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Indígenas do Acre temem conflito com maior povo isolado do mundo

Grupo Mashco Piro em aparição rara no Rio Las Pedras em Madre de Dios, no Peru — Foto: Survival International
Os Mashco Piro, considerados o maior grupo indígena em isolamento voluntário do mundo, enfrentam uma crise crescente na Amazônia, na faixa de fronteira entre o Acre, no Brasil, e o Peru. Pressionados por madeireiros, narcotraficantes, garimpeiros e os impactos da crise climática, esses povos têm cruzado com maior frequência para o lado brasileiro, especialmente na Terra Indígena Mamoadate, em busca de refúgio contra a violência e a devastação em seus territórios originais no Peru. Esta matéria é resultado de uma apuração do jornal O GLOBO, com produção em conjunto com o jornal britânico The Guardian.
A ausência de políticas binacionais efetivas agrava a vulnerabilidade, colocando em risco a sobrevivência desse grupo autônomo. No lado peruano, a região de Madre de Dios é palco de conflitos históricos. Desde os anos 2000, concessões madeireiras, que cobrem mais de 176 mil hectares sobrepostos a áreas usadas pelos Mashco Piro, geram confrontos. Entre 2016 e 2024, 81 ocorrências foram registradas, incluindo quatro casos de violência, como o confronto que resultou na morte de dois madeireiros e o desaparecimento de outros dois. “Não sabemos quantos isolados morreram, mas acreditamos que alguns perderam a vida nesses conflitos”, diz Julio Cusurichi, líder indígena de Madre de Dios.
No Acre, a pressão não é menor. Secas extremas, incêndios florestais e alterações nos rios, intensificados pela crise climática, reduzem a oferta de alimentos e forçam os Mashco Piro a se aproximarem de aldeias, como na invasão de malocas na aldeia Extrema, em 2024, onde levaram utensílios e comida. “Onde não há proteção, há garimpeiros, narcotraficantes e madeireiros empurrando os Mashco Piro para nossas comunidades”, alerta Lucas Manchineri, líder indígena local.
A proteção aos Mashco Piro exige colaboração entre Brasil e Peru, mas a cooperação é insuficiente. Um acordo assinado em 2014 não foi renovado, e a ausência de políticas específicas transforma a fronteira numa “terra de ninguém”. No Peru, 19 postos de controle monitoram reservas indígenas, mas sofrem com cortes orçamentários. “Muitas vezes, temos apenas dois funcionários por posto, ou nenhum”, relata Romel Ponciano, agente Yine em Monte Salvado.
No Brasil, a Funai monitora os Mashco Piro na TI Mamoadate e, em janeiro de 2025, criou o Território Indígena Mashco do Rio Chandless, com 538.338 hectares. Porém, a construção de estradas, como a planejada entre Santa Rosa do Purus e Manoel Urbano, ameaça fragmentar seus territórios. “As estradas no lado brasileiro são uma grande preocupação”, diz Maria Luiza Pinheiro Ochoa, da Comissão Pró-Indígenas do Acre.
No Peru, a extração de madeira, mesmo em concessões certificadas pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC), continua sendo uma fonte de tensão. Empresas como a Maderera Rio Acre operam em áreas propostas para ampliação da reserva Madre de Dios, que já foi expandida em 2016, mas ainda exclui territórios essenciais aos Mashco Piro. “As regras do FSC não mencionam povos isolados”, critica Carla Cárdenas, advogada ambiental, que propõe proibir certificações em áreas com indícios de isolados.
Autoridades locais, como o prefeito de Tahuamanu, Rubén Darío, defendem a madeira como motor econômico, questionando a necessidade de proteger terras indígenas. Já defensores extrativistas, como o ex-presidente Alan García, chegaram a negar a existência dos Mashco Piro, apesar de evidências claras, como pegadas e incidentes com madeireiros.
A violência e a escassez de recursos alteraram o comportamento dos Mashco Piro. “Só vemos homens e meninos nas praias, protegendo os mais vulneráveis”, observa Isrrail Aquise, da Fenamad. No Acre, os Manchineri, que chamam os Mashco Piro de “parentes desconfiados”, notam deslocamentos fora de época. “Eles aparecerão em maior número antes do verão, o que é incomum”, diz Lucas Manchineri, pedindo presença estatal para evitar conflitos ou contatos forçados que podem levar a contaminações.
A Corte Interamericana de Direitos Humanos exigiu, em 2024, melhorias na proteção aos povos isolados, mas o Peru enfrenta resistências internas. No Brasil, o Ministério dos Povos Indígenas dialoga com o Peru para um novo acordo, mas a lentidão frustra lideranças indígenas. Organizações locais propõem “corredores territoriais” de 25 milhões de hectares, mas, sem ação concreta, os Mashco Piro seguem encurralados.
“Eles não entendem o desmatamento. Perguntam por que derrubamos as árvores grandes”, conta Ponciano, que tentou dialogar com os Mashco Piro. A resposta deles ao convite de contato resume sua posição: “Vocês são maus”. Enquanto madeireiros, narcotraficantes e a crise climática avançam, a proteção efetiva desses povos exige urgência e compromisso de ambos os lados da fronteira.
A matéria original do O GLOBO pode ser acessada na íntegra clicando aqui.
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Chuvas intensas causam pontos de alagação em cerca de 10 bairros em Rio Branco

