Conecte-se conosco

Brasil

Corte de gastos e a desinformação da ‘midiazona’

Publicado

em

Jornal online Brasil de Fato, de esquerda, destoa das manchetes que pressionam o governo a realizar o corte de gastos (Foto: Reprodução)

Opinião

Nos últimos dias, as manchetes dos principais jornalões versão online, chamada de “grande mídia” brasileira têm feito uma campanha sistemática para pressionar o governo a finalizar um tal corte de gastos no orçamento da União para o próximo ano. No discurso de jornalistas empenhados nessa tarefa, o tal corte é necessário para “acalmar o mercado” e garantir a saúde da economia brasileira no governo Lula.

Algumas manchetes do jornal O Globo Online na semana encerrada no sábado (9): “Ministros das áreas sociais travam embate com equipe econômica sobre corte de gastos”; “Em meio a discussões sobre corte de gastos, Haddad cancela agenda em SP”; “Corte de gastos não sai e gera tensão entre ministros: veja o que já se sabe sobre o pacote”; “Corte de gastos precisa ser feito agora”.

O último título é de um artigo do colunista Merval Pereira. Na argumentação, o colunista diz que Lula resiste muito em fazer o corte de gastos e soltou esta: “Ele tem dificuldade de cortar na previdência, em reduzir gasto com saúde e educação, mas dá para fazer.” Merval Pereira não diz uma palavra sobre reduzir a sangria de dinheiro público para bancar o mercado financeiro, que abocanha todos os anos um terço do orçamento da União.

Cortar gastos da Previdência Social é tirar dinheiro do bolso dos mais necessitados. A “midiazona” andou propagando nos últimos dias o que eles chamam de “rombo” na Previdência. Trata-se do déficit (a diferença entre o que a Previdência arrecada e o que paga aos aposentados e pensionistas). Neste ano, até setembro, o déficit é de R$ 26,2 bilhões.

______________

A mesma mídia que cobra corte de gastos na previdência, em nome do mercado, não diz que a sonegação, principalmente de grandes empresas e de bancos, supera o déficit previdenciário em quase 30 vezes. Entre os 500 maiores devedores da Previdência estão a JBS (dona da Friboi e Seara) , a Petrobras, os bancos Bradesco e Itaú, a Caixa Econômica e algumas centenas de empresas com saúde financeira.

______________

Obviamente, a maior parte da dívida é de empresas privadas falidas ou em situação financeira complicada. Mas há entre os devedores tubarões que lucram alto com o pagamento de juros e amortização da dívida.

Se todas as empresas recolhessem à Previdência Social o dinheiro descontado dos funcionários, não haveria déficit previdenciário. O que a “midiazona” e o mercado defendem é uma nova “reforma da Providência”. A última reforma foi feita em 2019, no governo Bolsonaro e não produziu os resultados prometidos, apenas retirou direitos dos trabalhadores.

Outro fator omitido pela mídia é que no governo Bolsonaro, com a flexibilização das leis trabalhistas na propalada reforma trabalhistas, milhares de trabalhadores deixaram de contribuir para a Previdência, porque foram jogados para o mercado informal.

As empresas, com a mudança na legislação, se sentem à vontade para contratar trabalhadores de forma precária ou como pessoa jurídica, sem a garantia de que esse trabalhador vai recolher a contribuição previdenciária.

A Folha de S.Paulo cravou que a alta do dólar na semana passada foi resultado da “indefinição” sobre o corte de gastos, e que “ministros descontentes” do governo Lula colocam em risco as medidas propostas pelo ministro Fernando Haddad para colocar as contas públicas nos eixos.

Em meio a essa discussão, o Banco Central elevou a taxa de juros de R$ 10,75% para 11,25% ao ano. A taxa de juros do Brasil é a mais alta do mundo. Até um calouro estudante de economia sabe que o aumento dos juros significa bilhões a mais de lucros aos investidores. O Banco Central garante altíssimos retornos para rentistas (investidores do mercado financeiro) e penaliza a economia produtiva e a população em geral, porque reduz a possibilidade de novos empregos.

