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Brasil

Caça da FAB atira e intercepta avião com quilos de pasta de cocaína

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Força Aérea Brasileira
Divulgação/FAB

Força Aérea Brasileira


Na manhã do último domingo (28), um avião de pequeno porte foi atingido por um disparo de um caça da Força Aérea Brasileira (FAB) durante uma operação no Amazonas. Os agentes de segurança encontraram 95 quilos de pasta base de cocaína na aeronave.

O avião, um modelo Cessna 172, foi identificada como suspeita de estar sendo utilizada por traficantes de drogas. A interceptação ocorreu após o avião ter sido detectado na fronteira com o Peru.

De acordo com a Aeronáutica, o Cessna 172 entrou no espaço aéreo brasileiro e os militares a bordo de um caça A-29 Super Tucano tentaram estabelecer contato via rádio com o piloto, sem sucesso.

Diante da falta de resposta e da recusa em obedecer a ordens para mudar a rota e pousar em um aeródromo específico, a aeronave foi considerada uma ameaça.

A FAB então efetuou um disparo de advertência, o que levou o avião a realizar um pouso de emergência em uma pista de terra em Barcelos (AM). Após o pouso, os passageiros abandonaram a aeronave, incendiaram-na e fugiram do local.

A FAB acionou um helicóptero para transportar policiais federais até a área. No local, os agentes encontraram 95 quilos de pasta base de cocaína e clorídrico de cocaína.


Outros casos

Este incidente segue uma série de ocorrências semelhantes: em janeiro, a FAB interceptou um avião sobrevoando a Terra Indígena Yanomami, e o piloto também fugiu após o pouso.

Em junho do ano passado, dois caças brasileiros perseguiram uma aeronave que entrou sem autorização no espaço aéreo nacional, terminando a perseguição quando o avião retornou à Bolívia.

O avião, um WP-3 Orion, usado pela agência para coletar informações sobre tempestades tropicais, ciclones e furacões e, assim, transmitir os dados para agências de meteorologia.  Reprodução: Flipar

O avião, um WP-3 Orion, usado pela agência para coletar informações sobre tempestades tropicais, ciclones e furacões e, assim, transmitir os dados para agências de meteorologia. Reprodução: Flipar

Imagens feitas do espaço mostram o olho do furacão Beryl, que foi ganhando força e atingiu a categoria 5, a maior na escala.  Reprodução: Flipar

Imagens feitas do espaço mostram o olho do furacão Beryl, que foi ganhando força e atingiu a categoria 5, a maior na escala. Reprodução: Flipar

Após o furacão tocar o solo, pelo menos seis pessoas morreram, em São Vicente e Granadinas, na Venezuela e em Granada, ambos países no sudeste do Caribe.  Reprodução: Flipar

Após o furacão tocar o solo, pelo menos seis pessoas morreram, em São Vicente e Granadinas, na Venezuela e em Granada, ambos países no sudeste do Caribe. Reprodução: Flipar

Meteorologistas da Universidade Estadual do Colorado previram recentemente que, ao longo de 2024,  haverá uma temporada de furacões no Atlântico “extremamente ativa”, com mais de 20 tempestades. Pelo menos cinco com ventos acima de 178 km/h. Reprodução: Flipar

Meteorologistas da Universidade Estadual do Colorado previram recentemente que, ao longo de 2024, haverá uma temporada de furacões no Atlântico “extremamente ativa”, com mais de 20 tempestades. Pelo menos cinco com ventos acima de 178 km/h. Reprodução: Flipar

Em 2023, houve 20 tempestades, o quarto maior número desde 1950.  Foram 7 furacões, sendo três de grande impacto. O pior deles, Idalia, destruiu a costa oeste da Flórida, causando inundações e deixando meio milhão de pessoas sem energia. Duas pessoas morreram.  Reprodução: Flipar

Em 2023, houve 20 tempestades, o quarto maior número desde 1950. Foram 7 furacões, sendo três de grande impacto. O pior deles, Idalia, destruiu a costa oeste da Flórida, causando inundações e deixando meio milhão de pessoas sem energia. Duas pessoas morreram. Reprodução: Flipar

Às vezes, um furacão é muito intenso, mas o número de mortes não é tão alto quanto o de outro, com menor velocidade. Tudo depende de fatores como o alcance das inundações, os sistemas de proteção dos imóveis  e a emissão de alertas pelas autoridades.  Reprodução: Flipar

Às vezes, um furacão é muito intenso, mas o número de mortes não é tão alto quanto o de outro, com menor velocidade. Tudo depende de fatores como o alcance das inundações, os sistemas de proteção dos imóveis e a emissão de alertas pelas autoridades. Reprodução: Flipar

