Acre
MP recebe relatório de sindicância e vai apurar se houve responsabilidade de profissionais em morte de crianças no Acre
Sindicância da Sesacre foi finalizada nessa quarta (20) e entregou relatório ao governo. Mães e pais foram chamados à Casa Civil para conversar com a equipe da Saúde, mas não tiveram acesso ao documento.
A Comissão de Sindicância da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), aberta para apurar a morte de crianças com síndrome respiratória, entregou o relatório final nessa quarta-feira (20) para o governo. Nesta quinta (21), os pais das crianças foram chamados à Casa Civil para serem informados oficialmente sobre a conclusão das apurações, porém, não tiveram acesso ao documento.
A Comissão de Sindicância Investigativa Temporária foi montada para apurar se houve negligência ou algum tipo de erro durante o atendimento aos pacientes. Essa é uma das acusações dos pais dos bebês. Um grupo de mães se juntou e pretende entrar na Justiça contra o estado, por entender que houve negligência no atendimento das vítimas.
Em comum, elas relatam que os bebês deram entrada em unidades de saúde da capital com sintomas gripais, logo o quadro deles agravou e não havia leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponível para internação.
A conclusão do relatório não foi divulgada pela equipe governamental, nem os pais tiveram acesso, contudo, a comissão recomendou que a conduta dos servidores envolvidos nos atendimentos das crianças seja apurada pelos órgãos de classe, como Conselho de Enfermagem, de Medicina e outros, além da abertura de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) na Sesacre contra esses servidores.
A comissão também entregou uma cópia do relatório para o Ministério Público do Acre (MP-AC) para que o órgão estadual adote providências no âmbito criminal. O secretário-chefe da Casa Civil, Jonathan Xavier Donadoni, falou que o Estado foi orientado a tomar providências com relação aos profissionais apontados no relatório.
“Ontem [quarta, 20] se encerrou a sindicância e que se apurou indícios, há indícios com relação à conduta de profissionais e se determinou, então, que o Estado tomasse providências. As providências foram todas, hoje [quinta, 21], encaminhadas aos órgãos de classe, ao Ministério Público e ao Estado”, resumiu.
O MP-AC confirmou o recebimento da cópia do relatório, que foi entregue por representantes da Casa Civil, da Sesacre e da Procuradoria-Geral do Estado (PGE-AC). O documento foi recebido pelo procurador de Justiça Francisco Maia Guedes, coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Criança e do Adolescente, e pelo promotor de Justiça Ocimar Sales Júnior, que atua na 1ª Promotoria de Justiça Especializada de Defesa da Saúde.
“Todos os elementos do relatório serão rigorosamente analisados pelo MP-AC, porém, não interferem na investigação que está em curso nas Promotorias de Justiça que possuem atribuição nas áreas da saúde e infância, e apura individualmente cada caso”, diz o comunicado.
Ainda segundo o secretário, a comissão orientou que os órgãos de classe responsabilizem e punam os profissionais, como médicos, enfermeiros e outros que participaram dos atendimentos, que participaram da assistência às crianças.
“[Pediram] o envio de cópia dessa sindicância aos órgãos de classe para que possam apurar a responsabilidade e punam profissionais médicos, enfermeiros e quem, eventualmente, teve responsabilidade nesse episódio e o encaminhamento de cópia desse processo de sindicância à comissão de processo administrativo disciplinar.
Sobre o processo administrativo disciplinar, Donadoni destacou que a apuração terá a mesma celeridade com a qual a Comissão de Sindicância Investigativa Temporária teve na investigação das mortes.
“Vamos adotar a mesma rapidez e celeridade com que adotamos na sindicância, tivemos aí um prazo médio de 40 a 45 dias para fechar essa sindicância e vamos adotar a mesma celeridade, respeitando o devido processo legal, mas a mesma celeridade para apurar a responsabilidade desses servidores que foram apontados no relatório final da sindicância”, argumentou.
As oitivas das mães iniciou no dia 21 de junho. A direção do Pronto Socorro de Rio Branco e também a direção do Hospital da Criança também foram ouvidas. Uma das mães ouvidas foi Joelma Dantas, mãe do pequeno Théo, que morreu no dia 7 de junho à espera de um leito de UTI no PS.
