Cotidiano
Falta de previsão para chegada de novo lote e insulinas perto de vencer preocupa pais de paciente com diabetes no Acre
Último lote repassado às famílias de pessoas que fazem uso diário de insulina vence no próximo dia 31 de janeiro e informação é que não há previsão para chegada dos medicamentos. Pais dizem que crianças não podem ficar nem um dia sem a medicação.
Por Iryá Rodrigues
Sem uma previsão para a chegada de um novo lote e com as insulanas perto de vencer, os pais de pacientes com diabetes que fazem o tratamento no estado estão preocupados. Segundo eles, a insulina que foi disponibilizada este mês aos pacientes vence no próximo dia 31 de janeiro.
A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) informou que o fornecimento da insulina aspartage é feito pelo Ministério da Saúde e que já foi realizada a solicitação de um novo lote, que está com previsão de chegada para o dia 28 de janeiro, conforme informado pelo MS. Porém, a informação do próprio Centro de Referência de Medicamentos Especiais (Creme) dada aos pais nesta terça-feira (26) é de que a medicação não tem previsão para chegar ao estado.
Um dos casos é o da filha da universitária Débora Martins Motta, de apenas oito anos. A pequena Mariana Motta Mastub foi diagnosticada com diabetes tipo 1 desde agosto de 2019 e desde então precisa fazer o uso diário da insulina após cada refeição.
A mãe conta que procurou o Creme, da Secretaria Estadual de Saúde, para saber quando chegaria o novo lote e foi informada que deve ser em fevereiro, no entanto, não souberam precisar a data.

Creme informou aos pais que não há data para a chegada da insulina — Foto: Reprodução
Por mês, Débora conta que pega duas canetas de insulina no Creme para a filha. A última vez que pegou foi no dia 7 de janeiro e agora ela diz que não sabe como vai fazer, já que não há a previsão para chegada da medicação.
Segundo ela, ao menos 70 pais de crianças com diabetes no Acre fazem parte do grupo ‘Família Doce’ e estão na mesma situação. Fora os demais pacientes que precisam da insulina.
“Nessa caneta tem cerca de 100 doses e a quantidade que é aplicada vai depender de cada caso. Por mês, nós pegamos duas canetas dessa e esse mês eu peguei no dia 7 de janeiro, mas já vence agora dia 31. Falamos com a médica que atende as crianças e ela falou que não é para utilizar a insulina após o vencimento. Eles [Creme] falaram que não chegou, que acabou a insulina e que chega em fevereiro, mas que não tem data certa. Tem muita gente ali no grupo que não tem condições de comprar a insulina caso não seja fornecida pelo estado. Essas crianças se passarem um dia sem insulina podem acabar na UTI”, afirmou a mãe.
Uma caneta de insulina custa em média R$ 80 em farmácias de Rio Branco, sendo que a maioria dos casos usa duas por mês, além das outras medicações.

Último lote de insulinas vence dia 31 de janeiro e segundo pais não há previsão para chegada de novo lote — Foto: Arquivo pessoal
A mesma preocupação é da administradora Katya Dantas, de 38 anos. Segundo ela, o filho Alan Dantas de apenas 4 anos também precisa usar a insulina diariamente após as refeições e a medicação que tem em casa vence no dia 31 de janeiro.
“Meu filho tem quatro anos, foi diagnosticado com a diabetes quando tinha 1 ano e 1 mês e desde então a gente vem fazendo o tratamento. Ele é insulino-dependente, então não pode jamais ficar sem essa medicação, porque a cada três horas, sempre que ele come, tem que fazer o uso da insulina. E esse último medicamento que pegamos vence no dia 31 agora e quando perguntei no Creme como seria, eles disseram que não podiam fazer nada. Isso é um descaso, porque meu filho depende disso para viver”, relatou Katya.
Especialista alerta para riscos
A médica especialista em endocrinologia pediátrica, Catarina de Oliveira Souza, que acompanha a maioria das crianças em tratamento da diabetes em Rio Branco, alertou sobre os riscos, caso os pacientes fiquem sem a insulina.
Ela explicou que sem a insulina, que é usada para controlar os níveis de açúcar no sangue, esses pacientes podem ter complicações sérias e até ir a óbito.
“Elas não têm como ficar sem insulina, é impossível, não tem medicamento para substituir. Então, infelizmente é um prejuízo muito grande. Essa medicação controla os níveis de glicemia, então quando comem precisam tomar, quando acordam também, se não comer tem que tomar. Se eles não fazem uso da insulina, eles entram para o quadro que a gente chama de cetoacidose diabética, que é a forma mais grave da diabetes e pode, inclusive, levar a óbito. Então, é muito importante”, afirmou a médica.
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Funcionários denunciam assédio moral e gestão opressora em escola de Manoel Urbano
Servidores entregaram carta ao prefeito relatando humilhações públicas, ameaças e perseguição; prefeitura promete apurar os fatos que já provocaram afastamentos por saúde mental

