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Medalhista olímpico brasileiro diz que temeu morte ‘lenta, silenciosa e solitária’ por covid-19

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Com Terra

“Chegamos a jogar com 50ºC em Acapulco, 48ºC na Olimpíada de Atenas ao meio-dia, com a areia a 60ºC, peguei 2ºC em Moscou. Peguei as maiores e menores temperaturas que o ser humano pode suportar, de camiseta e shorts. Isso não me tornou melhor do que ninguém para combater o vírus”, relata Márcio Araújo, em entrevista ao Estadão.

Vivendo em Fortaleza, o ex-jogador de vôlei de praia não conseguiu ser internado de imediato quando ficou doente. Assim, se isolou em uma casa de praia, onde teve medo de morrer, depois passando quatro dias internado em um hospital, mesmo que já estivesse sendo medicado. Quando recebeu alta, sua esposa Juliana, grávida de oito meses, estava infectada e precisou ficar hospitalizada por quase uma semana.

Ele, então, teve de retornar ao ambiente hospitalar. Assim, mesmo estando fragilizado, com pneumonia, passava o período diurno com Juliana, que era acompanhada, para dormir, por sua irmã. Márcio Araújo relembra que o drama foi triplo, pois a doença na esposa também trouxe complicações para o bebê, que chegou a estar com apenas 1,95kg com 34 semanas de gestação. Agora, porém, o peso está sendo recuperado. “A nenê emagreceu um pouco, porque não havia transporte de alimentos e nutrientes”, explicou.

Hoje recuperado, ele garante ter ficado em isolamento desde o início da crise do coronavírus, optando por seguir sua rotina em duas residências. Márcio Araújo e sua família passavam os finais de semana em Fortaleza. Já durante a semana, ficavam em uma casa de praia, em Taíba, nas proximidades da capital cearense.

“Ia para lá durante a semana e ficava no apartamento de Fortaleza no sábado e domingo, para não pirar durante o confinamento. Acredito que me contaminei lá, porque ia no supermercado, posto, depósito, na farmácia, e não tinha álcool gel no carro, embora sempre usasse máscara”, relata.

Foi lá, também, onde Márcio Araújo viveu os momentos mais angustiantes com a covid-19. Com dor de cabeça e febre, não fez a viagem rotineira para a casa de praia, indo a um hospital, onde foi detectado que ele estava com coronavírus. Medicado, ficou em isolamento no quarto de uma de suas filhas em Fortaleza.

Mas depois, por estar com a esposa grávida e ainda tendo uma filha com asma e outra com rinite alérgica, optou por se isolar em Taíba. Para ele, um erro grave. “Comecei a só piorar. Sustentei, na sexta, três desmaios. Se eu desmaiasse, teria uma morte lenta, solitária e silenciosa. Com a falta do oxigênio, fechei a casa e fui para o hospital na sexta à noite. Nem sei como cheguei, como não capotei o carro”, relata.

Márcio Araújo, porém, teve dificuldades para conseguir ser internado. “No domingo, eu estava sofrendo muito, já estava agonizando e aí consegui um leito. Me internaram direto, tomando corticoide na veia. Fiquei no soro e isolado no quarto”, explica o ex-jogador de vôlei de praia, revelando que não esperava passar por sofrimento tão grande. “Eu nunca bebi, nunca fumei, fui atleta a vida toda, ainda jogo, faço musculação, tenho alimentação ótima, até por ser casado com uma nutricionista. Foi uma surpresa muito grande”, acrescenta. “Se não fosse internado, ia morrer em casa”, continua.

Hoje já recuperado do coronavírus, o ex-atleta compara a sensação vivida para lidar com a doença com momentos extremos. “Sofri muito com a falta de oxigênio. Parecia o final de um treino em que ataquei 20 bolas”, afirma Márcio Araújo, apontando que o pavor e o efeito psicológico o fizeram sofrer ainda mais nos períodos mais complicados da doença. “Você está sofrendo com a falta de oxigênio e sabe que é uma pessoa saudável, está puxando o ar e não vem. Isso te deixa mais nervoso, o medo vai crescendo. Você não vê melhora”, relata o ex-atleta, fazendo nova comparação sobre a sensação do momento de falta de ar.

“É como você estar no mar e tomar um caldo. Quando sobe, aí vem outra onda e você afunda. Você sobe ofegante e vem a terceira onda. Dá uma sensação de que vai morrer. Eu respirava pelo canto da boca”, acrescenta, apontando o isolamento social como a única forma de se vencer o coronavírus.

“Eu contaminei minha esposa e alguém me contaminou. Ela passou três dias no oxigênio, com cateter e tomando injeção na barriga, podia ter morrido. As pessoas não estão levando a sério a pandemia. A falta de consciência e o comportamento das pessoas tornam o vírus mais perigoso”, avalia.

Livre do coronavírus, Márcio Araújo agora espera pelo nascimento da sua quarta filha, Mariana – a previsão é de que o parto seja em 22 de junho – enquanto busca dar sequência aos seus projetos pós-aposentadoria – ele havia deixado as quadras em 2016, tendo realizado um breve retorno antes de parar definitivamente, após uma etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia em João Pessoa (PB), em abril de 2019.

Além de dar aulas em uma escola particular de Fortaleza, Márcio Araújo preside hoje o Instituto Cuca, uma rede de proteção social e oportunidades formada por três Centros Urbanos de cultura, arte, ciência e esporte, mantidos pela Prefeitura de Fortaleza, atendendo jovens de 15 a 29 anos, principalmente de áreas de vulnerabilidade, com oferta de cursos, práticas esportivas, difusão cultural e produções na área de comunicação.

