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Idosa acorda após ser dada como morta em Cidreira: ‘Estávamos organizando o velório’, diz família
Funcionário de funerária percebeu que paciente estava viva quando foi retirar o corpo para o velório. Prefeitura afirma que apura o caso. Segundo a sobrinha-neta, mulher de 78 anos está bem.

Clotilde Rieck, de 78 anos, foi levada para hospital de Porto Alegre e passa bem — Foto: Arquivo pessoal
Uma idosa acordou após ser dada como morta em uma unidade de saúde de Cidreira, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, no dia 31 de dezembro. Conforme familiares, Clotilde Rieck, de 78 anos, teve o óbito confirmado após sofrer duas paradas cardíacas. O funcionário da funerária responsável pelo velório foi quem percebeu que a pacientes estava viva, quando iria retirar o corpo do necrotério.
“Nós estávamos em casa organizando o velório, quando o funcionário da funerária nos liga avisando que ela estava viva”, diz Bianca Schneider, sobrinha-neta da idosa.
Em nota publicada nas redes sociais, a Prefeitura de Cidreira afirma que “está apurando o ocorrido, bem como a responsabilidade da médica que atestou o óbito da paciente”. Veja a nota completa abaixo.
A prefeitura informou que a médica que assinou a declaração de óbito foi afastada.
Por meio de nota, os advogados da médica, Bibiana Boaventura e Uilian Loose, informaram que a profissional utilizou “todos os meios de tratamento e todas as manobras de ressuscitação cardiopulmonar disponíveis no Posto de Saúde 24 horas Eva Dias de Melo, na cidade de Cidreira/RS, especialmente no dia 31/12/2021″ para tentar reanimar a paciente.
A nota destaca ainda que a médica não foi contatada pela prefeitura para esclarecimento dos fatos e comunicação sobre afastamento. “Todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas para os devidos esclarecimentos dos fatos e demonstração da boa conduta médica adotada.” Veja nota na íntegra abaixo.
No mesmo dia, Clotilde foi transferida para a Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre, onde se encontra internada desde então. De acordo com Bianca, a tia-avó está em um quarto, respirando normalmente e “evoluindo muito bem”.
A paciente foi informada na sexta-feira (8) sobre o ocorrido e, conforme a família, custou a acreditar no que passou, já que ficou inconsciente.
“Ela está perplexa”, afirma Bianca.
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Unidade de saúde de Cidreira, onde caso foi registrado — Foto: Wanessa Gomes/Divulgação
Ao g1, uma sobrinha-neta de Clotilde relatou que a idosa passou mal na manhã do dia 30 de dezembro, com vômitos. Uma ambulância foi acionada e a idosa foi encaminhada para o Posto de Saúde Eva Dias de Melo.
Durante o dia, Clotilde passou por exames, que, já na madrugada do dia 31, indicaram quadro de infecção urinária. Durante a manhã, a idosa sofreu duas paradas cardíacas, sendo que, após a segunda a médica, a enfermeira e a equipe de enfermagem constataram a ausência se sinais vitais e confirmaram o óbito.
“Realmente, é uma coisa inédita aqui para o nosso município. Nunca passamos por uma situação como essa. Nós estamos tomando providências, vamos abrir um processo administrativo e solicitamos o afastamento imediato da médica”, afirma a coordenadora do posto de saúde, Irene Mendes.
Após a confirmação do óbito, a família de Clotilde foi chamada e passou a organizar o velório e o funeral, com apoio da equipe da unidade de saúde e da assistência social do município. Quando a equipe da funerária chegou ao posto de saúde para levar Clotilde, o funcionário da empresa encontrou a idosa viva.
“Quando ele descobriu o corpo para fazer a remoção dela, ela estava viva, com o braço erguido, o olho aberto e pedindo ajuda”, conta a sobrinha-neta.
Segundo a família de Clotilde, o funcionário da funerária disse ter levado um susto e pedido ajuda no posto de saúde. A paciente estava com o coração batendo e ofegante.
Um problema com o tamanho do caixão escolhido fez com que o processo com a funerária levasse mais tempo que o previsto. Para Bianca, esse atraso ajudou a encontrar a tia-avó ainda com vida.
“Se tivesse o caixão do tamanho dela certinho, nós teríamos enterrado ela viva. Graças a Deus, teve esse tempo”, relata.
Após o ocorrido, a Polícia Civil foi acionada para o registro da ocorrência. Os familiares da paciente reclamam de problemas no atendimento prestado pela equipe de saúde e dizem que a certidão de óbito não foi oferecida.
A coordenadora da unidade, Irene Mendes, disse que o documento foi emitido, mas que, como o óbito não se confirmou, não pôde ser entregue aos parentes de Clotilde.
Nota da Prefeitura de Cidreira:
“Acerca do episódio do possível erro médico ocorrido no Posto de Saúde Eva Dias de Melo em Cidreira, esclareço que no dia do acontecido não estava no Município, sendo informado através das redes sociais.
No mesmo instante, contatei a diretora do Posto 24h para me inteirar dos fatos e determinei que fosse prestada toda assistência à paciente e seus familiares e que a médica fosse dispensada do seu plantão imediatamente.
Salientamos que a Administração Municipal, através da Secretária Municipal de Saúde, está apurando o ocorrido, bem como a responsabilidade da médica que atestou o óbito da paciente.
Foi registrado também um boletim de ocorrência na Delegacia da Polícia Civil de Cidreira e exigido para que a empresa contratada afaste a profissional dos serviços prestados em nosso município.
Prefeito Elimar Pacheco.”
Nota da defesa da médica
Os advogados, Bibiana Boaventura e Uilian Loose, em nome da Dra. Anne Letícia de Oliveira Ferreira, através desta nota de esclarecimento, comunicam à imprensa que todos os meios de tratamento e todas as manobras de ressuscitação cardiopulmonar disponíveis no Posto de Saúde 24 horas Eva Dias de Melo, na cidade de Cidreira/RS, especialmente no dia 31/12/2021, foram realizados para preservação da vida da paciente Clotilde Rieck até a sua transferência para UTI – Unidade de Terapia Intensiva na cidade de Porto Alegre/RS. Esclarecem também, que até o presente momento a médica não foi contatada pela prefeitura de Cidreira, através do Prefeito Elimar Pacheco ou Secretaria de Saúde, para esclarecimento dos fatos ocorridos, comunicação de eventual afastamento das suas atividades. Todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas para os devidos esclarecimentos dos fatos e demonstração da boa conduta médica adotada. A equipe jurídica segue a disposição.
Porto Alegre, 08 de janeira de 2022.
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Desembargador decide adotar inovação legislativa do CPC conhecida como ope legis
O desembargador Roberto Barros decidiu rever a própria decisão ao analisar agravo interno, impetrado pelo advogado Alisson Freitas Merched, que apontou como motivo do recurso a “inovação legislativa”, ope legis. A decisão, datada do dia 10, aponta a inexigibilidade momentânea do “recolhimento do preparo recursal”, o pagamento de custas com o processo.
Segundo o magistrado, a mudança de entendimento é baseada no argumento de que taxas podem ser descontadas na fase de execução de honorários advocatícios, cobrados judicialmente.
“A decisão retratada pautou-se na premissa de que a isenção de custas depende, invariavelmente, de provocação da parte e deferimento judicial (sistemática da Gratuidade de Justiça), todavia, o § 3º do art. 82 do CPC introduziu no ordenamento uma regra de diferimento legal automático (ope legis), de natureza cogente e objetiva”, escreve o desembargador.
Roberto Barros ainda apontou como “formalismo excessivo” em uma situação em que os próprios honorários possuem “natureza alimentar”.
A inovação legislativa é prevista no § 3º do art. 82 do Código de Processo Civil (CPC), atualizado na Lei nº 15.109/2025.
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Estudantes de aldeia indígena em Assis Brasil celebram formatura do ensino fundamental
A professora Maria Francisca Saraiva destacou a importância do momento para a comunidade. Segundo ela, a formatura é a concretização de um sonho coletivo, construído com esforço, perseverança e fé na educação como instrumento de transformação social