A servidora pública confirmou que os pais não receberam cópias da sindicância e foram apenas informados das providências que serão tomadas. Com essas medidas recomendas pela comissão, para Joelma, foram apontados culpados pela morte das crianças no relatório.
“Então, a gente entende que houve sim culpados e que eles têm esses nomes, mas não nos passaram agora por ser sigiloso e enviaram para o Ministério Público. Vamos solicitar que o MP nos encaminhe uma cópia dessa sindicância para a gente saber o nome dessas pessoas que contribuíram para a morte dos nossos filhos. Mas, houve sim culpados, tanto é que há uma cópia para o Ministério Público, uma cópia para os conselhos de classe e para a própria secretaria, para o setor de PAD para que sejam feitos os procedimentos disciplinares contra profissionais da casa, funcionários públicos que participaram desse infantícidio”, criticou.
Joelma afirmou que as mães ainda não sentem que a justiça pela morte das crianças está sendo feita. “A gente só vai poder dizer que houve justiça quando soubermos o nome de cada pessoa e saber que essas pessoas realmente foram punidas. Por enquanto, está havendo encaminhamentos e para a gente isso ainda não é suficiente. O suficiente é ver que cada pessoa que contribuiu para a morte de nossos filhos sejam punidas na forma da lei, com o rigor da lei”, concluiu.
No dia 17 de junho, as mães foram recebidas pelo governador Gladson Camelino Palácio Rio Branco. A reunião foi a portas fechadas apenas com as mães e alguns familiares das crianças. O governador pediu para falar com as mães e mostrar as ações que estão sendo feitas após os óbitos, além de mostrar solidariedade.
No encontro também foi informado a abertura da sindicância para apurar as mortes. A comissão é composta por profissionais do Departamento de Humanização, Ouvidoria e Setor Jurídico da Sesacre, além de psicólogos, médicos e enfermeiros.
A primeira fase ouviu três mães. A segunda fase ouviu funcionários, gestores, diretores e coordenadores das unidades de saúde onde as crianças foram atendidas.
O Acre registrou, até o início de julho, 12 mortes de crianças vítimas de Síndromes Respiratórias Graves (Srag). O Ministério Público Estadual (MP-AC) instaurou dois procedimentos para investigar as denúncias de pais que afirmaram ter ocorrido negligência no atendimento.
O último óbito foi uma bebê indígena de 1 ano, no município de Cruzeiro do Sul.A vítima era indígena e foi identificada como Rauani Kaxinawá.
No dia 20 de junho, algumas mães foram recebidas por dois promotores e mais servidores do Centro de Atendimento à Vítima (CAV). Além do MP, a Sesacre instaurou procedimento administrativo para apurar o caso e também um grupo de trabalho foi montado pela Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre (OAB-AC) para apurar as denúncias.
Comitê de acompanhamento
O governo publicou, no dia 15 de junho, o decreto 11.071 de criação do Comitê de Acompanhamento Especial das Síndromes Respiratórias (Caerp) no estado.
Esse aumento dos casos expôs a falta de estrutura dos hospitais para atender crianças, já que o PS é a referência para atendimentos graves na capital.
Pais das crianças que morreram com a doença acusam o estado de negligência e denunciam falta de estrutura e medicamentos nessas unidades. Por isso, no dia 10 de junho, o Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC) fez uma fiscalização no PS da capital.
Colaborou a repórter Consuela Gonzales, da Rede Amazônica Acre.
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Saúde alerta sobre a importância da vacinação contra a COVID-19 após mortes no Juruá
A Secretaria Estadual de Saúde reafirma o chamado para que a população busque a imunização e permaneça atenta aos sintomas respiratórios, contribuindo para a proteção coletiva contra a COVID-19
A Secretaria Estadual de Saúde reforçou a importância da vacinação contra a COVID-19 após a confirmação de pelo menos sete mortes causadas pela doença na região do Vale do Juruá. Segundo Diane Carvalho, coordenadora regional de saúde, a equipe segue monitorando atentamente a situação local e orientando a população sobre medidas preventivas necessárias.