A perseguição, segundo eles, é direcionada principalmente a servidores que não fazem parte do grupo de confiança da direção. Foto G. M.
Funcionários da escola municipal de ensino fundamental de Manoel Urbano denunciaram à prefeitura, nesta semana, um quadro grave de assédio moral, humilhações públicas e perseguição por parte da direção da unidade.
Em carta entregue ao prefeito Raimundo Toscano Veloso e a outras autoridades, os servidores detalharam um ambiente de trabalho tóxico, com repreensões humilhantes diante de alunos e pais, uso de grupos de WhatsApp para acusações infundadas e reuniões em salas fechadas que terminaram em conflitos requiring intervenção policial.
Entre as consequências já observadas estão o aumento de afastamentos por depressão, pedidos de transferência e demissões. Os profissionais afirmam que a gestão atual prioriza a perseguição a quem não é do “grupo de confiança”, ignora pedidos de diálogo e interfere arbitrariamente em decisões já tomadas.
O prefeito recebeu a denúncia e comprometeu-se a investigar o caso, que impacta diretamente a qualidade do ensino e a saúde mental dos educadores no município.

Funcionários ouvidos pela reportagem, que preferiram não se identificar, afirmaram que o prefeito Raimundo Toscano Veloso recebeu a carta e garantiu que tomará as medidas necessárias para apurar os fatos.
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Primo de Chico Mendes é transferido com infecção pulmonar para Rio Branco
Raimundão, seringueiro e ativista histórico, foi levado do Hospital de Xapuri ao Pronto-Socorro da capital; doença crônica foi agravada por exposição à fumaça na produção de borracha

A transferência buscou garantir tratamento intensivo e especializado não disponível em Xapuri. Foto: cedida
O seringueiro e ativista ambiental Raimundo Mendes de Barros, 74 anos, conhecido como Raimundão e primo do lendário Chico Mendes, foi transferido na noite desta quarta-feira (17) do Hospital de Xapuri para o Pronto-Socorro de Rio Branco. Ele luta contra uma infecção pulmonar agravada por uma doença crônica desenvolvida após décadas de exposição à fumaça em defumadeiras de borracha – somada ao histórico de tabagismo.
Acompanhado por um dos filhos e transportado pelo SAMU, Raimundão chegou consciente à capital, acenando da maca durante o registro feito pela família.
Em resposta a reportagem, Ronaira Barros, uma das filhas do seringueiro, contou que o pai estava esperando a transferência durante o dia, mas a transferência ocorreu apenas às 23h.
“O Samu daqui de Xapuri está quebrado e esperamos uma unidade que viesse de outro município. Esperamos uma ambulância de Capixaba para levá-lo”, relatou ela.
A filha de Raimundão também explicou que, na avaliação da família, a estrutura da unidade em que ele estava não era suficiente para o quadro e, por isso, pediram transferência para Rio Branco.
“A gente sabe que hospital de interior, infelizmente, não tem tratamento adequado e aí fica ali só dando antibiótico e, às vezes, o remédio não é o adequado, pelo menos é o que parecia. O sobrinho do meu pai, que é médico, se preocupou muito, porque temos um histórico de problemas respiratórios na família”, acrescentou.
Ainda conforme Ronaira, a saturação sanguínea de Raimundão estava muito abaixo do que o indicado e ele precisou fazer o uso de oxigênio externo, mas na manhã desta quinta-feira (18) ele teve uma leve melhora.
“Com a idade, de 80 anos, o quadro crônico requer uma atenção bem especial. Tem que ter um cuidado específico. Já fizeram coletas de sangue e uma a tomografia e não teve nenhuma piora por causa da transferência e fiquei sabendo agora que tiraram o oxigênio dele. Provavelmente, graças a Deus, a faturação deu uma melhorada”, ponderou ela.
Sua condição mobiliza comunidades extrativistas e ambientalistas, dado seu papel histórico na luta pela preservação da Floresta Amazônica e pelos direitos dos povos da floresta. A transferência buscou garantir tratamento intensivo e especializado não disponível no interior.
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Justiça determina conclusão de delegacia inacabada há 10 anos em Sena Madureira
Governo do Acre tem 18 meses para finalizar obras da Delegacia Geral e construir Instituto de Criminalística; multa é de R$ 1 mil por dia de atraso

