Cotidiano
Há 113 anos, morria no Acre o herói da pátria e líder da Revolução Acreana Plácido de Castro
Plácido de Castro foi morto em emboscada após uma rede de intriga; até hoje crime não foi esclarecido

Descendente de família cristã, recebeu no seu batismo o nome do avô José Plácido de Castro, o major paulista que, após combater na Campanha Cisplatina, trocou São Paulo pelo do Rio Grande do Sul.
POR TIÃO MAIA
Cinco anos após ser recebido pelas autoridades federais do Brasil, incluindo o próprio presidente da República, Afonso Pena, e o chefe da diplomacia brasileira, José Maria Paranhos, o “Barão do Rio Branco”, como o herói responsável pela conquista do Acre para o território nacional, o gaúcho José Plácido de Castro foi abatido covardemente por ex-aliados. Foi vítima de uma rede de intrigas.
Era 11 de agosto de 1908, quando ele, hospedado e agonizando na casa do amigo seringalista João Rola, já febril e sem forças após sofrer vários tiros três dias antes, quando se dirigia à sede do seringal onde morava, chama ao leito tosco onde morreria o irmão Genesco Castro e faz seu último pedido:
– Logo que puderes, retira daqui os meus ossos. Direi como aquele general africano: ‘Esta terra que tão mal pagou a liberdade que lhe dei, é indigna de possuí-los’. Ah, meus amigos, estão manchadas de lodo e de sangue as páginas da história do Acre…tanta ocasião gloriosa para eu morrer…”
Antes da hora derradeira, ele faz outro pedido, segundo relata o irmão em suas memórias:
– Tira do meu peito meu coração e o divide em dois. Um pedaço à nossa mãe e o outro à minha amada noiva.
O nome da noiva de Plácido de Castro não passou a história e há dúvidas entre historiadores se ela de fato existia.
No Livro, Genesco Castro, que acompanhava o irmão na hora do atentado, ainda nas imediações da então Vila Rio Branco, às margens do rio Acre, não revela se cumpriu este segundo pedido. O primeiro, sim. Seus ossos foram sepultados à entrada do Cemitério da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. Na fronte do pedestal, a família fez questão de deixar gravados, um a um, nome e sobrenome dos seus catorze carrascos. O líder da emboscada, segundo a família, foi o coronel Alexandrino José da Silva, o subdelegado das tropas acreanas na Revolução Acreana. Rumores da época diziam que coronel Alexandrino estava insatisfeito com a sua posição no poder do Acre, um posto bem menor que o de Plácido, e por isso armou a emboscada. O herói rio-grandense foi covardemente trucidado, aos 35 anos de idade. O crime até hoje, 113 anos depois, não foi completamente esclarecido.
José Alexandrino ainda tem descendentes diretos vivendo em Rio Branco, como o funcionário público aposentado João Alexandrino da Silva, o “João Couro Grosso”, morador do bairro Cadeia Velha. Avesso a tratar do assunto e do crime no qual seu avô é apontado como principal acusado, “Couro Grosso” diz, enfaticamente, que seu avô é inocente e que as acusações da família de Castro e da própria história são infundadas. “Precisava de um acusado e pegaram meu avô para Cristo. Mas eu não quero falar sobre isso”, diz o aposentado de 76 anos.
O local onde Plácido de Castro foi abatido, um sítio arqueológico nas terras onde era o Seringal Benfica, em Rio Branco, que está abandonado pelo poder público e tomado pelo mato, próximo à antiga propriedade de Alexandrino, os amigos de Plácido de Castro registraram, num pedaço de mármore, o exato local da emboscada.
Plácido de Castro era filho do capitão Prudente da Fonseca Castro, veterano das campanhas do Uruguai e Paraguai, e da dona de casa Zeferina de Oliveira Castro. Descendente de família cristã, recebeu no seu batismo o nome do avô José Plácido de Castro, o major paulista que, após combater na Campanha Cisplatina, trocou São Paulo pelo do Rio Grande do Sul.
Plácido começou a trabalhar aos 12 anos – quando perdeu o pai – para sustentar a mãe e seus seis irmãos. Aos 16 anos, ingressou na vida militar chegando a 2° sargento do 1° Regimento de Artilharia de Campanha, mais conhecido como “Boi de Botas”, em São Gabriel, hoje quartel do 6° Batalhão de Engenharia de Combate. Quando foi deflagrada a Revolução Federalista, Plácido encontrava-se na Escola Militar do Rio Grande do Sul, o velho Casarão da Várzea, hoje Escola Militar. Um grupo de oficiais e cadetes pediu o fechamento da escola ao presidente Floriano Peixoto, para que pudessem participar, com as forças legais, no combate à Revolução Federalista. Plácido discordava da maioria: acreditava que Deodoro da Fonseca, o presidente anterior, não deveria ter sido substituído por Floriano Peixoto; deveria ter havido eleições diretas e não a posse – como ocorreu – do então vice-presidente. Plácido lutou na Revolução ao lado dos Maragatos, chegando ao posto de Major. Com a derrota para os “Pica-paus”, que defendiam o governo Floriano Peixoto, Plácido decidiu abandonar a carreira militar e recusou a anistia oferecida aos envolvidos na Revolução.
Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi inspetor de alunos do Colégio Militar do Rio de Janeiro. Algum tempo depois, foi fiscal nas docas do porto de Santos, em São Paulo e, voltando ao Rio, obteve o título de agrimensor. Inquieto e à procura de desafios, viajou para o Acre, em 1899, para tentar a sorte como agrimensor. Aqui encontrou seu destino.
