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Diretor do Iapen afirma que a ordem voltou aos presídios do Acre: “quem manda é o estado”

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O diretor do Instituto Penitenciário do Acre (Iapen), José Lucas da Cruz Gomes, de 32 anos, é agente penitenciário de carreira há 11 anos.

Jorge Natal

O ano de 2016 foi marcado por um fato que modificaria a geopolítica do crime no Estado Brasileiro: a morte do traficante internacional, Jorge Rafaat, que tinha influência em toda a América do Sul. Ele ocupava o lugar deixado por Fernandinho Beira Mar. As principais entradas de drogas no Brasil ocorriam pelo Paraguai, via Mato Grosso do Sul e Mato Groso.

O episódio fez com que os maiores produtores de cocaína, o Peru e a Bolívia, passassem a escoar a droga pelo Rio Solimões e o narcotráfico passou a ser disputado pela facção “Família do Norte”, o que foi um duro golpe para o forte poderio do crime organizado do sudeste do País. Não foram por acaso as carnificinas ocorridas nos presídios do Amazonas. A partir daí, as rotas passaram a ser disputadas por essas organizações e o crime foi interiorizado.

No Acre, também houve um arranjo e poder público reagiu. Alguns líderes criminosos foram transferidos para outros estados, fortaleceram as guaritas, instalaram bloqueadores, contrataram novos agentes penitenciários, fizeram revistas rotineiras nos presídios e implantaram o regime RDD (Regime Disciplinar Diferenciado).

Tudo isso foi pouco porque as nossas fronteiras são desprotegidas e as facções cariocas, Comando Vermelho (CV), e a paulista, Primeiro Comando da Capital (PCC), fincaram suas bases aqui.

A partir desses acontecimentos, o Acre entrou para o mapa da violência. Existe até uma organização criminosa genuinamente acreana, o Bonde dos 13. E o tráfico de drogas e a matança saíram do controle. Ocupamos o nada honroso primeiro lugar em população carcerária do País, bem como somos o segundo mais violento, além de outras estatísticas desfavoráveis como, por exemplo, sermos a unidade da federação que mais encarcera jovens.

O diretor do Instituto Penitenciário do Acre (Iapen), José Lucas da Cruz Gomes, de 32 anos, é agente penitenciário de carreira há 11 anos. Ele chama atenção pelo fato de propor, no combate à violência, uma política de Estado, com a integração de todos os órgãos e instituições, além do amplo apoio da sociedade. “Somos o estado que mais prende e encarcera, portanto, o problema não é em chegar aos criminosos, mas como evitar os crimes”, assim concebe o gestor, que, para muitos, não permaneceria muito tempo no cargo.

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“Já vieram até grupos de fora para atentarem contra a minha vida”

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À frente de um dos setores mais complexos do estado, cujo trabalho é metaforizado pela expressão “enxugar gelo”, Lucas, que é formando em Sociologia pela Universidade Federal do Acre (Ufac), recebeu em seu gabinete a equipe do acjornal e concedeu a seguinte entrevista:

Acjornal – Levando em consideração que é a segunda profissão mais perigosa do mundo, como é ser agente penitenciário?

Lucas Gomes – Como eu cresci em bairros pobres, reencontrei muitos amigos de infância nos presídios. Isso foi um choque e me fez valorizar bastante a minha família, que me deu uma formação moral rigorosa. É uma profissão dura onde você tem que lidar com a ponta do problema, ou seja, com o cidadão que deu errado no núcleo familiar, na escolar, na formação profissional, entre outras. Às vezes são criminosos perigosos, mas que parecem muito com a gente por causa das origens.

Acjornal – O senhor, obviamente, já recebeu ameaças de morte e viu colegas serem assassinados. Comente sobre isso.

Lucas Gomes – Isso mexe com a nossa estrutura emocional. Existem colegas com problemas psicológicos e até psiquiátricos. O Carcereiro tem como missão manter o preso na unidade e este, por não ter ocupações ou estar envolvido com organizações criminosas, passa o dia querendo fugir ou criar problemas. É um trabalho de extrema tensão, pois temos que manter a disciplina, a ordem e o controle dentro dos estabelecimentos prisionais, que estão superlotados. Temos a maior a e a mais jovem população carcerária do País, proporcionalmente falando.

Acjornal – O senhor acredita na ressocialização?

Lucas Gomes – Por muito tempo eu, como agente penitenciário, não acreditei. Mas agora, como gestor, eu acredito que é possível. As igrejas, é bom destacar, têm um papel fundamental nisso.

