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Acre

Emocionada, mãe de Jonhliane desabafa em depoimento: ‘Nem um animal a gente deixa daquele jeito’

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Por Aline Nascimento e Janine Brasil

Emocionada, mãe de Jonhliane desabafa em depoimento e pede por justiça

Emocionada, mãe de Jonhliane desabafa em depoimento e pede por justiça

Começou, nesta terça-feira (17), o julgamento de Ícaro José da Silva Pinto e Alan Araujo de Lima, os dois acusados de participação na morte de Jonhliane Paiva Sousa em um acidente de trânsito ocorrido em agosto de 2020. Logo no início da manhã, alguns amigos e familiares chegaram a ficar na entrada da Cidade da Justiça com cartazes pedindo a condenação da dupla.

Última testemunha a ser ouvida no primeiro dia de julgamento da morte da filha, Jonhliane Paiva, a mãe da jovem, Raimunda de Paiva, estava muito emocionada e passou mal várias vezes durante o julgamento. O júri terminou às 20h05 e foram ouvidas nove pessoas.

Em seu relato comovente, Raimunda clamou por justiça e disse que nada vai trazer a filha de volta. Além disso, ela falou da indignação em relação à forma como o corpo da filha foi deixado pelos acusados após o acidente. “Eu acho assim, nem um animal que a gente vê na rua a gente trata assim, tem que ajudar, a gente não deixa daquele jeito.”

Ela reforçou ainda a tese de que os acusados, Ícaro e Alan, se conheciam e que estavam fazendo um racha no momento em que a filha foi morta.

“Peço justiça, esse negócio de dizer que ele não estava fazendo racha é impossível por causa daquela velocidade em um ligar que era 40 quilômetros e uma pessoa andar a 150 quilômetros, eu queria uma resposta”, pediu.

O promotor que acompanha o caso, Efrain Mendoza, perguntou como Jonhliane era no seu dia a dia e sobre a falta que a filha faz para a mãe. “Minha filha começou a trabalhar cedo na drogaria da minha irmã. Ela estudava inglês porque tinha o sonho de ser aeromoça”, falou dona Raimunda aos prantos.

Ao exclamar por justiça mais uma vez, Raimunda falo que não quer que aconteça com outras pessoas o que aconteceu com a filha.

Irmãos, tia e cunhado de Jonhliane acompanharam o primeiro dia de julgamento nesta terça (17) — Foto: Aline Nascimento/g1

Irmãos, tia e cunhado de Jonhliane acompanharam o primeiro dia de julgamento nesta terça (17) — Foto: Aline Nascimento/g1

“Para outras pessoas não fazerem isso e ficarem impunes. Beber e sair dirigindo carro, porque não pega um familiar? Um amigo? Pense nisso porque os parentes ficam chorando depois. Agora eu só posso ir no cemitério, só vou lá levar flores para ela. Só o que tenho é uma gaveta cheia de roupas dela que vão amarelar, o mais perto que chego dela é no cemitério.”

Ao ser questionada pela assistente de acusação do MP sobre a falta que a filha faz, a mãe de Jonhliane disse que a filha trabalhava, ajudava com as contas da casa e ainda pagava a própria faculdade.

“A gente pode ter dez filhos, mas nunca nenhum vai substituir o outro. Ela sempre dizia que eu era o pai e a mãe dela. Ela pagou uma pós-graduação para mim, me ajudava em tudo.”

Raimunda afirmou também que até esta terça (17) não recebeu nenhuma pensão das famílias dos acusados. A defesa de Ícaro informou ao juiz que já foram feitos 11 depósitos, mas que o valor, que seria de meio salário mínimo cada, ainda não foi liberado pela justiça.

A mãe da vítima contou ainda que a filha tinha medo de conduzir a moto, por causa de acidentes. “Ela tinha medo de acidente, ela usava apenas para ir trabalhar. Em dia de chuva ia de Uber para o trabalho”, relembrou.

Questionadas se queriam fazer alguma pergunta para dona Raimunda, as defesas de Alan Lima e Ícaro Pinto não quiseram fazer fazer perguntas. Os jurados também não fizeram nenhum questionamento.

Ao g1, o irmão da vítima, Jhonata Paiva, falou da preocupação com a saúde da mãe após a morte da irmã. “Minha mãe é hipertensa, toma alguns medicamentos controlados e precisa de repouso, está abalada, não consegue ficar muito tempo, então, a gente está preservando ela.”

