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Guerra santa revela controle pela Assembleia de Deus no Brasil e no Acre, arrecadação bilionária de recursos e movimento criado pelo grupo do deputado federal Silas Câmara (PSC-AM)

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O testemunho foi gravado durante o início da noite de terça-feira (16), após a divulgação de uma nota de esclarecimento sobre o fato, pela diretoria da Assembleia de Deus em Rio Branco.

Da Redação Ac24horas
O obreiro deve entender o ministério como vocação divina e a atividade humana mais excelente (Tm 3:1). Fiel a esta palavra, um dos obreiros mais antigos da Assembleia de Deus (AD) do Acre resolveu – com a exigência de sigilo de sua identidade – quebrar o silêncio e revelar, em entrevista exclusiva ao ac24horas, o que pode estar por trás da decisão do Pastor Luiz Gonzaga de desligar-se da Convenção Estadual de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Acre – CEIMADAC e da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil – CGADB.
“O rompimento vem com uma aliança com os Câmaras que têm muitos interesses aqui”, disse o obreiro. Ao detalhar como funciona o sistema episcopal das Assembleias de Deus, especulações dessa suposta negociação entre o Pastor Luiz Gonzaga e o grupo do deputado federal Silas Câmara (PSC-AC) citam a presidência da AD de Manaus – que tem uma arrecadação bilionária – e o controle das Igrejas no Acre pelo grupo Câmara.

Obreiro, uma das maiores lideranças da AD no Acre, Pastor Luiz Gonzaga (Foto: Difulgação)

O testemunho foi gravado durante o início da noite de terça-feira (16), após a divulgação de uma nota de esclarecimento sobre o fato, pela diretoria da Assembleia de Deus em Rio Branco. No silêncio do escritório onde o obreiro aceitou conceder entrevista, uma Bíblia sobre a mesa, escuro confortante, atenuado apenas por uma suave luz de uma iluminaria pública que entrava pela janela.

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“Quem tem o maior guarda-chuva que se defenda”, disse o religioso ao ler a abertura da nota de esclarecimento de Luiz Gonzaga que circula nas redes sociais afirmando através de Coríntios 13:8: “porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade”.

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Para o obreiro, uma das maiores lideranças da AD no Acre, Pastor Luiz Gonzaga, deixou de esclarecer vários pontos à comunidade evangélica, principalmente sobre a reunião do dia 9 de janeiro, quando foi anunciada a nova diretoria para 2018 e a decisão de saída das convenções estaduais e nacional.

“Luiz Gonzaga decidiu sair da CEIMADAC e da CGADB depois de participar do aniversário da Igreja do deputado federal Silas Câmara em Manaus. Ele voltou para o Acre decidido”, disse.

Em nenhum momento durante o culto do dia 9 de janeiro, que durou cinco horas, segundo o entrevistado, ficou claro os motivos que levaram a decisão intempestiva e traumática de racha pela AD de Rio Branco. Ainda de acordo o obreiro, por três horas, em uma mensagem de desabafo, o pastor dissidente usou argumentos diversos chegando a atribuir à Convenção Estadual o desvio de conduta. “O que não é verdade”, acrescentou.

“A proposta de reforma espiritual rendeu chacotas ao pastor Luiz Gonzaga pelas redes sociais. Tão chamando ele de Luiz Lutero Lima” destacou.

Movimento do grupo Câmara coloca fim a ética assembleiana

Para o obreiro, o crescimento da AD no Brasil e no Acre mostra que a Congregação segue seu rumo certo pregando obra de vida e fazendo o trabalho social, o que não justifica os argumentos jogados na mídia por Luiz Gonzaga.

Pedro Abreu da CEIMADAC e o segundo secretário da CGADB (Foto: Difulgação)

O religioso aponta as duas vitórias de Pedro Abreu nos últimos anos na CEIMADAC e por último, como segundo secretário da CGADB, como pontos fortes de uma gestão administrativa e eclesiástica que ganhou prestígio nos campos mais distantes e isolados do Acre. Ele ver o movimento com cara de disputa por status, sem iluminação.

“A alegação que Luiz Gonzaga coloca como desculpa é que Belém é a primeira Igreja, se ela rompeu com a CGADB e abriu uma convenção, ora, foi encontrada uma válvula de escape para se desligar da autoridade do Pedro, a quem estava subordinado”, observa o religioso.