A forte chuva que atinge Rio Branco desde a madrugada desta quarta-feira (17) deixou pontos de alagação em ao menos 10 bairros da capital e causa elevação rápida de igarapés. As informações foram repassadas pelo repórter David Medeiros durante o ac24horas Play desta quarta-feira (17).
De acordo com dados da Defesa Civil Municipal, ao menos 10 bairros de Rio Branco amanheceram com pontos de alagamento. A informação foi confirmada pelo tenente-coronel Cláudio Falcão, que coordena o órgão e acompanha a situação desde as primeiras horas do dia. A previsão indica que a chuva deve persistir pelo menos até as 10h, mantendo o cenário de alerta na cidade

Foto: David Medeiros/ac24horas
Imagens exibidas ao vivo pelo ac24horas mostram a situação crítica da Rua 7 de Setembro, no bairro Habitar Brasil. O local apresenta dificuldade de acesso para veículos devido ao acúmulo de água, refletindo problemas recorrentes de drenagem agravados pelo alto volume de chuva em curto intervalo de tempo.
Segundo a Defesa Civil, Rio Branco registra uma média de 10 milímetros de chuva por hora. O volume é considerado extremamente elevado, já que, em apenas uma hora, chove o equivalente ao esperado para um dia inteiro. O volume intenso tem sobrecarregado os sistemas de drenagem e provocado a elevação rápida dos igarapés que cortam a capital.

Foto: David Medeiros/ac24horas
Ao todo, pelo menos oito igarapés atravessam a área urbana de Rio Branco e vários deles estão em situação crítica. Um dos mais afetados é o igarapé São Francisco, que recebe grande volume de água proveniente de afluentes menores. Na região do bairro Conquista, onde o repórter acompanhou a situação in loco, é possível observar igarapés em ritmo de enxurrada e despejando água diretamente no São Francisco.
Como consequência, algumas residências amanheceram com água nos quintais e ruas completamente alagadas. Além disso, há preocupação com o nível do Rio Acre, que na manhã desta quarta-feira marcou 6,30 metros. A previsão da Defesa Civil é de que o manancial possa subir entre três e quatro metros nas próximas horas, caso o volume de chuva se mantenha.
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Rio Branco começa a preparação e vai tentar voltar a ser protagonista

Foto PHD: Jogadores do Mais Querido realizaram o primeiro treino físico
O elenco do Rio Branco iniciou nesta terça, 16, no José de Melo, a preparação para a disputa do Campeonato Estadual. Os dirigentes do Mais Querido se reuniram com os atletas antes da primeira movimentação e deixaram claro a meta do clube, conquistar um calendário nacional para a temporada de 2027.
“Sabemos das dificuldades financeiras do clube, mas estamos vivendo um novo processo. O futebol é muito importante dentro do Rio Branco e precisamos voltar a ser protagonistas”, declarou a diretora Marina Lavocat.
Trabalho físico
Os atletas participaram do primeiro trabalho físico sob o comando do professor Selcimar Maciel e a partir desta terça, 17, os treinamentos serão em dois períodos.
“Não temos o tempo adequado de preparação e por isso vamos acelerar o processo. Quero um time forte na estreia contra o Vasco”, afirmou o técnico Ulisses Torres.
Matheus Nego
O meia Matheus Nego retorna ao Rio Branco depois de três temporadas longe do José de Melo. O atleta, formado na base do Estrelão, chega como uma contratação importante.
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Dirigentes aprovam mudança no estatuto da Federação de Futebol

Com 12 votos a favor, 1 contra, 1 com ressalvas, e uma ausência, os dirigentes dos clubes aprovaram nesta terça, 16, a mudança no estatuto da Federação de Futebol do Acre (FFAC). A principal alteração é com relação à eleição para o próximo presidente da entidade. A partir do pleito o futuro mandatário do futebol acreano terá direito somente a duas reeleições.
“Fiz um estudo dos estatutos de todas as federações e da CBF para realizar as mudanças. Conseguimos atualizar as normas da entidade, inclusive, com conselho de administração e diretoria executiva”, explicou o advogado Marco Antônio Mourão.
Rio Branco e Independência
O presidente do Rio Branco, Valdemar Neto, votou contra a mudança no estatuto e o Independência, representado por Illimani Suarez, aprovou com ressalvas. O Humaitá não foi representado na reunião.
Agradeceu o apoio
O presidente da FFAC, Adem Araújo, agradeceu o apoio da maioria dos dirigentes para a mudança e acredita na evolução do futebol acreano nos próximos anos.
“Contar com apoio da maioria dos dirigentes em um momento importante aumenta responsabilidade. Vamos seguir trabalhando para melhorar o nosso futebol”, declarou Adem Araújo.

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