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Ordem de mortes no Alto Acre partiu de chefão de facção criminosa preso em Riberalta, na Bolívia

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Secretário de Segurança já admite guerra de facções e diz que crime está em busca de reafirmação de nova rota na região de fronteira

Por Tião Maia, para o Alto Acre

As últimas mortes do Alto Acre registradas numa aparente guerra de facções são decorrentes de ordens oriundas de uma penitenciária na região de Riberalta, interior do Departamento de Beni, na Bolívia, na fronteira com o Acre. Foi o que revelou o secretário de Justiça e Segurança Pública do Governo do Acre, coronel Paulo Cézar santos, que está na região do Alto Acre, por ordem do governador Gladson Cameli, em busca de meios de fazer cessar a violência na região.

Dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejur) dão conta de que, em pouco mais de 15 dias, foram registradas oito mortes no Alto Acre, sendo sete em Brasileia e uma em Epitaciolândia. Segurança Pública montou força-tarefa na região para tentar controlar situação.

A violência na região voltou após três anos de redução no número de mortes violentas. Dados do Monitor da Violência mostram que em 2019 o estado teve 312 mortes violentas, reduzindo no ano seguinte para 292 e chegou a 181 no ano passado, sendo o Acre com a maior queda no número de mortes violentas do país em 2021.

Mas, à medida que a pandemia do coronavirus foi arrefecendo, os confrontos atuais que terminaram com a morte de oito pessoas na região de fronteira, no Alto Acre, também aumentaram. Os crimes estão ligados à intensificação da guerra entre facções criminosas, segundo avaliou o secretário de Segurança Pública, coronel Paulo Cézar.

A causa da nova guerra

Foi a morte de um traficante, chefe de uma facção na Bolívia. De acordo com Paulo Cézar, a ordem para a vingança partiu de dentro do presídio da cidade boliviana de Riberalta e, após o crime, vários ataques foram registrados tanto no país vizinho quanto nas cidades acreanas que estão na fronteira.

“A guerra iniciou na Bolívia e envolve o domínio das rotas de tráfico de dentro do território boliviano e também acreano, em especial no Alto Acre. Apesar de ter um rio que separa, são cidades gêmeas, que têm uma integração econômica, social e, consequentemente, criminal também. Tanto que uma das maiores dificuldades na atuação das forças policiais é o fato de eles [criminosos] ficarem migrando de um território para o outro. Todas as mortes que ocorreram no Alto Acre têm ligação com esse confronto entre facções”, disse Paulo Cézar Santos.

O secretário afirmou ainda que o crime organizado está instalado em toda América do Sul, em especial nos países que produzem cocaína e maconha e também naqueles que são grande mercado consumidor ou que possuem infraestrutura para exportação da droga. “Qualquer movimento do crime organizado em algum desses territórios que ele tem domínio, isso pode gerar retomada da guerra. Em 2017, por exemplo, que teve o resultado avassalador no Acre, que figurou como o estado mais violento do país naquele ano, teve como embrião a morte de um traficante em uma cidade no Paraguai. Desta vez, foi uma morte encomendada na Bolívia que desencadeou toda essa violência no Alto Acre. Então, o crime é sistêmico e não necessariamente ele depende de fenômenos locais”, afirmou.

Com a retomada dos confrontos, no último sábado (2), o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Acre e a Polícia Militar deflagraram a operação “Off the Rails” contra o crime organizado. Até o momento, foram cumpridos 15 mandados de prisões preventivas e sete de buscas e apreensões nas cidades acreanas de Rio Branco, Brasileia, Epitaciolândia e Sena Madureira, além de cumprimentos no estado do Tocantins. A Segurança Pública montou uma força-tarefa na fronteira para fortalecer as ações. Estão na região agentes das polícias Civil, Militar, Penal, além do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), Companhia de Operações Especiais (COE) e Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer).

“A força-tarefa foi destacada para ocorrer durante 15 dias, mas, se houver necessidade, vai ter continuidade. O objetivo é prender todos aqueles que praticaram crimes naquela região. Estamos fazendo todo um esforço, por esse motivo estou indo a Brasileia estabelecer contatos com autoridades bolivianas, bem como reunir com representantes do MP local e principalmente do judiciário local, para discutir algumas representações que tem que ter maior celeridade para que possamos tirar algumas pessoas de circulação.”

Sobre a ação na fronteira, o coronel Ulysses Araújo, da diretoria de operações integradas da Secretaria de Segurança, afirmou que já foram feitas apreensões de armas e drogas. “Começamos a operação nessa terça e está tranquilo na cidade. Tivemos uma reunião nesta quarta com as forças de segurança da Bolívia, para que possam fazer uma operação da mesma natureza lá, até por que foi onde tudo começou. Já foram identificadas três pessoas que são responsáveis por mais de 80% desses homicídios, foi feita representação ao judiciário e estamos aguardando a decisão para poder cumprir”, contou o coronel.