De fato, a família Câmara registrou tentativas de controle geral da Assembleia de Deus no Brasil. Em abril de 2013, pastor Samuel Câmara concorreu à eleição da CGADB e perdeu para José Wellington por um placar apertado. Dentre os 16.410 votos válidos, José Wellington obteve 9.003 votos (54%) e contra 7.407 (46%) de Câmara. O resultado da eleição de 2013, foi questionado na justiça, e em consequência, a CGADB foi multada a pagar mais de R$ 9 milhões de reais, porque não demonstrou em juízo os comprovantes de pagamentos de inscrições dos ministros que votaram na eleição de 2013. Em 2017, Samuel voltou a perder a convenção, desta vez por um placar mais ampliado de 8.145 votos a favor e 14.675 votos contra.

Depois de amargar sucessivas derrotas para o grupo do Pastor José Wellington, Jônatas Câmara compareceu à sede da CGADB e entregou o pedido de desligamento da entidade, assim como a desfiliação da Convenção Estadual da Assembleia de Deus no Amazonas (CEADAM).

Jônatas é irmão do deputado federal Silas e cunhado de Antônia Lúcia. Ele engrossou o movimento que visa desidratar a entidade presidida por José Wellington Jr., eleito ano passado, durante a 43ª Assembleia Geral Ordinária da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), novo presidente da Convenção, com mandato até 2021.

A Assembleia de Deus no Amazonas (CEADAM), segundo o ac24horas apurou, é a segunda maior convenção do Brasil, com 3.085 igrejas no Amazonas e 272 mil fieis. Depois do desligamento do grupo Câmara da CGADB, desfiliações em escala começaram a acontecer principalmente na região norte, onde se registraram os pedidos de desfiliação dos pastores do Amapá, Oton Miranda de Alencar, presidente da Assembleia de Deus A Pioneira; o pastor Dimas Leite Rabelo, presidente da Assembleia de Deus Zona Norte; e o pastor Ezer Belo das Chagas, presidente da Assembleia de Deus do Avivamento.

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O pastor Samuel Câmara, que também é irmão de Silas Câmara, deverá ser aclamado pelos integrantes do movimento como presidente da nova convenção.

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A estimativa do movimento liderado pelas igrejas ligadas à Assembleia de Deus em Belém, tida como “Igreja-Mãe”, é que ao todo, 25 mil pastores assembleianos de outros estados repitam o gesto. No Acre, o desligamento da AD de Rio Branco da Convenção Nacional e Estadual foi confirmado dia 9 de janeiro. O Pastor Luiz Gonzaga ainda não revelou qual será o caminho a ser seguido.

PARA ENTENDER MELHOR O CASO:

Ao romper com a Convenção Estadual e a Convenção Nacional, Luiz Gonzaga se torna independente (Foto: ilustração)

Para o obreiro que concedeu entrevista exclusiva à reportagem, a decisão do ministro da AD de Rio Branco coloca por terra a ética eclesiástica. Isto porque, segundo o entrevistado, a partir deste ano ocorrerão novas cruzadas nos campos de Rio Branco e no interior do estado, onde, o princípio de “Igrejas coirmãs” filiadas à mesma convenção, cairá por terra.

Respiração funda, mão sobre a Bíblia. Frases bem compassadas. Para entender o que o obreiro chama de “decisão traumática” para a maior igreja evangélica do Acre, foi preciso analisar o fenômeno do crescimento da instituição no estado.

Ao romper com a Convenção Estadual e a Convenção Nacional, Luiz Gonzaga se torna independente. As Congregações aliadas terão que decidir em ficar com ele ou seguir o grupo de Pedro Abreu. Independente, Luiz Gonzaga, que já tem liderança sobre 15 mil fieis, pode criar uma nova convenção e novas filiais com a mesma denominação Assembleia de Deus.

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“Ele declarou na reunião que a filiação é anual, quem não seguir pelo caminho por ele adotado está automaticamente desfiliado. Ele fechou a porta da opção, ou seja, quem não estiver de acordo, desocupa caminho”, assegura o obreiro.

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Como a própria diretoria da AD de Rio Branco citou na nota de esclarecimento: “porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Am 3:3), com 80 mil membros e 400 congregações, a tendência será de Igrejas com a mesma denominação, mas de convenções diferentes.

Escolha política de aliança com FPA e o PCdoB foi um divisor de águas

Fora do que os assembleianos chamam de “primeiro escalão” da administração da AD no Acre por 23 anos, a perda de prestígio do Pastor Luiz Gonzaga, ao contrário do que a nota de esclarecimento afirma, segundo o obreiro, começou exatamente quando o ministro optou por andar com a Frente Popular do Acre (FPA), grupo político que governa o estado até a atualidade.