O Acre, que ainda não tinha nome, era objeto de tratados firmados entre os anos de 1750 e 1777 entre Brasil e Bolívia e o território também era reivindicado em parte pelo Peru. Com o ciclo da borracha, muitos brasileiros, principalmente vindos do Nordeste, se fixaram na região e a presença deles causou incômodo à Bolívia, que começou acusar o Brasil de invasão. Os brasileiros que ali habitavam também não aceitavam a situação e proclamaram o Estado Independente do Acre, em 1899, comandados pelo espanhol Luis Gálvez Rodríguez de Arias. Sabendo disso, o governo brasileiro enviou tropas que dissolveram a República do Acre, e Luís Gálvez foi deposto e preso. O Acre foi então devolvido à Bolívia, que organizou uma pequena missão militar para ocupar a região. Ao chegar em Porto Acre, foi impedida pelos seringueiros brasileiros de continuar o seu deslocamento.
Os brasileiros receberam apoio do governo do Amazonas, que enviou uma nova expedição ao Acre. A nova expedição foi batizada e “Expedição dos Poetas”, sob o comando do jornalista Orlando Correa Lópes. Embora apoiasse a causa revolucionária, Plácido de Castro, já vivendo no Amazonas, não participou da Expedição, antevendo seu fracasso. E foi o que realmente aconteceu: logo após os “poetas” proclamarem novamente o Estado Independente, foram derrotados pelas tropas bolivianas.
Foi Luis Gálvez que divulgou nos jornais de Manaus um suposto contrato entre a Bolívia e os Estados Unidos, para o arrendamento do Acre. O contrato arrendava, por 30 anos, a região acreana, destinando 60% dos lucros para a Bolívia e os 40% restantes para o Bolivian Syndicate, um conglomerado anglo-americano sediado em Nova York e presidido pelo filho do então presidente dos Estados Unidos na época, William McKinley. O acordo também autorizava o emprego de força militar como garantia de seus direitos na região, onde os Estados Unidos se comprometiam a fornecer todo o armamento que necessitava e a opção preferencial de compra do território arrendado, caso viesse a ser colocado à venda. A Bolívia também se comprometia em, no caso de uma guerra, entregar a região aos Estados Unidos.
Plácido de Castro estava demarcando o seringal “Victoria”, quando ficou sabendo do acordo pelos jornais, e viu nisto uma ameaça à integridade do Brasil. Enquanto arregimentava combatentes, o governo do Brasil reconheceu os direitos bolivianos sobre o Acre. Iniciou então um movimento armado contra a Bolívia, pela posse da região.
O governo boliviano enviou um contingente de 400 homens, comandados pelo coronel Rosendo Rojas. Plácido, com 60 seringueiros, enfrentou a tropa, mas foi fortificado no seringal Empreza, hoje a Capital Rio Branco, desta vez saindo vencedor. Depois, venceu guarnições bolivianas em Empreza e Puerto Alonso (atual Porto Acre), onde se renderam o general Ibañez e seus soldados. O presidente da Bolívia, general José Manuel Pando, decide então acabar com a revolta e até ameaçou descer a cordilheira em La Paz para enfrentar Plácido de Castro na planície amazônica, o que não aconteceu. Os bolivianos se renderam antes. Plácido de Castro tinha 27 anos quando liderou a revolução, sendo proclamando presidente do Estado Independente do Acre, proclamado pela terceira vez, mas posteriormente anexado ao Brasil como território federal.
Em 1906, Plácido é nomeado governador do Território do Acre. Depois, viajou para o Rio de Janeiro, para visitar a família. Na então capital federal, ofereceram-lhe os galões de coronel da Guarda Nacional, mas Plácido rejeitou. Quando de seu retorno ao Acre, foi nomeado prefeito da Região do Alto Acre, mas acabou por renunciar funções públicas por discordar das diretrizes do governo central. Em vasta correspondência registrada no arquivo da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, Plácido de Castro demonstra seu descontentamento e chega a acusar o governo federal de enviar para o Acre, como autoridades, “celerados e bandidos”. Chega a citar José Alexandrino e também o coronel José Galdino e Gabino Besouro.
Ao renunciar funções públicas, torna-se seringalista e, no dia 8 de agosto de 1908, ao se dirigir a uma dessas de suas propriedades, ao lado de seu irmão Genesco de Castro e empregados, é ferido numa emboscada que lhe prepararam mais de uma dezena de jagunços, próximo à propriedade e sob a liderança de José Alexandrino. O inquérito físico sobre o caso não se encontra nos arquivos do Tribunal de Justiça do Acre.
O Brasil só fez justiça ao libertador das terras acreanas em 17 de novembro de 2004, quando seu nome foi entronizado no Panteão da Pátria e da Liberdade e inscrito no Livro dos Heróis da Pátria. O Panteão da Pátria, construído entre 1985 e 1986, idealizado como um espaço para homenagear os heróis nacionais, está localizado no subsolo da Praça dos Três Poderes, em Brasília. A iniciativa, neste sentido, foi do então senador Tião Viana.
A foto de Plácido de castro foi feita pelo coronel inglês Percy Harrison Fawcett, que passou pelo Acre em busca do que imaginava ser uma cidade perdida no território brasileiro e sumiu na região do Mato Grosso, quando teria sido comido por índios.
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Governo do Acre firma termo para apoiar atletas de natação