Ele falou ainda que acredita que a justiça vai ser feita. “Amanhã os jurados vão ser a voz do povo, da sociedade, vão fazer justiça para ela porque, no fim de tudo, ela morreu e o que nós temos é um julgamento, eles têm que pagar pela morte com a pena.”

Caso Jonhliane: Júri começa nesta terça-feira (17) em Rio Branco — Foto: Iryá Rodrigues/g1

Caso Jonhliane: Júri começa nesta terça-feira (17) em Rio Branco — Foto: Iryá Rodrigues/g1

Denúncia

O Ministério Público denunciou os dois, inicialmente por homicídio qualificado, porém, um habeas corpus derrubou a qualificadora e os dois agora respondem por homicídio simples. Além disso, Ícaro responde ainda por omissão de socorro e embriaguez ao volante.

Quinta testemunha a ser ouvida, Hatsue Said Tanaka, apresentada como ex-namorada de Ícaro Pinto na época, negou que eles eram namorados e disse que ainda estavam se conhecendo. Ao ser indagada sobre ter viajado com Ícaro, mesmo eles não estando juntos, Hatsue disse que foi, pois viu que ele estava sendo verdadeiro e que não teve a intenção de matar Jonhliane.

“Ele sentiu arrependimento, sentiu dor por tirar a vida de uma pessoa. Foi um acidente, uma fatalidade, não foi intencional. Ele teve a intenção de voltar para prestar socorro.”

As defesas trabalham em linhas diferentes. Para os advogados de Ícaro, o tempo em que ele está preso está acima do esperado e alega erros na condução das investigações. Já para a defesa de Alan, o desafio é mostrar que não houve racha e que ele estava apenas no local e na hora errados.

O promotor do caso, Efrain Enrique Filho, disse que vai pedir a condenação dos dois e espera convencer os jurados de que houve dolo eventual.

“A gente denunciou como crime qualificado, todavia o entendimento jurisprudencial no sentido que domina é que esses homicídios no trânsito são homicídios simples, infelizmente. Por mais que a gente encontre na doutrina a possibilidade de incluir qualificadoras, como assim fez o MP, de tentar dar uma definição um pouco mais pesada, proporcional, acabou que o STJ [Superior Tribunal de Justiça], começou pelo Tribunal de Justiça, não acatou então a nossa qualificadora, portanto, hoje respondem por homicídio simples na modalidade dolo eventual. E, é claro, que vou pedir a condenação dos dois, sem sombra de dúvida. É assim que a gente vai insistir, é assim que a gente acha mais justo”, disse.

O irmão da vítima, Johnata Paiva, que acompanhava o júri disse que espera a condenação dos acusados e que ainda não conseguiu perdoá-los.

“O que a gente espera em uma palavra é justiça. Nós esperamos que os réus que cometeram esse crime, esse homicídio, sejam de fato condenados, que esse júri popular possa representar a sociedade, a voz do povo. Não perdoamos eles, foram irresponsáveis, inconsequentes e merecem a pena que o júri popular vai conceder. A gente espera justiça por ela, que está morta”, disse.

Com cartazes, família pede justiça pela morte da jovem — Foto: Iryá Rodrigues /g1

Com cartazes, família pede justiça pela morte da jovem — Foto: Iryá Rodrigues /g1

 

Serão ouvidos na 2ª Vara do Tribunal o Júri e Auditoria Militar da Comarca de Rio Branco testemunhas e acusados. Nas seguintes ordens:

  • Testemunhas de acusação;
  • Testemunhas de defesa;
  • Réus;
  • Debates entre acusação e defesa, réplica e tréplica;
  • Votação

Vítima foi arremessada a mais de 70 metros

O primeiro a ser ouvido foi o perito João Tiago Marinheiro, responsável pelo laudo do acidente, que explicou detalhadamente os pontos que foram analisados no documento.

Pela análise das primeiras imagens, em frente ao Horto Florestal, segundo ele, a moto estava a 23,54km/h, a BMW em 46,44 km/h e o fusca em 30,74 km/h. Já em frente ao Damásio, cerca de 11 metros antes da colisão, a moto estava a 46,12km/h, já a BMW estava a 151,77 km/h e o fusca em 87,91km/h.