Sem se afastar do esporte mesmo após a segunda aposentadoria, sonha em levar uma dupla de vôlei de praia aos Jogos de Paris, em 2024. Lá, espera reviver as emoções de 2008, quando foi ao pódio ao lado de Fábio, para receber a sua medalha de prata. “Passei 14 anos para chegar naquele pódio. Me recuperei da derrota em Atenas, foram muitos obstáculos para chegar lá. Tudo que você viveu sobe com você no pódio, quem trabalhou ao seu lado, os amigos, a família, os patrocinadores e o estafe”, recorda.

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Adolescente de 17 anos é encontrado morto dentro de casa em Feijó; polícia apura possibilidade de suicídio

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Wesley Correia, conhecido na comunidade por praticar vôlei, teve o corpo encaminhado ao IML; laudo pericial deve esclarecer as circunstâncias do óbito

Wesley era bastante conhecido na comunidade e participava ativamente de práticas esportivas, especialmente o vôlei. Foto: captada 

O adolescente Wesley Correia da Costa Nascimento, de 17 anos, foi encontrado morto dentro da própria casa na manhã desta sexta-feira (5), em Feijó. A Polícia Civil investiga as circunstâncias do óbito, e informações preliminares apontam para a possibilidade de suicídio, hipótese que ainda não foi confirmada oficialmente.

De acordo com o delegado Dione Lucas, o corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML)e passará por exames periciais para esclarecer a causa da morte. Apenas após a conclusão dos laudos será possível determinar com precisão o que ocorreu.

Wesley era bastante conhecido na comunidade e participava ativamente de atividades esportivas, especialmente de vôlei. A notícia de sua morte causou grande comoção entre familiares e amigos, que manifestaram tristeza e surpresa nas redes sociais.

A Polícia Civil continua com as investigações e aguarda o resultado oficial da perícia para dar andamento ao caso.

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PCAC prende homem de 45 anos por estupro de vulnerável em Cruzeiro do Sul

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A prisão integra um conjunto de ações realizadas pela DEMPCA ao longo da semana em Cruzeiro do Sul, período no qual quatro pessoas foram capturadas

DEMPCA efetua prisão de homem por estupro de vulnerável nesta sexta-feira em Cruzeiro do Sul. Foto: cedida

A Polícia Civil do Acre (PCAC), por meio da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e Proteção da Criança e do Adolescente (DEMPCA), realizou mais uma prisão nesta sexta-feira, 5, em Cruzeiro do Sul, reforçando as ações de combate à violência e proteção às vítimas no município.

O detido, identificado pelas iniciais D.G.A., de 45 anos, foi preso em cumprimento de mandado decorrente de condenação por estupro de vulnerável.

A prisão integra um conjunto de ações realizadas pela DEMPCA ao longo da semana em Cruzeiro do Sul, período no qual quatro pessoas foram capturadas, duas por violência doméstica e duas por estupro de vulnerável.

“As operações refletem o comprometimento das equipes da DEMPCA e demais unidades policiais em garantir a proteção de mulheres, crianças e adolescentes, além de assegurar a responsabilização de agressores”, declarou o delegado Vinícios Almeida.

Almeida destaca que seguirá empenhada no enfrentamento firme e contínuo aos crimes que atingem grupos vulneráveis, reforçando a importância das denúncias e da atuação integrada para coibir abusos e assegurar justiça às vítimas.

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Ação integrada da PCAC resulta na prisão de suspeitos de tortura e na apreensão de adolescente

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Entre os detidos está um homem apontado como “frente” de uma facção criminosa que atua na região. Durante a condução ao cárcere, o suspeito chegou a ameaçar o delegado de morte

Polícias Civil e Militar prendem três homens e apreendem adolescente por tortura e associação criminosa no interior do Acre. Foto: cedida

A Polícia Civil do Acre (PCAC), em ação conjunta com a Polícia Militar, prendeu nesta sexta-feira, 5, três homens e apreendeu um adolescente suspeitos de envolvimento em crimes de tortura em Marechal Thaumaturgo, violação de domicílio, ameaça e associação criminosa. A operação ocorreu logo após a vítima conseguir escapar e pedir socorro.

De acordo com o delegado Marcílio Laurentino, que coordenou a ação juntamente com o tenente João Oliveira, o grupo teria invadido a residência de um usuário de drogas, onde passou a espancá-lo enquanto proferia ameaças de morte. “Eles afirmaram que iriam matar a vítima. Ele conseguiu se desvencilhar e procurar ajuda da irmã, que veio até a delegacia pedir apoio”, explicou o delegado.

O grupo invadiu a residência de um usuário de drogas e iniciou uma sessão de agressões, afirmando que iriam matá-lo. Foto: captada 

A partir do pedido de socorro, as equipes policiais iniciaram diligências imediatas e localizaram todos os envolvidos. Entre os detidos está um indivíduo apontado como “frente” de uma facção criminosa que atua no município. Segundo o delegado Marcílio, durante a condução ao cárcere, o suspeito chegou a ameaçá-lo de morte: “Ele disse que, ao sair da cadeia, iria me matar caso eu o prendesse”, relatou.

Os três adultos detidos passarão por audiência de custódia, enquanto o adolescente permanecerá apreendido à disposição da Justiça, aguardando decisão judicial posterior. A Polícia Civil destacou que a ação reforça a pronta resposta das forças de segurança no combate à criminalidade e na proteção de vítimas em situação de risco.

Durante a condução, o indivíduo ainda ameaçou o delegado Marcílio Laurentino de morte, afirmando que, ao deixar a prisão, cumpriria a ameaça. Foto: captada 

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