“Na última eleição, colocar o Pastor Davi como suplente da Perpétua, uma comunista, grupo de pensamento antagônico à Igreja, entristeceu e magoou muita gente, pessoas tradicionais, que não são tolos, isso foi a gota d’água ”, analisou o servo.

Desde 2003 quando exerceu seu último mandato frente a CEIMADAC, que Luiz Gonzaga passou a colecionar sucessivas derrotas para o grupo de Pedro Abreu no controle dos ministérios no Acre. A performance do ministro é tão ruim, que segundo o obreiro, depois da morte de Jessé Santiago, nenhum nome lançado pela Igreja para política conseguiu êxito nas eleições.

“Depois do Jessé Santiago, o Luiz Gonzaga não conseguiu eleger mais ninguém, com uma liderança sobre 15 mil pessoas, não elegeu nem o filho vereador”, volta a comentar o obreiro.

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Na contramão, o obreiro afirma que Pedro Abreu ganhou prestígio por fazer uma administração presente nos campos, próximo dos obreiros e nas regiões mais isoladas onde a denominação chega na vida de milhares de irmãos.

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“O Pastor Luiz Gonzaga dedicou sua vida a AD, como acusar a Congregação de desvio de conduta de um projeto que ele fez parte? Ele é quem manipula. Fico imaginando, como seu grupo vai tragar Antônia Lúcia Câmara que investiu pesado contra a sua imagem?”, questiona.

Para o servo, espiritualmente Luiz Gonzaga cometeu um grande erro porque o crente é ensinado a dizer amém, não se levantar contra o seu líder, que em tese, é representante de Deus, a voz de Deus.

“O contrário disso, o evangelho ao falar de uma Assembleia diz: ‘o que dois ou três concordarem, o que ligares na terra, será ligado ao céu’. Portanto, o que a Igreja concorda tem o aval de Deus. Não é a vontade de Deus, mas a permissão de Deus. Vontade e permissão são duas coisas diferentes. Ele outorgou essa autoridade para que a comunidade decida, o que não ocorreu nessa decisão da AD de Rio Branco, a comunidade foi para o culto, mas não decidiu”, completa o entrevistado.

Abaixo, leia na integra, a nota de esclarecimento divulgada pela diretoria da Assembleia de Deus de Rio Branco no fim de semana:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

“Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.”

(2 Coríntios 13.8)

Tendo em vista as manifestações veiculadas nos diversos meios de comunicação, acerca da recente decisão da Igreja Assembleia de Deus em Rio Branco, a diretoria desta igreja tem o compromisso moral de vir a público restabelecer a verdade dos fatos.

Primeiramente, esclarecemos que a AD em Rio Branco é uma organização religiosa sem fins lucrativos, de direito privado. Nesta qualidade, desfruta de garantias legais e estatutárias que lhe conferem autonomia e competência para, por si mesma, resolver qualquer questão de ordem interna ou externa, eclesiástica, administrativa, judicial ou espiritual.

Foi assim, livre e competente para deliberar acerca das matérias de seu interesse, que esta igreja resolveu desligar-se da Convenção Estadual de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Acre – CEIMADAC, e da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil – CGADB, sendo encaminhada a devida comunicação aos seus representantes legais.

A decisão foi tomada pelo ministério da igreja, em reunião realizada no dia 29 de dezembro de 2017, e aprovada pela Assembleia Geral, no dia 9 de janeiro fluente. Em ambas ocasiões, a deliberação ocorreu por maioria absoluta dos votantes, conforme consignado nas respectivas atas e no registro integral em vídeo das mencionadas reuniões, sendo que a assembleia foi transmitida ao vivo por canais de TV aberta (21 e 40) e pela internet, garantindo ampla divulgação e transparência ao encontro.

Salientamos que a decisão pelo desligamento foi fruto de prolongada e refletida análise da diretoria da igreja, levando-se em consideração os princípios bíblicos, éticos e morais que devem balizar a conduta de fé e prática dos crentes e obreiros, sobretudo daqueles que presidem, conforme exorta o escritor sagrado:

“Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir. Não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho.” (1 Pedro 5:2,3). A esta reflexão, foi bastante apropriada a indagação do profeta Amós: “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Am 3:3).