Estudantes da Escola Indígena Nossa Senhora da Conceição celebram a primeira formatura do 9º ano do ensino fundamental na Aldeia Peri, em Assis Brasil. Foto: cedida
Levar educação pública de qualidade a todos os acreanos, independentemente da distância ou das dificuldades de acesso, é um compromisso permanente do governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE). Esse compromisso ganhou um significado histórico na última semana, na Aldeia Peri, localizada no município de Assis Brasil, onde, pela primeira vez, 30 estudantes da Escola Indígena Nossa Senhora da Conceição concluíram o 9º ano do ensino fundamental.
O feito representa muito mais que uma formatura. Para chegar até a comunidade, o acesso exige uma viagem terrestre de cerca de 70 quilômetros pelo ramal Icuriã, seguida por aproximadamente uma hora e meia de deslocamento fluvial em barco. Um percurso que simboliza os desafios enfrentados diariamente para garantir que o direito à educação chegue aos locais mais remotos do estado.
A professora Maria Francisca Saraiva destacou a importância do momento para a comunidade. Segundo ela, a formatura é a concretização de um sonho coletivo, construído com esforço, perseverança e fé na educação como instrumento de transformação social. A educadora também ressaltou a visita da equipe do Núcleo da SEE em Assis Brasil como um gesto significativo para a aldeia.

Ao todo, 30 alunos concluíram o Ensino Fundamental, marcando um novo capítulo para a educação indígena no interior do Acre. Foto: cedida
A coordenadora da Representação da SEE em Assis Brasil, Sandra Lopes, celebrou o marco histórico. “É algo inédito: uma turma de 30 alunos se formando no 9º ano do ensino fundamental, pela primeira vez na comunidade, com muita garra e determinação. Esses estudantes desejam seguir estudando e ingressar no ensino médio em 2026, o que mostra que a educação abre caminhos e amplia horizontes”, afirmou.
Durante a cerimônia, também houve homenagens à liderança local, com destaque ao senhor Francildo Matias de Sousa Manchineri, vice-liderança da comunidade, que assumiu com responsabilidade e compromisso a continuidade do trabalho educacional após a partida do professor Artur, mantendo vivo o sonho coletivo de acesso à educação.

