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Evo Morales fala em golpe e declara estado de emergência na Bolívia
Presidente contra-ataca ante as acusações de fraude que envolvem a questionada contagem dos votos

Um grupo de manifestantes protesta nesta terça-feira em La Paz.MANUEL CLAURE (REUTERS)
JORNAL EL PAÍS, COM FRANCESCO MANETTO - DE LA PAZ
Evo Morales optou por contra-atacar perante as acusações de fraude. O presidente boliviano denunciou nesta quarta-feira que está em marcha um “golpe de Estado” de seus adversários políticos e declarou estado de emergência. “Convoquei esta conferência para denunciar perante o povo boliviano e o mundo inteiro que está em processo um golpe de Estado.
Já sabíamos antecipadamente, a direita se preparou com apoio internacional”, afirmou o mandatário em um breve pronunciamento no palácio presidencial. “Quero que o povo boliviano saiba que até agora humildemente aguentamos, suportamos para evitar a violência e não entramos em confronto, e nunca vamos entrar em confronto, mas quero dizer ao povo boliviano: primeiro, estado de emergência e mobilização pacífica e constitucional”.
Mais de dois dias depois do fechamento das urnas e em meio a denúncias de fraude, uma questionada apuração situa Evo Morales à beira da vitória em primeiro turno. A se confirmar esse resultado, o presidente há mais tempo no cargo nas Américas não terá que enfrentar o ex-mandatário Carlos Mesa numa segunda votação. “Com os votos das áreas rurais, estou convicto de que vamos ganhar em primeiro turno”, disse Morales, antes de elevar o tom: “Não estamos em tempos de colônia nem de monarquia para designar presidentes”. O líder do Movimento ao Socialismo (MAS) conclamou seus seguidores a “organizar-se, preparar-se”. “Vamos defender a democracia”, enfatizou.
As suspeitas geradas pela interrupção da apuração eletrônica dos votos, que projetava um segundo turno que ocorreria em 15 de dezembro, desataram uma onda de protestos que não dá sinais de chegar ao fim. Mesa já anunciou que não reconhecerá os resultados porque os considera uma “fraude escandalosa” e convocou uma mobilização de seus simpatizantes.
Enquanto isso, várias instâncias internacionais, encabeçadas pela Organização dos Estados Americanos (OEA), a União Europeia e os Estados Unidos, criticaram o processo eleitoral e semearam sérias dúvidas sobre sua transparência.
A crise de legitimidade de Morales começou, segundo seus rivais políticos, em 21 de fevereiro de 2016, quando, depois de uma década no poder, ele perdeu um referendo sobre a reeleição indefinida. Pôde concorrer neste pleito, disputando um quarto mandato consecutivo, porque o Tribunal Constitucional e o Tribunal Eleitoral permitiram. Com essas premissas, mais a polêmica na apuração, a tensão disparou. As principais cidades da Bolívia viveram cenas de violência, distúrbios e repressão.
O presidente optou por solicitar uma auditoria das eleições e se dirigiu à OEA. O organismo aceitou verificar a apuração dos votos, mas exigiu que suas conclusões fossem vinculantes. O Governo boliviano ainda não esclareceu se aceitará essas regras do jogo, e todo o país está à espera de um pronunciamento de Morales à imprensa na manhã desta quarta-feira.
A organização multilateral realizará, através de sua missão de observação, uma análise “que compreenda, entre outros aspectos, a verificação de cômputos, aspectos estatísticos, verificação do processo e cadeia de custódia”. A estratégia de Morales busca aliviar a pressão internacional, da qual sempre esteve isento até agora, diferentemente de seus aliados na região como Nicolás Maduro. Também é uma forma de dissipar as dúvidas e, ao mesmo tempo, ganhar tempo depois de dias caóticos, em que a atuação do TSE fazia soar todos os alarmes. Nesta terça-feira, o vice-presidente desse órgão, Antonio José Iván Costas, pediu demissão justamente por causa da “desatinada decisão […] de suspender a publicação dos resultados” durante a apuração.
Essa foi a razão que levou a missão da OEA – que encabeçou o controle da jornada eleitoral – a dirigir uma advertência às autoridades na noite de segunda. O chefe da delegação, o ex-chanceler costa-riquenho Manuel González Sanz, criticou a interrupção da apuração rápida e manifestou sua “profunda preocupação e surpresa com a mudança de tendência”. “Às 20h10 de ontem [domingo, hora local], o Tribunal Supremo Eleitoral deixou de divulgar resultados preliminares, por decisão do plenário, com mais de 80% das atas escrutinadas. Vinte e quatro horas depois, apresentou dados com uma mudança inexplicável de tendência que modifica drasticamente o destino da eleição e gera perda de confiança no processo eleitoral”, afirmou o representante do organismo.
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VÍDEO: Tradição do ‘carnavalito’ em Cobija termina em agressões e ameaças

Momento em que o motorista desce do carro para reclamar com os brincantes.
Motorista e jovens brincantes se envolveram em conflito após abordagem com balões d’água e farinha; polícia já interveio em casos semelhantes.
A tradicional festa do ‘carnavalito’, celebrada em Cobija, na Bolívia, quase terminou em agressões na tarde desta segunda-feira (3) na Avenida Evo Morales. Um vídeo registrou o momento em que um motorista, insatisfeito por ser abordado por jovens brincantes, desceu do carro para reclamar, resultando em um bate-boca que escalou para agressões físicas.

Homem foi agredido fisicamente e verbalmente pelos jovens e teve que sair do local para não espancado.
De acordo com informações, os jovens têm o costume de jogar balões d’água e farinha em transeuntes durante o ‘carnavalito’. O motorista, que não gostou da brincadeira, foi agredido pelos colegas do jovem que o abordou. Percebendo que estava em desvantagem, o homem deixou o local rapidamente, mas seu carro foi ainda mais sujo pelos brincantes.
Não há detalhes sobre o desfecho do episódio, mas já houve casos em que a polícia precisou intervir com gás lacrimogêneo para conter jovens agressivos que usavam tintas contra transeuntes. Muitos moradores têm evitado sair de casa de moto ou a pé para não serem surpreendidos pelas brincadeiras.
As autoridades locais devem avaliar medidas para evitar novos conflitos durante o ‘carnavalito’.
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Vídeo: Brigas entre mulheres marcam o Carnaval em Brasiléia e Sena Madureira, no Acre
Vídeos mostram agressões e confusões durante a folia; organizadores lamentam comportamento de quem busca conflito em vez de diversão.
O Carnaval nas cidades de Brasiléia e Sena Madureira, no Acre, foi marcado por brigas entre mulheres, registradas em vídeos que circularam em grupos de redes sociais. As imagens mostram agressões com puxões de cabelo, tapas e socos, muitas vezes em situações em que até os seguranças tiveram dificuldade para intervir.
Embora os motivos das brigas não tenham sido esclarecidos, em muitos casos, as agressões estavam relacionadas a conflitos por namorados ou intrigas consideradas fúteis. A maioria das envolvidas estava sob efeito de álcool, o que pode ter contribuído para o comportamento agressivo.
Os organizadores dos eventos lamentam que, em vez de aproveitar a festa e a alegria oferecidas, algumas pessoas optem por buscar confusão. Até o momento, não há registros de que os casos tenham sido comunicados às autoridades policiais ou que as envolvidas tenham procurado atendimento médico.
O Carnaval, que deveria ser um momento de diversão e integração, foi manchado por esses incidentes, reforçando a necessidade de conscientização sobre o respeito e a segurança durante as festividades. A população espera que os próximos dias de folia sejam marcados por paz e celebração.
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