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Cinegrafista e ativista presa no Acre com passaporte falso após fugir do Irã em busca de refúgio teme deportação

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Cinegrafista e ativista presa no Acre com passaporte falso após fugir do Irã em busca de refúgio teme deportação — Foto: Arquivo pessoal

Por Iryá Rodrigues e Elizânia Dinarte

Ativismo pelos direitos das mulheres, perseguição e ameaças, fuga em busca de refúgio, prisão em outro país, luta pela liberdade. Essa sequência mais parece história de cinema, mas foi o roteiro vivido nos últimos anos pela cinegrafista Mahnaz Alizadeh, de 35 anos. Ela estava entre os seis iranianos presos em Assis Brasil, na fronteira do Acre com o Peru, em agosto do ano passado com passaportes falsos.

Na época da prisão, a Polícia Federal no Acre informou que os presos eram da mesma família e que após uma consulta à Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) foi confirmado que os passaportes apresentados estavam na lista de alerta de documentos roubados ou perdidos e foram adulterados para serem usados pelos estrangeiros.

Sem falar português ou inglês, a iraniana conversou com o G1, por videochamada em inglês, com ajuda de uma amiga iraniana, que está no Acre e acompanha o caso dela, e que prefere não ter o nome divulgado. Ela está morando em uma casa em Rio Branco enquanto aguarda julgamento na 3ª Vara Federal da Seção Judiciária do Acre. Uma audiência de instrução e julgamento está marcada para ocorrer no dia 25 de fevereiro.

Trabalho como cinegrafista e mobilização

Mahnaz Alizadeh foi uma das cinegrafistas do filme NASRIN, documentário sobre a vida da advogada de direitos humanos Nasrin Sotoudeh, que foi condenada a 38 anos e 148 chicotadas. A advogada representava ativistas da oposição nas cortes do Irã e mulheres perseguidas por não usarem o hijab, obrigatório no país.

O filme, que não tinha a autorização do governo iraniano, foi gravado em segredo e dirigido pelo norte-americano Jeff Kaufman.

O caso de Mahnaz tem mobilizado o mundo do cinema e repercutido internacionalmente. O diretor revelou que Mahnaz foi uma das cinegrafistas que se arriscaram para filmar a advogada e incluiu nos créditos do filme: “para que a Justiça brasileira entenda que ela pode ser presa, torturada (e possivelmente morta) caso seja deportada ao país de origem.”

Jeff Kaufman defendeu a cinegrafista também em uma carta publicada no site iraniano Iran Wire, no último dia 8, onde fez um apelo às autoridades brasileiras para que não a deportem.

“A posição em que se encontra a cineasta e ativista Mahnaz Alizadeh – presa no Brasil e tentando encontrar um porto seguro sabendo que um retorno ao Irã pode levar à prisão ou pior – é dolorosa e assustadora. Como diretor/escritor e produtor do documentário NASRIN, sinto profunda gratidão e respeito pela contribuição única de Mahnaz e de outras pessoas que nos ajudaram a filmar no Irã”.

A cinegrafista contou que decidiu fugir de seu país depois que a advogada Nasrin foi presa em 2018 e ela se viu em perigo eminente de também ir para trás das grades. Foi então que decidiu emigrar para o Canadá e acabou conhecendo Reza Sahami, iraniano-canadense apresentado como sócio de uma agência de viagens e que também foi preso pela Polícia Federal no Acre.

“Estava sendo ameaçada e, para não ser presa, resolvi deixar o país. O cara disse que podia fazer [visto] no Equador que seria fácil, mas foi uma solução mentirosa. Fiquei assustada, estava realmente assustada [no Irã]). O tempo estava passando e sabia que o documentário seria lançado e estava com mais medo por isso, queria sair o mais rápido possível, então, aceitei ir para o Equador”, contou a iraniana.

O combinado, segundo ela, era pagar para o homem o valor de US$ 12.000 (R$ 64,8 mil) no total, sendo uma parte no início da viagem e outra quando chegasse no Canadá. No entanto, não foi bem assim que aconteceu, segundo relatou Mahnaz.

“Acabou chegando no Equador e ele pediu todo o dinheiro. Se não pagasse o dinheiro eu ficaria lá, nada podia ser feito. Então, amigos e família deram todo o dinheiro para ele e aí alguns dias depois quando ele nos mostrou não era um visto de turista. Mas eu já havia dado tudo e estava totalmente com medo de voltar [para o Irã] e ser presa”, lembrou.

