Cotidiano
No 1º ano de Bolsonaro, China vai de ameaça comunista a aliada estratégica
País consolidou-se como principal parceiro do Brasil e prometeu investimentos bilionários
O vice-presidente do Parlamento chinês, Ji Bingxuan, chegou às 11 horas ao gabinete da Vice-Presidência da República do Brasil no dia 2 de janeiro de 2019.
O presidente Jair Bolsonaro havia tomado posse no dia anterior, mas os chineses estavam havia meses receosos sobre qual posição as novas autoridades em Brasília adotariam na relação bilateral.
Havia razões de sobra para desconfianças: em março de 2018, enquanto ainda era pré-candidato, Bolsonaro visitou Taiwan, ilha considerada rebelde por Pequim.
Poucos meses depois, na reta final da campanha, ele declarou que a China estava “comprando o Brasil”.
O chanceler escolhido, Ernesto Araújo, já sinalizava com uma política externa alinhada aos EUA, o principal antagonista da China na arena global.
Um ano depois, o clima de suspeitas na relação com os chineses parece ter ficado para trás.
Não só Pequim consolidou sua posição de principal parceiro comercial do Brasil, como o regime liderado por Xi Jinping prometeu novos investimentos bilionários no país.
Diplomatas ouvidos pela Folha avaliam que a transformação da China de ameaça comunista em aliada estratégica do governo Bolsonaro se deve a uma conjunção de fatores.
Entre eles, estão a formação de uma frente pragmática no governo que assumiu as rédeas das conversas com os chineses, isolando setores mais ideológicos; os interesses de segmentos exportadores, principalmente o agronegócio; a ação da diplomacia de Pequim; e o próprio tamanho do intercâmbio comercial entre os dois países —foram US$ 57,6 bilhões (R$ 236 bilhões) exportados de janeiro a novembro, com superávit de US$ 25 bilhões (R$ 102 bilhões) para o Brasil.
“Eu fico muito aliviado. Acho que a relação Brasil-China é um raro exemplo de êxito da atual política externa”, avalia o embaixador aposentado Roberto Abdenur, que chefiou a missão brasileira em Pequim de 1989 a 1993.
“Política externa não se faz com alinhamentos, mas com parcerias. O que temos com a China é uma parceria, enquanto o que temos com os EUA é um alinhamento.”
Mais do que sondar o terreno, Ji Bingxuan apresentou um projeto concreto ao vice-presidente Hamilton Mourão naquele encontro logo no segundo dia do governo.
Ele propôs que fossem retomadas o mais rapidamente possível as atividades da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação), fórum de cooperação bilateral que estava desativado desde 2015. Mourão comprou a ideia.
Se em um primeiro momento Mourão foi procurado pelos chineses por liderar o lado brasileiro da Cosban, não demorou para que os diplomatas do país asiático se dessem conta de que era na Vice-Presidência (e não no Itamaraty) onde havia espaço para transmitir sem ruídos a mensagem de Xi Jinping a Bolsonaro: de que a China reconhecia no Brasil seu principal parceiro na América Latina e que havia margem até para ampliar os investimentos, desde que empresas e agentes chineses não fossem prejudicados pelo alinhamento com as posições de Donald Trump.
O longo percurso da normalização das relações bilaterais, porém, não transcorreu sem sobressaltos.
Ainda nos primeiros meses do governo, declarações de Ernesto foram mal recebidas em Pequim —como quando disse que política externa não pode ser reduzida a uma questão comercial.
“Nós queremos vender, por exemplo, soja, minério de ferro, mas nós não vamos vender a nossa alma”, disse o ministro, em maio, em uma palestra a jovens diplomatas, na qual a mensagem foi lida como uma referência à China.
Em outro trecho da sua conferência, Ernesto falou que os anos em que a China assumiu o posto de principal parceiro comercial do Brasil coincidiram com um “período de estagnação” do país.
Procurado, o Itamaraty disse que não é verdade que a política externa brasileira tenha um viés anti-China.
O objetivo das colocações do ministro ao longo deste ano, para a chancelaria, foi sempre no sentido de encontrar um equilíbrio nas relações do Brasil com a China e com outro parceiro estratégico, os EUA.