No momento da colisão foi calculada somente a velocidade da BMW, porque o fusca não teve interação com a motocicleta, conforme explicou o perito. Já com relação à motocicleta, não foi possível calcular, porque foi absorvida pela velocidade da BMW, que, no momento em que bateu na jovem, estava a 155,23 km/h, segundo o documento. A velocidade máxima da via é 40km/h.

A vítima, segundo o perito, foi arremessada a mais de 70 metros e a moto arrastada por mais de 100 metros.

Ao ser perguntado pela defesa de Alan se houve a disputa de velocidade entre os motoristas, o perito disse que pela parte técnica existiu que os dois saíram do mesmo ponto (do ponto a ou ponto b), a uma velocidade acima do permitido, o que, segundo ele, caracteriza uma competição.

Raimunda de Paiva conta que vida nunca mais foi a mesma — Foto: Arquivo pessoal

Raimunda de Paiva conta que vida nunca mais foi a mesma — Foto: Arquivo pessoal

‘Falha nas investigações’, diz defesa

Ícaro dirigia a BMW que atropelou e matou Jonhliane e Alan conduzia o outro veículo envolvido no suposto racha, segundo o que consta no processo. O acidente ocorreu no dia 6 de agosto de 2020 em Rio Branco.

Ao g1, o advogado de Ícaro, Luiz Carlos Neto, alega que o crime não pode ser tratado como homicídio doloso, já que, segundo a defesa, foi um acidente.

“Veja que foi tão absurdo inicialmente, que era um homicídio doloso com qualificadora, então tivemos que recorrer ao STJ para, pelo menos, corrigir esse aspecto, que não tinha qualificadora. Isso é uma coisa grave porque o crime pelo dolo eventual a pena mínima é de 6 anos, o crime qualificado a pena mínima seria 12 anos. Se tratarmos assim um acidente de trânsito o que vamos fazer com sequestradores, homicidas, traficantes, os crimes graves de estupro, extorsão mediante sequestro com morte”, questiona.

O advogado alega ainda que houve falhas graves nas investigações da Polícia Civil.

Banca de advogados do caso Jonhliane, em Rio Branco — Foto: Iryá Rodrigues/g1

Banca de advogados do caso Jonhliane, em Rio Branco — Foto: Iryá Rodrigues/g1

‘Não houve racha’, alega defesa de Alan

“Ele está preso esse tempo todo, o que acho isso um absurdo, em um acidente de trânsito que ceifou uma vida. Ele tem arrependimento, chora copiosamente todos os dias na prisão. Acho que toda a investigação teve erro. Até estranho o fato de o delegado não ter sido apontado como testemunha do MP, ele que devia estar aqui para ter responsabilidade, que são todos enviesados para uma investigação parcial”, destaca.

Já a advogada de Alan, Helane Christina Silva, alega que condená-lo pelo crime seria uma injustiça. Para ela, está mais do que claro que não houve racha.

“Na verdade, dentro dos autos, está mais do que provado, tanto pela perícia, como pelas próprias testemunhas que não houve racha em momento algum. Infelizmente, houve uma venda individual pelo delegado, pela acusação, de que o Alan era culpado e trabalhou isso colocando um racha. A população acreditou, hoje a defesa está trabalhando para que esses sete jurados que estão ali façam a verdadeira justiça não só pela Jonhliane , mas por um inocente que está preso há quase 2 anos. As próprias imagens estão a nossa favor, os carros estavam em lado opostos, os dois saíram da festa sem conversar, falam que o racha foi de forma tácita. Inclusive, existe uma quebra de sigilo telefônico que o promotor pediu e ele mesmo pediu para tirar, não há ligação para o Alan, não existe nenhuma amizade entre eles”, alega.

Carlos Venicius, que também faz a defesa de Alan, disse ainda que condenar o réu seria uma injustiça.

“Nos compadecemos da perda da família, mas esperamos que os jurados que sentam ali, de forma imparcial, analisem as provas do processo e não façam mais uma vítima dessa tragédia. Uma tragédia como essa não pode ter um filho chamado injustiça, que seria a condenação do Alan”, completa.