É oportuno lembrar que a Convenção Regional da Assembleia de Deus no Acre – CRADAC, cujos nome e sigla foram alterados depois para CEMADAC e posteriormente para CEIMADAC, foi criada em julho de 1978 pelo pastor José Rodrigues Muniz, in memorian, então presidente da Assembleia de Deus em Rio Branco. Nesse período de quase 40 anos, a AD em Rio Branco prestou relevante apoio na formação de obreiros, de igrejas e na organização administrativa e financeira da referida entidade.

Calha também mencionar que, na qualidade de membro da CEIMADAC desde o ano de 1979, o pastor Luiz Gonzaga de Lima teve a honra de ser o primeiro acreano a presidi-la, o que fez durante sete anos consecutivos, de 1993 a 2000, quando a eleição ainda era realizada anualmente, e desprovida de politicagem.

Uma das principais iniciativas da sua gestão foi fortalecer o processo de autonomia dos campos ligados à Convenção Estadual, que passaram a desfrutar de independência administrativa e financeira com relação à sede, localizada na Capital.

Assim, repudiamos a injustificável campanha difamatória contra a recente decisão tomada pela AD em Rio Branco, notadamente mediante postagens nas redes sociais e em entrevista televisionada. Campanha praticada ou incentivada inclusive por aqueles que se dizem obreiros, e baseada em interesses ilícitos, mentiras, ofensas e calúnias, objetivando atingir a esta igreja, seu ministério e a idoneidade moral de quem a preside. Acreditamos que a sociedade acreana, especialmente o segmento cristão-evangélico, saberá discernir entre a verdade e a mentira, principalmente considerando o testemunho das pessoas envolvidas neste episódio. No ensinamento do Senhor Jesus, aprendemos que “Pelos seus frutos os conhecereis.” (Mateus 7:16)

Pela bondade divina, o pastor Luiz Gonzaga de Lima exerce o ministério pastoral de dedicação exclusiva há 39 anos, sendo 23 deles como presidente da Assembleia de Deus em Rio Branco. Nessas décadas de serviço cristão, esta igreja e o ministério são testemunhas de que a sua conduta de fé e liderança têm como base o compromisso inegociável com as Sagradas Escrituras, e que as atitudes dele refletem o caráter forjado nos princípios bíblicos, como foi na decisão pelo desligamento das convenções.

Finalmente, louvamos a Deus pela vida do nosso pastor presidente, e por ele ter condições de declarar, à semelhança do apóstolo Paulo: “Dou graças a Deus, a quem desde os meus antepassados sirvo com uma consciência pura.” (2 Timóteo 1.3a)

Rio Branco – Acre, 12 de janeiro de 2018.

DIRETORIA-GERAL

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Sebrae e Funtac promovem 3º Encontro da Rede de Sementes do Acre

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Evento acontece nos dias 8 e 9 de dezembro, no Sesc Cruzeiro do Sul

Nos dias 8 e 9 de dezembro, o Sebrae e a Funtac realizam o 3º Encontro da Rede de Sementes do Acre, em Cruzeiro do Sul. O evento objetiva a promoção do conhecimento, inovações, tecnologias e mercado, voltados para a bioeconomia de sementes florestais no Acre.

O evento acontecerá no Hotel Sesc de Cruzeiro do Sul e a programação inclui palestras e minicursos, com temas como: Restauração florestal no Acre; Coleta e comercialização de sementes nativas; e Armazenamento de sementes florestais da Amazônia.

“Este encontro é um espaço estratégico para fortalecer a bioeconomia no Acre, promover a troca de conhecimentos e ampliar as oportunidades de mercado para o público que atua neste segmento”, destacou o gestor de bioeconomia do Sebrae, Francinei Santos, ministrará a palestra “Estratégias de mercado na Rede de Sementes”, no dia 8.

Criada em 2023, a Rede de Sementes do Acre atua na estruturação da cadeia produtiva de sementes florestais nativas, com foco na restauração de ecossistemas, na conservação de espécies ameaçadas e no fortalecimento da comercialização sustentável, em parceria com instituições públicas, privadas e a sociedade civil.

A edição do Encontro em Rio Branco acontecerá nos dias 11 e 12 de dezembro. O evento conta com apoio do Ministério do Meio Ambiente, por meio do projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia, Banco Mundial, GEF, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), Conservação Internacional Brasil, FGV Europe e Secretaria de Estado do Meio Ambiente.