Foi então que, mesmo com o documento que recebeu do suposto dono de agência não sendo o visto de turista como ela esperava, a cinegrafista resolveu tentar a rota entrando pelo Brasil, através da fronteira do Acre com o Peru e acabou presa com os demais imigrantes.

Imagens usadas no processo que investiga caso da iraniana — Foto: Reprodução

Investigação e denúncia

Conforme o processo, a investigação da Polícia Federal apontou a cinegrafista e o iraniano-canadense Reza Sahami como membros de uma organização que atua com o tráfico de pessoas. Para a apuração, a polícia analisou conversas trocadas entre eles e outras pessoas em aplicativos de mensagens que foram encontradas nos celulares apreendidos no momento da prisão e outros documentos.

Em nota, a PF informou que o processo de Mahnaz Alizadeh corre em segredo de Justiça e que, portanto, não pode divulgar detalhes da investigação.

“Uma informação relevante é que o Brasil, no caso de deportação, não necessariamente a enviaria para o Irã, já que a ativista se diz perseguida política”, completou a nota da PF-AC.

A iraniana foi denunciada pelo Ministério Público Federal pelos crimes de uso de documento falso, falsificação de documento público e promoção de migração ilegal. Os outros quatro imigrantes presos no mesmo dia com documentos falsos não chegaram a ser denunciados.

Passaporte apresentado estava adulterado — Foto: Divulgação/Polícia Federal

Foram quase 50 dias presa, inicialmente em Assis Brasil, no interior do Acre, e depois no Complexo Penitenciário de Rio Branco. A iraniana contou como foram esses dias em meio à falta de comunicação, por não saber português, e, consequentemente, sem entender exatamente o que estava acontecendo.

“Não sei muito inglês, não sei espanhol, foi muito difícil a comunicação. Na cela não tinha camas para dormir ,tinha que ser no colchão no chão com outra pessoa. Comendo duas vezes por dia, tinha que usar baldes para usar o banheiro e tomar banho, sentia muita dor nas mãos por ter que fazer isso, não era todo mundo que fazia, era só eu. O pior momento foi ficar sem saber do que era acusada, sem saber quais eram as acusações, ninguém nunca explicou nada. Naquela prisão horrível e não tinha ninguém para fazer nada, nem conseguir falar ao telefone para comunicar à família.”

A amiga que está com Mahnaz em Rio Branco, e que prefere não ter o nome revelado, disse que teve dificuldades de encontrar a cinegrafista. “A falta de comunicação prejudicou muito, levei três semanas para descobrir onde ela estava. Ela estava completamente deprimida, tendo ataques de pânico o tempo todo. Estava muito preocupada com ela.”

Após pagar uma fiança de R$ 2 mil, a cinegrafista deixou o presídio, mas continua em Rio Branco aguardando pelo julgamento. A defesa dela é feita pela Defensoria Pública da União.

Apesar de não estar mais no presídio, Mahnaz ainda não se sente livre. Ela teme voltar a ser presa ou, pior, segundo ela, ser deportada de volta para seu país.

“O maior medo que estou enfrentando é de ser deportada ou de voltar para a prisão sem acusações, sem explicações. Fiquei muito tempo presa sem ninguém ver, ninguém ouvia, e não respondia e, na verdade, vimos esses advogados públicos apenas uma vez, não conseguimos ver o defensor público. O maior desejo agora é ir para algum lugar onde me se sinta segura e possa começar a vida de novo”, declarou.

No final da entrevista, ela fez questão de dizer que apesar dos momentos difíceis na prisão e também do sofrimento de não ser compreendida em sua língua, fez amigos no Acre e é com eles que tem contado todos esses dias.

“Vimos muitas pessoas gentis e atenciosas aqui e eu quero dizer, mesmo as pessoas na prisão eram muito gentis, pois ficavam dizendo que eu deveria ser livre, que não pertencia àquele lugar. São amigos prestativos, não sei o que faríamos, seria difícil sem o apoio das pessoas que encontrou aqui no Acre”, finalizou.

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Nova frente fria chega ao AC nesta semana e temperatura atingirá 18ºC, diz Friale

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Pesquisador Davi Friale – Foto: Alexandre Lima/Arquivo

O pesquisador Davi Friale divulgou em seu site O Tempo Aqui, nesta segunda-feira (10), uma nova previsão de diminuição das temperaturas na próxima semana.

Além disso, o “mago” destacou que até o próximo domingo (16) haverá calor abafado, chuvas, possibilidade de temporais e tempo seco e ventilado.

Na quarta-feira (12), mais uma frente fria chegará ao Acre, a partir do fim da tarde, mas será na quinta-feira que os ventos serão mais intensos, devido à penetração de mais uma onda de frio polar, declinando levemente a temperatura.

