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MP recebe relatório de sindicância e vai apurar se houve responsabilidade de profissionais em morte de crianças no Acre

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Sindicância da Sesacre foi finalizada nessa quarta (20) e entregou relatório ao governo. Mães e pais foram chamados à Casa Civil para conversar com a equipe da Saúde, mas não tiveram acesso ao documento.

Doze crianças morreram com SRAG no Acre até o início de julho — Foto: Arquivo pessoal

Doze crianças morreram com SRAG no Acre até o início de julho — Foto: Arquivo pessoal

A Comissão de Sindicância da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), aberta para apurar a morte de crianças com síndrome respiratória, entregou o relatório final nessa quarta-feira (20) para o governo. Nesta quinta (21), os pais das crianças foram chamados à Casa Civil para serem informados oficialmente sobre a conclusão das apurações, porém, não tiveram acesso ao documento.

A Comissão de Sindicância Investigativa Temporária foi montada para apurar se houve negligência ou algum tipo de erro durante o atendimento aos pacientes. Essa é uma das acusações dos pais dos bebês. Um grupo de mães se juntou e pretende entrar na Justiça contra o estado, por entender que houve negligência no atendimento das vítimas.

Em comum, elas relatam que os bebês deram entrada em unidades de saúde da capital com sintomas gripais, logo o quadro deles agravou e não havia leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponível para internação.

A conclusão do relatório não foi divulgada pela equipe governamental, nem os pais tiveram acesso, contudo, a comissão recomendou que a conduta dos servidores envolvidos nos atendimentos das crianças seja apurada pelos órgãos de classe, como Conselho de Enfermagem, de Medicina e outros, além da abertura de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) na Sesacre contra esses servidores.

A comissão também entregou uma cópia do relatório para o Ministério Público do Acre (MP-AC) para que o órgão estadual adote providências no âmbito criminal. O secretário-chefe da Casa Civil, Jonathan Xavier Donadoni, falou que o Estado foi orientado a tomar providências com relação aos profissionais apontados no relatório.

“Ontem [quarta, 20] se encerrou a sindicância e que se apurou indícios, há indícios com relação à conduta de profissionais e se determinou, então, que o Estado tomasse providências. As providências foram todas, hoje [quinta, 21], encaminhadas aos órgãos de classe, ao Ministério Público e ao Estado”, resumiu.

O MP-AC confirmou o recebimento da cópia do relatório, que foi entregue por representantes da Casa Civil, da Sesacre e da Procuradoria-Geral do Estado (PGE-AC). O documento foi recebido pelo procurador de Justiça Francisco Maia Guedes, coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Criança e do Adolescente, e pelo promotor de Justiça Ocimar Sales Júnior, que atua na 1ª Promotoria de Justiça Especializada de Defesa da Saúde.

“Todos os elementos do relatório serão rigorosamente analisados pelo MP-AC, porém, não interferem na investigação que está em curso nas Promotorias de Justiça que possuem atribuição nas áreas da saúde e infância, e apura individualmente cada caso”, diz o comunicado.

Ainda segundo o secretário, a comissão orientou que os órgãos de classe responsabilizem e punam os profissionais, como médicos, enfermeiros e outros que participaram dos atendimentos, que participaram da assistência às crianças.

“[Pediram] o envio de cópia dessa sindicância aos órgãos de classe para que possam apurar a responsabilidade e punam profissionais médicos, enfermeiros e quem, eventualmente, teve responsabilidade nesse episódio e o encaminhamento de cópia desse processo de sindicância à comissão de processo administrativo disciplinar.

Sobre o processo administrativo disciplinar, Donadoni destacou que a apuração terá a mesma celeridade com a qual a Comissão de Sindicância Investigativa Temporária teve na investigação das mortes.

“Vamos adotar a mesma rapidez e celeridade com que adotamos na sindicância, tivemos aí um prazo médio de 40 a 45 dias para fechar essa sindicância e vamos adotar a mesma celeridade, respeitando o devido processo legal, mas a mesma celeridade para apurar a responsabilidade desses servidores que foram apontados no relatório final da sindicância”, argumentou.

As oitivas das mães iniciou no dia 21 de junho. A direção do Pronto Socorro de Rio Branco e também a direção do Hospital da Criança também foram ouvidas. Uma das mães ouvidas foi Joelma Dantas, mãe do pequeno Théo, que morreu no dia 7 de junho à espera de um leito de UTI no PS.

A servidora pública confirmou que os pais não receberam cópias da sindicância e foram apenas informados das providências que serão tomadas. Com essas medidas recomendas pela comissão, para Joelma, foram apontados culpados pela morte das crianças no relatório.

