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Mãe, você não é todo mundo!

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A frase “você não é todo mundo”, assim como em mim, deve perpetuar sua infância quando a gente visita alguma lembrança ou está entre amigos contando as peripécias da infância. Em casa, meus quatro irmãos e eu crescemos sob um olhar afetuoso de minha mãe, mas com muita disciplina e pulso forte de uma mulher, que tem como principal característica resistência e fortaleza.

Quando pequenos, ouvíamos com certa constância da minha mãe que não éramos todo mundo. E isso me acompanha até hoje, mas sob uma perspectiva diferente. Diante das imposições e fórmulas prontas que a sociedade tenta nos forçar a acreditar, eu recorro às palavras de minha mãe, que não sou todo mundo e tá tudo bem.

Há idade certa para se formar? Idade correta para se casar, separar, realizar um grande sonho, recomeçar? Todo mundo tem o mesmo tempo? Levamos, igualmente, o mesmo tempo para digerir e agir em nossos processos? Como indivíduos, cada um tem suas experiências e elas ditam nossas ações e a forma como lidamos com nossos (des)acontecimentos.

Dizem que passamos a entender nossos pais após termos filhos, mas, acredito que essa compreensão também vem com a maturidade. Quando revisito meus cenários da infância, tenho outra percepção daquela época. Achava minha mãe estressada, protetora demais ao ponto de não nos deixar, como ela diz, viver na casa dos outros ou ir em lugares que, adivinhem, todo mundo ia. Hoje, vejo que minha mãe estava fazendo o seu melhor, dividindo a tarefa de ser mãe, com plantões intermináveis dentro de um hospital, profissão que se dedicou por mais de três décadas.

Mesmo na correria do dia a dia, consigo recordar da minha mãe chegando com a roupa do centro-cirúrgico, checando tarefas, indo em nossas camas dar um beijo e perguntar como foi o dia. Minha mãe fez de tudo para que não tivéssemos lacunas da presença dela em nossas vidas. Entendo que, mesmo assim, ela devia se sentir culpada por não conseguir se doar mais.

E, por isso, recorro à frase que tanto é alvo de posts bem humorados os quais dizem que aprendemos a lidar com a frustração no momento em que nossas mães dizem repetitivamente que não somos todo mundo, para dizer que minha mãe não é todo mundo.

Técnica em enfermagem, ela conseguiu, ao lado do meu pai, criar os filhos com presença, vocês percebem a dimensão disso? Presença é ouro. Mesmo com a rigidez na nossa educação, minha mãe bolava no chão com os filhos, brincava de se esconder e fazia isso tão bem que pedíamos ajuda do meu pai e montávamos uma força-tarefa para a busca. Que nostalgia!

E a história da minha mãe já mostra que ela não é todo mundo. Gerou filhos não só na barriga, mas no coração. Sempre transbordou amor, doação, e se eu pudesse escolher apenas uma palavra para defini-la, seria humanidade.

Não é todo mundo que, mesmo sofrendo, incentiva os filhos a saírem de casa ainda adolescentes para focarem no estudo. Imaginem vocês, o “bafafá” que era, em cidade pequena, quando alguém, praticamente criança ainda, saía para estudar fora. Ela foi questionada por muitos e muitas vezes. Dizia que acreditava na educação que dava aos filhos e na relação que construiu ao longo do tempo. Às vezes, tento mensurar o medo da minha mãe, além da coragem e da força que teve para estar longe.

Mesmo distante, ela estava presente. Vinha com frequência na capital e fazia questão de acompanhar como estávamos na escola e na vida. Acho que, no fundo, minha mãe também estava apostando suas fichas e torcendo para dar certo… E deu.

Ser mãe, escuto, é cansativo, não tem férias de filhos, não existe isso. E nos dias mais difíceis de minha mãe, lembro que estávamos no banco de trás do carro ouvindo ela cantar as músicas preferidas, desde Milton Nascimento, Rita Lee a Emílio Santiago, ou a discografia do Roberto Carlos. Para a gente, naquela idade, era um passeio qualquer. Para minha mãe, hoje entendo que era sua válvula de escape: dirigir sem rumo enquanto cantava. Acho que era a tentativa de se reconectar com ela mesma.

Se impondo todos os dias como dona da sua vida, minha mãe me ensinava pelo exemplo. Imponente, ela me mostrava que ninguém podia ditar o que eu poderia ser. O homem nunca vai entender, mas a luta da mulher para comprovar sua competência é diária, constante e mais cansativa, garanto.

