Brasil
Oposição e Cunha aprovam chapa anti-Dilma para comissão do impeachment
Da Folha
Depois de muita confusão, quebra de urnas e embate físico entre deputados, o plenário da Câmara aplicou na noite desta terça-feira (8) uma derrota ao governo e aprovou uma chapa majoritariamente contrária a Dilma Rousseff para compor a comissão especial que irá analisar o pedido de impeachment da presidente da República.
A chapa oposicionista foi aprovada por 272 votos contra 199 de deputados que optaram pela composição governista, com integrantes indicados pelos principais líderes de partidos aliados a Dilma.
Com isso, caso não haja nenhuma decisão do Supremo Tribunal Federal no sentido de anular a votação (o PT falou que vai recorrer à Corte), a comissão especial que analisará o pedido de impedimento de Dilma terá pelo menos 39 de seus 65 integrantes já manifestamente favoráveis ao impeachment.
Os outros 26 nomes serão eleitos nesta quarta (9), por indicação dos partidos derrotados nesta terça, entre eles o PT.
A votação desta terça representa um duro golpe no governo, já que mostra que a maioria do plenário quer a saída da presidente Dilma do cargo.
Mas além de a votação secreta dar margem a traições que podem não se repetir em uma votação aberta, a oposição e os dissidentes precisam de mais 70 votos para conseguir o mínimo necessário (342) para abrir o processo de impeachment e afastar a petista.
RELÂMPAGO
Desafeto do governo e responsável por deflagrar o processo, Cunha iniciou rapidamente a votação, sem aceitar questionamentos dos governistas pelo fato de ter decidido pelo escrutínio secreto.
Partidários de Dilma ingressaram no Supremo Tribunal Federal para questionar o sigilo definido por Cunha e queriam que o presidente da Câmara esperasse uma definição da corte.
Com a recusa do peemedebista, deputados do PT e de partidos aliados se colocaram então em frente às 14 cabines instaladas no plenário para tentar evitar que os demais deputados votassem. Isso causou um grande tumulto no plenário, com quebra de urnas e embate físico entre deputados.
O deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP) trocou ofensas com Jorge Solla (PT-BA), que obstruía a entrada de uma das urnas. José Carlos Aleluia (DEM-BA) tentou entrar a força em uma das cabines, mas não conseguiu.
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) foi tirado a força por oposicionistas de dentro de uma delas.
A sessão chegou a ser suspensa por Cunha, mas foi retomada minutos depois. O governo e o PT novamente acusaram Cunha de manobrar para aprovar o impeachment de Dilma.
A comissão especial deve ser instalada na próxima semana. Caso não haja interferência do STF, seu presidente e relator devem ser contrários a Dilma. O prazo para que o plenário da Câmara decida sobre se abre ou não o processo de impeachment se encerrará em janeiro, caso o Congresso suspenda o recesso, ou em fevereiro ou março, caso os parlamentares decidam entrar de férias a partir do próximo dia 23.
CHAPAS
Governistas disputavam com uma chapa com 47 nomes. A oposição e dissidentes da base reuniram 39 deputados.
O receio do Palácio do Planalto era que, em uma escolha secreta, a chapa oposicionista fosse eleita, o que acabou ocorrendo. Isso pode significar uma ameaça a Dilma Rousseff, já que a maioria dos integrantes do grupo vencedor é favorável ao afastamento da presidente.
Sob o mote “Unindo o Brasil”, a chapa da oposição e dos dissidentes reuniu 13 partidos –incluindo os dissidentes do PMDB de Michel Temer, que está rachado entre apoiar a petista e engrossar o “fora Dilma”.
Eleita a comissão, será realizada a sessão de instalação para eleição do presidente e do relator, ainda sem data marcada. Essa comissão apresentará um parecer pelo arquivamento do pedido ou pela abertura do processo de impeachment de Dilma.
Caso pelo menos 342 dos 512 deputados federais (o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, não vota) decida pela abertura do processo, o Senado o instala e Dilma é afastada. A conclusão desta análise pela Câmara deverá ser encerrada em janeiro, caso o Congresso suspenda o recesso, ou em fevereiro ou março, caso os congressistas entrem de férias a partir do dia 23.
Veja abaixo os integrantes das duas chapas.
