Brasil
Em livro, Obama descreve encontros com Lula e Dilma
Por Lourival Sant'Anna, CNN
No primeiro volume de sua nova autobiografia, “Uma Terra Prometida”, lançado nesta terça-feira (17), Barack Obama lembra seus encontros com os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, com observações curiosas.
Ele narra a reunião com Lula no Salão Oval da Casa Branca em março de 2009, e conta que ficou impressionado com ele. Diz que o presidente brasileiro realizara uma série de “reformas pragmáticas” que desencadearam forte crescimento econômico no Brasil. Mas lembra também que ele tinha a reputação de “ter os escrúpulos de um chefe de Tammany Hall” (referência aos “donos” que mandavam no Partido Democrata no passado) e “circulavam rumores sobre clientelismo, comissões, propinas que somavam bilhões”.
No mês seguinte, em abril, ele apresentaria Lula para o primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd: “Esse é o cara. Eu adoro esse cara. É o político mais popular da Terra”. (Obama não lembra isso no livro, mas eu lembro: cobri aquela cúpula do G-20 em Londres.)
Obama conta que foi avisado de que as forças do ditador líbio Muamar Kadafi estavam avançando sobre Benghazi quando o Air Force One pousou em Brasília, em 19 de março de 2011, em sua primeira viagem à América do Sul. Seu secretário de Segurança Nacional, Thomas Donilon, avisou que provavelmente ele teria que ordenar uma ação militar na Líbia.
Obama observa no livro que ordenar esse tipo de ação já não é bom estando em outro país, e que as coisas nesse caso eram ainda mais delicadas porque o Brasil tinha uma tradição de não-ingerência e o governo Dilma Rousseff tinha se abstido na votação do Conselho de Segurança da ONU que autorizara a intervenção da Otan na Líbia. (Eu estava em Benghazi naquele momento, e eram 25 km de armamento pesado a caminho para destruir a cidade de 1 milhão de habitantes.)
Obama diz que Dilma e seus assessores o receberam calorosamente no Palácio do Planalto, que ele descreve como “uma estrutura arejada, moderna, com colunas aladas e paredes altas de vidro”. Tinham interesse em intensificar as relações comerciais, explica ele.
Mas Obama estava preocupado com a Líbia e pediu desculpas a Dilma. “Ela deu de ombros, com os olhos castanhos fixos em mim e uma mistura de ceticismo e preocupação”, lembra Obama. E disse, em português: “A gente dá um jeito. Espero que este seja o menor dos seus problemas”.
Não foi. Para ordenar a ação militar, Obama precisava falar com o chefe do Estado-Maior Conjunto, almirante Michael Mullen. Depois da reunião com Dilma, ele se retirou para uma sala ao lado no Palácio do Planalto. Mas o equipamento de conexão de alta segurança que a equipe da Casa Branca trouxera não estava funcionando.
Dez minutos se passaram, e havia outra reunião com os brasileiros. Obama perguntou se o celular de seu chefe de gabinete, Bill Daley, tinha bateria suficiente. “O quê?”, surpreendeu-se Daley. “Não vai ser uma conversa longa”, tranquilizou-o Obama. Daley discou o número de Mullen e passou o celular para o presidente: “Mike, você me ouve? Você tem minha autorização”. E assim a primeira intervenção militar do governo Obama foi ordenada de uma linha não-segura, de dentro do Palácio do Planalto.
Em geral Obama cita o Brasil no contexto dos Brics (que reúne também Rússia, Índia, China e África do Sul). Diz que tinha curiosidade de saber se o bloco poderia exercer um papel na governança global. Ele conta que, na Conferência sobre Mudança Climática das Nações Unidas em Copenhague, em dezembro de 2009, sentiu que os Brics tinham voto suficiente para “matar o acordo”.
Obama relata a tensa reunião com os então primeiros-ministros da China, Wen Jiabao, e da Índia, Manmohan Singh, e os presidentes Lula e Jacob Zuma, da África do Sul. Obama explicou que tinha acabado de se reunir com os governantes europeus e eles haviam se comprometido com as metas de redução dos gases do efeito estufa se houvesse um mecanismo confiável de verificação.
“Wen e Singh se mantinham impassíveis, enquanto Lula e Zuma olhavam constrangidos para os papéis na frente deles”, descreve Obama, referindo-se ao esboço proposto por americanos e europeus.