Irmã de Jonhliane Paiva com cartaz em frente à Cidade da Justiça antes do júri começar — Foto: Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre

Irmã de Jonhliane Paiva com cartaz em frente à Cidade da Justiça antes do júri começar — Foto: Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre

‘Esperamos condenação’

Uma das advogadas que representa a família de Jonhliane, Gicielle Rodrigues afirmou que acredita que a Justiça vai ser feita e que a sociedade vai dar uma resposta a altura do dano provocado.

“Não se pode comparar o caso Jonhliane Paiva aos casos que envolvem vítimas de trânsito, pois o diferencial consiste no fato de que as circunstâncias apontam para a presença do dolo eventual, situação que os tribunais superiores tratam como crime de homicídio doloso diante da realização de manobras arriscadas, emprego excessivo de velocidade em vias movimentadas e disputas ilegais como racha. É inadmissível que esse tipo de situação volte a acontecer, hoje perdemos a Jonhliane amanhã pode ser qualquer outro cidadão trabalhador de bem, temos fé na Justiça, temos fé que a sociedade dará uma resposta a altura do dano provocado, e esperamos pela condenação.”

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No Acre, mais de 70 mil pessoas não sabem ler nem escrever, diz IBGE

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No Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estado acreano apresenta 12,1% de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais. Quantitativo subiu 3,1% em 12 anos

Censo é uma pesquisa realizada pelo IBGE para fazer uma ampla coleta de dados sobre a população brasileira. Ela permite traçar um perfil socioeconômico do país. Foto: internet

assessoria

O Acre registrou, em 2022, a maior taxa de analfabetismo da região Norte entre pessoas de 15 anos ou mais: 12,1%. Isto é o que destaca os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta sexta-feira (17). A taxa atual corresponde ao quantitativo de 73.835 pessoas que não sabem ler nem escrever.

Desde a última pesquisa, houve o aumento de 3,1%, já que a taxa de 2010 era de 9%. O número de analfabetos se aproxima ao Censo de 2000, que foi de 14%. Essas e outras informações fazem parte da divulgação do Censo sobre Alfabetização – Resultados do Universo.

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Na capital Rio Branco, o número de pessoas não-alfabetizadas são de 19.495, o que corresponde a 6,96%. Dentre os 22 municípios, Marechal Thaumaturgo teve o maior percentual: 22,83%. Em seguida, vem Feijó (22,65%) e Santa Rosa do Purus (22,6%), na regional do alto acre, os dados mostra que, Xapuri os números chegam 14,61%, já, Epitaciolândia chega a 11,22%, Assis Brasil 14,7%, Capixaba em 15,73% e Brasiléia com 10,73%.

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A nível nacional, os dados mostram que, dos 163 milhões de pessoas com 15 anos de idade ou mais, 151,5 milhões sabiam ler e escrever um bilhete simples e 11,4 milhões não sabiam. Assim, a taxa de analfabetismo foi de 7,0%. No Censo 2010, o analfabetismo foi de 9,6%.

Censo do IBGE

O Censo é uma pesquisa realizada pelo IBGE para fazer uma ampla coleta de dados sobre a população brasileira. Ela permite traçar um perfil socioeconômico do país, já que conta os habitantes do território nacional, identifica suas características e revela como vivem os brasileiros. Veja abaixo dados.

Quantos municípios receberam visita de recenseadores? Todos os 5.568 municípios brasileiros, mais dois distritos (Fernando de Noronha e Distrito Federal), num total de 5.570 localidades.

Quantos domicílios foram visitados? Segundo o IBGE, 106,8 milhões de endereços em 8,5 milhões de quilômetros quadrados.

Quantos questionários foram respondidos? 79.160.207, dos quais 88,9% com 26 quesitos e 11,1% com 77 quesitos. No total, 98,88% das entrevistas foram presenciais; o restante foi pela internet ou por telefone.

Que dados a pesquisa coletou? Além verificar exatamente qual o tamanho da população, o Censo compila dados sobre as características dos moradores (como idade, sexo, cor ou raça, religião, escolaridade e renda) e informações sobre saneamento básico dos domicílios.

Por que o Censo 2022 atrasou? A lei prevê que a pesquisa deve ocorrer a cada dez anos. Como a edição anterior era de 2010, a nova sondagem deveria ter sido realizada novamente em 2020, mas foi suspensa por conta da pandemia. Em 2021, o Censo teve segundo adiamento, desta vez por cortes orçamentários do governo Jair Bolsonaro. Após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), foram liberados R$ 2,3 bilhões solicitados pelo IBGE, que iniciou trabalhos em 1º de agosto de 2022.