OPOSIÇÃO
Confira os integrantes da chapa “Unindo o Brasil”, da oposição e de dissidentes da base governista, que venceu a eleição
PSDB
- Carlos Sampaio (SP)
- Bruno Covas (SP)
- Nilson Leitão (MT)
- Valdir Rossoni (PR)
- Shéridan Oliveira (RR)
- Paulo Abi-Ackel (MG)
DEM
- Mendonça Filho (PE)
- Rodrigo Maia (RJ)
PPS
- Alex Manente (SP)
PSB
- Fernando Coelho (PE)
- Bebeto Galvão (BA)
- Danilo Forte (CE)
- Tadeu Alencar (PE)
PSD
- Sóstenes Cavalcante (RJ)
- Evandro Roman (PR)
- João Rodrigues (SC)
- Delegado Éder Mauro (PA)
PMB
- Major Olimpio (SP)
PMDB
- Osmar Terra (RS)
- Lúcio Vieira Lima (BA)
- Lelo Coimbra (ES)
- Carlos Marun (MS)
- Manoel Júnior (PB)
- Osmar Serraglio (PR)
- Mauro Mariani (SC)
- Flaviano Melo (AC)
PEN
- André Fufuca (MA)
PHC
- Kaio Maniçoba (PE)
PP
- Jair Bolsonaro (RJ)
- Jerônimo Goergen (RS)
- Odelmo Leão (MG)
- Luís Carlos Heinze (RS)
SOLIDARIEDADE
- Paulinho da Força (SP)
- Fernando Francischini (PR)
PTB
- Benito Gama (BA)
- Ronaldo Nogueira (RS)
- Sérgio Moraes (RS)
PSC
- Eduardo Bolsonaro (SP)
- Marco Feliciano (SP)
GOVERNISTAS
Confira a chapa que perdeu a eleição
PT
- Arlindo Chinaglia (SP)
- Henrique Fontana (RS)
- José Guimarães (CE)
- José Mentor (SP)
- Paulo Teixeira (SP)
- Sibá Machado (SP)
- Vicente Cândido (SP)
- Wadih Damous (RJ)
PMDB
- Celso Maldaner (SC)
- Daniel Vilela (GO)
- Hildo Rocha (MA)
- João Arruda (PR)
- José Priante (PA)
- Leonardo Picciani (RJ)
- Rodrigo Pacheco (MG)
- Washington Reis (RJ)
PTB
- Cristiane Brasil (RJ)
- Pedro Fernandes (MA)
- Zeca Cavalcanti (PE)
PP
- Eduardo da Fonte (PE)
- Fernando Monteiro (PE)
- Iracema Portella (PI)
- Roberto Britto (BA)
PMN
- Antônio Jácome (RN)
PTN
- João Bacelar (BA)
PRB
- Jhonatan de Jesus (RR)
- Vinicius Carvalho (SP)
PEN
- Junior Marreca (MA)
PR
- Aelton Freitas (MG)
- Lúcio Vale (PA)
- Marcio Alvino (SP)
- Maurício Quintella (AL)
PSD
- Diego Andrade (MG)
- Irajá Abreu (TO)
- Júlio César (PI)
- Paulo Magalhães (BA)
PROS
- Givaldo Carimbão (AL)
- Hugo Leal (RJ)
PV
- Sarney Filho (MA)
PDT
- Afonso Motta (RS)
- Dagoberto (MS)
PSOL
- Ivan Valente (SP)
PCdoB
- Jandira Feghalli (RJ)
PTC
- Uldurico Júnior (BA)
PTdoB
- Sílvio Costa (PE)
PMB
- Valtenir Pereira (MT)
REDE
- Alessandro Molon (RJ)
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Brasil
Polícia Federal apreende 613 kg de cocaína em galpão de empresa de fachada em Blumenau
Droga estava escondida em bunker subterrâneo e seria enviada à Europa; um homem foi preso e investigação aponta ligação com cidadãos britânicos procurados internacionalmente

Cocaína estava armazenada em um bunker de empresa de fachada em Blumenau. Fot: captada
A Polícia Federal (PF) apreendeu 613 quilos de cocaína durante uma operação de combate ao tráfico internacional de drogas em Blumenau, no Vale do Itajaí (SC). A ação contou com apoio da Polícia Militar de Santa Catarina e resultou na prisão de um homem suspeito de integrar a organização criminosa.