“Desta vez, a massa de ar frio não será intensa no Acre. As temperaturas, ao amanhecer, de quinta-feira e de sexta-feira, deverão oscilar entre 18 e 20ºC, em Rio Branco, Brasileia e demais municípios do leste e do sul do estado”, comentou.

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IBGE: mais de 12% dos acreanos já sofreram violência psicológica, física ou sexual

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A pesquisa apontou que 68 mil pessoas de 18 anos ou mais sofreram agressão psicológica nos 12 meses anteriores à entrevista, ou seja, 11,5% da população

IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta segunda-feira (10) os resultados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019.

O Acre figurou em muitos cenários. Um deles foi o de violência psicológica, física ou sexual. Pelo menos 12,4% da população já foi alvo de uma das agressões.

Os dados apontam ainda que 72 mil pessoas de 18 anos ou mais sofreram os tipos de violência destacados, nos 12 meses anteriores à entrevista.

“O percentual de mulheres que sofreram alguma violência foi de 14,0% e o de homens foi de 10,8%. Considerando a faixa etária, a prevalência de casos de violência é mais acentuada nas populações mais jovens: de 18 a 29 anos (16,5,0%); de 30 a 39 anos (8,9%); de 40 a 59 anos (13,5%) e 60 anos ou mais (6,9%). As pessoas pretas (20,2%) e pardas (10,9%) sofreram mais com a violência do que as pessoas brancas (14,6%), diz o órgão.

Outro resultado preocupante tem a ver com o afastamento das atividades laborais e habituais em decorrência da violência sofrida. 9 mil pessoas foram afetadas – o que representa 12,9% das vítimas de violência, seja psicológica, física ou sexual. As mulheres foram mais atingidas do que os homens, com 18,3% e 5,4%, respectivamente.

Violência psicológica

A pesquisa apontou que 68 mil pessoas de 18 anos ou mais sofreram agressão psicológica nos 12 meses anteriores à entrevista, ou seja, 11,5% da população.

O percentual de mulheres vitimadas foi maior do que o dos homens, 12,9% contra 10,1%, respectivamente. A população mais jovem (18 a 29 anos) sofreu mais violência psicológica do que a população com idade mais elevada (60 anos ou mais), 15,4% contra 6,9%. Mais pessoas pretas (18,0%) e pardas (10,2%) sofreram com este tipo de violência do que pessoas brancas (13,4%).

“Considerando o rendimento domiciliar per capita, o grupo com menor rendimento apresentou um percentual maior de vítimas: 15,2% das pessoas sem rendimento até 1/4 do salário mínimo, em comparação a 10,5% das pessoas com mais de 5 salários mínimos”, destaca a pesquisa.

Violência física

A PNS estimou que 17 mil pessoas de 18 anos ou mais sofreram violência física nos 12 meses anteriores à entrevista, o que representa 2,8% da população. O percentual de vítimas do sexo feminino foi de 3,4%, enquanto o dos homens, 2,2%.

Violência sexual

Para as pessoas que responderam que não sofreram agressão sexual nos últimos 12 meses, foi perguntado se ela sofreu essa violência alguma vez na vida. Considerando essas duas perguntas, estima-se que 25 mil pessoas de 18 anos ou mais de idade foram vítimas de violência sexual, independentemente do período de referência, o que corresponde a 4,3% desta população, 2,6% dos homens e 5,9% das mulheres.

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Internações por covid na UTI e enfermarias estão em queda no Acre, diz subsecretária de Saúde

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Ala Covid-19 no Acre – Foto: Odair Leal/Secom/arquivo

A subsecretária de Saúde do Acre, Paula Mariano, disse em entrevista que o número de internações por covid-19 vem diminuindo consideravelmente nos últimos dias.

A notícia tem a ver com a ocupação de leitos comuns e da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

“Temos percebido uma diminuição satisfatória nos últimos 15 dias no Pronto-Socorro e no Into, além de uma queda no número de internações também em Cruzeiro do Sul, no Hospital de Campanha”, disse Paula.

Na última quarta-feira (5) o Into registrou 11 leitos disponíveis de UTI, e o PS desocupou outras 7 vagas. Em Cruzeiro do Sul, 6 leitos estavam disponíveis.

No maior hospital de referência do Acre, apenas 49 leitos de enfermaria, dos 160 disponíveis, estavam ocupados na data.

De acordo com o consórcio de veículos de imprensa do Brasil, o Acre está em queda no número de novas mortes pela doença.

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