“A relação com a China vinha bem estruturada de outros governos, e o mesmo não ocorria com os EUA. O objetivo da política externa brasileira é reequilibrar essa relação e resgatar a relevância da parceria Brasil-EUA, com especial destaque para valores compartilhados como democracia e direitos humanos.”
Para o embaixador Luiz Augusto de Castro Neves, presidente do CEBC (Conselho Empresarial Brasil-China), as declarações de Ernesto sobre a China e sobre a disputa geopolítica entre Pequim e Washington não afetaram o lado prático da parceria comercial do Brasil com o gigante asiático.
“Eu não notei no Itamaraty ou em outros órgãos da administração nada senão um enfoque prático em relação à China. Eles são nossos maiores parceiros comerciais e, em termo de fluxo nos últimos anos, são os principais investidores externos no Brasil”, diz o embaixador, que já chefiou a missão em Pequim.
Além da relevância da China para as exportações brasileiras, interlocutores consultados pela Folha dizem acreditar que a diplomacia chinesa foi hábil em evitar nos últimos meses confrontos com Bolsonaro que pudessem colocar em perigo todos os esforços de aproximação.
Ao contrário de países europeus, a China se absteve de criticar o Brasil durante a crise das queimadas na Amazônia, o que foi visto com bons olhos pelo presidente.
Os chineses conseguiram superar os últimos resquícios de resistência de Bolsonaro com a visita do mandatário a Pequim em outubro; e poucas semanas depois com a viagem de Xi Jinping a Brasília para a cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
O dirigente chinês concordou que duas petroleiras estatais do seu país participassem do megaleilão do pré-sal do início de novembro, o que evitou que a Petrobras fosse a única interessada no certame.
Durante a reunião do Brics, a China sinalizou que tem US$ 100 bilhões (R$ 410 bi) para aportar em uma nova rodada de investimentos no Brasil.
Embora bastante mais otimista do que no início do ano, o embaixador Abdenur diz ainda estar receoso com o futuro da parceria.
Ele cita, por exemplo, a disputa tecnológica entre EUA e China e as pressões de Washington para que o Brasil crie obstáculos para que a empresa Huawei possa vender equipamentos para o futuro mercado do 5G no país, o que, segundo ele, seria prejudicial para a agenda bilateral.
“Fico ainda com a pulga atrás da orelha porque o alinhamento com os EUA pode sempre causar alguma consequência na nossa relação com a China”, afirma.
A relação Brasil-China em números
US$ 57,6 bilhões
em exportações (jan-nov)
US$ 32,6 bilhões
em importações (jan-nov)
US$ 24,9 bilhões
é o saldo para o Brasil
US$ 79 bilhões
foi o investimento chinês no Brasil entre 2003 e o 2º semestre de 2019
Fonte: Ministério da Economia
Da desconfiança à parceria estratégica
DESCONFIANÇA
- Em março de 2018, Bolsonaro visitou Taiwan, ilha considerada rebelde por Pequim
- Em outubro, durante a campanha, Bolsonaro disse: “A China não compra no Brasil. A China está comprando o Brasil”
- Estratégia de alinhamento a Donald Trump preocupou os chineses, porque os EUA são seus principais antagonistas na arena global
- Em março de 2019, o ministro Ernesto Araújo disse que o Brasil quer vender soja e minério de ferro, “mas nós não vamos vender nossa alma”. A frase é uma referência à China, principal compradora desses produtos
A PARCERIA
- O vice-presidente Hamilton Mourão viajou à China em maio para a reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação, órgão que não se reunia desde 2015
- Agronegócio e a ministra Tereza Cristina fizeram pressão por uma relação Brasil-China baseada no pragmatismo
- Ao chegar à China em outubro, o presidente Bolsonaro disse que estava “num país capitalista”, o que foi lido como uma mensagem de aproximação
- O dirigente da China, Xi Jinping, aceitou que duas petroleiras chinesas participassem do megaleilão do pré-sal, evitando que não houvesse interesse de estrangeiros no certame
- Em outro gesto, a China sinalizou durante a reunião dos Brics que tem US$ 100 bilhões para uma nova rodada de investimentos no Brasil
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Diretoria do Galvez confirma as contratações de Marcos Júnior e Caíque

Foto arquivo pessoal: Marcos Júnior chega no Imperador como uma grande contratação
O presidente do Galvez, Igor Oliveira, confirmou nesta sexta, 26, as contratações do meia Marcos Júnior, ex-São Bernardo de São Paulo, e do atacante Caíque, ex-Humaitá. Os dois atletas devem desembarcar em Rio Branco na primeira semana de janeiro e são as últimas contratações antes do início do Campeonato Estadual.
