Acre
Novos geoglifos são encontrados em área de floresta na Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre
O extrativista Francisco da Silva. Ele disse que já viu um estrutura semelhante dentro da floresta. Dessa vez, acompanhado por pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac), ele mostra o caminho.
Geoglifos em forma de círculo foram achados em outubro do ano passado. Pesquisadores acreditam que áreas foram construídas por antigas aldeias fortificadas.

Novos geoglifos são encontrados em área de floresta na Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)
Com Jefson Dourado, Rede Amazônia, Rio Branco
O desmatamento da Amazônia acabou revelando segredos que a floresta escondeu durante séculos. São estruturas escavadas no chão com formas geométricas que surpreendem pela precisão: os chamados geoglifos.
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As mais novas descobertas ocorreram em outubro do ano passado em uma área de floresta na reserva extrativista Chico Mendes, no interior do Acre.
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O Acre é o estado com o maior número de geoglifos, um total de 523. Os dois encontrados por último têm forma de círculo e um deles tem 90 metros de diâmetro.
Comparando a parte mais profunda do círculo com o lado mais alto desse geoglifo, dá aproximadamente quatro metros. Outra coisa que impressiona é a largura da escavação, já que, de uma ponta a outra, são 11 metros.
“Entre o território do Acre, Amazonas e Rondônia e também do país vizinho, Bolívia, nós temos mais de 800 estruturas já identificadas. Um número que continua crescendo”, afirmou a doutora em arqueologia Ivandra Rampanelli.
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido, descobriu 81 sítios arqueológicos também no Mato Grosso. Nas escavações foram encontrados vestígios de cerâmicas, ferramentas e um tipo de solo fértil produzido por humanos.
O doutor em arqueologia Jonas Gregório de Souza afirmou que as escavações eram compostas por valetas – vala para escoamento das águas – e também possuíam estruturas como paliçadas de madeira – conjunto de estacas de madeira fincadas verticalmente no terreno.
“Acreditamos que essas eram antigas aldeias fortificadas. A valeta servia como uma função defensiva. Elas possivelmente eram acompanhadas de estruturas como paliçadas de madeira”, disse Souza.
Geoglifos podem ter sido contruídos para rituais
Os pesquisadores que estiveram em Mato Grosso foram conhecer de perto os geoglifos do Acre.
“Os sítios do Acre são geometricamente mais simétricos e perfeitos, são mais complexas as formas. E, ao contrário dos sítios do Mato Grosso, eles não têm evidências de habitação. Então, atualmente, os arqueólogos interpretam os geoglifos do Acre como sítios rituais, que eram construídos para cerimônias”, disse o arqueólogo.
Mark Robinson é um arqueólogo inglês que trabalhou mais de 10 anos no México pesquisando o povo Maia.
Ele disse que está impressionado não só com o tamanho de cada estrutura, mas também com a grande quantidade no Acre. Por isso, é possível acreditar que estavam conectadas de alguma forma.
Os pesquisadores acreditam que os povos que construíram esses sinais viveram na Amazônia entre o ano mil antes de cristo até a chegada dos portugueses em 1.500.
‘Ninguém sabia o significado’, diz extrativista
A estrutura encontrada recentemente no Acre fica na área onde mora a extrativista Nélida Maia da Silva. A família de extrativistas vive no local há 26 anos. “Há muito tempo meu pai percebeu isso aqui. Nós percebemos há muito tempo. Ninguém sabia o significado”, contou.
O marido dela é o extrativista Francisco da Silva. Ele disse que já viu um estrutura semelhante dentro da floresta. Dessa vez, acompanhado por pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac), ele mostra o caminho.