 

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32 anos: Aniversário de morte do ex-governador Edmundo Pinto

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Edmundo Pinto de Almeida, se preparava para depor numa CPI do Congresso sobre corrupção e desvios de recursos públicos. Àquela época uma onda de escândalos no Acre e no Brasil viraram manchetes na imprensa. Era o governo Collor.

Edmundo Pinto foi morto a tiros por três homens no apartamento 707 do Hotel Della Volpe Garden na Rua Frei Caneca na capital paulista

Há 32 anos, o Acre perdia o governador Edmundo Pinto, assassinado durante um assalto no Hotel Della Volpe, em São Paulo (SP). Ele estava hospedado no apartamento 704 quando três criminosos invadiram o local e anunciaram o roubo. Na perícia feita pela Polícia Civil de São Paulo, havia indícios de que Edmundo lutou contra a morte. Haviam sinais de uma luta corporal.

Edmundo Pinto de Almeida Neto era casado com Fátima Almeida e deixou três filhos, um deles, Rodrigo Pinto, que foi vereador de Rio Branco, inclusive.

Filho de Pedro Veras de Almeida e de Angelina Veras de Almeida. Advogado com Bacharelado em Direito na Universidade Federal do Acre iniciou sua carreira política na legenda da (ARENA), sendo derrotado como candidato a deputado estadual em 1974 e a vereador em Rio Branco em 1976. Após o fim do bipartidarismo graças a uma reforma política aprovada no governo João Figueiredo ingressou no PDS e em 1982 foi eleito vereador em Rio Branco e deputado estadual pelo Acre em 1986.

Advogado com Bacharelado em Direito na Universidade Federal do Acre iniciou sua carreira política na legenda da (ARENA). Foto: internet

Na Assembleia Legislativa do Acre foi opositor dos governos Flaviano Melo e Edison Cadaxo, ambos do PMDB e em 1990 foi eleito governador do Acre numa disputa onde superou Jorge Viana (PT) em segundo turno sendo empossado em 15 de março de 1991.

Assassinato

Na madrugada de domingo, 17 de maio de 1992, Edmundo Pinto foi morto a tiros por três homens no apartamento 707 do Hotel Della Volpe Garden na Rua Frei Caneca na capital paulista. O relógio marcava pouco mais de 5h30m quando três homens invadiram o apartamento 704 do luxuoso Hotel Dell Volpe Garden, centro de São Paulo (SP), e atiraram por três vezes. Dois tiros acertaram o executivo que ainda tentou se defender, mas sem chances. Edmundo morreu.

Os criminosos roubaram Cr$ 500 mil do apartamento que ele ocupava desde 14 de maio e ainda roubaram US$ 1.500 de John Franklin Jones, hóspede do apartamento 714 e funcionário do banco norte-americano Northeast. Jones disse para a polícia que os assaltantes eram três mulatos e seu depoimento foi um dos que permitiram a prisão dos criminosos.

Edmundo também se preparava para comparecer à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso Nacional que investigava supostos atos de corrupção em verbas. Foto: internet

O assassinato ocorreu menos de 48 horas antes de depor na CPI do Congresso que investigaria suspeitas que o próprio governador foi dos dos responsáveis pela malversação de verbas para a construção do Canal da Maternidade com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) num caso onde citou-se o ex-ministro Antônio Rogério Magri, cujo envolvimento não se confirmou. Houve suspeitas também sobre disputas partidárias acrianas e até “queima de arquivo”. A polícia concluiu como latrocínio (roubo seguido de morte), já que houve luta corporal visto que Edmundo Pinto foi atingido por um tiro de raspão na cabeça e outro certeiro no coração.

Houve novas investigações sobre o caso em 1993 e 2003, e o mesmo foi alvo da CPI da Pistolagem em 1992 quando Gilson José dos Santos, um dos acusados de matar o governador, disse que recebera dinheiro para cometer o crime.