“Então, a gente entende que houve sim culpados e que eles têm esses nomes, mas não nos passaram agora por ser sigiloso e enviaram para o Ministério Público. Vamos solicitar que o MP nos encaminhe uma cópia dessa sindicância para a gente saber o nome dessas pessoas que contribuíram para a morte dos nossos filhos. Mas, houve sim culpados, tanto é que há uma cópia para o Ministério Público, uma cópia para os conselhos de classe e para a própria secretaria, para o setor de PAD para que sejam feitos os procedimentos disciplinares contra profissionais da casa, funcionários públicos que participaram desse infantícidio”, criticou.

Joelma afirmou que as mães ainda não sentem que a justiça pela morte das crianças está sendo feita. “A gente só vai poder dizer que houve justiça quando soubermos o nome de cada pessoa e saber que essas pessoas realmente foram punidas. Por enquanto, está havendo encaminhamentos e para a gente isso ainda não é suficiente. O suficiente é ver que cada pessoa que contribuiu para a morte de nossos filhos sejam punidas na forma da lei, com o rigor da lei”, concluiu.

No dia 17 de junho, as mães foram recebidas pelo governador Gladson Camelino Palácio Rio Branco. A reunião foi a portas fechadas apenas com as mães e alguns familiares das crianças. O governador pediu para falar com as mães e mostrar as ações que estão sendo feitas após os óbitos, além de mostrar solidariedade.

No encontro também foi informado a abertura da sindicância para apurar as mortes. A comissão é composta por profissionais do Departamento de Humanização, Ouvidoria e Setor Jurídico da Sesacre, além de psicólogos, médicos e enfermeiros.

A primeira fase ouviu três mães. A segunda fase ouviu funcionários, gestores, diretores e coordenadores das unidades de saúde onde as crianças foram atendidas.

O Acre registrou, até o início de julho, 12 mortes de crianças vítimas de Síndromes Respiratórias Graves (Srag). O Ministério Público Estadual (MP-AC) instaurou dois procedimentos para investigar as denúncias de pais que afirmaram ter ocorrido negligência no atendimento.

O último óbito foi uma bebê indígena de 1 ano, no município de Cruzeiro do Sul.A vítima era indígena e foi identificada como Rauani Kaxinawá.

No dia 20 de junho, algumas mães foram recebidas por dois promotores e mais servidores do Centro de Atendimento à Vítima (CAV). Além do MP, a Sesacre instaurou procedimento administrativo para apurar o caso e também um grupo de trabalho foi montado pela Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre (OAB-AC) para apurar as denúncias.

Comitê de acompanhamento

O governo publicou, no dia 15 de junho, o decreto 11.071 de criação do Comitê de Acompanhamento Especial das Síndromes Respiratórias (Caerp) no estado.

Esse aumento dos casos expôs a falta de estrutura dos hospitais para atender crianças, já que o PS é a referência para atendimentos graves na capital.

Pais das crianças que morreram com a doença acusam o estado de negligência e denunciam falta de estrutura e medicamentos nessas unidades. Por isso, no dia 10 de junho, o Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC) fez uma fiscalização no PS da capital.

Colaborou a repórter Consuela Gonzales, da Rede Amazônica Acre.

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Morador em situação de rua é esfaqueado no pescoço em Rio Branco

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Um homem de 50 anos, identificado como Edilmo Inácio Pereira, foi vítima de um ataque a faca na noite desta quinta-feira (25) no bairro 6 de Agosto, em Rio Branco. Ele caminhava pela Rua Seis de Agosto quando foi abordado por um homem armado com uma faca, que desferiu um golpe no pescoço da vítima.

Edilmo conseguiu caminhar até um posto de combustíveis próximo, onde desabou com intenso sangramento. O SAMU foi acionado e o levou ao Pronto-Socorro de Rio Branco, onde deu entrada em estado estável, mas com risco de agravamento.

A Polícia Militar esteve no local e iniciou as investigações, que agora seguem com a Polícia Civil, que busca identificar e prender o autor do crime.

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Acre deve arrecadar R$ 6,4 bilhões em impostos em 2025, aponta Impostômetro

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Valor representa 0,16% da arrecadação nacional e supera em R$ 500 milhões o total de 2024; até 25 de dezembro, contribuintes já pagaram R$ 6,3 bilhões

Em comparação até o fim de novembro de 2025, os recursos recolhidos por prefeituras, governo estadual e União somavam R$5,8 bilhões no estado. Foto: captada 

A arrecadação de impostos municipais, estaduais e federais no Acre deve alcançar cerca de R$ 6,4 bilhões em 2025, segundo estimativa do Impostômetro, ferramenta mantida pela Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). O valor corresponde a aproximadamente 0,16% de toda a arrecadação nacional.