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Justiça determina que governo do Acre nomeie 20 policiais penais em Sena Madureira

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De acordo com o MPAC, há insuficiência grave de policiais penais na UPEM, o que impede o cumprimento mínimo da Lei de Execução Penal (LEP)

Para o MP, há direito subjetivo à nomeação dos aprovados dentro das vagas, conforme entendimento do STF (Tema 784). Foto: captada 

Saimo Martins 

A Vara Cível da Comarca de Sena Madureira determinou que o Governo do Acre convoque e nomeie, em até 30 dias, pelo menos 20 aprovados no concurso da Polícia Penal (Edital 001/2023 – SEAD/IAPEN) para atuarem na Unidade Penitenciária Evaristo de Moraes (UPEM). A decisão, assinada pelo juiz Caique Cirano de Paula, atende a pedido de tutela de urgência ajuizado pelo Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) em Ação Civil Pública.

A medida foi tomada após uma série de inspeções do Ministério Público, através do promotor Júlio César Medeiros, da Defensoria Pública e do próprio Judiciário apontarem um cenário crítico na unidade prisional, marcado por déficit de servidores, violações de direitos básicos e risco iminente à segurança.

Déficit de servidores e violações de direitos básicos

De acordo com o MPAC, há insuficiência grave de policiais penais na UPEM, o que impede o cumprimento mínimo da Lei de Execução Penal (LEP). Entre as violações identificadas estão a irregularidade no banho de sol — que chega a ocorrer apenas uma vez por mês — precariedade no fornecimento de água, problemas na qualidade da alimentação, ausência de equipe de saúde adequada e inexistência de Grupo de Intervenção, único caso no Estado.

Relatórios da Defensoria Pública e do Juízo da Execução Penal reforçaram a grave situação, caracterizada pelo Ministério Público como expressão local do Estado de Coisas Inconstitucional reconhecido pelo STF no sistema prisional brasileiro.

Concurso com vagas abertas e aprovados sem nomeação

O concurso da Polícia Penal previa 261 vagas, e 308 candidatos concluíram o curso de formação. No entanto, apenas 170 foram convocados até agora. Para o MP, há direito subjetivo à nomeação dos aprovados dentro das vagas, conforme entendimento do STF (Tema 784).

O diretor da unidade informou que seriam necessários, no mínimo, 30 novos servidores, sendo 16 para formação do Grupo de Intervenção e 12 para reforçar a equipe educacional.

Decisão determina ações imediatas

Na decisão, o juiz afirma que não há violação ao princípio da separação dos poderes, uma vez que o Judiciário apenas determina o cumprimento de obrigações legais já previstas. O magistrado destacou a urgência diante do risco à integridade física de internos e servidores, além das violações massivas de direitos fundamentais.

Segundo ele, o Ofício nº 7.499/SMCRI00, expedido pelo Juízo da Execução Penal e que estabeleceu prazos curtos para regularização do banho de sol, atendimento em saúde e fornecimento de água potável, evidencia a gravidade da situação. O juiz ressaltou que a normalização dessas atividades depende diretamente de efetivo de segurança suficiente para garantir a movimentação dos presos e a ordem interna. Ele apontou que a privação crônica de banho de sol, a ausência de assistência à saúde e as falhas no fornecimento de água elevam o risco de instabilidade interna a níveis perigosos. A falta de um Grupo de Intervenção, conforme observou o Ministério Público, transforma a UPEM em uma “bomba-relógio”, ameaçando a segurança de servidores, internos e da população. O magistrado concluiu que, diante do histórico de violência, rebeliões e evasões no sistema prisional acreano, o Poder Judiciário, provocado pelo Ministério Público e apoiado em recente atuação da Defensoria Pública, não pode se omitir frente à evidente falha do Poder Executivo na implementação das políticas penitenciárias necessárias.

O Estado deverá adotar uma série de medidas no prazo de 30 dias, conforme determinação judicial. Entre elas está a nomeação de pelo menos 20 policiais penais aprovados e formados no concurso, para atuação imediata na Unidade Penitenciária Evaristo de Moraes (UPEM). Também deverá ser criado e capacitado um Grupo de Intervenção, composto por no mínimo 16 policiais penais.

A decisão determina ainda que as vagas de estudo oferecidas aos internos sejam ampliadas de 40 para 80, além da obrigatoriedade de garantir banho de sol diário com duração mínima de duas horas, conforme prevê a Lei de Execução Penal (LEP). Outro ponto imposto é a regularização do fornecimento de água potável, que deverá ocorrer pelo menos três vezes ao dia, com horários fixos divulgados em todos os blocos da unidade.

O magistrado ainda determinou que o Estado realize a manutenção preventiva do sistema de bombeamento de água, assegurando uma reserva técnica para situações emergenciais. Em caso de descumprimento das medidas, foi fixada multa diária de R$ 10 mil, limitada a 30 dias.

