Acre
Ditado popular levou Lula pela primeira vez ao tribunal há 36 anos
Do Uol
Um ditado popular fez com que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisasse sair do Estado de São Paulo pela primeira vez para uma audiência de tribunal, a exemplo do que acontece nesta quarta-feira (10), em Curitiba.
O petista e outros quatro sindicalistas foram interrogados por uma auditoria militar no dia 9 de abril de 1981, em Manaus (AM), segundo documento da Fundação Perseu Abramo. A audiência obedecia à representação do então presidente da Federação de Agricultura do Acre, Francisco Deógenes de Araújo, na Polícia Federal contra eles, aos quais acusava de “incitamento à luta armada”, “apologia à vingança” e incitamento à “luta pela violência entre as classes sociais”.
Lula estava em Brasileia (AC) e participava de uma assembleia do sindicato rural da cidade em 27 de julho de 1980 com cerca de 4.000 seringueiros. Seis dias antes, o presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasileia e presidente da Comissão Municipal do PT, Wilson de Souza Pinheiro, havia sido assassinado com tiros pelas costas, enquanto assistia à TV na sede da entidade.
“Eu fui um dia de noite lá e estava um clima pesado, muita gente armada, muita polícia, um clima muito tenso. E, aí, eu fui falar e disse o seguinte: ‘Chega de trabalhador chorar a morte de companheiro. Está chegando a hora de a onça beber água'”, afirmou Lula ao site “ABC de Luta”, que reúne depoimentos históricos de sindicalistas do ABC paulista.
“Bem, eu falei isso e depois fui no bar tomar um conhaque. A Polícia Federal tem até gravadas as conversas no bar tomando conhaque. Eu voltei para São Paulo e, quando cheguei, recebi a notícia de que os trabalhadores tinham matado o suposto assassino do Wilson de Souza Pinheiro.”
A frase dita na assembleia, “chegou a hora de a onça beber água”, foi interpretada como ameaça pela polícia acriana. Lula, Chico Mendes (seringueiro morto em 1988 e então vereador de Xapuri pelo PT), José Francisco da Silva (presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura no Acre), João Maia da Silva Filho (delegado da confederação em Brasileia) e Jacó Bittar (secretário do PT) foram acusados de incitar a violência e enquadrados por subversão no artigo 36 da Lei de Segurança Nacional.
Bittar e a família são donos do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (70 km de São Paulo), que teria recebido benfeitorias das empreiteiras OAS e Odebrecht e é citado em operações da força-tarefa da Lava Jato. Em abril, perícia da Polícia Federal apontou a propriedade como sendo do ex-presidente, o que foi negado por seus advogados: “A realidade incontestável é que Lula não detém a propriedade do sítio em questão. Ignoram-se provas existentes nos autos que demonstram ter sido a compra da propriedade feita por Fernando Bittar com recursos doados por seu pai, Jacó Bittar”.
A frase ‘a onça vai beber água’ era uma forma de dizer que iríamos até as últimas consequências. E aí, a polícia cismou que a frase era o recado, a senha para o pessoal matar
Luiz Inácio Lula da Silva, no site “ABC de Luta”
Frase incentivou morte?
A acusação era que a fala havia incitado trabalhadores rurais a executarem o capataz de fazenda Nilo Sergio de Oliveira, na estrada Assis Brasil-Brasileia, no Acre, um dia depois. Nilo era o principal suspeito pela morte de Pinheiro.
“O Lula em nenhum momento incentivou ninguém a matar”, afirma o ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasileira Rosildo Pereira de Freitas, 52, cujo pai, Antonio Medeiros Sobrinho, 76, participou dos protestos. “Havia na época uma resistência à ocupação dos ‘paulistas’ [como os seringueiros se referiam aos compradores de terra que vinham de outros Estados]. O Lula falou no sentido de que tinha que se organizar. Se ficássemos sozinhos, iríamos perder o nosso trabalho.” Os novos fazendeiros tinham o interesse de transformar as terras de seringais em pasto para pecuária, segundo Freitas.
De acordo com o relato coletado pela fundação, logo após a morte de Nilo, foram feitas prisões em massa na região, com 15 trabalhadores encarcerados em dois municípios. “Correm notícias de que líderes rurais estão sendo torturados e, diante disso, trabalhadores passam a se entregar à polícia, assumindo coletivamente a responsabilidade pela morte de Nilo”, afirma documento da Fundação Perseu Abramo, de 1981.
“Houve muita pressão por parte da Justiça”, diz Freitas. “O seringueiro não tinha costume de ver polícia, e muitos se entregavam para evitar que outros colegas fossem ameaçados. Arrancaram unhas, bateram [na prisão]. Foi uma tragédia muito grande.”
