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Governador Gladson Cameli abre Assembleia da GCF no Acre com chamado por ação climática global
Líder acreano destaca papel estratégico do estado na governança ambiental internacional e convoca nações à cooperação
O Acre assumiu novamente uma posição de destaque no cenário ambiental global, ao sediar na manhã desta terça-feira, 20, a Assembleia Geral da 15ª Reunião Anual da Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e Florestas (GCF Task Force), como parte da programação oficial do encontro que reúne representantes de 43 estados subnacionais de 11 países, responsáveis por mais de um terço das florestas tropicais do planeta.

Encontro reúne representantes de 43 estados subnacionais de 11 países, responsáveis por mais de um terço das florestas tropicais do planeta. Foto: Diego Gurgel/Secom
Conduzida pelo governador Gladson Camelí, atual presidente da Força-Tarefa, a Assembleia contou com a participação de diversos delegados, entre representantes de governos, organismos internacionais, empresas e organizações da sociedade civil. A reunião marca os preparativos para a 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30), que será realizada em novembro deste ano, em Belém (PA), e posiciona o Acre como referência global em políticas de clima e desenvolvimento sustentável.
Durante o evento, Camelí destacou a importância estratégica do Acre e da Amazônia Sul-Ocidental na agenda climática, enfatizando a ligação histórica e cultural do povo acreano com a floresta e a construção de políticas públicas ambientais baseadas em inclusão, diálogo social e respeito às comunidades tradicionais.
“Estamos muito felizes em receber todos vocês aqui, em nossa terra. O Acre pulsa no coração da Amazônia e é símbolo de uma relação harmoniosa entre o meio ambiente e o ser humano. Com 85% do nosso território coberto por floresta preservada, somos exemplo de que é possível unir desenvolvimento e sustentabilidade”, afirmou.

Camelí destacou importância estratégica do Acre e da Amazônia Sul-Ocidental na agenda climática. Foto: Diego Gurgel/Secom
Camelí lembrou que o Acre foi um dos estados fundadores do GCF Task Force e tem acumulado, ao longo de mais de duas décadas, avanços concretos em áreas como manejo florestal sustentável, pagamento por serviços ambientais, monitoramento por satélite e fortalecimento da governança territorial com participação ativa de povos indígenas, extrativistas, agricultores familiares e juventudes.
Nova Economia Florestal
Sob o tema “Nova Economia Florestal: conectando governos, povos e oportunidades”, a Assembleia reforçou o compromisso dos estados membros com a construção de uma economia verde, baseada na valorização dos recursos florestais, geração de empregos sustentáveis e combate ao desmatamento.
“Estamos votando aqui medidas importantes para ampliar a efetividade da nossa atuação, como a integração de novos membros ao GCF. E reforçamos nosso compromisso em planejar e executar propostas que nos permitam acessar o financiamento climático internacional com integridade, justiça e eficiência”, ressaltou Camelí, ao mencionar a votação que confirmou as províncias de Orellana (Equador) e Beni (Bolívia) como novos membros efetivos da Força-Tarefa, além da inclusão de sete novas jurisdições como membros observadores.
O papel do Acre como anfitrião e protagonista da 15ª Reunião do GCF foi amplamente reconhecido pelos participantes. O líder do projeto internacional da Força-Tarefa, William Boyd, destacou a liderança de Camelí e a hospitalidade do povo acreano.

Líder do projeto internacional da Força-Tarefa, William Boyd destacou a liderança de Camelí e a hospitalidade do povo acreano. Foto: Diego Gurgel/Secom
“É maravilhoso estar de volta ao Brasil e, em especial, ao Acre. Quero agradecer ao governador Camelí pela sua liderança destacada internacionalmente na proteção das florestas. Esta reunião nos conecta como uma grande família global, unida por um propósito comum: garantir que nossas ações subnacionais impactem positivamente o planeta”, declarou Boyd, que esteve no Acre em 2014, na ocasião da última reunião do GCF realizada em Rio Branco.
Boyd também destacou que a Força-Tarefa cresceu de forma significativa nos últimos anos e que a atuação dos estados subnacionais tem ganhado força no enfrentamento das mudanças climáticas. “A verdadeira implementação das políticas climáticas está acontecendo nos territórios. É nos estados e províncias que as decisões são colocadas em prática e que as soluções inovadoras estão surgindo. Precisamos fazer com que essas vozes sejam ouvidas na COP30”, completou.
Avanços e desafios
Durante a Assembleia, os membros do GCF também discutiram os avanços alcançados no último ano, entre eles a integração do planejamento ambiental às ações de inteligência territorial, o fortalecimento das capacidades subnacionais para acesso ao financiamento climático e a preparação dos estados brasileiros para o mercado voluntário de carbono.

