Acre
Delegado de Polícia que virou prefeito aponta os avanços em Epitaciolândia

Sergio Lopes diz que município é o que mais cresceu no Acre nos últimos anos e enumera obras de sua administração como contribuição ao crescimento
Jorge Natal, O Aquiri
A emancipação do município de Epitaciolândia ocorreu no dia 28 de abril de 1992, quando foi desmembrado de Brasiléia. O então governador do Acre, Edmundo Pinto, sancionou a Lei Estadual nº 1.025, que criou dez novos municípios, aumentando assim a divisão territorial do Estado de 12 para 22 municípios.
A emancipação que ocorre nos dias atuais, no entanto, não é mais político-administrativa. Essa nova etapa de desenvolvimento só é comparável aos tempos áureos da borracha, no início do século passado, época em que o produto era superado apenas pelo café em exportações e geração de divisas para o Brasil.
“Não somos mais um local de passagem. Somos um município de destino e de oportunidades”
Esse “boom” econômico acontece na parte leste do estado, especialmente por causa das terras boas e planas às margens da BR-317. De acordo com a Seplan (Secretaria de Estado de Planejamento), o PIB acreano cresceu de R$ 15,6 bilhões para R$ 23,7 bilhões entre 2019 e 2022; a taxa de crescimento passou de 0,2% para 6% — o dobro da média nacional em 2022. Já as exportações saltaram de US$ 32,9 milhões (em 2019) para US$ 87,3 milhões (em 2024).

“Hoje o professor de Epitaciolândia ganhar o melhor salário do estado”
Ainda segundo a Seplan, além de o Acre figurar entre os cinco estados com maior avanço econômico, possui uma localização estratégica para exportações e pode atrair diversos investimentos — como o desenvolvimento de polos de tecnologia, pesquisa farmacêutica, cosmética e alimentícia — dentre outras tipologias produtivas que se adequam plenamente às potencialidades regionais.

“O programa Saúde na Comunidade é uma referência para a Região Norte”
E foi por acreditar nesse potencial que o então delegado de polícia Sérgio Lopes, de 48 anos, decidiu candidatar-se à Prefeitura em 2020. Depois, foi reeleito com a maior votação da história e também com a maior diferença entre os concorrentes (60% dos votos). “Eu venho de regiões onde existe uma cultura empreendedora no campo”, destacou o alcaide, cuja família mineira migrou para a Amazônia nos anos 1980 e se instalou em Cerejeiras, no Cone Sul do Estado de Rondônia.

