de mudas de café neste ano e mais seis milhões para o próximo. Nosso governo vem trabalhando para fortalecer a cafeicultura do Acre, que já é reconhecida não apenas no Estado, mas também no Brasil e no mundo pela qualidade do nosso café”, destacou.

Ele acredita que esses investimentos como esse devem gerar mais emprego e renda para a população, além de agregar valor ao produto acreano. Ele também destacou a importância do programa Solo Fácil, voltado para a análise de solo na agricultura familiar.

“Detectamos logo no início que 95% da nossa agricultura familiar não realiza análise de solo, algo básico e fundamental para qualquer produção. O programa Solo Fácil utiliza uma tecnologia nova, os equipamentos NIRS, que já estão em fase de testes. Enviamos provas e contraprovas para São Paulo e acreditamos que até o início do próximo mês os aparelhos estarão prontos para uso. Esse é um primeiro passo: com a análise correta, conseguimos corrigir o solo da maneira necessária. Além disso, a mecanização implementada pelo governo tem dado muito resultado.”

Tchê ressaltou ainda o programa Plantando Água, que busca garantir irrigação durante o período de seca.

“Vivemos em uma região com dois climas bem definidos: chuva e seca. Por isso, criamos o programa Plantando Água, que consiste na construção de tanques e barragens para armazenar a água da chuva e utilizá-la na irrigação. Um exemplo é a produtora Kate, que no ano passado colheu 90 sacos de café por hectare, mesmo sem irrigação. Este ano, devido ao verão severo, a produção caiu para 14 sacos por hectare. Agora, com a construção de tanques, esperamos que ela e outros produtores possam colher muito mais. O café e o cacau, mas principalmente o café, trazem dignidade ao agricultor familiar, mudando sua vida quando ele passa a colher 70, 80 ou até 100 sacos por hectare.”

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