A droga estava escondida em um bunker no subsolo de um galpão pertencente a uma empresa de exportação de ligas metálicas, que funcionava como fachada para o esquema. Segundo as investigações, o local era usado para o preparo e armazenamento da cocaína antes do envio para a Europa.
Durante a operação, a PF também cumpriu um mandado de busca em um endereço residencial em Florianópolis ligado ao suspeito, onde foram apreendidos veículos, embarcações, joias e documentos. O inquérito aponta a existência de uma estrutura criminosa internacional com base em Santa Catarina, que contava com suporte logístico de brasileiros e liderança de cidadãos britânicos com histórico de tráfico na Inglaterra e procurados internacionalmente.
A investigação continua para identificar outros integrantes do esquema, que já tinha rotas estabelecidas para o narcotráfico transatlântico.
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Exame toxicológico para primeira CNH é vetado pelo governo federal
Medida que exigia resultado negativo para condutores de motos e carros foi rejeitada com argumento de aumento de custos e risco de mais pessoas dirigirem sem habilitação; novas regras do Contran para tirar CNH sem autoescola, no entanto, podem alterar contexto

Na justificativa do veto, o governo argumentou que a exigência aumentaria os custos para tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e poderia influenciar na decisão de mais pessoas dirigirem sem habilitação. Foto: captada
O governo federal vetou a exigência de exame toxicológico para obter a primeira habilitação nas categorias A (motos) e B (carros de passeio). A medida, que seria incluída no Código de Trânsito Brasileiro, foi rejeitada com a justificativa de que aumentaria os custos para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e poderia incentivar mais pessoas a dirigirem sem a documentação obrigatória.
O veto, no entanto, pode ter perdido parte de sua sustentação após o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) editar resolução que permite a retirada da CNH sem a obrigatoriedade de cursar autoescola, reduzindo significativamente o custo total do processo de habilitação.
Outro ponto do projeto que virou lei, e também relacionado aos exames toxicológicos, permite que clínicas médicas de aptidão física e mental instalem postos de coleta laboratorial em suas dependências — desde que contratem um laboratório credenciado pela Senatran para realizar o exame. O governo também vetou esse artigo, alegando riscos à cadeia de custódia do material, o que poderia comprometer a confiabilidade dos resultados e facilitar a venda casada de serviços(exame físico e toxicológico no mesmo local).
As decisões refletem um debate entre a busca por maior segurança no trânsito — com a triagem de possíveis usuários de substâncias psicoativas — e o impacto financeiro e logístico das novas exigências para os futuros condutores.
Assinatura eletrônica
O terceiro item a ser incluído na lei é o que permite o uso de assinatura eletrônica avançada em contratos de compra e venda de veículos, contanto que a plataforma de assinatura seja homologada pela Senatran ou pelos Detrans, conforme regulamentação do Contran.
A justificativa do governo para vetar o trecho foi que isso permitiria a fragmentação da infraestrutura de provedores de assinatura eletrônica, o que poderia gerar potencial insegurança jurídica diante da disparidade de sua aplicação perante diferentes entes federativos.
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Caixa de som que ficou três meses no mar é achada intacta e funcionando no litoral gaúcho
Equipamento JBL, resistente à água, foi encontrado na Praia do Hermenegildo após provavelmente cair de um navio a 300 km dali; aparelho ligou normalmente

A caixa de som, projetada para ser resistente à água, sobreviveu à corrosão salina por todo esse período. Ao ser ligada, o equipamento funcionou normalmente. Foto: captada
Uma caixa de som à prova d’água da marca JBL passou cerca de três meses no mar e foi encontrada intacta e ainda funcionando na Praia do Hermenegildo, no extremo sul do estado. A descoberta foi feita por um morador que passeava de quadriciclo na orla na última segunda-feira (30) e avistou o equipamento entre algas e areia.
Acredita-se que a caixa tenha caído de um container durante um transporte marítimo em agosto, próximo à Praia de São José do Norte, a cerca de 300 quilômetros dali. Apesar do longo período submerso e da exposição à água salgada, que acelera a corrosão, o aparelho resistiu e ligou normalmente quando testado.
O caso chamou atenção pela durabilidade do produto, projetado para ser resistente à água, e pela jornada incomum — percorrer centenas de quilômetros à deriva no oceano e ainda chegar em condições de uso à costa gaúcha. A situação virou uma curiosidade local e um exemplo inusitado de “sobrevivência” tecnológica.


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