Acre
Fortalecendo as tradições indígenas, o programa Shane Hui – A Voz da Aldeia chega ao Juruá e dá visibilidade à cultura Puyanawa
Tendo sua estreia no dia 19 de abril, não coincidentemente, na data em que se celebra o Dia dos Povos Indígenas, o programa Shane Hui – A Voz da Aldeia vem contribuindo para o fortalecimento do etnocentrismo no Acre. Todo sábado, a partir das 8h da manhã, a voz do apresentador Nelson Liano Jr. e convidados, é propagada na rede estadual de rádio Aldeia FM e Difusora Acreana.
O programa é uma iniciativa do governo do Acre, com o objetivo de valorizar a cultura indígena, principalmente no que diz respeito as músicas tradicionais, criando um espaço favorável para o diálogo entre diversas etnias.
Na região do Vale do Juruá, oeste do Acre, o programa deu voz a alguns povos, dentre eles, o Povo Puyanawa, que habita um território a alguns quilômetros do município de Mâncio Lima. Os indígenas dessa etnia tentam consolidar o resgate de uma cultura ancestral que foi duramente boicotada pelos avanços da atividade extrativista no decorrer do século anterior.
Resgate da Cultura Puyanawa
O povo Puyanawa (Povo do Sapo Grande), pertence a família linguística Pano. Habitam a Terra Indígena Puyanawa. A história desse povo é marcada pela luta para manter sua identidade e pelo renascimento das práticas tradicionais indígenas. Assim como outras etnias da Amazônia, o contato com os não indígenas resultou na opressão da cultura dos seus costumes ancestrais. “Nosso povo não tinha cultura”, foi com essa frase pesada e marcante que o cacique Joel Puyanawa relembrou os anos 2000, época em que assumiu a liderança do povo.
Segundo o líder indígena, foi apenas em 2008, com a chegada dos Jogos Olímpicos no local, que a aldeia viu a cultura dos povos indígenas durante as apresentações. “Eu entrei na arena como cacique e eu não pude cantar, porque eu não sabia. Um líder tem que ter raiz, história, conhecer, ser a principal pessoa de um povo. E eu não era”, relembra.
Como tudo o que conhecemos, houve um processo até o povo Puyanawa resgatar a sua cultura. “Dediquei minha vida a conhecer a espiritualidade e a cultura do meu povo. Foi quando eu renasci novamente, incorporei novo espírito”, conta Joel.
Atualmente, a aldeia conta com mais de 50 artesãos. O povo está munido de conhecimento para fazer as pinturas corporais, a tradicional caiçuma – bebida fermentada a base de mandioca -, e das 35 artes Puyanawa, 34 são feitas na própria aldeia. “Eu me sinto alegre hoje no cumprimento da minha palavra através da juventude”, frisa o cacique.
O canto ancestral
Os jovens indígenas são a esperança para que as suas respectivas culturas continuem vivas. Por isso que, hoje, dentro da aldeia há professores atuando dentro das salas de aula para ensinar as crianças Puyanawa a língua própria da etnia. A partir desses ensinamentos os jovens e adolescentes começas a escrever as suas próprias músicas.
“Para cada momento nós temos as nossas músicas. Temos a música do trabalho espiritual, a música que se canta nas festas comemorativas e muito mais. Aqui a gente expande a cultura. Essas canções são expandidas para dá mais sabedoria e firmeza as pessoas”, destaca o cacique Joel Puyanawa.
Embalada por violões, chocalhos e tambores, as músicas Puyanawa cheia de significados energizam aqueles que a escutam. “Nasceu um novo tempo com a juventude Puyanawa”, é o significado de uma das mais belas canções tocadas por um grupo de jovens indígenas que amam e vivem a sua própria cultura.
Festival Atsá Puyanawa
Entre os dias 18 e 23 de julho, a terra indígena será o palco da sexta edição do Festival Atsa Puyanawa, um evento que promete a todos uma imersão na cultura do povo. Danças, músicas, pinturas corporais, comidas típicas, cerimônia espiritual com ayahuasca e muitas outras atividades são programações típicas da maior festa do povo Puyanawa.