“Já totalizamos 52 obras em 56 meses da minha gestão”
Radicado no Acre há dezesseis anos — onze deles no Alto Acre —, Lopes não apenas está mimetizado à região, como também bem aculturado à nossa gente. Ele afirma que Epitaciolândia é um dos municípios que mais cresce e se desenvolve no estado. “Estamos produzindo, exportando e, em breve, estaremos em outro patamar de prosperidade”. Em um restaurante, no centro de Rio Branco, ele nos concedeu esta entrevista:
Conte-nos um pouco da sua história e de sua trajetória política.
Sérgio Lopes – Eu nasci na cidade mineira de Mantena e cheguei a Rondônia em 1986, com apenas 9 anos. Instalamo-nos na cidade de Cerejeiras, numa época em que havia um fluxo migratório muito intenso, principalmente por causa da conclusão da BR-364, e porque aquela região era a última fronteira agrícola. Sou casado com uma rio-branquense e tenho três filhas. Também sou pai de outras duas, de um relacionamento anterior. Cheguei ao Acre em 2009 para assumir o cargo de delegado de polícia, já com onze anos de experiência na segurança pública. Fui policial militar, civil e agente penitenciário federal. Escolhi Epitaciolândia para morar e trabalhei por seis anos e meio na fronteira. Depois, fui removido para Rio Branco, mas retornei à região para assumir a coordenação geral da Polícia Civil — função que já havia exercido anteriormente.
Como ou em que circunstâncias o senhor entrou para a política?
Sérgio Lopes – Em 2012, apoiei o então candidato a prefeito André Hassem, que atuava como advogado, e acabou se elegendo. Foi aí que me envolvi com a política partidária. Naquele momento, o pai dele, Luiz Hassem, bateu no meu ombro e disse: “Te prepara para ser deputado”. Isso nunca mexeu com a minha vaidade ou as minhas ambições. Na verdade, nem era algo que me atraía. Mas, com o tempo, fui percebendo que muitos dos problemas que enfrentávamos enquanto delegados, professores, médicos, engenheiros, estavam além da capacidade técnica. Eram problemas políticos. Foi aí que compreendi que, se quiséssemos mudar as coisas de fato, era preciso ocupar o espaço da política. E foi o que fiz.
Depois de vencer o candidato que estava no cargo de prefeito, um bolsonarista forte e mais a candidata do PT, o senhor tomou posse no dia 01/01/2021. Como estava a prefeitura naquele momento?
Sérgio Lopes – Nós recebemos a prefeitura com R$ 60 milhões em dívidas. Na primeira gestão, pagamos 20 R$ milhões desse montante. Só com precatórios, na Justiça do Trabalho, ultrapassa a casa dos R$ 16 milhões. Cerca de 90% dessa dívida é com professores, que não recebiam o piso nacional. Eu pedi um prazo, mesmo porque precisávamos regularizar as contas. No terceiro mês de mandato, já começamos a pagar o piso. Dos onze itens que podem deixar uma prefeitura impedida de receber recursos, a gente só estava fora de dois ou três. O importante é que tiramos o município da inadimplência. Entanto os outros endividaram a prefeitura, nós estamos pagando as dívidas, mas sem deixar de fazer investimentos. Eles conseguiram fazer essa dívida com os servidores pagando o pior salário do estado. Hoje o professor de Epitaciolândia ganha o melhor salário do estado.
Além da Educação, o senhor considera a Saúde um outro destaque da sua gestão. Por que?
Sérgio Lopes – O nosso objetivo é humanizar o atendimento e, dessa forma, atender as necessidades das pessoas. A cada ano, estamos melhorando a prestação desse serviço. O município é responsável pela atenção básica, mas podemos fazer mais. No nosso quadro de servidores, temos cinco especialidades: ginecologia, infectologia, pediatria, ortopedia e cardiologia. Além disso, oferecemos atendimento psiquiátrico. Temos ainda o programa Saúde na Comunidade, que já está na sua 116 edição. A gente leva cerca de cinquenta servidores e oferecemos consultas com especialistas, vacinas normais e antirrábicas, corte de cabelo, exames de eletrocardiograma, atendimento oftalmológicos e odontológicos, entre outros. Somos uma referência para os municípios da Região Norte, talvez para o Brasil. Acredito que a nossa votação expressiva foi muito por conta desse trabalho, que nos orgulha muito.
A gestão fez obras que o senhor possa destacar?
Sérgio Lopes – No tocante à infraestrutura, essa parte ainda é um gargalo, embora a gente tenha melhorado bastante. A topografia da cidade é acidentada, ou seja, temos muitos aclives e declives, o que requer muito investimento em drenagem. E nós já fizemos cerca de seis quilômetros. Quanto à parte de obras referente a unidades de saúde, escolas, construção de pontes, praças, quadras esportivas, espaços para feiras e esporte, já totalizamos 52 obras em 56 meses da minha gestão. É quase um por mês.
Como o senhor enxerga esse momento atual do estado, especialmente no Alto Acre e em Epitaciolândia?
Sérgio Lopes – Estamos vivendo uma virada histórica. O que está acontecendo aqui na região leste do estado é algo que eu só ouvi contar em histórias da época do ciclo da borracha ou do tempo da migração para o Norte. A BR-317 está consolidada, temos terras férteis, clima favorável, gente trabalhadora e um potencial enorme para agroindústria, exportação e produção sustentável. Hoje, Epitaciolândia produz bastante. Produzimos milho e soja, além de uma forte agricultura familiar. Iniciando o plantio de café e estamos no mapa nacional por causa da produção de grãos, além da piscicultura, da fruticultura, da bovinocultura, da avicultura e da suinocultura por estar inserida num contexto de integração com outros países. Não somos mais um município de passagem. Somos um município de destino e de oportunidades.
O que tem sido feito na sua gestão para acompanhar esse crescimento?
Sérgio Lopes – A gestão pública precisa acompanhar o ritmo da economia. Temos investido em infraestrutura, educação técnica, parcerias com universidades, incentivos ao pequeno produtor, digitalização de serviços e melhoria na capacidade de captação de recursos federais. Também buscamos atrair investimentos privados com segurança jurídica, planejamento urbano e apoio institucional. Nosso objetivo é preparar Epitaciolândia para ser referência em desenvolvimento regional sustentável.
Existem novos investimentos para o município?
Sérgio Lopes – A Cooperacre adquiriu dois hectares para a instalação de galpões, que abrigará quatro secadores de café, além de outra edificação para a aquisição da fruticultura de toda região do Alto Acre. Também está em processo de instalação uma empresa, se não me engano inglesa, que vai industrializar a castanha. Só esse empreendimento vai fazer um investimento de mais de R$ 10 milhões. Esses investimentos irão gerar dezenas de empregos direitos e indiretos.
Qual sua expectativa para o futuro político? Pretende disputar outros cargos?
Sérgio Lopes – Eu sou uma pessoa de missão. Nunca fui movido por vaidade, e sim por propósito. Quando entrei na política, fiz isso porque percebi que podia ajudar mais, impactar mais vidas. Se for da vontade da população e se eu sentir que ainda tenho algo a contribuir, estarei pronto. Mas hoje, meu foco está totalmente em concluir esse mandato com excelência, entregar resultados concretos e deixar um legado para Epitaciolândia. Por dois anos consecutivos, a nossa educação teve o melhor Índice de Qualidade do Ensino Municipal (IQEM). Na última nota do Ideb, ficamos atrás apenas de Rio Branco. Somos o sexto melhor Ideb de toda a Região Norte. Servir às pessoas é o que me motiva em estar na política.
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Aleac vota nesta quarta-feira Orçamento de 2026, estimado em R$ 13,8 bilhões
Projeto representa aumento de 13,63% em relação a 2025 e será apreciado em sessão que encerra o ano legislativo; dezenas de outras matérias também estão na pauta