A Secretaria Extraordinária de Esporte e Lazer (SEEL) firmou o Termo de Fomento nº 58/2025 com a Federação Aquática do Estado do Acre, destinado a apoiar a participação de atletas acreanos em competições de natação. O decreto foi publicado na edição do Diário Oficial desta sexta-feira, 5.
Conforme o extrato publicado, o Governo do Estado, por meio da SEEL, repassará à entidade o valor de R$ 80.239,68 em parcela única, diretamente na conta da Federação Aquática. O recurso será aplicado de acordo com o Plano de Trabalho aprovado pela secretaria.
O termo está vinculado ao órgão 718 – Secretaria Extraordinária de Esporte e Lazer, Unidade Gestora 001, sob o Programa de Trabalho 2096.0000 e Elemento de Despesa 44 50 42 00 00, com fonte de recursos 1.500.0100.
Vigência e possibilidade de prorrogação
O convênio terá vigência de um ano a partir da assinatura, podendo ser prorrogado mediante solicitação formal da entidade beneficiada, desde que apresentada com pelo menos 30 dias de antecedência e aprovada pela SEEL. Caso haja atraso no repasse dos recursos por parte do Governo, a prorrogação poderá ocorrer de ofício, limitada ao período correspondente ao atraso, sempre por meio de termo aditivo.
O Termo de Fomento foi assinado em 13 de novembro de 2025 pelo secretário extraordinário de Esporte e Lazer, Joziney Alves Amorim, e pelo presidente da Federação Aquática do Acre, Ricardo Sampaio Santos.
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Joaquin Assaf bate recorde estadual absoluto nos 100 metros livres

Foto arquivo pessoal: Joaquin ainda disputará três provas no Brasileiro
Joaquin Assaf(Miragina) bateu nesta quinta, 4, durante a disputa do Campeonato Brasileiro Júnior, no parque aquático do Flamengo, no Rio de Janeiro, o recorde estadual absoluto na prova dos 100 metros livres 54”18. A marca colocou o atleta acreano na 29ª colocação no torneio nacional.
“O Joaquin baixou 16 centésimos da sua marca e isso é um resultado expressivo. Poderia ter sido ainda melhor”, declarou o presidente da Federação Aquática do Estado do Acre (FAEA), professor Ricardo Sampaio.
50 borboleta
Joaquin Assaf disputa nesta sexta, 5, a prova dos 50 metros borboleta e a meta é novamente diminuir o tempo.
“A meta precisa ser baixar o tempo. É necessário realizar uma grande prova e esperar o resultado”, afirmou Ricardo Sampaio.
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Equipe da APA termina na última colocação na Copa de Acesso 2025

Foto leofclemos.foto: Time acreano fechou a competição sem vitória
A equipe da Associação de Paratletas Acreanos(APA) terminou na última colocação na Copa de Acesso, competição promovida pela Confederação Brasileira de Basquetebol em Cadeira de Rodas(CBBC) em Niterói, no Rio de Janeiro.
O time acreano fez quatro jogos na primeira fase do torneio e foi derrotado pelas equipes do Coyotes, do Pará, Manaus, do Amazonas, Vida Ativa, de Rondônia, e Águia, do Amapá.
Atletas da Seleção
A APA fechou o evento nacional em 2024 na última posição e para 2025 contratou as atletas Gabriela Oliveira e Débora Costa, ambas da Seleção Brasileira, e mesmo com os reforços a equipe acreana não conseguiu vencer nenhuma partida.
ADESUL é campeã
A ADESUL, do Ceará, venceu o Coyotes, do Pará, por 58 a 49 e nesta quinta, 4, conquistou o título da Copa de Acesso.

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