Um dos geoglifos achados pelos pesquisadores fica dentro de área de mata fechada na Reserva Extrativista Chico Mendes (Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre)
A equipe de reportagem acompanhou o percurso e, depois de 25 minutos de caminhada, chegou ao destino e os pesquisadores encontraram o primeiro geoglifo dentro da floresta.
Questionado sobre como soube que a escavação era um geoglifo, o extrativista disse que comparou com o que já conhecia. “Porque nós tinha (sic) o conhecimento com o de lá. Aí nós, quebrando castanha, passamos aqui e percebemos que era semelhante com o de lá. Aí eu vim verificar mesmo e era”, contou.
A doutora em arqueologia e pesquisadora Ivandra Rampanelli percorreu toda a área com um GPS. A estrutura é circular, com 75 metros de diâmetro e uma área de mais de dois mil metros quadrados e está coberta por árvores centenárias.
“Tudo que a gente encontrar aqui, a gente acredita que ele pode estar muito melhor preservado do que em áreas que já estão desmatadas e que geralmente hoje são constituídas de pasto para gado, lavouras e já foi muito degradado. Enfim, já foi muito degradado e esse aqui está muito bem preservado”, disse Ivandra.
População organizada e hierarquizada pode ter vivivo na área, crê pesquisador
Para os pesquisadores, os geoglifos ajudam a reescrever a história da região.
“A Amazônia era vista como um lugar inóspito. E os geoglifos, hoje, estão aqui e demonstram que não era um lugar inóspito e sim que poderia haver uma grande população, organizada e hierarquizada que vivia aqui”, destacou a pesquisadora.
Para o doutor em arqueologia Jonas Gregório, o mais importante é ver que a Amazônia foi capaz de sustentar populações grandes no passado. Segundo ele, a descoberta talvez seja uma lição para a humanidade e para um futuro sustentável da Amazônia.
“A Amazônia pôde se sustentar no passado com populações grandes, densas e permanente sem que houvesse o mesmo uso da terra que a gente vê hoje em dia, com desmatamento, agricultura mecanizada. Quer dizer, há outras formas mais sustentáveis talvez de se utilizar a floresta”, afirmou.
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Acre
Governador pede doação de sangue após estoques do Hemoacre atingirem níveis críticos
Gladson Cameli fez apelo em vídeo nas redes sociais; com queda típica de fim de ano, centro de hemoterapia ajustou horário de atendimento para evitar desabastecimento

Nesta quinta-feira, 25, feriado de Natal, a unidade estará fechada. No entanto, o atendimento será retomado nos dias 26 e 27, das 7h às 18h. Foto: captada
O governador Gladson Cameli fez um apelo urgente à população para a doação de sangue, após os estoques do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Acre (Hemoacre) atingirem níveis críticos. O pedido foi divulgado em um vídeo publicado nas redes sociais nesta semana.
“Olá, população acreana. Eu, como governador e cidadão, venho em público fazer um pedido a cada um de vocês. No Hemoacre está muito baixo o estoque de sangue. Eu preciso da compreensão de todos e da solidariedade para que cada um de nós possa doar sangue para salvar vidas. Esse é o nosso compromisso”, afirmou Cameli.
Com a chegada do período de festas de fim de ano, o Hemoacre enfrenta uma redução significativa no número de doações – cenário que se repete anualmente, mesmo com a demanda hospitalar mantida em todo o estado.
Horário especial de atendimento:
Para minimizar o risco de desabastecimento, a unidade ajustou o funcionamento durante as festas:
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Quinta (25/12) – Natal: Fechado
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Sexta (26/12) e sábado (27/12): Atendimento das 7h às 18h
Como doar:
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Requisitos básicos: Estar em boas condições de saúde, ter entre 16 e 69 anos (menores de 18 precisam de autorização), pesar mais de 50 kg e apresentar documento oficial com foto.
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Local: Hemoacre, em Rio Branco, ou hemocentros regionais.
A diminuição de doadores em dezembro e janeiro é um problema crônico no país, agravado por viagens, festas e alteração na rotina. Um único doador pode salvar até quatro vidas.
Além do ajuste de horário, o Hemoacre estuda parcerias com empresas e igrejas para realizar mutirões de doação nas primeiras semanas de janeiro.
O tipo sanguíneo O negativo – doador universal – é o mais afetado pela escassez e o mais necessário em emergências e cirurgias.
Veja pedido do governado:
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Acre
Viagens intermunicipais e interestaduais caem 16,6% na rodoviária de Rio Branco em plena véspera de Natal
Terminal registrou pouco mais de 9,4 mil embarques, contra 11,3 mil no mesmo período de 2024; gestor aponta aumento de transporte irregular como possível causa da redução