Foi nesse berço, cercado de fortaleza feminina, que cresci. Eu amava ver minha mãe com seu jeans, uma blusa masculina larga, sendo dona de si. E, ao longo dos anos, de acordo com nossas fases, as percepções que temos sobre nossos pais mudam.

Quando crianças, eles são nossos heróis, reduto, perfeitos e que sabem exatamente o que estão fazendo. Já quando crescemos, começamos a vê-los com suas imperfeições e suas falhas, mas o amor permanece. Quando estão mais velhos, o sentimento de cuidar deles nos invade. A vontade é retribuir tudo o que fizeram por nós, mas acho que isso é humanamente impossível.

Desde que saí de casa, na maioria das datas comemorativas estou longe fisicamente, mas sempre por perto no coração. Faço questão de dizer à minha mãe o orgulho que tenho dela, como a amo e como ela foi fantástica como mãe.

Sabe de uma coisa? De filha para mãe, obrigada por não ser todo mundo. Mais do que isso, obrigada por não me deixar ser todo mundo.

Tácita Muniz é comunicóloga, repórter na Agência de Notícias do Acre; trabalhou 11 anos na editoria do Portal G1 no Acre, encabeçando projetos envolvendo todos os estados. Também foi responsável por alimentar uma página com reportagens especiais sobre a Amazônia. É fã de rock, filmes, livros e boxe, além de aprendiz de escritora nas horas vagas.

Fonte: Governo AC

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Saiba o significado da Quaresma e o tema deste ano definido pelo papa

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A Quarta-Feira de Cinzas é um dia em que se deve ir à missa. Na cerimônia, os fiéis são benzidos com um pouco de cinza proveniente de ramos queimados utilizados no Domingo de Ramos do ano anterior.

Igreja Católica dá início nesta quarta às celebrações da Quaresma. Foto: Marcus José 

Com o encerramento do carnaval nesta Quarta-Feira de Cinzas (5), começa o período da Quaresma para os cristãos. Mas você sabe o que é a Quaresma? Ela tem sua origem nos primeiros séculos do Cristianismo, quando foi estabelecida a data da Páscoa.

A Igreja Católica instituiu um tempo de penitência e preparação para a Páscoa, observado entre a Quarta-Feira de Cinzas e a quinta-feira santa, época sagrada para os cristãos.

A contagem do período da Quaresma faz referência aos 40 dias em que Jesus Cristo esteve no deserto.

Em 2025, a Quaresma vai até o dia 17 de abril, antes da celebração da Quinta-feira Santa. Após a Quinta-feira Santa, tem início um novo período, o chamado tríduo pascal, que compreende a Sexta-Feira Santa, o Sábado de Aleluia e o domingo de Páscoa.

Para a Quaresma de 2025, o Papa Francisco propôs o lema Peregrinos da Esperança, para que os fiéis façam uma reflexão sobre a fé, arrependimento, renovação espiritual, além de preparação para a Páscoa. A Igreja orienta a prática de penitências como jejuns, obras de caridade e oração.

Para os fiéis, a Quarta-Feira de Cinzas é um dia em que se deve ir à missa. Na cerimônia, os fiéis são benzidos com um pouco de cinza proveniente de ramos queimados utilizados no Domingo de Ramos do ano anterior.

Ao benzer os fiéis, o padre traça uma cruz de cinzas, enquanto recita as palavras Convertei-vos e crede no Evangelho, que sinaliza o estado de penitência que o fiel deverá guardar nos 40 dias seguintes, e representa a fragilidade humana.

Padre Robson Eudes, têm como objetivo preparar os fiéis para a Quaresma, um período dedicado à reflexão. Foto: cedida

Na data da Quarta-Feira de Cinzas, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove o início da Campanha da Fraternidade. Este ano, a campanha vai abordar o tema Fraternidade e Ecologia Integral e o lema bíblico, extraído de Genesis 1, 31, Deus viu que tudo era muito bom.

O ponto alto da campanha é a Coleta da Solidariedade, feita em todas as comunidades do Brasil no Domingo de Ramos, que neste ano é celebrado no dia 13 de abril. Os recursos são destinados a projetos sociais em todo o país.

O papa Francisco enviou uma mensagem para felicitar a realização da campanha. Na mensagem encaminhada à CNBB, Francisco chama atenção para a necessidade de mudança de atitude em relação ao meio ambiente, diante da “crise ecológica”.

