Cotidiano
Em 11 dias, cidade do AC gasta mais de R$ 70 mil em alimentação para imigrantes retidos na fronteira: ‘não dá mais’
Com fronteira do Peru fechada, imigrantes não conseguem deixar o Brasil. Vigilância Sanitária esteve nas duas escolas que abrigam os 241 imigrantes.

Em 11 dias, cidade do AC gasta mais de R$ 70 mil em alimentação para imigrantes retidos na fronteira: ‘não dá mais’ — Foto: Odair Leal/Secom-AC
Por Tácita Muniz, G1 AC — Rio Branco
Além de pensar em medidas para conter a contaminação de Covid-19, a cidade de Assis Brasil vem enfrentando outro impasse: o número de imigrantes retidos no município por conta do fechamento da fronteira do Peru com o Acre.
No último dia 23, o prefeito da cidade, Antônio Barbosa, decretou situação de emergência na cidade e pediu ajuda dos governos estadual e federal no custo de insumos e abrigo aos imigrantes.
A Vigilância Sanitária do estado esteve nas duas escolas que servem como abrigo aos imigrantes na semana passada para dar orientações sobre a Covid-19 e informar sobre o estado de isolamento social que o Acre tem adotado.
Até este domingo (29), 34 casos da doença foram confirmados no estado.
A prefeitura diz que, em 11 dias, gastou mais de R$ 70 mil apenas com alimentação. São 900 refeições por dia, entre café da manhã, almoço e janta. Saíram dos cofres público, em menos de 15 dias, R$ 73.800 só para despesas com alimentação.
Ainda não foram contabilizados outros insumos, como gasolina, logística, materiais de consumo, energia e água potável que são necessários para manter o funcionamento dos abrigo. O pedido do prefeito é um apelo aos governos estadual e federal.

Abrigos foram montados em escolas de Assis Brasil, no Acre — Foto: Odair Leal/Secom-AC
Dois abrigos
De acordo com o relatório, são 241 imigrantes, de pelo menos cinco nacionalidades, divididos em dois abrigos da cidade que foram improvisados em escolas. Na Escola Municipal Edilsa Maria Batista estão 92 pessoas, sendo que são 32 homens, 26 crianças e 34 mulheres, sendo que nove estão gestantes.
Já na Escola Estadual Iris Célia, são 149 pessoas. Deste total, 40 são mulheres, delas 7 estão grávidas; 78 homens e 31 crianças.
A situação na cidade é crítica e a prefeitura teme que se crie uma crise social, porque a população não tem aceitado bem o suporte dado aos imigrantes.
‘Não tenho mais como manter’, diz prefeito
Antônio Barbosa disse que a cidade não tem condições mais de manter os imigrantes. Ele cogita ainda decretar estado de calamidade pública, caso não tenha ajuda dos governos estadual e federal.
Além de manter 900 refeições por dias aos imigrantes, a falta de profissionais para acompanhar os abrigos tem sobrecarregado as equipes. De acordo com a prefeitura, até agora, o Estado ajudou com 250 colchões – que são acabaram – e 100 sacolões, que também não tem mais.
Além disso, o gestor recebeu R$ 1.470 do Fundo Municipal de Saúde. Porém, nada tem ajudado efetivamente no abrigo desses imigrantes.
Vale destacar que, com a fronteira fechada, não passa ninguém para o Peru, mas o lado peruano autoriza que as pessoas continuem passando para o lado brasileiro, por isso, fica difícil controlar a entrada na cidade acreana.
“Não temos mais alimentos, não temos equipamentos ou insumos. Estou aguardando o término do decreto [ de emergência], que é dia 3 de abril. Só vou tolerar até lá. Não tenho mais condições, em hipótese alguma, de ter mais estrangeiros aqui”, desabafa.