O promotor Bernardo Fiterman Albano, coordenador do Gaeco do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), disse que os conflitos são uma nova busca por domínio de territórios e rotas envolvidas com o tráfico de drogas. “Tanto situações de eventuais tréguas, quanto de esquentamento da beligerância entre facções tem que ser visto dentro de um contexto que não engloba só o Acre. Existem alianças de organização criminosas de âmbito nacional, inclusive transnacional, que ultrapassam as fronteiras do estado e muitas vezes as fronteiras dos países. E essa relação de pressão dentro do contexto também de domínio da cadeia logística do tráfico influencia, logicamente, no maior ou menor grau de beligerância entre organizações criminosas, que é o que está se vivenciando novamente no estado do Acre”, disse o promotor.

Em uma situação como essa de “reesquentamento da guerra”, o promotor afirmou que deve ser intensificado o trabalho integrado das forças de segurança pública, o que, segundo ele, já vem sendo feito. Mas, ele destaca que essas medidas são buscando resolução do problema a curto e médio prazo.

“A estratégia de longo prazo, essa de certa forma não se modifica, porque passa pela questão da macroeconômica, de políticas públicas. Voltando a lembrar que prevenção primária do âmbito de segurança pública é um fenômeno que tem que ser visto dentro dessa perspectiva de política pública, mas também de criação de mecanismos de não atração desse público mais vulnerável para essas organizações criminosas. E isso é feito através de escola, creche, saúde, profissionalização de pessoas e todos esses mecanismos”, afirmou.

As mortes na fronteira

A primeira morte foi do jovem Antônio José Souza de Paiva, de 26 anos, no da 14 de março, na invasão do Nazaré, em Brasileia. Foi executado com cerca de cinco tiros.

Já no dia 23, foi registrada a morte de Ismael Leite do Nascimento, de 31 anos, também em Brasileia. Um morador de rua que filmava a enchente que atingia a cidade naquele dia registrou os tiros que teriam matado a vítima.

Cinco dias depois, Vanderlan da Silva Progênito, de 29 anos, foi assassinado a tiros em um bar no bairro Aeroporto, em Epitaciolândia, interior do Acre. Durante o ataque, outras duas pessoas, entre elas a mulher de Progênito, ficaram feridas.

No dia 30 do mês passado, o adolescente Rafael de Araújo, de 17 anos, morreu na cidade de Brasileia após ser atingido com dois disparos nas costas e no pescoço.

Nessa terça-feira (5), a cidade de Brasileia registrou uma madrugada de terror. Quatro pessoas foram assassinadas a tiros. Entre as vítimas estão Lucas Bandeira Barbosa, de 23 anos, André Gustavo Sales de Oliveira, de 16 anos, Wanderson Souza e Silva, que estavam na mesma casa no bairro Leonardo Barbosa, e depois Marcos Antônio de Oliveira Viana foi morto no Ramal do Nazaré.

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Defesa Civil do Acre entra em alerta por elevação do Rio Acre e risco de alagamentos na capital

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Rio Acre na fronteira já deu sinal de estabilidade e poderá dar sinais de vazantes nas próximas horas – Foto: Eldson Júnior

A Defesa Civil do Acre colocou suas equipes em estado de alerta em razão das fortes chuvas que atingiram o estado nas últimas horas e elevaram o nível do Rio Acre, com possibilidade de alagamentos e famílias desabrigadas, principalmente em Rio Branco.

De acordo com dados do sistema de hidrotelemetria, a chuva ultrapassou 100 milímetros em cerca de 12 horas, especialmente na região das Aldeias dos Patos, acima de Assis Brasil. Apesar do volume elevado, o nível do rio apresenta tendência de estabilização e leve recuo. Nas últimas quatro horas, a medição indicou nível abaixo dos 4 metros nos pontos mais altos do curso do rio.

Ponte metálica Dr José Augusto, que liga os municípios de Brasiléia e Epitaciolândia – Foto: Eldson Júnior

Na régua de medição instalada na ponte que liga Brasiléia e Epitaciolândia, o Rio Acre chegou próximo dos 9 metros por volta das 10h (horário local), mas também apresenta sinal de estabilização.

O coordenador da Defesa Civil na região de fronteira, major do Corpo de Bombeiros Sandro, divulgou vídeo tranquilizando a população, ao mesmo tempo em que reforçou que as equipes seguem em prontidão, com apoio das prefeituras de Brasiléia e Epitaciolândia.

Em Rio Branco, no entanto, a situação exige mais atenção. Nas próximas 48 horas, o cenário pode demandar maior atuação das autoridades estaduais e municipais, já que foram registrados alagamentos em áreas mais baixas próximas ao Rio Acre, além de bairros e igarapés atingidos pelas águas da chuva.

Em Rio Branco, regiões como o Bairro da Base já foi alcançados pelas águas em alguns pontos deixando a dEfesa Civil em alerta – Foto ac24horas

Diante do quadro, o governador Gladson Cameli e a vice-governadora Mailza Assis se reuniram com secretários e técnicos para definir estratégias, alinhar ações e colocar em prática o Plano de Contingência, com foco em reduzir impactos e prestar assistência às famílias afetadas.