A vacinação tem mostrado resultados positivos na redução da transmissão e da gravidade da COVID-19. Carvalho destaca que, apesar do aumento de casos nesta temporada, o número de internações e agravamentos tem sido baixo, refletindo a adesão da população às vacinas.
O estado também se preparou para a temporada sazonal de síndromes gripais, com um dia específico de vacinação em outubro do ano passado, o que ajudou a manter os números confortáveis em comparação ao ano anterior. “É importante que as pessoas com comorbidades, como problemas cardíacos e pulmonares, continuem se protegendo, pois ainda estão em risco”, explica Carvalho.
Além da vacinação, recomendações incluem o uso de máscaras em locais públicos e a higienização frequente das mãos. A Secretaria Estadual de Saúde reafirma o chamado para que a população busque a imunização e permaneça atenta aos sintomas respiratórios, contribuindo para a proteção coletiva contra a COVID-19.
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Polícia Civil do Acre participa de curso de capelania e celebra formação do primeiro capelão da instituição
A capelania é um serviço de apoio espiritual e emocional realizado por capelães treinados, que atuam em hospitais, forças de segurança, escolas, presídios e outras instituições, levando conforto e orientação às pessoas que enfrentam momentos difíceis
Nesta sexta-feira, 31, a Polícia Civil do Acre (PCAC) participou do curso de capelania promovido no auditório do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em Rio Branco. Durante a solenidade, 39 formandos de diversas instituições receberam a certificação e a entrega das insígnias, que simbolizam o compromisso dos capelães em prestar assistência espiritual em diferentes contextos.
A capelania é um serviço de apoio espiritual e emocional realizado por capelães treinados, que atuam em hospitais, forças de segurança, escolas, presídios e outras instituições, levando conforto e orientação às pessoas que enfrentam momentos difíceis.
Entre os formandos estava o agente de polícia Gesly Alves da Rocha, que se tornou o primeiro capelão da PCAC. “Esse é um momento histórico na minha vida, pois vejo um mover de Deus em direção às pessoas por meio de um amor genuíno pelo próximo. Encaro esse desafio como ímpar, pois irei levar mensagens de amor aos que mais precisam. Toda a equipe da nossa instituição estará disponível para oferecer apoio espiritual e emocional”, destacou o capelão.
O delegado Adjunto, Cleylton Videira, presente na solenidade, ressaltou a importância desse marco para a Polícia Civil: “A capelania traz um suporte essencial para nossos policiais, que lidam diariamente com desafios intensos. A nomeação do primeiro capelão da PCAC representa um avanço no cuidado com o bem-estar emocional e espiritual de nossos servidores e da população atendida pela instituição.”
O coronel e diretor do Ministério Pão Diário, responsável pelo curso, Ailton Bastos também enfatizou a relevância do apoio às capelanias em todo o Brasil. “O trabalho dos capelães é fundamental para fortalecer aqueles que enfrentam desafios físicos e emocionais. Nosso compromisso é continuar apoiando e capacitando esses profissionais, garantindo que mais instituições possam contar com esse suporte essencial”, afirmou.
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Baseada em lei federal, Justiça do Acre nega liminar que autorizaria transporte de passageiros por motociclistas de aplicativo
Juíza Zenair Bueno considerou que a abrangência da legislação não inclui os motociclistas. Por conta do impasse, a magistrada e o superintendente da RBTrans foram alvos de ameaças de morte, que serão investigadas pela Polícia Civil.
A Justiça do Acre negou uma liminar que autorizaria o transporte de passageiros por motociclistas de aplicativo nessa quarta-feira (30). A decisão é mais um capítulo no impasse entre os condutores e a Superintendência de Trânsito de Rio Branco (RBTrans) ao redor da legalidade da atuação desses profissionais.
O advogado que representa a categoria, Saulo Ribeiro, havia tentado garantir a legalidade dessa atividade. Porém, a juíza Zenair Bueno, da 2ª Vara de Fazenda Pública de Rio Branco, considerou que a abrangência da Lei 13.640/2018, que trata sobre o transporte de condutores vinculados a plataformas online, não inclui os motociclistas.