A morte do governador até hoje deixa um sentimento de injustiça e falta de mais compromisso das forcas de segurança do estado do Acre e de São Paulo e Federal, que nunca procuraram chegar mais afundo nas contradições apresentadas no inquérito. A família do ex-governador e o povo acreano até hoje não aceita a tese de latrocínio. Acredita-se que a morte se tratou de um crime de pistolagem, uma vez que Edmundo Pinto iria depor em uma CPI na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Casado com Fátima Barbosa de Almeida com quem teve três filhos: Pedro Veras de Almeida Neto, Rodrigo Barbosa de Almeida Pinto e Nuana Naira Barbosa de Almeida. Foto: internet

Depois de 32 anos, a família do governador, a viúva Fátima Almeida, os filhos Rodrigo, Pedro e Nuana, que eram crianças na época do crime, que sempre defendeu que Edmundo Pinto fora vitima de um crime de caráter político, aos poucos se refez e já não busca mais a reabertura do caso. Rodrigo Almeida, que adotou o nome e sobrenome do pai, chegou a exercer mandato de vereador em Rio Branco mas, decepcionado com a política, retirou-se da vida pública e saiu inclusive do Brasil. Mora em Dubai, nos Emirados Arabes, onde trabalha como instrutorde artes marciais.

Nesta sexta-feira, 17, marca-se o 32º ano do assassinato do ex-governador Edmundo Pinto. O político, que estava prestes a completar 40 anos, foi morto na manhã de domingo, 17 de maio de 1992, no Hotel Dell Volpe Garden, no centro de São Paulo. Foto: internet

O laudo cadavérico do corpo do governador revelou que, além dos tiros que o mataram, Edmundo Pinto chegou a ser espancado a murros e teve um dente quebrado. Suas unhas também tinham pele de seus algozes, num sinal de que ele tentou se defender lutando contra seus matadores. Isso reforça a ideia de que, na verdade, Edmundo Pito abrira a porta do apartamento para alguém que ele conhecia. Seu ajudante de ordens, o então capitão PM ,Marcus Wisman, que dormia num apartamento ao lado, disse, no curso das investigações, que não ouviu nenhum barulho vindo do quarto onde estava o governador, justificando que costumava dormir com o volume do som da televisão bem alto.

A morte do governador até hoje deixa um sentimento de injustiça e falta de mais compromisso das polícias Civil de São Paulo e Federal, que nunca procuraram chegar mais afundo nas contradições apresentadas no inquérito. A família do ex-governador e o povo acreano até hoje não aceita a tese de latrocínio. Acredita-se que a morte se tratou de um crime de pistolagem, uma vez que Edmundo Pinto iria depor em uma CPI na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Edmundo Pinto foi assassinado naquela manhã no apartamento de número 704 do Hotel Della Volpe Garden. Três homens atiraram por três vezes no executivo. Ele tentou se defender, mas sem chances.

INVESTIGAÇÕES, CPI’S

Pinto tornou-se alvo ainda da CPI da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) e com uma morte precoce, cruel, coube ao Congresso iniciar também uma investigação paralela para apurar a causa central do assassinato. A grande maioria já prognosticava durante a “CPI da Pistolagem”: foi sob encomenda. O deputado e relator da CPI à época, Edmundo Galdino, bem que palpitou, mas o entendimento da Polícia e do Judiciário de São Paulo, narraram outra tese: latrocínio (roubo seguido de morte).

LATROCÍNIO?

Para chegar a hipóteses de latrocínio, a Polícia paulistana investigou que os criminosos roubaram Cr$ 500 mil cruzeiros do apartamento que o governador ocupava no hotel. Os mesmos criminosos teriam roubado US$ 1.500 dólares de John Franklin Jones, hóspede do apartamento 714 e funcionário do banco norte-americano Northeast. Jones acabou sendo chamado para depor. “Três mulatos”, como ele classificou, teriam entrado nas dependências do hotel. Posteriormente, os acusados foram presos. Um deles foi chamado para depor no Congresso, Gilson José dos Santos, informou que recebeu dinheiro para cometer o crime.

CRIME POLÍTICO?

Em 1993, o governador de São Paulo, à época, Luís Antônio Fleury Filho mandou reabrir o inquérito a pedido da viúva, Fátima Barbosa e da bancada acreana no Senado. Por hora, a tese de crime político reacendeu sobre o caso.