“O Marcos Júnior fez a base no São Paulo e jogou na Ponte Preta. O Caíque vem do Amazonas e atuou no Rio Branco e no Humaitá”, declarou Igor Oliveira.
Dois períodos
O elenco do Galvez trabalha neste sábado, 27, em dois períodos no CT do Imperador. O técnico Maurício Carneiro começa a realizar trabalhos táticos e a meta é a montagem da equipe. O Imperador estreia no Estadual contra o São Francisco, no dia 13 de janeiro, na Arena da Floresta.
Amistoso na terça
Depois de enfrentar o Independência, o Galvez fará o segundo amistoso visando o Campeonato Estadual na terça. 30, contra o Vasco, na Fazendinha.
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Diretoria do Rio Branco acerta o retorno do atacante Raphael

Foto Sueli Rodrigues: Raphael disputou o Estadual Sub-20 pelo Estrelão
O atacante Raphael, um dos destaques da equipe Sub-20, seguirá no Rio Branco para a disputa do Campeonato Estadual 2026. O atleta desembarca na capital acreana no próximo dia 8 para ser integrado ao restante do elenco.
“Voltar ao Rio Branco para atuar no profissional é uma grande oportunidade. Sabemos das metas do clubes e vou tentar ajudar marcando muitos gols”, declarou Raphael.
Segue com preparação
O elenco do Rio Branco realizou nesta sexta, 26, mais um trabalho físico sob o comando do professor Selcimar Maciel. “Vamos aproveitar todos dias. Se tivermos um dia chuvoso, faremos trabalhos físicos na academia”, disse Selcimar Maciel.
1º Amistoso
O Rio Branco deve enfrentar o Santa Cruz no próximo dia 30, no CT do Cupuaçu, no primeiro amistoso da fase de preparação. O Estrelão joga contra o Vasco no sábado, 17 janeiro, no Tonicão, na estreia do Estadual 2026.
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Acre terá quase 30 dias de feriados e pontos facultativos em 2026

Os servidores do Poder Executivo do Acre terão, em 2026, um total de 26 dias de folga entre feriados nacionais, feriados estaduais e pontos facultativos. A distribuição dessas datas ao longo do ano possibilita períodos prolongados de descanso em diferentes meses, como janeiro, fevereiro, abril, maio, setembro, novembro e dezembro.
O calendário foi definido em decreto do governo do Acre, publicado no Diário Oficial do Estado, na última segunda-feira, 22, que organiza o funcionamento dos órgãos públicos estaduais ao longo do próximo ano. Conforme o documento, apenas os serviços considerados essenciais devem manter funcionamento regular nas datas previstas como feriado ou ponto facultativo.
Apesar do grande número de dias de folga, alguns feriados cairão em finais de semana. O Dia Internacional da Mulher e a Proclamação da República, por exemplo, serão em um domingo.
Por outro lado, datas como o Dia do Trabalho, o Dia da Consciência Negra e o Natal coincidem com uma sexta-feira, favorecendo a formação de feriado prolongado.
No período do Carnaval, o governo estadual estabeleceu ponto facultativo por três dias consecutivos, segunda, terça e quarta-feira de Cinzas, impactando diretamente o funcionamento das repartições públicas e a rotina administrativa nesse intervalo.
Ao longo do ano, o calendário inclui datas como a Confraternização Universal, em 1º de janeiro, além de feriados estaduais tradicionais, como o Dia do Católico, o Dia do Evangélico, o Aniversário do Estado do Acre, o Tratado de Petrópolis e o Dia da Amazônia.
Também constam feriados nacionais como Tiradentes, Independência do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, Finados e Natal e pontos facultativos na véspera de Natal, no dia 24, feriado nacional no dia 25, e ponto facultativo na véspera de Ano Novo, no dia 31.


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