Tempestades tropicais são classificadas de diferentes formas, segundo a BBC Brasil. O nome varia de acordo com a região. No norte do Oceano Atlântico e nordeste do Pacífico, são chamadas de furacões. No noroeste do Pacífico, tufões.  No Pacífico Sul e Oceano Índico, ciclones.  Reprodução: Flipar

Tempestades tropicais são classificadas de diferentes formas, segundo a BBC Brasil. O nome varia de acordo com a região. No norte do Oceano Atlântico e nordeste do Pacífico, são chamadas de furacões. No noroeste do Pacífico, tufões. No Pacífico Sul e Oceano Índico, ciclones. Reprodução: Flipar

 Os tornados duram apenas minutos enquanto os furacões podem levar dias. Tornados, mesmo breves, alcançam até 500 km/h, o dobro de um superfuracão. Além disso, tornados são vistos na totalidade. Já os furacões não são vistos por inteiro devido ao seu gigantismo.  Reprodução: Flipar

Os tornados duram apenas minutos enquanto os furacões podem levar dias. Tornados, mesmo breves, alcançam até 500 km/h, o dobro de um superfuracão. Além disso, tornados são vistos na totalidade. Já os furacões não são vistos por inteiro devido ao seu gigantismo. Reprodução: Flipar

Além disso, há a questão da velocidade dos ventos. Até 119 km/h é ciclone Reprodução: Flipar

Além disso, há a questão da velocidade dos ventos. Até 119 km/h é ciclone Reprodução: Flipar

Furacão Allen - Em agosto de 1980 chegou a sustentar por um minuto a velocidade recorde de 310 km/h. Este furacão atingiu o Caribe, México e sul do Texas. Deixou 269 mortos.  Reprodução: Flipar

Furacão Allen – Em agosto de 1980 chegou a sustentar por um minuto a velocidade recorde de 310 km/h. Este furacão atingiu o Caribe, México e sul do Texas. Deixou 269 mortos. Reprodução: Flipar

Furacão Andrew - Em 24/8/1992, provocou devastação na Flórida com ventos de 280 km/h. O mesmo furacão também causou danos nas Bahamas e na Luisiana. Deixou 65 mortos.  Reprodução: Flipar

Furacão Andrew – Em 24/8/1992, provocou devastação na Flórida com ventos de 280 km/h. O mesmo furacão também causou danos nas Bahamas e na Luisiana. Deixou 65 mortos. Reprodução: Flipar

Irma - Foi o primeiro a manter ventos acima de 297 km/h por  mais de 24 horas, em 5/9/2017. Passou pelo Caribe, Cuba e Flórida. Matou diretamente 52 pessoas Reprodução: Flipar

Irma – Foi o primeiro a manter ventos acima de 297 km/h por mais de 24 horas, em 5/9/2017. Passou pelo Caribe, Cuba e Flórida. Matou diretamente 52 pessoas Reprodução: Flipar

Calcutá - Em 11/10/1737, provocou ondas  gigantes, de até 13 metros de altura, no rio Hooghly, no delta do sagrado rio Ganges, na Índia. O ciclone circulou por 300 quilômetros no continente antes de se dissipar. Cerca de 350 mil pessoas morreram. Reprodução: Flipar

Calcutá – Em 11/10/1737, provocou ondas gigantes, de até 13 metros de altura, no rio Hooghly, no delta do sagrado rio Ganges, na Índia. O ciclone circulou por 300 quilômetros no continente antes de se dissipar. Cerca de 350 mil pessoas morreram. Reprodução: Flipar

San Calixto - Em 9/10/1780, passou por Barbados, no Caribe, a mais de 320 km/h e deixou 4.500 mortos. O mesmo furacão atingiu Martinica, Santa Lúcia, Porto Rico e República Dominicana. Ao todo, foram cerca de 27 mil mortos. Reprodução: Flipar

San Calixto – Em 9/10/1780, passou por Barbados, no Caribe, a mais de 320 km/h e deixou 4.500 mortos. O mesmo furacão atingiu Martinica, Santa Lúcia, Porto Rico e República Dominicana. Ao todo, foram cerca de 27 mil mortos. Reprodução: Flipar

Haiphong - Em outubro de 1881, causou destruição no cidade de Haiphong, no Vietnã, ao longo do litoral. Cerca de 300 mil pessoas morreram. Reprodução: Flipar

Haiphong – Em outubro de 1881, causou destruição no cidade de Haiphong, no Vietnã, ao longo do litoral. Cerca de 300 mil pessoas morreram. Reprodução: Flipar

Mitch - Em 26/10/1998, atingiu seu auge, com ventos de 285 km/h. Durante duas semanas ele percorreu países da América Central, México e a Flórida. Deixou cerca de 18 mil mortos.  Reprodução: Flipar

Mitch – Em 26/10/1998, atingiu seu auge, com ventos de 285 km/h. Durante duas semanas ele percorreu países da América Central, México e a Flórida. Deixou cerca de 18 mil mortos. Reprodução: Flipar