Em um documentário de uma plataforma internacional, o filho de Edmundo, Rodrigo Pinto, que tinha apenas 12 anos quando o pai foi assassinado, deu detalhes do que se lembra à época. Ele citou que o laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou violência e sinais de tortura no corpo do governador acreano. “Embalsamaram o corpo do meu pai, blindaram o corpo dele, impossibilitando que víssemos as atrocidades que fizeram com ele”, descreveu Rodrigo.

Edmundo Pinto deixou Fátima Barbosa de Almeida, viúva, e três filhos: Rodrigo, Pedro e Nuana.

VITÓRIA DE EDMUNDO SOBRE JORGE

O bom desempenho de Edmundo Pinto no legislativo chancelou o credenciamento à disputa do Governo. A homologação do seu nome na convenção do PSD, em 1990, possibilitou a disputa contra Jorge Viana (PT). Edmundo obteve a primeira colocação no 1° turno e respectivamente no 2° turno. Pinto foi eleito com quase 72 mil votos, sendo o 12° governador eleito do Acre. Ele foi o único candidato do PSD candidato ao cargo entre os Estados. De fato, ele assumiu o Palácio Rio Branco no dia 15 de março de 1991. Antes dele, Flaviano Melo era governador.

UM GOVERNO ‘METEÓRICO’

O Governo Edmundo Pinto não foi marcado apenas por questões políticas ou da tragédia em si. Enquanto esteve no comando do executivo, Edmundo assinou a emancipação de 11 municípios, criou o Tribunal de Contas do Estado do Acre (TCE), concluiu o asfaltamento da BR-364 (Rio Branco – Porto Velho), deu início ao Aeroporto Internacional de Rio Branco, investiu em Estações de Tratamento de Esgoto e inaugurou e expediu obras em Escolas Públicas.

MEMÓRIA VIVA

Nas redes sociais, existem perfis que relembram a trajetória política e de vida de Edmundo Pinto. Um dos editores da página no Facebook – Edmundo Pinto – é o próprio ex-vereador de Rio Branco, Rodrigo Pinto, que vive atualmente no exterior. Recentemente, alguns registros únicos do governador foram republicados no espaço, que é um memorial.

Concluindo esse resgate histórico, tomamos a iniciativa para republicar uma legenda inserida em uma das fotos de Edmundo Pinto ao desembarcar de um avião, e que resume muito bem todo o caso: “O grande erro do Edmundo, foi confiar demais. Ele fazia questão de estar presente com o povo sem segurança, fazer caminhadas, viajar como uma pessoa comum. Na noite do seu assassinato, ele foi ao shopping assistir um filme e voltou para o Hotel onde foi assassinado”.

Acredita-se que a morte se tratou de um crime de pistolagem, uma vez que Edmundo Pinto iria depor em uma CPI na Câmara dos Deputados, em Brasília. Foto: internet

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Semana Nacional do Registro Civil é encerrada com sucesso no Acre

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Após cinco dias de trabalho, a Semana Nacional do Registro Civil – Registre-se, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), encerrou-se, nesta sexta-feira, 17, com mais de 230 emissões de registros civis nos presídios do estado. A ação, que ocorreu em todo Brasil, teve como foco a população socialmente vulnerável, o que contempla pessoas privadas de liberdade e pré-egressos, além de comunidades indígenas.

Mais de 230 Registros Civis foram emitidos em cinco dias nos presídios do Acre. Foto: Zayra Amorim

O sucesso na ação deu-se devido a um trabalho integrado entre Tribunal de Justiça (TJAC), Instituto de Administração Penitenciaria (Iapen) e Instituto de Identificação da Polícia Civil.

Alexandre Nascimento, presidente do Iapen, ressaltou que a ação visa promover, primeiramente, a cidadania e a dignidade da pessoa que está privada da liberdade: “Em parceria com a Polícia Civil, com a demanda do CNJ, acompanhada pelo governo do Estado do Acre, esse tipo de ação facilita a vida deles na retomada da condição social de liberdade para recomeçar em atividades empregatícias, educacionais e sociais. Então, uma ação como esta trás um resultado muito positivo no processo de ressocialização deles”.

Representantes do Iapen, TJ e Instituto de Identificação reunidos no último dia de ação. foto: Zayra Amorim

Ingrid Suarez,

Direito garantido

Semana Nacional do Registro Civil é encerrada com sucesso no Acre

Após cinco dias de trabalho, a Semana Nacional do Registro Civil – Registre-se, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), encerrou-se, nesta sexta-feira, 17, com mais de 230 emissões de registros civis nos presídios do Estado. A ação que ocorreu em todo Brasil, teve como foco, a população socialmente vulnerável, o que contempla pessoas privadas de liberdade e pré-egressos, além de comunidades indígenas.