Membros do GCF também discutiram os avanços alcançados no último ano, como integração do planejamento ambiental. Foto: Diego Gurgel/Secom
Desde a última reunião em 2014 no Acre, o GCF tem buscado atender aos critérios internacionais de integridade e transparência para acessar os recursos necessários à conservação florestal. A agenda da bioeconomia tem sido acompanhada por instrumentos que permitam aos estados-membros fazer a transição para uma economia de baixo carbono com justiça social.
A programação da Assembleia seguiu com painéis temáticos e votações estratégicas, como o acompanhamento interno dos indicadores com o sistema CTrees, discussões sobre a estratégia para 2026, e a consolidação da política de governança da Força-Tarefa.
Rumo à COP30
O encontro em Rio Branco também serviu como plataforma de articulação para a participação coordenada dos estados-membros na COP30. Camelí enfatizou a importância de o Brasil — especialmente a Amazônia — estar unido e bem representado nesse evento global.
“O Acre reafirma seu compromisso com a agenda ambiental e com a construção de soluções climáticas de alto impacto. Estamos nos preparando para chegar à COP30 com propostas consistentes e com a força da nossa experiência prática, que é reconhecida internacionalmente. Este é um momento histórico, e precisamos estar à altura dele”, afirmou o governador.

Encontro em Rio Branco também serviu como plataforma de articulação para a participação coordenada dos estados-membros na COP30. Foto: Diego Gurgel/Secom
Nos próximos dias, os participantes do encontro seguirão em atividades técnicas de campo e painéis de debate sobre restauração florestal, bioeconomia, governança e projeção internacional dos governos subnacionais. Após o evento, será divulgada uma carta com os principais compromissos e propostas da Assembleia.
Sediando o GCF Task Force, o Acre tem a oportunidade de mostrar ao mundo que é possível construir um modelo de desenvolvimento que respeita a floresta, valoriza as pessoas e contribui efetivamente para o enfrentamento da crise climática.
GCF Task Force em números
- 43 estados e províncias-membros
- 11 países
- Mais de 1/3 das florestas tropicais do mundo sob jurisdição
- Cerca de 500 participantes na 15ª Reunião Anual em Rio Branco
Próximos passos
- Consolidação da estratégia para 2026
- Preparação para a COP30 em Belém
- Inclusão de novos membros e fortalecimento das ações subnacionais
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Eduardo Ribeiro critica rigidez ambiental no Acre e defende solução imediata para embargos contra produtores rurais
Durante sessão na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), nesta terça-feira (17), o deputado Eduardo Ribeiro (PSD) saiu em defesa dos produtores rurais acreanos, que vêm enfrentando severas dificuldades devido aos embargos ambientais aplicados no estado. O parlamentar destacou a rigidez da legislação ambiental local, que, segundo ele, é mais dura do que em outras regiões do país.
“Só os produtores sabem o que enfrentam. Não é fácil. Por que o Acre tem que pagar essa conta? Por que escolher o Acre? ”, questionou. Ele parabenizou o discurso do deputado Emerson Jarude (Novo), que também abordou a injustiça da atuação ambiental restritiva no Acre, em comparação a estados como São Paulo e Goiás. “Aqui, nós somos submetidos à lei mais rígida do Brasil. É o frete mais caro, o insumo mais caro. Tudo é mais caro”, enfatizou.
Eduardo Ribeiro repudiou ainda os recentes embargos que, segundo ele, agravam ainda mais o cenário para os produtores e ameaçam paralisar a economia local. “O Estado pode travar caso esses embargos continuem. Porque essa é a verdade”, alertou.
O parlamentar também defendeu que a solução passe por diálogo e construção normativa, envolvendo todos os entes públicos. Ele mencionou a existência de legislações estaduais aprovadas pela Aleac que ainda carecem de regulamentação, e defendeu a atuação imediata do Estado para dar efetividade a essas leis. “Nós temos legislações que precisamos sentar e encontrar esse caminho”, declarou.
Ribeiro elogiou a decisão da Mesa Diretora da Aleac de suspender o grande expediente para garantir o espaço de escuta aos produtores rurais durante a sessão, e informou que o Imac e a Secretaria de Meio Ambiente já se mobilizam para participar das próximas reuniões com o objetivo de encontrar soluções viáveis. “A PGE também precisa estar presente”, disse.
O deputado concluiu cobrando também o envolvimento da bancada federal e dos senadores do Acre na busca de alternativas junto ao governo federal: “Vamos chamar a bancada, os senadores, e mostrar a importância disso. O que depender da legislação federal, precisamos sentar e discutir. O que está em jogo é o futuro da produção no Acre”, finalizou.
Texto: Mircléia Magalhães/Agência Aleac
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Vídeo: Deputado Emerson Jarude critica Operação Suçuarana e acusa governo federal de perseguir produtores rurais no Acre
Parlamentar afirma que ações do ICMBio na Reserva Chico Mendes representam “crueldade e covardia”, e acusa o governo de usar a Amazônia como vitrine internacional