“Por isso, louvo o esforço da Conferência Episcopal em propor mais uma vez como horizonte o tema da ecologia, junto à desejada conversão pessoal de cada fiel a Cristo. Que todos nós possamos, com o especial auxílio da graça de Deus neste tempo jubilar, mudar nossas convicções e práticas para deixar que a natureza descanse das nossas explorações gananciosas”, diz a mensagem.

O papa frisou ainda que o tema da Campanha da Fraternidade deste ano expressa também a disponibilidade da Igreja no Brasil em dar a sua contribuição à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro.

A mensagem diz que a realização do evento no coração da Amazônia é um sinal que serve para que “as nações e os organismos internacionais possam comprometer-se efetivamente com práticas que ajudem na superação da crise climática e na preservação da obra maravilhosa da Criação, que Deus nos confiou e que temos a responsabilidade de transmitir às futuras gerações.”

A Igreja Católica instituiu um tempo de penitência e preparação para a Páscoa, observado entre a Quarta-Feira de Cinzas e a quinta-feira santa, época sagrada para os cristãos. Foto: Marcus José

Feriado

É bom lembrar que a Quarta-feira de Cinzas não é feriado oficial. No entanto, muitos estabelecimentos comerciais não funcionam, mesmo tendo autorização para abrirem. Algumas repartições públicas e agências bancárias só funcionam a partir do meio-dia. Conforme o local, é ponto facultativo até as 14h.

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Serra do Divisor se torna refúgio para turistas durante o Carnaval

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Trilhas e cachoeiras são alguns dos principais atrativos da Serra do Divisor para turistas. Foto: Pedro Devani/Secom

A Serra do Divisor, em Mâncio Lima, interior do Acre, foi um dos destinos mais procurados no Acre por quem prefere aproveitar o feriado de carnaval longe das festas tradicionais. A região recebeu um expressivo grupo de turistas que buscavam descanso e contato com as belezas naturais do local.

Somente em uma das pousadas da região, aproximadamente 60 pessoas se hospedaram. Segundo Miro, empreendedor local e proprietário de uma pousada na Serra, a procura por hospedagem foi intensa durante o feriado, resultando na lotação dos estabelecimentos.

“Este ano, tivemos uma grande movimentação de visitantes. As pousadas ficaram cheias, mostrando que muitas pessoas estão buscando alternativas ao carnaval tradicional e optando pelo ecoturismo”, destacou.

A Serra do Divisor, localizada na fronteira com o Peru, é um dos principais pontos turísticos do Acre. O local é conhecido por sua beleza natural, biodiversidade e oferece trilhas, cachoeiras, além de uma rica fauna e flora, atraindo aqueles que desejam se conectar com a natureza.

 

Fonte: Juruá 24 Horas

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Justiça marca interrogatório de dupla acusada de executar sobrinho-neto de Marina Silva

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André Oliveira da Silva e Denis da Rocha Tavares serão ouvidos no dia 27; Cauã Nascimento da Silva foi morto a tiros em sua casa no Bairro Taquari.

A Justiça do Acre marcou para o próximo dia 27 o interrogatório de André Oliveira da Silva, conhecido como “Smith”, e Denis da Rocha Tavares, presidiários acusados de envolvimento no assassinato de Cauã Nascimento da Silva, sobrinho-neto da ministra Marina Silva. A audiência de instrução e julgamento será realizada no plenário da 1ª Vara do Tribunal do Júri, no Fórum Criminal de Rio Branco.

Antes dos interrogatórios, serão ouvidas as testemunhas de acusação e defesa. O crime ocorreu na tarde de 6 de fevereiro do ano passado, quando a casa de Cauã, localizada no Bairro Taquari, foi invadida. O jovem foi executado a tiros no quarto, sem chance de defesa.

Segundo a denúncia, André Oliveira da Silva foi o responsável direto pela execução da vítima. Pablo Rodrigo Farias de Souza, também denunciado pelo crime, teve o processo desmembrado e será julgado separadamente.

O caso chocou a comunidade local e ganhou repercussão nacional devido ao envolvimento de familiares da ministra Marina Silva. A polícia e o Ministério Público seguem investigando as motivações do crime e a possível participação de outras pessoas.

A audiência do dia 27 será crucial para esclarecer os detalhes do assassinato e definir os próximos passos do processo. A Justiça busca garantir que os responsáveis sejam punidos de acordo com a lei.

Matéria relacionada:

Violência extrema:  Sobrinho da Ministra Marina Silva é executado a tiros no Taquari

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