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Pescadores do Acre buscam certificação internacional do pirarucu
Agência Brasil
Os pescadores do município de Feijó, no Acre, estão buscando a certificação internacional do pirarucu no programa da Marine Stewardship Council (MSC), organização que faz certificação de pescarias e rotulagem ecológica de frutos do mar. A iniciativa inédita no Brasil visa a agregar valor ao produto e abrir novos mercados para esse pescado. O projeto de certificação começou em 2014, mas desde 2008, a Colônia de Pescadores de Feijó, com apoio da organização não governamental WWF-Brasil, faz o manejo do pirarucu em lagos do município por meio de acordos de pesca com a sociedade civil e o governo.
A realização dos próximos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016, despertou ainda mais o interesse dos pescadores pela certificação. Segundo o especialista em pesca do WWF-Brasil, Antonio Oviedo, existe uma rede de organizações que apoiam os jogos no sentido de fomentar a comercialização de produtos certificados. E, segundo ele, assim como ocorreu em Londres, o comitê olímpico assinou acordos para que a alimentação dos atletas no Brasil tenha esses produtos. “Isso gerou no país uma movimentação para conseguir esses produtos e iniciar a construção de um mercado consumidor mais responsável, que se preocupa com a origem dos produtos”, disse.
Segundo ele, a partir daí, foi feita uma pré-avaliação no projeto de manejo da Colônia de Pescadores de Feijó e o alinhamento com os padrões da MSC. “Esperamos que no futuro esse produto certificado possa continuar estabelecendo relação com mercados que se dispõem a pagar um preço superior, justamente pela pegada sustentável”, disse Oviedo.
A produção é de cerca de 2,5 toneladas por ano, atualmente vendida a R$ 15 o peixe resfriado e R$ 22 o seco, segundo o presidente da colônia, Charles Guimarães. “A qualidade de vida do pescador e da comunidade que faz parte do manejo melhorou. Cada um ganha uma parte do lucro e a colônia também recebe uma parte. E com esse recurso, os pescadores melhoram seu material de pesca, compram seus eletrodomésticos; e na comunidade o dinheiro é dividido, eles compram barcos e coisas para as escolas”, disse Guimarães.
“Imagina para uma cidadezinha no interior do Acre ver que os atletas estão consumindo o pirarucu que nós pescamos na colônica, ficamos muito felizes. E estamos bem animados para que isso realmente dê certo e está bem encaminhado para dar”, complementou o presidente da colônia de pescadores. O trabalho de manejo é feito em nove lagos e liderado por 15 pescadores; as comunidades de pescadores somam cerca de 270 famílias.
Hoje, o pescado é vendido apenas no município, mas após a certificação e os Jogos Olímpicos, já há mercados interessados no pirarucu de Feijó. Segundo Oviedo, a ideia é ampliar a escala de produção envolvendo mais comunidades e lagos a serem manejados para buscar mercados mais vantajosos. “Mas é importante que uma parte da produção ainda seja disponibilizada na cidade de Feijó para a população local reconhecer, valorizar e se beneficiar pela iniciativa”, disse.
O projeto de manejo conta com o apoio do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Segundo o presidente do Imac, Pedro Luis Longo, o instituto é o responsável pela validação dos planos de manejo e pela fiscalização e monitoramento das áreas manejadas. “O Imac, em conjunto com os outros órgãos, está construindo um plano integrado de fiscalização e monitoramento a serem realizadas durante o ano nas áreas manejadas, palestras educativas para incentivar a proteção destas áreas junto às comunidades e o que mais se fizer necessário, partindo inclusive do que os próprios pescadores considerem relevante para o sucesso do manejo”, disse.
Longo conta ainda que existem outros projetos de manejo do pirarucu nos municípios acrianos de Manoel Urbano e Tarauacá, onde as comunidades já construíram as propostas de acordos de pesca, que estão em análise no Imac. “No momento, o município de Feijó está mais avançado, uma vez que as comunidades estão mais organizadas”, disse.
Certificação da MSC
Segundo o WWF-Brasil, dos 28 indicadores necessários para a certificação, o trabalho em Feijó não atendeu a seis deles, que avaliam a saúde dos estoques-alvo e o funcionamento do sistema de gestão da pescaria. Segundo Oviedo, existe uma boa relação com o governo do estado e Ibama e as ações políticas e gerencial serão plenamente atingidas até janeiro de 2016.
“Existe uma ação mais complicada, vamos precisar instalar chips com radiofrequência em alguns peixes para conseguir determinar qual seu território de ocupação. Caso esses peixes visitem outros lagos, essas comunidades precisam ser envolvidas para que façam o manejo que represente a exata localização desses peixes”, explicou Oviedo.
O especialista do WWF-Brasil diz que serão necessários três anos para a conclusão dessa avaliação, mas dado preliminar de um ciclo será apresentado na auditoria da MSC. A certificação pode não ser concluída até os Jogos Olímpicos, mas, segundo Oviedo, é possível obter um parecer da certificadora de que a colônia atende aos critérios e, assim, ter o aval para a comercialização.
Como é feito o manejo em Feijó
Os pescadores de Feijó vivem da pesca de subsistência e da venda de outros tipos de peixes, como pintado e curimatã. Antes da implementação do manejo no município, a pesca era feita com um tipo de rede que fica esticada e armada no meio do lago. Como o pirarucu é um peixe que precisa subir para respirar a cada 20 minutos, eles acabavam presos na rede e “literalmente morriam afogados”, contou o especialista do WWF-Brasil.
Hoje, a pesca é feita com tarrafa e anzol, por exemplo, e o pirarucu é pescado com arpão. “Existe todo um trabalho de debate nas comunidades para eles aceitarem a proposta de fazer o manejo. Sobre quais as regras permitidas nesses lagos para manter a pesca de subsistência e para ajudar a população de pirarucu a se reproduzir”, disse Oviedo, contando que um casal de pirarucu tem cerca de 11 mil filhotes. “Muitos morrem, mas se têm lagos com regras de manejo para protegê-los, a quantidade que vai sobrevivendo aumenta”.
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Polícia Federal apreende 613 kg de cocaína em galpão de empresa de fachada em Blumenau
Droga estava escondida em bunker subterrâneo e seria enviada à Europa; um homem foi preso e investigação aponta ligação com cidadãos britânicos procurados internacionalmente