Assim como o Acre foi porta de entrada, agora os imigrantes fazem a rota inversa para sair do Brasil, porém, se depararam com a barreira no Peru — Foto: Odair Leal/Secom-AC
Rota inversa
Assim como o Acre foi porta de entrada, agora os imigrantes fazem a rota inversa para sair do Brasil, porém, se depararam com a barreira no Peru. Os imigrantes chegavam ao Acre através da fronteira do Peru com a cidade de Assis Brasil, distante 342 km da capital.
Agora, eles começaram a fazer o caminho inverso e têm como destino o Haiti, com o objetivo de visitar os parentes e seguir para os países do México, Estados Unidos e Canadá.
O problema maior, segundo a prefeitura, é que eles começam a ligar para parentes e amigos chamando para irem até o abrigo.
“São quase 300 estrangeiros, comendo, bebendo e dormindo. Minhas equipes estão exaustas. Não tem como se fazer rodízio o tempo todo, porque é muita gente pra gente acompanhar, alimentar, surgem problemas, discussões, brigas, entre os estrangeiros”, explica.
As brigas são motivadas, quase sempre, devido à diferença de cultura entre as nacionalidade.
Número de imigrantes em abrigos de Assis Brasil, no Acre
‘Tá virando cabo de guerra’
O prefeito destaca ainda que a população da cidade tem criticado o apoio e também cobrado suporte como o que é dado aos imigrantes. Com a pandemia de Covid-19, foi adotado o isolamento social e, assim como em outras cidades, muitos autônomos estão sem poder trabalhar e questionam o motivo de não terem a mesma ajuda com alimentação, por exemplo.
“Já estamos caindo em dívida com alguns credores para manter eles [imigrantes] aqui. Já surgiu uma revolta da população, as pessoas estão buscando na prefeitura apoio, todos alegando que estamos dando apoio aos estrangeiro que estão aqui e perguntam por que não ajudar eles. Isso tá virando um cabo de guerra, porque temos que alimentar as pessoas que estão retidas aqui, mas à população está incomodada”, revela.
No abrigo, os imigrantes têm comida, estrutura, além de assistência social e em saúde. Mas, o prefeito diz que não há mais como acomodar ninguém, se não, a cidade entra em colapso, tanto na saúde, como na economia.
Orientações
Advagner Prado, chefe do Núcleo de Serviços da Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) esteve na cidade na última semana se reunindo com a prefeitura, Exército e o Grupamento Especial de Fronteira (Gefron).
Ele disse que a ajuda enviado pelo Estado não foi suficiente e que a situação tem se agravado na cidade. Além disso, adiantou que um grupo de imigrantes também já chegou até Brasileia, outra cidade da fronteira.
“O município não suporta mais. São pessoas de nacionalidades, religiões e costumes diferente. Aí é um barril de pólvora”, adianta.
Ele diz ainda que os moradores da cidade podem começar a se revoltar contra os imigrantes. “A gente foi ver uma crise na saúde, mas é também uma crise social. Muitas das mulheres que estão em grávidas no abrigo não fizeram pré-natal e estão prestes a dar à luz”, conta.
Prado diz que algumas das grávidas devem ter o bebê já em abril. Além disso, ele diz que outra preocupação é que não se sabe o histórico vacinal dos estrangeiros.
“Informamos a eles o estado de quarentena que estamos. Mas, eles não respeitam o isolamento, se fecha o portão, eles pulam o muro. Falamos sobre medidas de higiene e segurança. Não sabemos o histórico de vacina, então, além de Covid-19, eles podem trazer também outras doenças”, alerta.
Na fronteira, a polícia peruana não permite que se passe para o lado do país vizinho. A ideia, segundo a gestão, é pedir que o Brasil faça o mesmo e não permita mais a chegada de imigrantes.
“Estamos vendo com as embaixadas para vir buscar eles. Os haitianos não querem voltar ao país,eles são mais resistentes. Mas, nossa ideia é pedir que esses países busquem os imigrantes”, ressalta.
Já o prefeito é enfático ao dizer que não há mais como manter os imigrantes na cidade. E está decidido a decretar calamidade pública. “A cidade não suporta mais”, finaliza.
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Prefeito Tião Bocalom avalia Carnaval da Família 2025 e anuncia investimentos para Rio Branco
Evento na Praça da Revolução reuniu milhares de foliões; gestor também falou sobre recuperação de ramais, educação, água e transporte coletivo