A reunião do Gabinete de Crise ocorreu na Secretaria de Estado da Casa Civil e contou com a participação de órgãos estaduais e instituições envolvidas direta ou indiretamente na gestão ambiental e de riscos, reforçando a articulação para enfrentar o período de chuvas intensas no Acre.

Governo do Acre reuniu pastas comprometidas com o plano de contigência para antecipar ações emergenciais. Foto: José Caminha/Secom

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Apenas Brasiléia e Rio Branco estão aptas a receber recursos do governo federal por estarem adimplentes no CAUC

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Dos 22 municípios do Acre, 20 estão impossibilitados de receberem recursos do governo federal por não cumprirem recomendações do Sistema de Informações sobre Requisitos Fiscais (CAUC).

Apenas Brasiléia e Rio Branco estão adimplentes com esse sistema, atendendo a todas as exigências legais para a celebração de convênios e o recebimento de transferências voluntárias de recursos da União.

Fruto de um trabalho técnico e bem elaborado, Brasiléia voltou a adimplência, depois de anos nessa batalha, o que deixou o prefeito Carlinhos do Pelado bastante animado. “Fechar o ano com o município totalmente regular no CAUC, além de conquistar o Selo Ouro de Transparência e uma certificação nacional em governança, demonstra que estamos no caminho certo. Isso é fruto de muito trabalho, organização e compromisso da nossa equipe com o dinheiro público e com a população de Brasiléia”, afirmou o gestor.

O CAUC é um sistema informatizado, de acesso público e atualização diária, que reúne informações sobre o cumprimento de requisitos fiscais necessários para que estados e municípios possam receber transferências voluntárias da União. Ele consolida dados financeiros, contábeis e fiscais em um único documento, facilitando a verificação da regularidade dos entes federativos.

Entre os pontos avaliados estão o cumprimento dos limites constitucionais e legais, as obrigações de transparência, o adimplemento na prestação de contas de convênios e a regularidade financeira, regularidade no pagamento de precatórios, transparência da execução orçamentária, adoção do SIAFIC, aplicação correta dos recursos do Fundeb do município, dentre outros.

A regularidade no CAUC garante que os municípios continuem aptos a captar recursos, firmar parcerias e investir em áreas essenciais como saúde, educação, infraestrutura e assistência social. É um trabalho contínuo, que exige atenção diária e integração entre as secretarias em favor da gestão como um todo.

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Polícia Civil prende dois suspeitos pela morte do jornalista Moisés Alencastro em Rio Branco

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Primeiro a ser detido foi Antônio de Souza Morais, de 22 anos, estava escondido em uma área de mata na região do Eldorado, nas proximidades do bairro Quixadá.

Crime ocorrido no fim de semana teve repercussão estadual; polícia aponta motivação passional e segue investigando a dinâmica do assassinato

A Polícia Civil do Acre prendeu os dois principais suspeitos envolvidos no assassinato do ativista cultural e jornalista Moisés Alencastro, encontrado morto em seu apartamento na noite da última segunda-feira (22), em Rio Branco. O crime ocorreu no domingo (21), mas só foi descoberto após uma amiga registrar boletim de ocorrência informando o desaparecimento da vítima.

Moisés Alencastro foi encontrado morto na segunda-feira (22) no apartamento onde morava — Foto: Arquivo pessoal

Diante da ausência de contato, amigos foram até o imóvel, arrombaram a porta e encontraram Moisés deitado sobre a cama, já sem vida. A cena apresentava sinais claros de violência, levantando de imediato a suspeita de homicídio.

Durante as diligências iniciais, a Polícia Civil localizou o veículo da vítima abandonado no bairro São Francisco, na parte alta da capital, o que reforçou as investigações e auxiliou na identificação dos envolvidos.

No início da semana, a polícia deteve o primeiro suspeito, na casa de quem foram encontrados objetos pessoais pertencentes à vítima. O nome não foi divulgado para não comprometer o andamento do inquérito.

Na madrugada desta quinta-feira (25), Antônio de Souza Morais, de 22 anos, se entregou à polícia após ter a prisão decretada. Ele estava escondido em uma área de mata entre os bairros Eldorado e Quixadá, conforme denúncias recebidas pelos investigadores. Antônio teria confessado a autoria do crime, mas os detalhes ainda não foram tornados públicos.

Ainda nesta quinta-feira, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) prendeu o segundo suspeito, Nataniel Oliveira de Lima, em uma residência localizada na Rua Sete de Setembro, no bairro Eldorado.

Ainda nesta quinta-feira, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) prendeu o segundo suspeito, Nataniel Oliveira de Lima, em uma residência localizada na Rua Sete de Setembro, no bairro Eldorado. A prisão foi realizada após análise da perícia, que apontava a participação de mais de uma pessoa na dinâmica do crime.

Segundo a Polícia Civil, a principal linha de investigação indica que o homicídio pode ter sido motivado por razões passionais. As investigações seguem em andamento para esclarecer completamente as circunstâncias do assassinato e a participação individual de cada suspeito.

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