O chefe da divisão explica que o maior volume de passageiros costuma se concentrar no período mais próximo do Natal e do Ano-Novo, quando a procura por viagens rodoviárias tende a crescer. Foto: captada
As viagens interestaduais e intermunicipais com saída da capital acreana registraram uma queda de 16,6% no movimento em comparação com o mesmo período de 2024. Os dados são da Rodoviária Internacional de Rio Branco e foram divulgados pela assessoria.
Números comparativos:
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Até 21/dez 2024: 11.342 embarques
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Até 21/dez 2025: 9.448 embarques
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Queda: 1.894 passageiros
Principais destinos:
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Intermunicipal: Cruzeiro do Sul (636 km de Rio Branco)
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Interestadual: Porto Velho (RO) – usada como conexão para outros estados
O chefe da Divisão de Terminais Rodoviários, Francisco Ribamar de Lima, avalia que a redução pode estar ligada ao aumento do transporte irregular, como táxi compartilhado e viagens não regulamentadas, que desviam passageiros do terminal oficial.
Tendência mensal:
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Novembro/2024: 13.140 embarques
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Novembro/2025: 11.546 embarques
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Queda no mês: 1.594 passageiros
Expectativa para o fim do ano:
Apesar da redução até agora, a procura deve crescer nas próximas hora, com o Natal e Ano-Novo, período tradicionalmente movimentado no transporte rodoviário. A queda reflete mudanças no comportamento do viajante acreano, que tem buscado alternativas informais, muitas vezes mais baratas ou diretas, em detrimento do transporte rodoviário regular.
A gestão do terminal avalia medidas para atrair passageiros, como melhoria nos serviços e campanhas de conscientização sobre os riscos do transporte irregular. Enquanto isso, a fiscalização sobre práticas informais pode ser intensificada.
A redução no movimento pode afetar diretamente a receita das empresas de ônibus e a geração de empregos no setor, sobretudo em um período que costuma ser de alta temporada.

De acordo com o chefe da Divisão de Terminais Rodoviários, o destino mais procurado pelos passageiros que viajam dentro do estado segue sendo Cruzeiro do Sul, localizado a cerca de 636 quilômetros de Rio Branco. Foto: captada
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Acre
Assis Brasil ultrapassa meta nacional de vacinação contra HPV, com 101% de cobertura em meninas
Município acreano lidera imunização no estado e supera índice de 90% preconizado pelo Ministério da Saúde; outros municípios, como Jordão, também registram bons resultados

O município de Assis Brasil alcançou índices destacados na vacinação contra o HPV em crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, ultrapassando a meta de 90% estabelecida pelo Ministério da Saúde. Dados parciais de 2025, referentes ao período de janeiro a outubro, apontam que o município atingiu 101,99% de cobertura no público feminino e 91,36% no masculino.
Desempenho no Acre:
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Assis Brasil: 101,99% (meninas) e 91,36% (meninos)
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Jordão: 91,76% (meninas) e 84,70% (meninos)
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Porto Walter: 82,52% (meninas) e 73,34% (meninos)
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Média estadual: 56,16% (meninas) e 47,66% (meninos) – abaixo da meta nacional
Estratégias de sucesso:
O resultado positivo é atribuído a ações de fortalecimento do PNI, como busca ativa de não vacinados, ampliação do acesso às salas de vacina e campanhas de conscientização sobre a importância da imunização.
A vacina contra o HPV é oferecida gratuitamente pelo SUS e previne infecções pelo papilomavírus humano, associado a cânceres do colo do útero, pênis, boca e garganta. A imunização completa requer duas doses com intervalo de seis meses.
As informações foram coletadas pelo Ministério da Saúde por meio da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) e estão disponíveis na plataforma SEIDIGI/DEMAS Vacinação HPV.
Embora alguns municípios tenham desempenho exemplar, a média estadual ainda preocupa. A Secretaria de Saúde do Acre deve reforçar estratégias regionais para elevar a cobertura, especialmente entre meninos, que historicamente têm índices mais baixos.
A cobertura acima de 100% em Assis Brasil pode ser explicada pela vacinação de adolescentes de fora do município ou por registros de doses aplicadas em anos anteriores no sistema atual, fenômeno comum em campanhas intensivas.

No comparativo estadual, Assis Brasil figura entre os municípios com melhor desempenho na imunização contra o HPV no Acre. Fot: captada

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