“É de se observar que a legislação pertinente ao caso possui natureza restritiva, não podendo ser interpretada de modo a ampliar seu sentido ou alcance. Ressalte-se que a possibilidade da exigência de autorização para o exercício de atividade econômica, trabalho, profissão ou ofício tem assento constitucional (art, 5º, XIII e art. 170, parágrafo único) e, neste caso concreto, a norma que exige autorização está expressa no artigo 11 da Lei 12.587/2012 [alterada pela lei de 2018]”, citou a magistrada.
Após a decisão, o advogado informou que vai entrar com recurso. “Haja visto o indeferimento. iremos manejar um agravo de instrumento para o Tribunal de Justiça, buscando a reforma da decisão do Juízo”, informou.
Ameaças
Sem dar detalhes, a Polícia Civil informou que está investigando ameaças de morte à juíza Zenair Bueno e ao superintendente da RBTrans, Clendes Vilas Boas, em meio ao impasse sobre o transporte de motociclistas por aplicativos.
Por meio de nota assinada pelo delegado geral José Henrique Maciel, a corporação informou que trabalha para identificar os responsáveis pelas ameaças.
“Desde a última quinta-feira, 30, a instituição iniciou as primeiras diligências investigativas para identificar os responsáveis e garantir a segurança das autoridades ameaçadas”, diz o texto.
Impasse
No dia 22, a Prefeitura de Rio Branco publicou uma portaria que regulamenta o serviço de transporte de passageiros por meio de aplicativos. O documento destaca que apenas condutores que possuam Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na categoria B ou superior estão autorizados a exercer a profissão na capital acreana, excluindo motociclistas da função.
A regulamentação se baseia na Lei Federal nº 13.640/2018, que proíbe o uso de motocicletas, por meio de aplicativos, para o transporte privado remunerado de passageiros. A medida foi sancionada durante o governo Michel Temer, três anos após a chegada de uma das maiores plataformas desse tipo de serviço ao Brasil.
A legislação estabelece como categoria mínima de habilitação para o motorista exercer a atividade a categoria B, que permite a condução de automóveis. O entendimento diz que motos, que estão na categoria A não são adequadas para o serviço por causa da falta de segurança.
O RBtrans disse que vai cumprir o que determina a lei e que os condutores flagrados no exercício ilegal da profissão, serão autuados e multados.
“Não existe nenhuma contravenção na lei, o que existem são interpretações de alguns leigos. As leis dizem que o transporte por aplicativo tem que ser com veículo de quatro rodas, carteira categoria B acima, em nenhum momento diz categoria A. Enquanto a fiscalização da prefeitura, continua da mesma forma dos últimos quatro anos”, disse o superintendente da RBTrans, Clendes Vilas Boas.
Ele ainda justificou dizendo que apenas uma nova legislação federal poderia mudar a situação. “O que a gente lamenta é que essas pessoas, de fato, são trabalhadoras. É uma legislação da União, não cabe o Município dizer que não vai fiscalizar e nem aplicar a lei podendo responder por prevaricação e omissão”, ressaltou.
Ele acrescentou que, por recomendação do Ministério Público do Acre (MP-AC), as fiscalizações serão intensificadas contra os motoristas irregulares. “Temos nos reunido no MP constantemente, nos reunido também com os legalizados, que são os mototaxistas e motoristas de ônibus, bem como o pessoal do transporte de aplicativo
Penalidades para os motoristas flagrados na ilegalidade:
- Multa gravíssima (R$ 293,47 e 7 pontos na carteira);
- Condução para delegacia;
- Prisão do condutor em caso de reincidência, com abertura de processo criminal e enquadramento nas normas de segurança e transporte público.
Ação contra portaria
O advogado Saulo Ribeiro, que representa alguns motociclistas por aplicativo, disse que ingressou com uma ação judicial com o objetivo de suspender os efeitos da medida imposta, até que haja uma regulamentação que garanta o livre exercício da atividade pelos motoristas de aplicativo.
Ele destacou que a ação é baseada, justamente, pela falta de regulamentação. “A RBTrans não poderia simplesmente excluir a categoria de motorista tipo moto por aplicativo. Hoje temos uma decisão em Rondônia, por meio de mandando de segurança, que assegura a atividade dessa categoria. Posteriormente, o mandado de segurança foi concedido no mérito. Estamos usando também como base legal a Lei nº 12.587/2012 e jurisprudência”, argumentou.
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