Em resumo, o mercado e a mídia tradicional querem o corte de gastos para que sobre mais dinheiro para os investidores. No ano passado, o governo destinou no orçamento da União R$ 912 bilhões para a Previdência, R$ 160 bilhões para a saúde e R$ 129 bilhões para a educação. É muito, mas nada se compara aos R$ 1,89 TRILHÃO destinados ao pagamento de juros e amortização da dívida. São 43,23% do total de R$ 4,36 trilhões do Orçamento da União só para os investidores do mercado financeiro.

São esses investidores que querem corte na Previdência, na Saúde e na Educação, e contam com o jornalismo canhestro da “midiazona” para tentar convencer a população de que o corte de gastos é realmente necessário e inadiável.

Comentários

Continue lendo
Publicidade

Brasil

Austrália: tiroteio deixou 16 mortos e 40 feridos, incluindo policiais

Publicado

em

Um dos suspeitos morreu e o outro foi detido. Tiroteio aconteceu durante evento judaico na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália

O tiroteio que terminou com 16 mortos na Austrália, durante uma celebração do festival judaico de Hanukkah, neste domingo (14/12), na praia de Bondi, em Sydney, também deixou 40 feridos, incluindo dois policiais e uma criança.

Dois homens atiraram e mataram 15 pessoas que comemoravam a data no local. Um dos suspeitos morreu e o outro foi detido em estado crítico.

Durante uma coletiva de imprensa, o comissário da polícia de Nova Gales do Sul, Mal Lanyon, classificou o evento como um “incidente terrorista”. Segundo ele, a polícia investiga se há um terceiro suspeito envolvido e informou que os feridos foram levados para diversos hospitais de Sydney.

“O estado de saúde desses agentes e dos demais feridos é grave”, afirmou Lanyon.

Entre os mortos, está o rabino Eli Schlanger, de 41 anos, nascido em Londres, noticiaram os jornais britânicos The Guardian e BBC News. Um israelense também morreu durante o ataque.

As autoridades australianas não confirmaram oficialmente que o ataque teve como alvo específico a comunidade judaica, mas o chefe da Associação Judaica da Austrália classificou o ocorrido como “uma tragédia que era totalmente previsível”.

O Itamaraty disse que, até o momento, não há informação sobre brasileiros atingidos.

Comentários

Continue lendo

Brasil

Bolsonaro faz ultrassom e médicos recomendam cirurgia, diz advogado

Publicado

em

De acordo com advogado do ex-presidente, foram identificadas duas hérnias inguinais e Bolsonaro terá que passar por cirurgia para tratamento

Fábio Vieira/Metrópoles

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou por exames de ultrassonografia na tarde deste domingo (14/12) na sede da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília. De acordo com a defesa do ex-mandatário, foram identificadas duas hérnias inguinais e a equipe médica recomendou que ele seja submetido a um procedimento cirúrgico.

“Os exames identificaram duas hérnias inguinais, e os médicos recomendaram que ele seja submetido a um procedimento cirúrgico, a única forma de tratamento definitivo para o quadro”, disse o advogado João Henrique de Freitas pelas redes sociais.

Nesse sábado (13/12), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou a entrada de um médico com aparelho ultrassom portátil na cela onde Bolsonaro cumpre pena, para a verificação da existência de hérnia inguinal bilateral. A permissão foi requerida pelos advogados do ex-presidente na última quinta-feira (11/12).

A hérnia inguinal é o deslocamento de uma parte do intestino ou de tecido abdominal por uma abertura na região da virilha. Ela costuma causar um inchaço local e pode provocar dor ou desconforto, principalmente ao esforço.

Bolsonaro está preso desde 22 de novembro na Superintendência da PF, na capital federal. Ele começou cumprindo prisão preventiva em regime fechado no local por causa dos episódios da vigília e da tornozeleira. Após o trânsito em julgado do processo, em 25 de novembro, sobre a trama golpista, Jair Bolsonaro passou a cumprir a sentença em regime fechado.