LOA de 2026 e dezenas de projetos serão votados na reta final de trabalhos na Aleac. Foto: captada
A Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) encerra suas atividades de 2025 nesta quarta-feira (17) com a votação de dezenas de projetos, entre eles a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026, estimada em R$ 13,8 bilhões – aumento de 13,63% em relação ao ano anterior. Do total, R$ 9,3 bilhões são de recursos próprios do estado e R$ 4,4 bilhões vêm de outras fontes.
A LOA será analisada exclusivamente pela Comissão de Orçamento e Finanças antes de seguir para o plenário. Os projetos foram encaminhados às comissões conjuntas nesta terça-feira (16) e devem ser votados em sessão única, marcando o fim do ano legislativo na Casa.
Detalhes do orçamento 2026
- Total: R$ 13,8 bilhões
- Aumento: 13,63% em relação a 2025
- Recursos próprios: R$ 9,3 bilhões
- Outras fontes: R$ 4,4 bilhões
Tramitação
- Encaminhamento: Projetos vão às comissões nesta terça-feira (16)
- LOA: Apreciação exclusiva pela Comissão de Orçamento e Finanças (COF)
- Votação final: Todos os projetos devem ser votados na quarta-feira (17)
A sessão final do ano é crucial para garantir a continuidade de serviços públicos em 2026, especialmente em ano pré-eleitoral. A aprovação da LOA dentro do prazo é essencial para evitar contingenciamentos e garantir planejamento adequado das ações governamentais no próximo ano.

O deputado Tadeu Hassem, presidente da Comissão de Orçamento e Finanças (COF), conduziu a audiência pública que discutiu a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 na Assembleia Legislativa do Acre. Foto: captada
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Brasiléia recebe carreta do Agora Tem Especialistas com atendimentos de ginecologia e mastologia até sexta-feira
O espaço oferece consultas nas especialidades de ginecologia e mastologia, com o objetivo de reduzir a fila de espera de pacientes que aguardavam por atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Os atendimentos, no entanto, não são abertos ao público em geral

Secretária adjunta de Atenção à Saúde, Ana Cristina Moraes, destacou fortalecimento da saúde da mulher. Foto: Tiago Araújo/Sesacre
Para reduzir o tempo de espera e ampliar o acesso da população ao atendimento especializado, a carreta do programa Agora Tem Especialistas chega a Brasileia por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), em parceria com Ministério da Saúde e os Municípios da Regional do Alto Acre.
A cerimônia de abertura dos atendimentos foi realizada na manhã de segunda-feira, 15, no Hospital Regional do Alto Acre, local onde a carreta realizará atendimentos até sexta-feira, 19, retornando em 6 de janeiro e seguindo até o dia 30 do mesmo mês.
Durante a abertura, a secretária adjunta de Atenção à Saúde, Ana Cristina Moraes, destacou que a ação fortalece o cuidado com a saúde da mulher e garante a presença de especialistas mais próximos da população. “Essa carreta representa um avanço importante, porque leva atendimento especializado em saúde da mulher para Brasileia e também para os municípios de Xapuri, Epitaciolândia e Assis Brasil. É uma iniciativa que reduz a espera por exames e aproxima o serviço de quem mais precisa”, afirmou.
O espaço oferece consultas nas especialidades de ginecologia e mastologia, com o objetivo de reduzir a fila de espera de pacientes que aguardavam por atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Os atendimentos, no entanto, não são abertos ao público em geral. Apenas pacientes que já estavam cadastradas e foram pré-agendadas pela Regulação Estadual de Saúde serão atendidas no local.