Cocaína estava armazenada em um bunker de empresa de fachada em Blumenau. Fot: captada
A Polícia Federal (PF) apreendeu 613 quilos de cocaína durante uma operação de combate ao tráfico internacional de drogas em Blumenau, no Vale do Itajaí (SC). A ação contou com apoio da Polícia Militar de Santa Catarina e resultou na prisão de um homem suspeito de integrar a organização criminosa.
A droga estava escondida em um bunker no subsolo de um galpão pertencente a uma empresa de exportação de ligas metálicas, que funcionava como fachada para o esquema. Segundo as investigações, o local era usado para o preparo e armazenamento da cocaína antes do envio para a Europa.
Durante a operação, a PF também cumpriu um mandado de busca em um endereço residencial em Florianópolis ligado ao suspeito, onde foram apreendidos veículos, embarcações, joias e documentos. O inquérito aponta a existência de uma estrutura criminosa internacional com base em Santa Catarina, que contava com suporte logístico de brasileiros e liderança de cidadãos britânicos com histórico de tráfico na Inglaterra e procurados internacionalmente.
A investigação continua para identificar outros integrantes do esquema, que já tinha rotas estabelecidas para o narcotráfico transatlântico.
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Exame toxicológico para primeira CNH é vetado pelo governo federal
Medida que exigia resultado negativo para condutores de motos e carros foi rejeitada com argumento de aumento de custos e risco de mais pessoas dirigirem sem habilitação; novas regras do Contran para tirar CNH sem autoescola, no entanto, podem alterar contexto

Na justificativa do veto, o governo argumentou que a exigência aumentaria os custos para tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e poderia influenciar na decisão de mais pessoas dirigirem sem habilitação. Foto: captada
O governo federal vetou a exigência de exame toxicológico para obter a primeira habilitação nas categorias A (motos) e B (carros de passeio). A medida, que seria incluída no Código de Trânsito Brasileiro, foi rejeitada com a justificativa de que aumentaria os custos para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e poderia incentivar mais pessoas a dirigirem sem a documentação obrigatória.
O veto, no entanto, pode ter perdido parte de sua sustentação após o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) editar resolução que permite a retirada da CNH sem a obrigatoriedade de cursar autoescola, reduzindo significativamente o custo total do processo de habilitação.
Outro ponto do projeto que virou lei, e também relacionado aos exames toxicológicos, permite que clínicas médicas de aptidão física e mental instalem postos de coleta laboratorial em suas dependências — desde que contratem um laboratório credenciado pela Senatran para realizar o exame. O governo também vetou esse artigo, alegando riscos à cadeia de custódia do material, o que poderia comprometer a confiabilidade dos resultados e facilitar a venda casada de serviços(exame físico e toxicológico no mesmo local).
As decisões refletem um debate entre a busca por maior segurança no trânsito — com a triagem de possíveis usuários de substâncias psicoativas — e o impacto financeiro e logístico das novas exigências para os futuros condutores.
Assinatura eletrônica
O terceiro item a ser incluído na lei é o que permite o uso de assinatura eletrônica avançada em contratos de compra e venda de veículos, contanto que a plataforma de assinatura seja homologada pela Senatran ou pelos Detrans, conforme regulamentação do Contran.
A justificativa do governo para vetar o trecho foi que isso permitiria a fragmentação da infraestrutura de provedores de assinatura eletrônica, o que poderia gerar potencial insegurança jurídica diante da disparidade de sua aplicação perante diferentes entes federativos.
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Caixa de som que ficou três meses no mar é achada intacta e funcionando no litoral gaúcho
Equipamento JBL, resistente à água, foi encontrado na Praia do Hermenegildo após provavelmente cair de um navio a 300 km dali; aparelho ligou normalmente

A caixa de som, projetada para ser resistente à água, sobreviveu à corrosão salina por todo esse período. Ao ser ligada, o equipamento funcionou normalmente. Foto: captada
Uma caixa de som à prova d’água da marca JBL passou cerca de três meses no mar e foi encontrada intacta e ainda funcionando na Praia do Hermenegildo, no extremo sul do estado. A descoberta foi feita por um morador que passeava de quadriciclo na orla na última segunda-feira (30) e avistou o equipamento entre algas e areia.
Acredita-se que a caixa tenha caído de um container durante um transporte marítimo em agosto, próximo à Praia de São José do Norte, a cerca de 300 quilômetros dali. Apesar do longo período submerso e da exposição à água salgada, que acelera a corrosão, o aparelho resistiu e ligou normalmente quando testado.
O caso chamou atenção pela durabilidade do produto, projetado para ser resistente à água, e pela jornada incomum — percorrer centenas de quilômetros à deriva no oceano e ainda chegar em condições de uso à costa gaúcha. A situação virou uma curiosidade local e um exemplo inusitado de “sobrevivência” tecnológica.




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