Um por um, os quatro líderes responderam que “o Tratado de Kyoto estava funcionando bem, que o Ocidente era o responsável pelo aquecimento global e agora esperava que os países pobres impedissem seu desenvolvimento para resolver o problema”. E que o planos dos americanos e europeus violavam o princípio das “responsabilidades comuns mas diferenciadas” e o mecanismo de verificação atropelava sua soberania.
Obama se dirigiu a Wen, dizendo que o Congresso americano e os parlamentos europeus, canadense e japonês não aprovariam um plano pelo qual as indústrias de seus países perderiam competitividade e ainda dariam dinheiro para os países pobres lidarem com a mudança climática enquanto os maiores poluidores ficavam de fora. E que a China poderia até conseguir culpar os EUA pelo fracasso do acordo, mas isso não impediria o planeta de continuar esquentando.
O ministro do Meio Ambiente chinês respondeu algumas coisas em mandarim. Obama pediu que a intérprete traduzisse, mas Wen atalhou dizendo que o que o ministro tinha dito não era importante. E pediu para estudar os termos do acordo. Os chineses embarcaram.
“Tenho que te falar, chefe”, disse a Obama seu assistente pessoal, Reginald Love, no voo de volta para Washington. “Aquilo foi coisa de gângster.”
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Jovens do Acre e Amazonas participam do 2º Fórum de Ecologia Integral em Cruzeiro do Sul
Segundo Sergiane Silva, coordenadora do Centro de Juventudes, o fórum busca incentivar os jovens a desenvolverem soluções sustentáveis com impacto direto em suas realidades
jurua24horas
Cerca de 80 estudantes do ensino fundamental e médio participaram, na última sexta-feira, 6, do 2º Fórum Interativo de Ecologia Integral, promovido pelo Centro de Juventudes de Cruzeiro do Sul. O evento reuniu alunos de escolas públicas dos municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves e Guajará (AM) para debater temas ligados à sustentabilidade e ao cuidado com o meio ambiente.
A programação incluiu oficinas, rodas de conversa e elaboração de projetos socioambientais, que serão apresentados no dia 4 de julho. As propostas concorrerão a prêmios em dinheiro e poderão ser implementadas nas comunidades com apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que firmou termo de cooperação com o Centro de Juventudes.
Segundo Sergiane Silva, coordenadora do Centro de Juventudes, o fórum busca incentivar os jovens a desenvolverem soluções sustentáveis com impacto direto em suas realidades. “Estamos estimulando essa juventude a pensar projetos viáveis e transformadores. O primeiro lugar será premiado com R$ 700, o segundo com R$ 500 e o terceiro com R$ 300”, destacou.
Realizado no início do verão amazônico, período marcado pelo aumento das queimadas, o evento também chamou atenção para os impactos da poluição do ar na saúde da população, especialmente de crianças e idosos.
Dom Flávio Giovenale, bispo da Diocese de Cruzeiro do Sul, participou do fórum e reforçou o papel da sociedade no cuidado com o meio ambiente. “Dominar, no sentido bíblico, é proteger. O ser humano foi colocado para cuidar da criação. Cuidar da natureza é cuidar da vida”, afirmou.
Além da reflexão ambiental, o fórum reforçou o protagonismo juvenil, especialmente nas redes sociais. Para Nicole Sarah, coordenadora de um dos comitês de juventude, a mobilização digital é fundamental. “O jovem tem uma voz ativa. O que queremos é plantar essa ideia e estimular essa conscientização”, disse.
Irmão Danilo Bezerra, coordenador geral do Centro de Juventudes, explicou que o fórum faz parte de uma construção coletiva entre a Diocese de Cruzeiro do Sul e o Instituto Marista. “Essa é uma iniciativa que reconhece o grito da terra como o grito dos povos. Estamos oferecendo um espaço de escuta, sensibilização e ação, com a juventude protagonizando a transformação da realidade em que vivem”, afirmou.
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Em cinco meses, saíram mais de 153 mil cabeças de gado do Acre
No período de janeiro a maio de 2025, o volume abatido no Acre foi de 264.776 cabeças. O que resulta em uma média mensal de 52.995 animais

Os dados são do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf). Foto: captada
Entre janeiro e maio de 2025, saíram do Acre, exatas 153.016 cabeças de gado para oito estados do país: Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rondônia e São Paulo. Os dados são do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf).
O volume de saída de gado superou as expectativas dos integrantes do Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre, instância que reúne representantes da iniciativa privada e do poder público e monitora gargalos de diversos segmentos econômicos.