O sucesso na ação deu-se devido a um trabalho integrado entre Tribunal de Justiça (TJ/AC), Instituto de Administração Penitenciaria (Iapen) e Instituto de Identificação da Polícia Civil.

Alexandre Nascimento, presidente do Iapen, ressaltou que a ação visa promover, primeiramente, a cidadania e dignidade da pessoa que está privada da liberdade. “Em parceria com a Polícia Civil, com a demanda do CNJ, acompanhada pelo governo do Estado do Acre, esse tipo de ação, facilita a vida deles na retomada da condição social de liberdade para recomeçar em atividades empregatícias, educacionais e sociais. Então uma ação como esta, trás um resultado muito positivo no processo de ressocialização deles”.

Ingrid Suarez, Chefe do Departamento de Assistência e Saúde do Iapen, explicou que os presos contemplados com a ação são pre-egressos, ou seja, estão prestes a deixarem o sistema prisional. “Então eles já vão sair com o seu documento, o que garante direito à cidadania, facilita o estudo, conseguir o emprego. Então essa pessoa já vai sair com essa possibilidade de ter uma vida melhor. Então realmente a importância é tremenda”

O detento P. R. L, de 24 anos, foi um dos detentos contemplados com a ação, ele disse que poder sair do presídio com seus documentos em mãos, como qualquer cidadão, é muito importante. “É bom ter acesso à nossa identidade, porque um dia a gente vai sair daqui e socializar, arrumar um trabalho digno, sair do crime, e ter minha identidade, pra andar nos cantos certos, vai me ajudar a ter uma nova vida”, afirmou o reeducando que comemora a conquista de seu RG.

, explicou que os presos contemplados com a ação são pré-egressos, ou seja, estão prestes a deixarem o sistema prisional: “Então, eles já vão sair com o seu documento, o que garante direito à cidadania, facilita o estudo, conseguir um emprego. Essa pessoa já vai sair com essa possibilidade de ter uma vida melhor. Então, a importância é realmente tremenda”.

Outro ponto importante a ser destacado, segundo a chefe da Divisão, é que esta ação faz parte de toda uma rede de apoio aos egressos, que, ao saírem do sistema prisional, continuam sendo acompanhados pelo Iapen, por meio do escritório social. “Eles podem procurar o escritório social, que é o equipamento que está à disposição do egresso, para orientá-lo quanto à educação, a conseguir um trabalho, a redirecioná-lo na vida”, explicou.

Presidente do Tribunal de Justiça acompanhou a ação nas unidades prisionais. Foto: Zayra Amorim

A presidente do TJAC, a desembargadora Regina Ferrari, ressaltou a importância desta inclusão que está sendo feita em relação aos reeducandos: “Para que eles sejam incluídos, nós precisamos dar o que eles necessitam, que é a documentação civil, para que eles possam acessar os serviços públicos e possam ter um novo começo”.

O detento P. R. L, de 24 anos, foi um dos detentos contemplados com a ação. Ele disse que poder sair do presídio com seus documentos em mãos, como qualquer cidadão, é muito importante. “É bom ter acesso à nossa identidade, porque um dia a gente vai sair daqui e socializar, arrumar um trabalho digno, sair do crime, e ter minha identidade, pra andar nos cantos certos, vai me ajudar a ter uma nova vida”, afirmou o reeducando, que comemora a conquista de seu RG.

Instituto de Identificação disse que a ação foi concluída com sucesso. Foto: Cláudio Angelim/TJ

Walter Cley Carneiro, coordenador do Instituto de Identificação, responsável pela emissão dos documentos, avaliou a ação como muito positiva. “Graças a Deus deu tudo certo. Estamos finalizando hoje, e ficou tudo dentro da programação. Então, eu acredito que nos anos vindouros nós possamos também estar presentes. Estamos sempre à disposição, em nome do delegado geral, Henrique Maciel, com o nosso diretor Júnior César, à disposição para esse evento, que é muito gratificante para que a sociedade tenha os órgãos mais próximos a ela”, concluiu.

Fonte: Governo AC

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