Além de fortalecer a cultura, o evento fomenta o turismo da região, o que, consequentemente, gira a roda da economia. “A cultura indígena não é simplesmente a preservação de uma memória, é muito mais que isso. Os povos indígenas do nosso estado têm ajudado a nossa economia”, destacou o apresentador Nelson Liano.
Segundo o cacique Joel Puyanawa, hospedagem estará disponível para aqueles que quiserem passar os seis dias de festa imersos na vida no território indígena. “Temos os espaços de hospedagem para todo mundo, estamos trabalhando para já organizar uma planilha de cadastro para termos controle e, graças a Deus, estamos com uma boa procura”, explicou.
Comidas típicas e artesanato são a principal fonte de renda da aldeia nos dias atuais. Ainda de acordo com as informações do cacique, o festival movimenta a economia do município de Mâncio Lima e do território indígena. Nos seis dias de festa, o faturamento gira em torno de cerca de R$ 100 mil. “É uma grande economia que entra para a comunidade. As vezes a comunidade até se assusta, porque não esperávamos que a nossa cultura fosse chamar tanto a atenção do mundo. Não estamos vendendo a cultura, estamos apenas apresentando para todos”, destacou o líder indígena.
Festivais indígenas do Acre
O governo do Acre listou 23 festivais indígenas inseridos no calendário de eventos do estado em 2024. Confira a lista de festivais que devem acontecer ainda este ano:
Junho
– De 20 a 22: Festival Indígena Nuke Feya Xarahu, do Povo Huni Kui da TI Katukina/Kaninawa, em Feijó.;
– De 21 a 25: Festival Indígena do Povo Ashaninka, comunidade Apiwtxa, da TI Kampa do Rio Amônia, em Marechal Thaumaturgo.
Julho
– De 7 a 7: Festival Indígena Katxanawa Hô Hô Ika do Povo Huni Kui da TI Katukinaw/Kaninawa, em Feijó;
– De 10 a 16: III Festival Indígena do Povo Huni Kui da TI Igarapé do Caucho, em Tarauacá;
– De 18 a 23: VI Festival Indígena Atsa Puyanawa do Povo Puyanawa, em Mâncio Lima;
– De 27 a 30: XIX Festival Indígena Matxo Noke Noi do Povo Noke Koi da TI Campinas/Katukina, em Cruzeiro do Sul;
– De 27 a 31: Festival Indígena Mariri Yawanawá do Povo Yawanawá da TI Rio Gregório, em Tarauacá.
Agosto
– De 20 a 26: Festival Indígena Mawa Isã Keneya do Povo Huni Kui da TI Colônia 27, em Tarauacá;
– De 10 a 12: Festival Indígena Inu Vake do Povo Nukini, em Mâncio Lima;
– De 19 a 24: Festival Indígena Nixpu Pima do Povo Huni Kui da TI Kaninawá Seringal Independência, em Jordão;
– De 20 a 25: Festival Indígena da Aldeia Shanenawa do Povo Shanenawa da TI Katukina/Kaxinawá, em Feijó;
– De 20 a 25: Festival Indígena Txiri do Povo Huni Kui da TI Alto Rio Purus, em Santa Rosa do Purus.
Setembro
– De 5 a 7: Festival Indígena do Povo Huni Kui da Aldeia São Francisco da TI Katukina Kaxinawá, em Feijó;
– De 9 a 11: Festival Indígena Mani Mutsa do Povo Huni Kui da TI Katukina/Kaxinawá, em Feijó;
– De 25 a 28: Festival Indígena Txirinte do Povo Katukina da TI Rio Gregório, em Tarauacá.
Outubro
– De 25 a 30: Festival Indígena Yawa do Povo Yawanawá da TI Rio Gregório, em Tarauacá.
Novembro
– De 15 a 20: Festival Indígena Katxanawa do Povo Huni Kui da TI Alto Rio Purus, em Santa Rosa do Purus.