“Realize a manutenção preventiva do sistema de bombeamento de água, a fim de garantir o fornecimento de água potável, no mínimo, três vezes ao dia aos internos, em horários fixos, com fixação do cronograma de liberação de água sendo afixado em todos os blocos, com manutenção de reserva técnica de água para situações emergenciais. Fixo, a título de astreintes, multa diária no montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), limitada a 30 (trinta) dias”, diz a decisão.

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Acre tem 152 obras federais paradas, com R$ 1,2 bilhão paralisados durante governo Lula, aponta TCU

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Dados atualizados até abril de 2025 mostram que saúde e educação concentram maior número de obras interrompidas; causas das paralisações não são detalhadas no painel do tribunal

O Ministério das Cidades reúne 31 obras suspensas, impactando projetos de habitação e urbanização. O DNIT contabiliza 12 interrupções em frentes relacionadas à malha viária e logística estadual. Foto: captada 

O Acre convive com 152 obras federais paralisadas, que somam cerca de R$ 1,2 bilhão em investimentos represados, segundo dados do Tribunal de Contas da União (TCU) atualizados até abril de 2025. As áreas de saúde e educação são as mais afetadas, com 50 e 32 obras interrompidas, respectivamente.

O levantamento, foi consultado na última quarta-feira (3), não detalha os motivos das paralisações, mas revela um cenário crítico para a infraestrutura e os serviços públicos no estado. No Ministério da Saúde, as obras paradas incluem unidades básicas, estruturas intermediárias e equipamentos que, se concluídos, ajudariam a desafogar o sistema hospitalar e ampliar o acesso à população.

Já o Ministério da Educação tem paralisadas 32 obras, como escolas, creches e outros equipamentos essenciais para regiões com carência de vagas e infraestrutura limitada.

Outros órgãos também aparecem com números expressivos: o Ministério das Cidades tem 31 obras suspensas (habitação e urbanização), e o DNIT contabiliza 12 paralisias que afetam a malha viária e a logística estadual. Completam a lista o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (11 obras), Ministério do Esporte (9), Funasa (3), Ministério da Agricultura e Pecuária (2), além do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos e o Ministério do Turismo, com 1 obra cada.

A falta de detalhamento sobre as causas — que podem incluir entraves administrativos, questões jurídicas, falhas de execução ou falta de repasse de recursos — dificulta a análise e a busca por soluções para retomar investimentos essenciais ao desenvolvimento do estado.

A leitura das informações revela que os setores de saúde e educação, pilares essenciais do atendimento direto à população, concentram o maior número de obras interrompidas no estado. Foto: captada 

O Ministério da Educação, com 32 obras que incluem escolas, creches e outros equipamentos educacionais. A interrupção desses projetos impacta diretamente a expansão da oferta de ensino e o atendimento a crianças e jovens em regiões onde a carência por infraestrutura permanece elevada.

O levantamento do TCU também aponta paralisações em outras pastas relevantes. O Ministério das Cidades acumula 31 obras interrompidas, incluindo projetos de urbanização e habitação. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) aparece com 12 obras, afetando frentes ligadas à malha viária e logística do estado.

Distribuição por pasta ministerial
  • Saúde: 50 obras paralisadas (unidades básicas, estruturas intermediárias)
  • Educação: 32 obras (escolas, creches, equipamentos de suporte)
  • Cidades: 31 obras (habitação e urbanização)
  • DNIT: 12 obras (malha viária e logística)
  • Integração Regional: 11 obras
  • Esporte: 9 obras
Impactos diretos
  • Saúde: Sistema hospitalar não é desafogado
  • Educação: Déficit de vagas e infraestrutura permanece
  • Logística: Transporte de insumos e atendimento a municípios isolados comprometido
Falta de transparência
  • Causas: Painel não detalha motivos das paralisações
  • Entraves: Dificuldade em identificar problemas administrativos, jurídicos ou financeiros

Apesar do impacto econômico e social gerado pela interrupção dos investimentos, o painel do TCU não detalha os motivos que levaram cada projeto à condição de paralisação, deixando abertas questões sobre problemas contratuais, falhas de execução, falta de repasses ou entraves administrativos.

As paralisações refletem um problema crônico na execução de obras públicas no Acre, estado historicamente dependente de investimentos federais. A falta de explicações oficiais sobre as causas das interrupções dificulta a busca por soluções e prolonga o sofrimento da população que aguarda por serviços essenciais.

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