Cerimônia de abertura dos atendimentos foi realizada na manhã desta segunda-feira, 15, no Hospital Regional do Alto Acre, em Brasileia. Foto: Tiago Araújo/Sesacre
A coordenadora do grupo condutor do Estado e do programa Agora Tem Especialistas, Érika Oliveira, ressaltou que a iniciativa assegura atendimento digno e oportuno às mulheres da região. “Evitando deslocamentos até a capital, levamos a saúde até a população, garantindo acesso no tempo certo e de acordo com o que é preconizado pela política pública do SUS”, destacou.
Com uma equipe multiprofissional, a carreta oferece consultas, realiza exames e encaminha, quando necessário, casos mais complexos para o Hospital de Amor, em Rio Branco, instituição parceira do projeto, para que o tratamento tenha início de forma rápida e segura.
Para o secretário municipal de Saúde de Xapuri, Daniel Lima, a iniciativa representa um ganho concreto para os municípios mais distantes da capital. “Xapuri está a cerca de 200 quilômetros de Rio Branco, e esse deslocamento gera custos e desgaste, principalmente para os pacientes. Quando o atendimento especializado passa a ser ofertado na própria regional, o acesso se torna mais fácil e mais humano. Essa ação garante mais comodidade, reduz barreiras e fortalece a assistência em saúde para a população do interior”, afirmou.
Moradora da zona rural de Brasileia e uma das pacientes atendidas pela carreta, Águeda Augusta Alves relatou a experiência de realizar os exames sem precisar se deslocar até a capital, destacando a facilidade do acesso e a importância da iniciativa para quem vive longe dos grandes centros.
“Antes, para fazer esses exames, eu precisava ir até Rio Branco, o que é cansativo e exige tempo, além da espera pelo resultado. Com a carreta aqui, tudo fica mais perto e mais viável para quem mora na zona rural. Fui orientada pela agente de saúde, fiz o agendamento e consegui realizar os exames com mais facilidade. Esse projeto ajuda principalmente quem mais precisa e permite que, se for identificado algum problema, o encaminhamento para o tratamento aconteça de forma mais rápida”, relatou.

Com uma equipe multiprofissional, a carreta oferece consultas, realiza exames e encaminha, quando necessário, casos mais complexos para o Hospital de Amor, em Rio Branco. Foto: Tiago Araújo/Sesacre
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Pedro Longo pede agilidade no pagamento de verbas rescisórias e reforça apelo por festas sem fogos barulhentos
Durante a sessão ordinária desta terça-feira (16), na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), o deputado Pedro Longo (PDT) usou a tribuna para registrar votos de pesar, cobrar maior celeridade no pagamento de verbas rescisórias a servidores provisórios e reforçar um apelo à população e aos órgãos públicos para que as festas de fim de ano sejam realizadas sem o uso de fogos com estampido.
No início do pronunciamento, o parlamentar manifestou solidariedade pelo falecimento do ex-deputado estadual e ex-prefeito de Sena Madureira, Nilson Areal, destacando a relevância política e o respeito que ele construiu ao longo da vida pública. “Nilson foi uma pessoa extremamente marcante na vida política de Sena Madureira, muito respeitado e admirado pela população, algo que ficou evidente no momento do velório e do sepultamento”, afirmou, ao estender condolências à família do ex-parlamentar.
Em seguida, Pedro Longo voltou a tratar da situação dos servidores provisórios que aguardam o pagamento das verbas rescisórias vinculadas ao Instituto de Administração Penitenciária (Iapen). O deputado reconheceu o compromisso do governo com a quitação dos valores, mas alertou para a necessidade de mais agilidade no processo. “O pagamento está garantido, mas não está ocorrendo com a rapidez que gostaríamos. Essas famílias enfrentam um momento difícil e precisam desses recursos, especialmente neste período que antecede o Natal”, ressaltou, agradecendo o acompanhamento feito pelo secretário Luiz Calixto e pelo secretário adjunto Guilherme Duarte.
Encerrando sua fala, o parlamentar também fez um apelo à sociedade acreana e às administrações públicas para que evitem o uso de fogos com barulho durante as festividades de fim de ano. Segundo ele, a prática causa sofrimento a pessoas com transtorno do espectro autista, crianças, idosos, pessoas enfermas e animais. “Reitero o pedido para que o poder público não utilize e fiscalize a utilização desses fogos. É uma questão de respeito e sensibilidade com quem mais sofre nesse período”, concluiu.
Texto: Andressa Oliveira
Foto: Sérgio Vale





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