Os cinco juízes da Conselho da 12ª Auditoria Militar negaram, por unanimidade, o pedido de prisão preventiva “feito de surpresa, à última hora”, segundo a fundação, pelo procurador Olímpio da Silva Pereira Júnior. Pereira recorreu ao Supremo Tribunal Militar, e Lula foi julgado pela ação no dia 1º de março de 1984.
Então um dos líderes da campanha por eleições diretas para presidente no país, o petista atraiu para a capital do Amazonas personalidades como a cantora Fafá de Belém e a atriz Dina Sfat, morta em 1989. Lula foi defendido pelo advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal e vice-prefeito de São Paulo entre 1989 e 1992. Por unanimidade, o Conselho Permanente de Justiça do Exército absolveu o ex-presidente.
“A frase ‘a onça vai beber água’ é um ditado popular. Era uma forma de dizer que iríamos até as últimas consequências. E aí, a polícia cismou que a frase era o recado, a senha para o pessoal matar”, afirmou o petista ao site “ABC de Luta”. “Aí, eu fui julgado em Manaus, mas fui absolvido, acho que pelo Superior Tribunal Militar. Essa frase a gente utilizava como forma de motivar, de mexer com o brio do pessoal.”
A represália contra os seringueiros, afirma Rosildo Rodrigues Freitas, continuou até a morte de Chico Mendes, em 22 de dezembro de 1988, com tiros de escopeta quando saía para tomar banho em sua casa. Dois anos depois, a Justiça condenou os fazendeiros Darly Alves da Silva e Darcy Alves Ferreira –pai e filho, respectivamente– a 19 anos de prisão pelo assassinato. A morte de Pinheiro nunca foi elucidada. “A gente sabia de onde tinha vindo [os assassinos]. Fizeram até churrasco no dia. Mas, até hoje, nenhuma pessoa foi punida”, afirma Rosildo.
Comentários
Acre
Motociclista de aplicativo e passageiro são presos com simulacro de arma de fogo em Rio Branco
Na tarde desta quinta-feira (30), o motociclista de aplicativo Eduardo Luiz de Paula Lima, de 28 anos, e o passageiro Isaque Mota de Carvalho, de 37 anos, foram presos pela Polícia Militar do Acre (PMAC) nas proximidades do Horto Florestal, em Rio Branco.
Durante patrulhamento no bairro Santa Quitéria, agentes do Grupo de Intervenção Rápida Ostensiva (Giro), do Bope, avistaram a dupla em uma motocicleta Yamaha Fazer 250 em atitude suspeita. Ao perceberem a aproximação da polícia, os dois tentaram fugir, mas foram interceptados na rua José Magalhães, no bairro Conquista.
Na revista pessoal, os policiais encontraram um simulacro de pistola Glock na cintura de Isaque, que resistiu à prisão e precisou ser contido. Ele já possui passagem por roubo.
Eduardo, que conduzia a motocicleta, afirmou que estava realizando transporte por aplicativo e desconhecia que o passageiro carregava um simulacro de arma de fogo.
Diante dos fatos, ambos foram detidos e encaminhados à Delegacia de Flagrantes (Defla), onde a ocorrência foi registrada e as providências legais serão tomadas.
Comentários
Acre
Ponte sobre o Rio Caeté não será demolida e será transformada em estaiada, afirma superintendente do Dnit
O Dnit já está tomando providência e nós temos que correr agora através do governo federal, via Denit, para que esse problema seja corrigido, para que a gente possa ter recursos para consertar, recuperar essa ponte e dar segurança às pessoas
Em uma reunião com empresários e políticos na noite dessa quarta-feira, 29, na sede da Associação Comercial de Cruzeiro do Sul, o superintendente do Dnit no Acre, Ricardo Araújo, informou que a ponte sobre o Rio Caeté, na BR-364, não será mais demolida, como havia anunciado antes. Ele informou que os pilares, que estão em movimento, serão removidos e a estrutura será aproveitada, ampliada e terá o mesmo modelo de outras pontes da BR-364, chamada estaiada.
“Não vai ser demolida. Como tem um problema geológico entre o P2 e P5, então nós vamos remover esses pilares e vamos estaiar, como a ponte aqui de Cruzeiro do Sul, com um vão livre, ampliar essa ponte de 210 para 360 metros, levantar duas torres em cima da própria ponte. Nós vamos ter que fazer um tipo de licitação através da contratação integrada e quem ganhar vai ter que fazer o projeto básico, projeto executivo e a execução dessa obra e com isso, em julho, a gente provavelmente já esteja cavando os primeiros tubulões. Essa licitação vai acontecer ao nível de Brasil”, explicou Ricardo, que descartou o risco de haver desabastecimento em Cruzeiro do Sul e demais cidades que dependem da BR-364, onde está a ponte.