Dezembro
– De 5 a 7: Festival Indígena do Povo Apolima Arara da TI Arara do Rio Amônia, em Marechal Thaumaturgo;
– De 15 a 20: Festival Indígena Nuku Beya do Povo Huni Kui na TI Kaxinawá da Praia do Carapanã, em Tarauacá;
– De 20 a 22: Festival Indígena do Povo Kuntanawa da Resex Alto Juruá, em Marechal Thaumaturgo;
– De 25 a 27: Festival Indígena Ikamuru Shuku Shukuwe do Povo Huni Kui da TI Kaxinawá do Baixo Rio Jordão, em Jordão.
Fonte: Governo AC
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Acre
Prefeitos de Assis Brasil e Jordão discutem soluções para destinação do lixo com Bocalom
Os gestores trataram sobre a criação do consórcio de prefeituras que se unem para dar a destinação correta aos resíduos sólidos de suas cidades
Com Ascom
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, recebeu, em seu gabinete, nesta quinta-feira (30), os prefeitos Jerry Coreia, de Assis Brasil e Naudo Ribeiro, do município de Jordão. Os gestores trataram sobre a criação do consórcio de prefeituras que se unem para dar a destinação correta aos resíduos sólidos de suas cidades. A iniciativa busca atender os municípios do Acre, especialmente os mais isolados, que enfrentam dificuldades na gestão de seus lixões a céu aberto.
Durante o encontro, o prefeito de Assis Brasil, Jerry Correia, destacou a urgência da solução, já que o município acumula mais de R$ 3 milhões em multas por conta de um lixão irregular. Assis Brasil produz cerca de 40 toneladas de resíduos sólidos por semana e pretende encaminhar parte desse volume para tratamento na Unidade de Tratamento de Resíduos Sólidos (Utre), em Rio Branco.
“A gente acredita que isso é uma solução não permanente, mas que tiraria os municípios que têm condições de chegar até a capital, neste momento da situação dramática que vive aí junto aos órgãos controladores. Aí vem a nossa gratidão ao prefeito Tião Bocalom pela forma que ele tem também priorizado olhando para os municípios do interior” , disse Jerry Correia.
Por outro lado, o município de Jordão, adotará um modelo diferente devido ao seu isolamento geográfico e às restrições ambientais. Como alternativa, Jordão pretende instalar uma Usina Termoplástica para reciclar até 80% de seus resíduos, transformando-os em materiais reutilizáveis, como meio-fio e tijolos.
“É uma solução mais rápida que a gente encontrou foi a termoplástico, uma usina que a gente está correndo atrás de instalar no município, para que a gente possa reciclar 80% do lixo do nosso município, podendo melhorar essa situação. Essa é a alternativa mais viável que tem para Jordão e a gente está buscando recurso para que a gente possa executar esse projeto e colocar em prática, mudando a realidade daquele município lá no meio da floresta amazônica, podendo ter aí o resíduo 80% reciclado”, explicou Naudo Ribeiro.
“Quando a gente criou o consórcio foi nesse sentido, no sentido de a gente facilitar as coisas, para poder resolver o problema dos 22 municípios, não apenas de Rio Branco como nós temos hoje e é claro, eu imediatamente me dispus. A Prefeitura de Rio Branco está pronta para ajudar os nossos municípios a buscar soluções. Aí criamos o consórcio, graças a Deus está andando muito bem”, enfatizou Bocalom.
Uma reunião com os 13 prefeitos que compõem o consórcio está marcada para o final de fevereiro, onde serão discutidas novas estratégias para o gerenciamento de resíduos sólidos. Além disso, Bocalom mencionou que Rio Branco está investindo em uma usina própria para processar materiais recicláveis e produzir produtos termoplásticos, seguindo o modelo que foi observado em uma visita técnica realizada em Santa Catarina.