Durante pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), nesta terça-feira (17), o deputado estadual Emerson Jarude (Novo) fez duras críticas à Operação Suçuarana, deflagrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na Reserva Extrativista Chico Mendes. A operação, que teve apoio de forças federais, resultou no embargo de mais de 300 propriedades rurais, provocando indignação entre os moradores da região e autoridades locais.
Jarude disse ter ficado profundamente impactado com imagens divulgadas nas redes sociais que mostram produtores chorando e ajoelhados ao presenciarem a retirada de animais e produtos agrícolas. “Em Brasília, a manchete é bonita: ‘Salvem a Amazônia’. Até artista apareceu para fazer coro, gravar música, fazer aquele teatro todo. Enquanto isso, aqui no Acre, IBAMA e ICMBio estão destruindo a vida de quem mora e trabalha na Amazônia de verdade”, declarou.
O parlamentar denunciou que os embargos ocorreram sem qualquer comunicação prévia com os produtores, sendo executados de forma arbitrária. “Não entregaram carta, não fizeram visita, não deram explicação. Só um carimbo genérico, tratando locais como a colônia ‘Meu Pedacinho de Chão’ como se fosse a maior ameaça ambiental do país”, criticou.
Em tom enérgico, Jarude apontou incoerência entre o discurso ambientalista do governo federal no cenário internacional e a realidade vivida por comunidades tradicionais da Amazônia. “Parece que existem duas Amazônias: uma que merece ser salva e outra que pode ser expulsa. Isso não é proteção ambiental, é perseguição e crueldade”, disse.
O deputado ainda classificou a operação como a maior demonstração de covardia já vista. “Eu nunca vi tanta covardia nem para desmontar um esquema de corrupção, nem para enfrentar o crime organizado. Usaram Polícia Federal, PRF, Exército e Força Nacional como se nossos produtores fossem criminosos. Aqui no Acre, produzir virou crime. Parece não, é crime”, enfatizou.
Jarude também questionou a seletividade das ações ambientais: “Por que não fazem isso em Minas Gerais? Por que não fazem em São Paulo, no Rio? Porque não têm coragem. Quero ver em Goiás, se o Caiado aceita. Aqui no Acre, onde a realidade é dura, escolhem o povo mais vulnerável como alvo”.
Ao encerrar, o parlamentar acusou o governo federal de manter o Acre sob uma lógica de subserviência. “Parece que querem que o Acre continue sendo uma colônia, sempre dependente de Brasília. É inaceitável. O nosso povo quer dignidade, quer trabalhar, e não ser tratado como invasor ou criminoso”, concluiu.
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Retirada não autorizada de gado apreendido pelo ICMBio deixa animais soltos em rodovia; vídeos mostram situação
Fonte: TV Xapuri
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram parte do rebanho apreendido na Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, solto às margens da rodovia, próximo ao município de Brasileia. Os animais foram retirados do frigorífico Norte Carnes na madrugada desta terça-feira (17) sem autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela apreensão.
Cerca de 137 cabeças de gado foram apreendidas durante a Operação Suçuarana, realizada pelo ICMBio, com apoio de outros órgãos. A ação, segundo os responsáveis, tem como objetivo coibir a criação considerada irregular dentro da reserva, baseada em decisões da Justiça Federal. Como parte do processo, o rebanho seria destinado ao abate, como forma de enfraquecer a estrutura de apoio à atividade contestada dentro da unidade de conservação.
Após a apreensão, a responsabilidade sobre os animais ficou a cargo do ICMBio, que contou com o apoio de diversos órgãos de segurança, entre eles a Força Nacional, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e outras forças policiais. Mesmo assim, a segurança não foi suficiente para impedir que, durante a madrugada, grupos arrombassem cadeados e realizassem a retirada do gado.
A situação, além de causar grande repercussão, virou motivo de piada nas redes sociais, onde muitos internautas questionam a presença de tantos agentes de segurança e, ainda assim, a incapacidade de manter os animais sob custódia. Nos comentários, há quem aplauda a ação de quem realizou a retirada do gado, defendendo a causa dos produtores da região.
Em nota, o frigorífico Norte Carnes confirmou que recebeu os animais por ordem judicial, mas afirmou que não compactua com os fatos ocorridos na operação. A empresa destacou que passou a sofrer ameaças e informou que não irá mais realizar o abate de animais provenientes da ação.
“Arrombaram o cadeado e levaram os bois. Você acha que eu queria estar matando esse gado aqui, meu irmão?”, declarou o gerente do frigorífico, em vídeo que circula nas redes.
As imagens mostram parte do rebanho caminhando livremente às margens da rodovia, gerando riscos tanto aos animais quanto aos motoristas que trafegam pela região.
O ICMBio confirmou o ocorrido e informou que apura as circunstâncias da retirada, além de acionar autoridades para localizar os animais e tomar as medidas cabíveis
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