Comparativo anual:
  • 2025 (previsão): R$ 6,4 bilhões

  • 2024 (realizado): R$ 5,9 bilhões

  • Até 25/12/2025: R$ 6,3 bilhões já arrecadados

  • Até novembro/2025: R$ 5,8 bilhões acumulados

Principais tributos pagos pelos acreanos:
  • Impostos sobre produção e circulação: ICMS e ISS

  • Tributos sobre renda: Imposto de Renda (pessoa física e jurídica)

  • Impostos sobre propriedade: IPTU e IPVA

  • Taxas de comércio exterior e outros encargos

Destinação dos recursos:

Os valores arrecadados são utilizados para:

  • Custeio da máquina pública (salários e manutenção)

  • Financiamento de obras e infraestrutura

  • Execução de programas governamentais

  • Pagamento de servidores públicos

  • Quitação de dívidas do estado e municípios

O crescimento da arrecadação reflete tanto a expansão da atividade econômica no estado quanto a melhoria na eficiência da cobrança tributária. Entretanto, especialistas alertam que o Acre continua com uma das menores participações na arrecadação nacional, refletindo suas limitações econômicas estruturais e baixa densidade populacional.

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Cânticos de fé e acolhimento transformam Natal de pacientes no PS

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Foto: Cedida

Corredores do Pronto-Socorro de Rio Branco foram tomados por um som diferente do habitual nesta quarta-feira (24). Em meio à rotina intensa da unidade, servidores se reuniram para realizar um cântico natalino, levando música, palavras de fé e gestos de acolhimento a pacientes e profissionais que permanecem em serviço durante a data.

A iniciativa, que já se tornou tradição, tem como propósito aproximar o verdadeiro significado do Natal de quem passa esse período longe de casa. Para muitos pacientes, a internação na véspera da data simboliza medo e solidão. Para os servidores, é o desafio de cumprir o dever de cuidar enquanto a família celebra à distância. O cântico surge, então, como um gesto simples, mas carregado de sensibilidade, capaz de aquecer corações e renovar esperanças.

Para o gerente de Assistência do Pronto-Socorro, Matheus Araújo, a ação representa uma forma de humanizar ainda mais o atendimento e fortalecer os vínculos dentro da unidade.

“O Natal fala sobre amor, cuidado e presença. Sabemos que muitos servidores passam essa data longe de suas famílias e que muitos pacientes gostariam de estar em casa. Esse momento é para lembrar a todos que eles não estão sozinhos, que aqui existe acolhimento, humanidade e compromisso com o cuidado”, destacou.

A programação percorreu diferentes setores do hospital e contou com a participação de servidores da gestão, do corpo de enfermagem, supervisores e colaboradores do Núcleo de Atendimento ao Servidor (NAST). A organização da ação é feita de forma voluntária e colaborativa, com recursos arrecadados entre os próprios profissionais, que se mobilizam todos os anos para tornar o momento possível.

Além do simbolismo, o cântico também revela o outro lado do cotidiano do pronto-socorro: o cuidado que vai além da técnica e alcança o emocional e o espiritual. Em um cenário marcado por desafios e dias difíceis, a iniciativa ajuda a reforçar para a população que, diariamente, a unidade trabalha com dedicação, empatia e compromisso com a vida.

A enfermeira emergencista Jonnyka Lima, que atua na linha de frente do atendimento, ressaltou o impacto do momento tanto para os pacientes quanto para os profissionais.

“Esse momento toca profundamente quem está aqui dentro. Para o paciente, é um alívio no coração; para nós, profissionais, é uma renovação de forças. Às vezes, tudo o que alguém precisa é ouvir uma música, uma palavra de carinho, sentir que não foi esquecido. O Natal nos lembra exatamente isso: cuidar do outro também é um ato de amor”, afirmou.

Após a apresentação, as reações falavam por si. Olhares emocionados, sorrisos tímidos, lágrimas discretas e palavras de gratidão marcaram o encerramento da ação. Muitos pacientes relataram que precisavam exatamente daquela música ou daquela mensagem. Entre os servidores, o sentimento era de comunhão e fortalecimento coletivo.

Em meio à urgência, ao cansaço e aos desafios diários, o cântico reafirmou que o Natal pode acontecer em qualquer lugar, inclusive dentro de um hospital e que, onde há cuidado, há também humanidade, esperança e amor.

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