Este ano aprovamos uma lei que traz empresas privadas para dentro dos presídios. Já temos duas interessadas. Esse é um grande desafio. A nossa população carcerária não está saindo da ciranda do crime. Não existe uma porta aberta. Por isso a ordem e a disciplina são de fundamental importância.

Temos projetos para criar oficinas mecânicas, de carpintaria e marcenaria em todas as regionais. O nosso estado tem vocação agrícola e vamos reativar diversos projetos nesse setor. Estamos em tratativas para contratar uma empresa para formação no ensino fundamental e médio, bem como no profissionalizante. Precisamos abrir portas.

Acjornal – Como é coordenar uma estrutura administrativa que tem 13 unidades prisionais e 1500 servidores?

Lucas Gomes – O orçamento é sempre deficitário e, neste ano, acabou em outubro. A gente está funcionando através das suplementações orçamentárias. Por causa da crise nos presídios Brasil afora, foi criado, em 2016, o fundo penitenciário. Naquele mesmo ano foram liberados R$ 44 milhões para o Acre. Em 2018, esse valor caiu para R$ 1,6 milhão. Quase não temos ajuda da União para a manutenção do sistema prisional.

Acjornal – Qual é o perfil do preso no Acre?

Lucas Gomes – Cerca de 99% não concluiu o ensino médio. A maioria é jovem, entre 18 e 24 anos, e está envolvida com o tráfico de drogas, sobretudo porque estamos na fronteira com os dois maiores produtores de droga, o Peru e a Bolívia. Sem perspectivas, essa juventude acabou sendo tragada para a criminalidade. O governador tem trabalhado no sentido de destravar a economia, notadamente no setor primário (agricultura). O modelo econômico petista estagnou o desenvolvimento e a conseqüente melhoria na vida dos acreanos. A gente olha para o presídio e vê o resultado daquela política. Alguns deles já nasceram ou cresceram naquele governo.

Acjornal – Os agentes penitenciários alertaram o governo sobre a existência das organizações criminosas no Acre. Por que não tomaram providências?

Lucas Gomes – Tudo começou com a negligência do governo estadual em não assumir que essas organizações estavam se instalando por aqui. Em 2009 já havia fortes evidências porque, no ano anterior, a gente encontrou cartas. Em 2012, encontramos estatutos dessas facções, embora a crise tenha estourado somente em 2016, com a morte do traficante internacional, Jorge Rafaat. Ele tinha influência em toda a América do Sul e a geografia do crime mudou. As disputas pelas novas rotas trouxeram as organizações paulista e carioca para o Acre. Isso elevou substancialmente os crimes contra a vida. Naquele mesmo ano, houve uma rebelião no Acre e sete detentos morreram.

Acjornal – Como estão acontecendo as revistas nos presídios?

Lucas Gomes – Com o fundo penitenciário conseguimos alugar scanners corporais que, agora, estão sendo custeados pelo governo estadual. Já conseguimos a doação de mais quatro desses equipamentos. A gente trabalha cumprindo a Lei das Execuções Penais, porém temos atos administrativos que nos dão discricionariedade. Proibimos, por exemplo, a entrada de lanches e cigarros.

Acjornal – O senhor anda com vários seguranças fortemente armados. Teme pela sua vida?

Lucas Gomes – Eu não me sinto confortável em andar com pessoas comigo ou tê-las na minha casa. É uma questão de necessidade. Imprimimos um maior rigor nos presídios e isso gerou uma resistência por parte das organizações criminosas, que já fizeram uma dezena de ameaças. Já vieram até grupos de fora para atentarem contra a minha vida.

Acjornal – Como o senhor avalia a sua administração?

Lucas Gomes – Até o ano passado, o agente fingia que mandava e o preso fingia que obedecia. A lei, a ordem e a disciplina voltaram aos presídios. Quem manda nos presídios do Acre é o Estado. Hoje, existe uma maior segurança para os presos, trabalhadores do sistema e para a população como um todo. Essa é umas das maiores conquistas. O Acre, o Ceará e o Rio Grande do Norte são destaques na redução dos crimes violentos. Isso é uma notícia boa porque, em 2017, fomos a capital mais violenta do País.