Novo pedido da defesa

O pedido de ultrassom foi feito depois do ministro do STF dizer que os documentos apresentados pelos advogados para pedir nova cirurgia em Bolsonaro eram antigos e determinar que a PF faça perícia médica oficial, no prazo de 15 dias, para avaliar a necessidade de imediata intervenção cirúrgica. O prazo ainda está correndo.

A defesa do ex-presidente apresentou, em 9 de dezembro, petição na qual pede autorização para que ele realize procedimentos cirúrgicos no hospital DF Star, em Brasília. Os advogados também pediram que Bolsonaro ficasse no hospital pelo “tempo necessário” para ter recuperação adequada.

Depois da primeira decisão do ministro, a defesa alegou, na última quinta-feira, que “recebeu pedido médico específico e atualizado, subscrito pelo Dr. Claudio Birolini, requisitando, em caráter de urgência, a realização de ultrassonografia das regiões inguinais direita e esquerda, para constatação de hérnia inguinal bilateral”.

Os advogados ressaltavam na solicitação que o intuito era acelerar e “viabilizar a instrução pericial oficial, fornecendo elementos diagnósticos atualizados sem necessidade de deslocamento”.

O documento solicitava que o médico Bruno Luís Barbosa Cherulli “ingressasse nas dependências da Superintendência da Polícia Federal portando equipamento portátil de ultrassom, a fim de realizar os exames de ultrassonografia das regiões inguinais direita e esquerda”.

Comentários

Continue lendo

Brasil

José Antonio Kast é eleito presidente do Chile

Publicado

em

Ultraconservador José Antonio Kast vence Jeannette Jara no segundo turno e promete endurecer políticas de segurança e imigração

José Antonio Kast foi eleito neste domingo (14/12) presidente do Chile ao vencer o segundo turno das eleições presidenciais contra a candidata de esquerda, Jeannette Jara. O pleito, considerado um dos mais polarizados desde o fim da ditadura militar, confirmou a vantagem apontada pelas pesquisas e sinaliza uma guinada à direita na condução política do país.

O presidente eleito obteve mais de 58,2% dos votos, de acordo com o Serviço Eleitoral (Servel) do país.

Kast assumirá a Presidência em março de 2026 e terá como desafio governar com um Congresso fragmentado, embora agora mais inclinado à direita. O cenário tende a limitar mudanças abruptas e exigirá negociação com forças de centro, o que pode reduzir a margem para a implementação de propostas mais radicais.

Kast foi eleito neste domingo (14/12) presidente do Chile ao vencer o segundo turno das eleições presidenciais contra a candidata de esquerda, Jeannette Jara

Kast e ditadura

A vitória de Kast marca a mais acentuada mudança à direita desde a redemocratização chilena. Durante a campanha, ele defendeu medidas como o envio de militares a bairros considerados críticos, a construção de estruturas físicas na fronteira e a criação de uma força especial voltada à deportação de migrantes em situação irregular.

A relação de Kast com o regime de Augusto Pinochet (1973–1990) esteve no centro da disputa até os últimos dias. No debate final, o então candidato afirmou que avaliaria a redução de penas para militares condenados por violações de direitos humanos, especialmente idosos ou doentes. A declaração gerou críticas de entidades de direitos humanos e reacendeu o debate sobre o período autoritário.

Aos 59 anos, Kast já havia admitido, em ocasiões anteriores, ter defendido a permanência de Pinochet no plebiscito de 1988. Com a vitória, ele se torna o presidente mais identificado com a direita desde o fim da ditadura.

Primeiro turno

No primeiro turno, Kast e Jara terminaram quase empatados. A mudança no cenário ocorreu após o ultraconservador receber o apoio de lideranças influentes da direita, como Johannes Kaiser e Evelyn Matthei. Já Franco Parisi, terceiro colocado, orientou seus eleitores a votarem em branco, mantendo imprevisível o comportamento desse grupo no segundo turno.

Durante a reta final, Kast prometeu expulsar estrangeiros sem documentação em até 90 dias, enquanto Jara acusou o rival de explorar o medo da população e defendeu o conceito de “segurança com humanidade”. A disputa evidenciou dois projetos antagônicos para o país, com diferenças claras em temas como segurança pública, imigração e modelo econômico.

Comentários

Continue lendo