Outros dois assuntos questionados pelo apresentador foram: Água e transporte coletivo. O prefeito Tião Bocalom, disse que há mais de 20 anos não existia investimento no setor de água da capital. Foto: assessoria
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, avaliou positivamente o encerramento do Carnaval da Família 2025, que reuniu milhares de foliões na noite desta terça-feira (4), na Praça da Revolução. Em entrevista ao jornalista Washington Aquino, no programa Café com Notícias da TV5, Bocalom destacou a importância da parceria entre a Prefeitura, o Governo do Estado e a Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agrícola do Acre (Acisa) para o sucesso do evento.
“Mesmo com falta de recursos, não foram muitos recursos que foram passados para eles, eles fizeram uma linda festa”, afirmou o prefeito, referindo-se ao empenho dos blocos carnavalescos, que marcaram o último dia da festa. Bocalom garantiu que já há planejamento para ampliar os investimentos no Carnaval do próximo ano, visando melhorar ainda mais a estrutura e a organização do evento.
Além do Carnaval, o prefeito abordou outros temas importantes para a capital acreana. Sobre a recuperação dos ramais, Bocalom explicou que aguardará o fim do período chuvoso para intensificar os trabalhos. “Vamos esperar o período chuvoso passar para entrar com força máxima na recuperação dos ramais”, afirmou.
Na área da educação, o gestor garantiu que os problemas na rede municipal foram resolvidos. “A partir de agora, a educação está em paz para cuidar do ano letivo”, disse, reforçando o compromisso com a qualidade do ensino.
Quanto ao abastecimento de água, Bocalom destacou que, após mais de 20 anos sem investimentos significativos, o sistema está sendo modernizado e melhorando gradativamente. Sobre o transporte coletivo, o prefeito garantiu que a população verá avanços nos próximos meses.
A entrevista reforçou o compromisso da gestão municipal com melhorias em setores essenciais, enquanto a cidade comemora o sucesso de um dos maiores eventos culturais do ano, o Carnaval da Família.
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Adolescente de 17 anos com câncer ósseo realiza sonho de andar de helicóptero no Acre: ‘Emocionante’
Tiago Castro Rosas passa por tratamento intenso na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia do Acre (Unacon) e teve o sonho realizado a pedido da equipe da unidade. Acompanhado da mãe e da enfermeira, ele desfrutou do passeio sobre a capital acreana no helicóptero do Ciopaer na última terça-feira (4)

Tiago Castro Rosas, de 17 anos, passa por tratamento de um câncer que acomete os ossos e ganhou um voo com o Ciopaer. Foto: Dharcules Pinheiro/Sejusp
Até onde pode ir um sonho? No caso do adolescente Tiago Castro Rosas, de 17 anos, este sonho foi até as maiores altitudes possíveis. Isto porque nessa terça-feira (4), ele realizou um sonho de infância e sobrevoou a capital acreana Rio Branco a bordo de um helicóptero do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer).
O jovem, que é paciente da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia do Acre (Unacon), é natural de Cruzeiro do Sul, interior do Acre, e passa por um tratamento de osteossarcoma, uma forma de câncer que provoca tumores nos ossos e acomete, principalmente, crianças e adolescentes. Recentemente, ele recebeu o diagnóstico de metástase no pulmão.
A família descobriu o câncer em abril do ano passado, e, desde então, foram muitas sessões de quimioterapia e até a amputação de uma das pernas, o que muitas vezes abalou o emocional do rapaz.
Compadecida pela batalha do jovem, a enfermeira Norma Rocha, que acompanha o tratamento dele, procurou a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) e a Secretária de Justiça e Segurança Publica (Sejusp) para levar o pedido. Ela ouviu de Tiago que seu maior sonho era voar de helicóptero.
Nessa terça, finalmente chegou a hora de concretizar o sonho. Acompanhado da mãe, Maria Castro, e da enfermeira Norma, ele chegou até o local de embarque. A reportagem, o jovem descreveu a experiência como emocionante.

Jovem teve sonho realizado pelo Ciopaer, por meio de parceria entre Sejusp e Sesacre. Foto: Dharcules Pinheiro/Sejusp
O comando do passeio ficou a cargo do coronel Cleyton Almeida, que pilotou a aeronave durante o trajeto.
“Sem dúvida nenhuma, é uma grande responsabilidade. A gente, ao longo da trajetória das carreiras, se prepara para assumir responsabilidades, mas essa, sem dúvida, é um teste diferente. A gente vai buscar dar o nosso melhor, toda a tripulação já tá empenhada, tá envolvida nessa ação, para que a gente possa, não só promover pro Tiago um excelente voo, mas para também promover para ele uma nova expectativa de vida“, disse antes do voo.
Amizade em meio à adversidade