“Mantendo esse nível de saída, daqui um ano e meio ou dois anos, vai gerar um déficit”, alerta o presidente do Sindcarnes, Murilo Leite, representante do segmento das indústrias frigoríficas. “Ano passado, saíram duzentas mil cabeças. Os números estão mostrando que, praticamente, vai dobrar a saída”.
A tendência do setor industrial é de aumento da demanda porque há uma planta frigorífica que está em processo de ampliação e outra entrando novamente em operação. No Acre, há quatro frigoríficos sifados em condições de exportar carne.
Essas unidades vão exigir mais carne a ser processada aqui, inclusive com o novo cenário do comércio internacional em construção para a carne brasileira com o país inteiro classificado como Área Livre de Aftosa Sem Vacinação com reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
“Apesar da atualização da pauta, a saída continua superior ao que ocorreu no primeiro trimestre”, reforça Leite.
No período de janeiro a maio de 2025, o volume abatido no Acre foi de 264.776 cabeças. O que resulta em uma média mensal de 52.995 animais. Com um detalhe: foram 119.089 machos (45%) e 145.687 fêmeas (55%).
O Sindcarne faz o alerta de que o atual ritmo de saída vai trazer problemas de abastecimento das indústrias locais em 18 ou 24 meses porque ficou estabelecido no Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento que o Governo do Estado faria os ajustes nas pautas sempre que necessário.
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‘Marina e Lula estão usando o Ibama, Força Nacional e Exército para perseguir produtores do Acre’, diz Duarte
Em tom de indignação, o deputado também criticou os limites de uso da terra impostos pela legislação ambiental vigente, que permite a utilização de até 20% da área em regiões de floresta

O deputado também criticou os limites de uso da terra impostos pela legislação ambiental vigente, que permite a utilização de até 20% da área em regiões de floresta. Foto: captada
O deputado federal Roberto Duarte (Republicanos-AC) criticou neste sábado, 7, a atuação de órgãos federais em uma operação contra o desmatamento na Reserva Extrativista Chico Mendes, localizada no estado do Acre. Em publicações nas redes sociais, Duarte classificou a ação como uma “perseguição implacável” aos produtores rurais da região.
A Operação Suçuarana, coordenada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), conta com o apoio de diversas instituições, como o Batalhão de Polícia Militar Ambiental do Acre (BPA), Força Nacional (FN), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Exército Brasileiro (EB), Ministério Público Federal (MPF) e o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Acre (IDAF). Segundo o ICMBio, o objetivo da operação é combater o desmatamento ilegal na unidade de conservação.
Duarte, no entanto, questiona os métodos empregados na operação e acusa o governo federal de prejudicar economicamente o estado. “Perseguição. A acreana Marina Silva e o ‘descondenado’ Luiz Inácio Lula da Silva estão usando o IBAMA, o ICMbio, a Força Nacional, o Exército para perseguir os produtores rurais do estado do Acre, e agravar ainda maisa miséria no nosso querido estado do Acre. É um absurdo o que está acontecendo em toda região norte do país, mas principalmente no nosso querido estado do Acre, que está sofrendo com embargos nas terras, que está sofrendo com a perseguição implacável desse governo,” disse Duarte.
Em tom de indignação, o deputado também criticou os limites de uso da terra impostos pela legislação ambiental vigente, que permite a utilização de até 20% da área em regiões de floresta. Ele defende a ampliação desse percentual para 50% e, para isso, apresentou um projeto de lei em 2023.
“Nós não podemos mais admitir isso. O nosso estado só pode o produtor rural utilizar 20% da sua área para produzir, e é o único meio de desenvolvimento do estado do Acre. Apresentei um projeto de lei em 2023 (PL 1963/2023), para alterar essa lei, para que o produtor rural possa utilizar 50% da sua área de terra. É inadmissível que nós pagamos 100% de impostos sobre a nossa terra e só possamos utilizar 20% dessa área, nós temos que mudar essa realidade, mas o governo federal tem que acabar com essa perseguição implacável aos produtores rurais,” ressaltou o republicano.
Por fim, Duarte reforçou que continuará defendendo os produtores rurais acreanos e cobrou do governo federal o fim das ações que, segundo ele, inviabilizam o desenvolvimento da região. “Nós não vamos desistir, vamos lutar, o povo acreano lutou pra ser brasileiro e vai lutar pelo seu desenvolvimento”, concluiu o deputado.
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