Justiça do AC determina conclusão de obra inacabada desde 2017 na Delegacia de Sena Madureira. Foto: Foto cedida
A Delegacia Geral de Sena Madureira, no interior do Acre, foi inaugurada em 2017, mas a entrega ocorreu com obras inacabadas e, desde então, as pendências estruturais nunca foram concluídas. As obras iniciaram em 2025.
Após mais de dez anos de cobranças, a Justiça determinou que o governo finalize a reforma em até 18 meses e entregue também um prédio exclusivo para o Instituto de Criminalística. O governo informou que o projeto de conclusão da obra está pronto e aguarda liberação de recursos para execução.
A sentença, expedida pela Vara Cível de Sena Madureira, estabelece que o novo espaço deve contar com salas próprias para exames periciais, custódia de evidências e laboratório separado. Caso o prazo não seja cumprido, o Estado poderá ser multado em R$ 1 mil por dia de atraso.
Segundo o Ministério Público do Acre (MP-AC), o processo judicial foi aberto em 2014, quando inspeções identificaram infiltrações, falta de espaço adequado para servidores e ausência de condições mínimas para realização de perícias.
Desde então, ao longo dos anos, os técnicos do órgão fizeram diversas vistorias no prédio. Este ano a primeira foi no dia 13 de fevereiro e a segunda em 23 de julho.
Para o promotor de Justiça de Sena Madureira, Júlio Medeiros, a decisão representa um avanço após anos de impasse.
”Essa é uma ação civil pública interposta pelo MP ainda em 2014. Apesar do tempo, não houve a conclusão das reformas em relação à delegacia e nem à implantação do Instituto de Criminalística. Ao longo desses anos, fizeram diversas inspeções, com relatórios técnicos e fotográficos comprovando a ausência da conclusão”, disse.
Júlio reforçou ainda que a conclusão da obra vai impactar diretamente a investigação criminal no município. ”Vai possibilitar que os laudos de eficiência de armas de fogo sejam feitos aqui no município. Isso será bom para a apuração criminal dos delitos”, completou.

A sentença, proferida após ação civil pública movida pelo Ministério Público em 2014, exige salas específicas para perícias, custódia de evidências e laboratório. Foto: captada
Estrutura
O MP-AC destacou ainda que a falta de estrutura adequada prejudica o atendimento da população e o trabalho dos servidores. Embora algumas melhorias tenham sido feitas ao longo dos anos, os relatórios sempre apontaram pendências e a necessidade de adequações.
A promotoria reforçou que a reforma da delegacia e a criação de um espaço específico para a criminalística já tinham sido compromissos assumidos pelo estado, mas que até hoje não foram cumpridos.
A decisão destaca também que as medidas são necessárias para garantir melhores condições de trabalho aos servidores e assegurar a qualidade das investigações policiais no município.
Histórico
A Delegacia Geral de Sena Madureira foi inaugurada em julho de 2017 após quase um ano de atraso nas obras. A reforma do prédio começou em novembro de 2015 e deveria ter sido concluída em nove meses. Segundo a Secretaria de Segurança da época, o atraso ocorreu por problemas financeiros da empresa responsável pela obra, e não por falta de recurso.
Orçado em mais de R$ 1 milhão, o prédio foi anunciado como modelo entre as delegacias do estado, com salas para os departamentos de Inteligência e Polícia Técnico-Científica, além de equipamentos modernos para a elucidação de crimes.

O promotor Júlio Medeiros destacou que a conclusão das obras vai agilizar investigações criminais locais, permitindo a realização de laudos periciais – como exames de armas de fogo – no próprio município. Foto: captada
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