Tiago e a enfermeira Norma Rocha, a quem ele chama de “tia”, desenvolveram uma relação de amizade. Foto: Dharcules Pinheiro/Sejusp
Norma relembra que, ao perceber que o tratamento estava abalando o psicológico de Tiago, decidiu perguntar a ele qual era seu maior sonho, na expectativa de tentar contribuir de alguma forma para que ele permanecesse forte.
Ao testemunhar o passeio, a profissional comentou ainda que a função de quem atua nessa unidade e tem contato com casos como o de Tiago se torna não só de tratar a saúde, mas também acaba sendo uma amizade próxima. Ela também agradeceu pela oportunidade dada ao rapaz.
‘Hora certa’

Mãe e filho se emocionaram após voo de helicóptero. Foto: Dharcules Pinheiro/Sejusp
Para a mãe, o sonho foi realizado na hora certa. Maria relata que, por conta da intensidade do tratamento e as dificuldades da doença, o adolescente estava muito triste e até pensou em desistir do tratamento.
Ela destaca que o emocional é parte muito importante no tratamento, e que, por isso, esta experiência veio para dar um maior ânimo a seu filho.
Ainda de acordo com Maria, o voo era um sonho de Tiago desde bem cedo.Ela conta que ele sempre gostou de aventuras e sempre falou que gostaria de ser policial.
Com isso, a mãe também se vê realizada. Ela embarcou ao lado do filho durante o voo de helicóptero.
Veja vídeo com TV5:
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Acre tem a 4ª menor renda per capita do Brasil, com média de R$ 1.271 em 2024
Entretanto, média cresceu 16% entre 2023 e o ano passado, de acordo com o mesmo estudo. Índice é um dos critérios que estabelecem os valores do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE)

Cédulas de dinheiro, em imagem de arquivo. Foto: Agência Brasil
O Acre teve a 4ª menor renda per capita do país, com média de R$ 1.271 na renda mensal em 2024, segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nessa sexta-feira (28).
Entretanto, o valor cresceu 16% em relação a 2023, quando teve média de R$ 1.095, de acordo com o mesmo estudo. Já o rendimento domiciliar per capita para o Brasil foi de R$ 2.069 em 2024.
O ranking foi liderado pelo Distrito Federal, com R$ 3.444, enquanto o Maranhão ficou na última colocação, com R$ 1.077.
O cálculo desses valores é feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. O rendimento domiciliar per capita é calculado como a razão entre todos os rendimentos das pessoas que vivem uma casa e o número total de moradores.
Na 24ª posição, o Acre ficou à frente, além do Maranhão, de Amazonas e Ceará, e atrás da maioria dos estados do Norte.
Cenário nacional
No cenário nacional, o resultado representa uma alta de 9,30% em relação ao rendimento médio de R$ 1.893 registrado em 2023, acima da inflação acumulada no ano, que foi de 4,83%.
Apesar da alta, o cenário permanece semelhante ao que foi observado em 2023, quando o Maranhão também teve o menor rendimento, de R$ 945, e o Distrito Federal, o maior, de R$ 3.357.
Os estados das regiões Norte e Nordeste tiveram os menores rendimentos em 2024, enquanto os estados do Sul e do Sudeste são a maioria entre aqueles que tiveram os maiores.
Veja o rendimento domiciliar per capita médio de 2024 em cada estado:
- Distrito Federal – R$ 3.444
- Rio Grande do Sul – R$ 2.608
- Santa Catarina – R$ 2.601
- Rio de Janeiro – R$ 2.490
- São Paulo – R$ 2.482
- Paraná – R$ 2.482
- Mato Grosso – R$ 2.276
- Mato Grosso do Sul – R$ 2.169
- Espírito Santo – R$ 2.111
- Goiás – R$ 2.098
- Minas Gerais – R$ 2.001
- Tocantins – R$ 1.737
- Rondônia – R$ 1.717
- Rio Grande do Norte – R$ 1.616
- Roraima – R$ 1.538
- Amapá – R$ 1.514
- Sergipe – R$ 1.473
- Pernambuco – R$ 1.453
- Paraíba – R$ 1.401
- Bahia – R$ 1.366
- Piauí – R$ 1.350
- Pará – R$ 1.344
- Alagoas – R$ 1.331
- Acre – R$ 1.271
- Amazonas – R$ 1.238
- Ceará – R$ 1.225
- Maranhão – R$ 1.077
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