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Acidente no Residencial Santo Afonso deixa motociclista ferido

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Na tarde desta terça-feira (16), um grave acidente chocou moradores do Residencial Santo Afonso, situado no Segundo Distrito de Rio Branco. O motociclista identificado como Waldemir Bragança da Silva, 52 anos, ficou gravemente ferido após desviar de um aluno e colidir em um buraco na rua Eleonora de Moraes.

De acordo com relatos de testemunhas, Waldemir trafegava em uma motocicleta modelo Honda/Bizz de cor branca, quando se viu obrigado a desviar de um aluno de um colégio militar que atravessava a rua. No entanto, ao tentar evitar a colisão, perdeu o controle do veículo e chocou-se violentamente contra um buraco. O impacto foi tão intenso que o motociclista foi arremessado a uma distância de 5 metros, enquanto a moto derrapava sobre o asfalto.

Populares que presenciaram o acidente prontamente prestaram auxílio a Waldemir e acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Uma ambulância de suporte básico foi enviada para os primeiros socorros, mas diante da gravidade do quadro clínico, foi necessário o acionamento de uma ambulância avançada para estabilizar a vítima.

Com múltiplos ferimentos, incluindo clavícula e costelas quebradas, além de suspeita de pneumotórax devido a um possível pulmão perfurado, Waldemir foi encaminhado às pressas para o pronto-socorro de Rio Branco. Seu estado de saúde é considerado grave, requerendo uma avaliação mais detalhada no hospital.

A área do acidente foi isolada pela Polícia Militar do Batalhão de Trânsito, que aguardou a chegada da perícia para os procedimentos necessários. Após as investigações, a motocicleta envolvida no acidente foi removida do local. As autoridades seguem apurando as circunstâncias do ocorrido.

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Provas teóricas, de atualização e reciclagem serão realizadas no novo prédio do Detran em Rio Branco

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A partir da próxima segunda-feira, 15, candidatos e condutores de Rio Branco que precisam realizar as provas de primeira habilitação ou atualização devem se dirigir ao novo prédio do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) para realizar os testes teóricos.

A partir da próxima segunda-feira, 15, as provas passam a ser realizadas no novo prédio do Detran. Foto: Renato Beiruth/Detran

O serviço, realizado por empresa credenciada, ainda estava sendo prestado na antiga Unidade de Veículos do órgão, localizada no bairro Estação Experimental. Agora, as provas serão realizadas em um novo ambiente, equipado com computadores modernos e capazes de fazer reconhecimento facial.

“A prova teórica era o serviço que faltava ser transferido para este novo prédio. Assim, abertura de processos, exames e prova teórica passam a ser totalmente realizados em nossa sede e as pessoas não precisam se deslocar a outros endereços”, informa a presidente do Detran, Taynara Martins.

A prova teórica de legislação, meio ambiente, primeiros-socorros e mecânica é uma exigência legal e aplicada para os candidatos à primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Condutores com habilitação vencida há mais de cinco anos realizam a prova de atualização.

Há outros testes para condutores, aplicados a quem realizou cursos especializados e até àqueles que cumpriram suspensão do direito de dirigir.

Serviço

 A nova sede do Detran em Rio Branco está localizada da Estrada Dias Martins, 894 (prédio da antiga Faao), no prolongamento da Avenida Ceará.

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A caminho da condenação: Dupla que executou motorista de aplicativo na gameleira vai a júri popular

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Ao proferir a sentença de pronúncia o juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri e Auditor Militar Alesson Braz, escreveu que, a acusação reúne os elementos mínimos necessários capazes de autorizar o julgamento em júri popular.

Com a decisão Ramisses da Silva Feitosa e Talisson de Souza Gama, o “Exu-Caveira”, vão responder pela execução de Rener Silva Menezes em Júri Popular.

Os réus, serão julgados pelo assassinato de motorista de aplicativo e ainda pelas tentativas de homicídios contra Mamed da Silva Bandeira e Leandro Ramon França da Silva e também por integrar organização criminosa.

O ataque contra as vítimas aconteceu na madrugada de 30 de abril do ano passado, no Calçadão da Gameleira, na região do 2º Distrito da Cidade.

Imagens de câmeras de monitoramento, registraram quando os três criminosos, chegam à região em um carro de cor branca.

Na sequência os bandidos atacam um grupo de pessoas que estavam na Gameleira.

Rener Silva, ainda teria tentado correr, mas acabou executado a tiros.

Além de Ramisses Feitosa e Talisson Gama, Daniel Dourado Monteiro, também foi denunciado, mas ele teve o processo desmembrado, já que estar foragido.

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