“Com nosso monitoramento, os ônibus e carros pequenos vão passar pela ponte e por baixo os caminhões, até o mês de abril, maio, quando o rio baixa. Já tendo a licitação da obra, a gente vai pedir também que a empresa que ganhar faça como foi feito na ponte de Tarauacá, onde nós estamos fazendo a ampliação com um desvio, passando normalmente sem nenhum problema. Então aqui nós estamos querendo reforçar o pilar até a construção definitiva dos estais. Não vai haver nenhum desabastecimento, o que vai ter é que no normal, os caminhões fariam o percurso em cima da ponte em 15, 20 segundos e ele agora vai gastar meia hora para passar“, relatou.
Apesar da preocupação, o presidente da Associação Comercial, Jairo Bandeira, acredita que a operação terá sucesso e as mercadorias continuarão chegando ao Vale do Juruá.
“A nossa preocupação é com a logística de translado das nossas mercadorias, porque já sofremos demais com o isolamento ao longo dos anos, e hoje tememos que isso venha trazer alguns ônus a mais para a nossa sociedade. Mas eu creio que não, porque os órgãos, tanto o Dnit quanto o governo, estão agindo para que não venha a ocasionar a falta e aumento do preço dos produtos”, declarou.
Para o prefeito Zequinha Lima, que articulou a reunião, os esclarecimentos foram importantes para os gestores das cidades do Vale do Juruá.
“Eu fiz o convite para que o Ricardo viesse aqui para esclarecer de fato que decisão foi tomada pelo Dnit porque qualquer bloqueio muda a vida das pessoas aqui, seja do cidadão comum, seja do empresariado. Colocamos nossos questionamentos e o superintendente esclareceu todas as medidas que estão sendo tomadas para que possa evitar o desabastecimento aqui da nossa região. A gente quer diminuir os problemas da região junto com o Ricardo, a população e os empresários e buscar solução para médio, curto e longo prazo”, destacou o gestor.
O deputado federal Zezinho Barbary, cita a necessidade de garantir recursos para viabilizar solução para o problema da ponte do Caeté.
“O Dnit já está tomando providência e nós temos que correr agora através do governo federal, via Denit, para que esse problema seja corrigido, para que a gente possa ter recursos para consertar, recuperar essa ponte e dar segurança às pessoas. Além da ligação, por onde chega a alimentação e tudo aqui para o Juruá, nós também temos que ter a preocupação de não colocar a vida das pessoas em risco”, concluiu o parlamentar.
Ponte estaiada
As estaiadas, como as de Feijó, Tarauacá e Cruzeiro do Sul, têm uma ou mais torres (ou postes), a partir das quais os cabos sustentam a ponte. Uma característica dessas pontes são os cabos ou estais, que correm diretamente da torre para o convés, formando um padrão semelhante a um leque ou uma série de linhas paralelas.
Comentários
Acre
Após assassinado de comerciante a tiros durante assalto em Cruzeiro do Sul, dois suspeitos são presos
Esposa da vítima relatou à polícia que criminosos chegaram armados no local e acusaram Manoel Carlos Alemão da Costa, de 48 anos, de comprar mercadoria roubada. Suspeito foi preso pela Polícia Civil
Na tarde desta quinta-feira (30), um assalto terminou em tragédia no bairro Cruzeirão, em Cruzeiro do Sul. O comerciante Manoel Carlos Alemão da Costa, de 48 anos, conhecido como “Scoob”, foi morto a tiros dentro de seu estabelecimento na Rua Amazonas.
De acordo com testemunhas, a vítima foi surpreendida por criminosos armados que invadiram o comércio e efetuaram disparos contra ele. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas ao chegar ao local, Manoel já estava sem vida. O Instituto Médico Legal (IML) realizou a remoção do corpo e os procedimentos periciais.
A Polícia Militar iniciou buscas logo após o crime e, em menos de uma hora, dois suspeitos foram presos pela Polícia Civil.
Inicialmente, o caso foi tratado como latrocínio (roubo seguido de morte). No entanto, informações extraoficiais indicam que o crime pode estar relacionado à recusa do comerciante em pagar taxas ilegais a uma facção criminosa ou a um possível acerto de contas.
A investigação segue em andamento para esclarecer as circunstâncias do homicídio e identificar possíveis outros envolvidos no crime.
Você precisa fazer login para comentar.