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O elo entre inflamação e autismo: a importância do diHETrE

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição complexa que intriga a comunidade científica há décadas. A busca por suas causas e mecanismos subjacentes tem sido incessante, e um estudo recente da Cohorte de Nascimento de Hamamatsu para Mães e Crianças (HBC) no Japão revoluciona com a afirmação sobre um potencial biomarcador: o dihidroxi-eicosatrienoato (diHETrE), um metabólito do ácido araquidônico com propriedades pró-inflamatórias.
A pesquisa demonstrou uma associação significativa entre níveis elevados de diHETrE no sangue do cordão umbilical e a gravidade dos sintomas de TEA em crianças, particularmente em meninas. O estudo também revelou uma correlação entre níveis mais altos de 11,12-diHETrE e dificuldades de adaptação social, sugerindo que a inflamação pode desempenhar um papel crucial na fisiopatologia do TEA.
Comentário do Dr. Fabiano de Abreu Agrela, diretor do projeto RG-TEA para autistas:
“Esses achados são promissores e reforçam a crescente evidência que aponta para a importância da neuroinflamação no desenvolvimento do TEA. O diHETrE, como um metabólito inflamatório, pode ser um elo crucial na complexa cadeia de eventos que levam ao surgimento dos sintomas do transtorno. A identificação de biomarcadores precoces, como o diHETrE, abre portas para a prevenção e o tratamento personalizado do TEA, permitindo a intervenção em fases críticas do desenvolvimento neurológico.”
No entanto, o Dr. Abreu ressalta a necessidade de mais pesquisas para elucidar os mecanismos precisos envolvidos na relação entre a inflamação, o diHETrE e o TEA. “A epigenética, que estuda as modificações químicas no DNA que influenciam a expressão gênica, pode ser um fator chave nessa relação. A ativação imune materna durante a gravidez poderia levar a alterações epigenéticas no feto, afetando genes relacionados ao metabolismo lipídico e à resposta inflamatória, o que poderia influenciar os níveis de diHETrE e o risco de TEA. Essa é uma área promissora para futuras investigações.”
O Dr. Abreu também destaca a importância de considerar as diferenças de gênero na pesquisa sobre o TEA. “O estudo da Cohorte HBC revelou uma associação mais forte entre os níveis de diHETrE e os sintomas de TEA em meninas. Essa descoberta ressalta a necessidade de investigar as nuances de gênero na fisiopatologia do TEA, o que pode levar a abordagens terapêuticas mais eficazes e personalizadas.”
Em suma, o estudo da Cohorte HBC representa um avanço significativo na compreensão do TEA, destacando o papel da inflamação e do diHETrE na sua patogênese. No entanto, como ressalta o Dr. Abreu, mais pesquisas são necessárias para desvendar os mecanismos moleculares e epigenéticos envolvidos nessa complexa relação, abrindo caminho para novas estratégias de prevenção e tratamento que possam melhorar a qualidade de vida das pessoas com TEA.
Referências:
- Hirai T, Umeda N, Harada T, et al. Arachidonic acid-derived dihydroxy fatty acids in neonatal cord blood relate symptoms of autism spectrum disorders and social adaptive functioning: Hamamatsu Birth Cohort for Mothers and Children (HBC Study). Psychiatry Clin Neurosci. 2024;00:1–9. https:/
/doi.org/10.1111/pcn.13710
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Papa Leão XIV divulga nova orientação para sexo no casamento

Papa Leão na FAO em Roma • 16/10/2025 REUTERS/Remo Casilli
Em um novo decreto assinado pelo papa Leão XIV, o Vaticano divulgou orientações para fiéis sobre a prática sexual no casamento, reconhecendo que o sexo não se limita apenas à procriação, mas contribui para “enriquecer e fortalecer” a “união exclusiva do matrimônio”.
A questão está intimamente ligada à finalidade unitiva da sexualidade, que não se limita a assegurar a procriação, mas contribui para enriquecer e fortalecer a união única e exclusiva e o sentimento de pertencimento mútuo.
O documento assinado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé cita o Código de Direito Canônico e diz que uma visão integral da caridade conjugal é aquela que “não nega sua fecundidade”, ainda que deva “naturalmente permanecer aberta à comunicação de vida”.
O texto também prevê o conceito de consentimento livre” e “pertencimento mútuo”, assegurando a mesma dignidade e direitos ao casal.
“Um cônjuge é suficiente”
No decreto publicano em italiano, o Vaticano orientou 1,4 bilhão de católicos do mundo a buscarem o casamento com uma única pessoa para a vida toda e a não manterem relações sexuais múltiplas, estabelecendo que o casamento é um vínculo perpétuo e “exclusivo”.
Criticando a prática da poligamia na África, inclusive entre membros da Igreja, o decreto reiterou a crença de que o casamento é um compromisso para toda a vida entre um homem e uma mulher.
“Sobre a unidade do matrimônio – o matrimônio entendido, isto é, como uma união única e exclusiva entre um homem e uma mulher – encontra-se, ao contrário, um desenvolvimento de reflexão menos extenso do que sobre o tema da indissolubilidade, tanto no Magistério quanto nos manuais dedicados ao assunto”, diz o documento.
“Embora cada união conjugal seja uma realidade única, encarnada dentro das limitações humanas, todo matrimônio autêntico é uma unidade composta por duas pessoas, que requer uma relação tão íntima e abrangente que não pode ser compartilhada com outros”, enfatizou a Santa Sé.
Fonte: CNN
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PF afasta delegado e policial em operação contra esquema de ouro ilegal no Amapá
Operação Cartucho de Midas apreende mais de R$ 1 milhão, € 25 mil e prende suspeito com arma restrita; movimentações acima de R$ 4,5 milhões reforçam indícios de lavagem de dinheiro.

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Roraima suspende novas licenças para extração de ouro após recomendação do MPF
Medida vale por prazo indeterminado e ocorre diante do uso ilegal de mercúrio em garimpos, inclusive licenciados; Femarh terá de revisar autorizações já emitidas.

No mês de fevereiro deste ano, o Estado do Amazonas exportou US$ 11 milhões em ouro para a Alemanha. (Foto: Shuttestock)
Atendendo a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (Femarh) suspendeu, por prazo indeterminado, a emissão de novas licenças ambientais para extração de ouro em todo o estado. A decisão decorre de um inquérito civil que apura os impactos socioambientais do uso de mercúrio no garimpo na Amazônia.
Segundo o MPF, o mercúrio — substância altamente tóxica — vem sendo empregado inclusive em garimpos com licença ambiental, sem fiscalização adequada sobre o método de beneficiamento do minério. O órgão ressalta que todo o mercúrio utilizado nessas atividades é ilegal, uma vez que o Ibama não autoriza sua importação para fins minerários.
A recomendação determina que a Femarh passe a exigir dos empreendimentos a especificação da técnica de separação do ouro e documentos que comprovem o uso de tecnologia apropriada. Também orienta a revisão das licenças já concedidas e a suspensão daquelas que mencionem o uso do metal tóxico.
Em nota, a Femarh informou que não autorizará novas atividades de extração enquanto não houver estudos técnicos que garantam métodos alternativos ao uso do mercúrio.

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