Veja vídeo:
“Nós vimos lá a indústria funcionando, realmente é uma alternativa muito boa, e que o município de Jordão, por exemplo, já vai adotar esse projeto aqui e Rio Branco também está comprando, com recursos próprios, uma usina pequena, que vai beneficiar a princípio aí alguma coisa em torno de três toneladas e meio/dia, para transformar o lixo reciclado. A gente vai aqui em Rio Branco receber lixo reciclado, para transformar também em produto termoplástico: pode ser um meio fio, um tijolinho para botar no chão. Tem o que você quiser fazer, o que manda é a forma que você manda fazer, porque o restante é só prensar e você ter o produto que você quiser”, concluiu.
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Saúde alerta sobre a importância da vacinação contra a COVID-19 após mortes no Juruá
A Secretaria Estadual de Saúde reafirma o chamado para que a população busque a imunização e permaneça atenta aos sintomas respiratórios, contribuindo para a proteção coletiva contra a COVID-19
A Secretaria Estadual de Saúde reforçou a importância da vacinação contra a COVID-19 após a confirmação de pelo menos sete mortes causadas pela doença na região do Vale do Juruá. Segundo Diane Carvalho, coordenadora regional de saúde, a equipe segue monitorando atentamente a situação local e orientando a população sobre medidas preventivas necessárias.
A vacinação tem mostrado resultados positivos na redução da transmissão e da gravidade da COVID-19. Carvalho destaca que, apesar do aumento de casos nesta temporada, o número de internações e agravamentos tem sido baixo, refletindo a adesão da população às vacinas.
O estado também se preparou para a temporada sazonal de síndromes gripais, com um dia específico de vacinação em outubro do ano passado, o que ajudou a manter os números confortáveis em comparação ao ano anterior. “É importante que as pessoas com comorbidades, como problemas cardíacos e pulmonares, continuem se protegendo, pois ainda estão em risco”, explica Carvalho.
Além da vacinação, recomendações incluem o uso de máscaras em locais públicos e a higienização frequente das mãos. A Secretaria Estadual de Saúde reafirma o chamado para que a população busque a imunização e permaneça atenta aos sintomas respiratórios, contribuindo para a proteção coletiva contra a COVID-19.
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Polícia Civil do Acre participa de curso de capelania e celebra formação do primeiro capelão da instituição
A capelania é um serviço de apoio espiritual e emocional realizado por capelães treinados, que atuam em hospitais, forças de segurança, escolas, presídios e outras instituições, levando conforto e orientação às pessoas que enfrentam momentos difíceis
Nesta sexta-feira, 31, a Polícia Civil do Acre (PCAC) participou do curso de capelania promovido no auditório do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em Rio Branco. Durante a solenidade, 39 formandos de diversas instituições receberam a certificação e a entrega das insígnias, que simbolizam o compromisso dos capelães em prestar assistência espiritual em diferentes contextos.
A capelania é um serviço de apoio espiritual e emocional realizado por capelães treinados, que atuam em hospitais, forças de segurança, escolas, presídios e outras instituições, levando conforto e orientação às pessoas que enfrentam momentos difíceis.
Entre os formandos estava o agente de polícia Gesly Alves da Rocha, que se tornou o primeiro capelão da PCAC. “Esse é um momento histórico na minha vida, pois vejo um mover de Deus em direção às pessoas por meio de um amor genuíno pelo próximo. Encaro esse desafio como ímpar, pois irei levar mensagens de amor aos que mais precisam. Toda a equipe da nossa instituição estará disponível para oferecer apoio espiritual e emocional”, destacou o capelão.
O delegado Adjunto, Cleylton Videira, presente na solenidade, ressaltou a importância desse marco para a Polícia Civil: “A capelania traz um suporte essencial para nossos policiais, que lidam diariamente com desafios intensos. A nomeação do primeiro capelão da PCAC representa um avanço no cuidado com o bem-estar emocional e espiritual de nossos servidores e da população atendida pela instituição.”
O coronel e diretor do Ministério Pão Diário, responsável pelo curso, Ailton Bastos também enfatizou a relevância do apoio às capelanias em todo o Brasil. “O trabalho dos capelães é fundamental para fortalecer aqueles que enfrentam desafios físicos e emocionais. Nosso compromisso é continuar apoiando e capacitando esses profissionais, garantindo que mais instituições possam contar com esse suporte essencial”, afirmou.
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