Mesmo com acesso por ramal e via fluvial, o governo do Acre garante o direito à educação de qualidade nas comunidades mais remotas. Foto: cedida
Representando os estudantes, Sebastião Salomão Manchineri, o aluno mais velho da turma, emocionou a todos ao falar em nome da classe. “Somos profundamente gratos. A luta e o esforço da união das lideranças tornaram possível a conclusão de um ciclo tão importante. Esta conquista não representa apenas o fim de uma etapa, mas a prova de que a educação transforma realidades e constrói futuros. Nosso respeito e gratidão a todos que acreditaram e lutaram para que este momento se tornasse realidade”, declarou.
Educação indígena como prioridade
Para o secretário de Estado de Educação e Cultura, Aberson Carvalho, o momento reafirma o compromisso do governo com uma política educacional inclusiva, respeitosa e adaptada às especificidades dos povos indígenas.
“Garantir educação de qualidade às comunidades indígenas exige um trabalho diferenciado, sensível às culturas, aos territórios e às realidades locais. O que vimos na Aldeia Peri é a prova de que, com planejamento, compromisso e valorização dos profissionais da educação, é possível superar distâncias e transformar vidas. Essa formatura representa o fortalecimento da educação indígena no Acre e reafirma que nenhum estudante ficará para trás, independentemente de onde viva”, destacou o secretário.

Estudantes celebram a conclusão de uma etapa e sonham com o ingresso no ensino médio em 2026. Foto: cedida
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Cortes no orçamento de 2026 ameaçam funcionamento da Ufac, diz Andifes; cenário é crítico
Os cortes agravam um cenário já considerado crítico. Caso não haja recomposição, o orçamento das universidades federais em 2026 ficará nominalmente inferior ao executado em 2025, mesmo sem considerar os efeitos da inflação e os reajustes obrigatórios de contratos

A associação alerta que o cenário atual representa “comprometimento do pleno desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão nas universidades federais”
Vitor Paiva
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) manifestou preocupação com os cortes promovidos pelo Congresso Nacional no orçamento das Universidades Federais durante a tramitação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026. Segundo a entidade, as reduções afetam diretamente o funcionamento das instituições e comprometem ações essenciais de ensino, pesquisa e extensão.
De acordo com análise preliminar da Andifes, o orçamento originalmente previsto no PLOA 2026 para as 69 universidades federais sofreu um corte total de R$488 milhões, o que representa uma redução de 7,05% nos recursos discricionários. A entidade informa que os cortes “incidiram de forma desigual entre as universidades e atingiram todas as ações orçamentárias essenciais ao funcionamento da rede federal de ensino superior”.
A Andifes destaca que a situação é mais grave na assistência estudantil, considerada estratégica para a permanência de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Apenas nessa área, o corte alcançou cerca de R$100 milhões, equivalente a uma redução de 7,3%. Para a associação, a medida “compromete diretamente a implementação da nova Política Nacional de Assistência Estudantil (PNAES)”, instituída pela Lei nº 14.914/2024, e coloca em risco avanços relacionados à democratização do acesso e da permanência no ensino superior público.
Segundo a entidade, os cortes agravam um cenário já considerado crítico. Caso não haja recomposição, o orçamento das universidades federais em 2026 ficará nominalmente inferior ao executado em 2025, mesmo sem considerar os efeitos da inflação e os reajustes obrigatórios de contratos, especialmente os relacionados à mão de obra. A Andifes ressalta ainda que o quadro se torna mais preocupante diante de reduções semelhantes nos orçamentos da Capes e do CNPq.
No texto, a associação alerta que o cenário atual representa “comprometimento do pleno desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão nas universidades federais”, além de ameaçar a sustentabilidade administrativa das instituições e a permanência de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica. A entidade também aponta que a restrição orçamentária impõe entraves ao desenvolvimento científico e, consequentemente, à soberania nacional.
A Andifes reconhece o diálogo mantido com o Ministério da Educação, afirmando que a pasta tem demonstrado sensibilidade diante da gravidade do cenário. No entanto, reforça que “os cortes aprovados pelo Congresso Nacional exigem ações imediatas de recomposição, sob pena de comprometer o funcionamento regular das universidades federais e limitar o papel estratégico dessas instituições no desenvolvimento científico, social e econômico do país”.
Por fim, a associação informou que seguirá atuando junto ao Governo Federal e ao Congresso Nacional em defesa da recomposição do orçamento das universidades federais e da pesquisa científica, da valorização da educação superior pública e do cumprimento do compromisso constitucional do Estado brasileiro com a ciência, a educação e a redução das desigualdades sociais e regionais.
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