Maria - Em 16/9/2017, atingiu Porto Rico, transformando ruas em depósitos  de destroços, danificando edifícios e cortando a energia elétrica de cidades.. A destruição material chegou a um prejuízo de 90 bilhões de dólares. Cerca de 3 mil pessoas morreram. Reprodução: Flipar

Maria – Em 16/9/2017, atingiu Porto Rico, transformando ruas em depósitos de destroços, danificando edifícios e cortando a energia elétrica de cidades.. A destruição material chegou a um prejuízo de 90 bilhões de dólares. Cerca de 3 mil pessoas morreram. Reprodução: Flipar

Nargis - Em 27/4/2008, percorreu países da Ásia. Causou devastação ao longo do delta do rio Irauádi, em Mianmar, uma das áreas mais densamente povoadas do mundo. O governo mianmarense declarou cinco regiões como áreas de desastre.. Cerca de140 mil pessoas morreram. Reprodução: Flipar

Nargis – Em 27/4/2008, percorreu países da Ásia. Causou devastação ao longo do delta do rio Irauádi, em Mianmar, uma das áreas mais densamente povoadas do mundo. O governo mianmarense declarou cinco regiões como áreas de desastre.. Cerca de140 mil pessoas morreram. Reprodução: Flipar

Galveston - Em 2/9/1900, teve ventos de até 251 km/h, na pequena cidade de Galveston, no Texas (EUA), perto do Golfo do México. Dos 38 mil habitantes, cerca de 12 mil morreram: quase 1/3. Décadas depois o local voltaria a ser atingido por furacões (em 1983 e 2008). Reprodução: Flipar

Galveston – Em 2/9/1900, teve ventos de até 251 km/h, na pequena cidade de Galveston, no Texas (EUA), perto do Golfo do México. Dos 38 mil habitantes, cerca de 12 mil morreram: quase 1/3. Décadas depois o local voltaria a ser atingido por furacões (em 1983 e 2008). Reprodução: Flipar

Furacão do Dia do Trabalho - Em 2/9/1935, um furacão atingiu a costa americana no feriado do Dia do Trabalho. Causou destruição na Flórida e deixou cerca de 600 mortos.  Reprodução: Flipar

Furacão do Dia do Trabalho – Em 2/9/1935, um furacão atingiu a costa americana no feriado do Dia do Trabalho. Causou destruição na Flórida e deixou cerca de 600 mortos. Reprodução: Flipar

Bhola - Em 12/11/1970, causou inundação de muitas ilhas de pouca altitude do Delta do Rio Ganges, em Bangladesh. Matou entre 300 mil e 500 mil pessoas. Não houve número exato.  Reprodução: Flipar

Bhola – Em 12/11/1970, causou inundação de muitas ilhas de pouca altitude do Delta do Rio Ganges, em Bangladesh. Matou entre 300 mil e 500 mil pessoas. Não houve número exato. Reprodução: Flipar

 Nina - Em 2/8/1975, chegou a 185 km/h, provocando o colapso das barragens de Banqiao e Shimantan, na China, e causando inundações e destruição, principalmente, na cidade de Hualien. Cerca de 230 mil pessoas morreram Reprodução: Flipar

Nina – Em 2/8/1975, chegou a 185 km/h, provocando o colapso das barragens de Banqiao e Shimantan, na China, e causando inundações e destruição, principalmente, na cidade de Hualien. Cerca de 230 mil pessoas morreram Reprodução: Flipar

Katrina - Em 28/8/2005, o furacão que havia se formado no dia 23, atingiu seu pico. Os ventos de 280 km causaram devastação em Nova Orleans, EUA. Mais de um milhão de pessoas haviam sido evacuadas, pois houve alerta. Mas muitas insistiram em ficar em casa. Cerca de 1.800 morreram.  Reprodução: Flipar

Katrina – Em 28/8/2005, o furacão que havia se formado no dia 23, atingiu seu pico. Os ventos de 280 km causaram devastação em Nova Orleans, EUA. Mais de um milhão de pessoas haviam sido evacuadas, pois houve alerta. Mas muitas insistiram em ficar em casa. Cerca de 1.800 morreram. Reprodução: Flipar

No Atlântico, a época de furacões ocorre entre 1º de junho e 30 de novembro. Época de muita preocupação nas regiões que costumam ficar no caminho das fortes tempestades tropicais. Reprodução: Flipar

No Atlântico, a época de furacões ocorre entre 1º de junho e 30 de novembro. Época de muita preocupação nas regiões que costumam ficar no caminho das fortes tempestades tropicais. Reprodução: Flipar


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Fonte: Nacional

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Brasil

Pesquisa revela que rios do Acre passaram a ser alternativas do tráfico internacional de drogas

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Juruá e Acre, além de outros 12 rios da Amazônia, passaram a ser utilizados com mais frequência por causa da lei do abate de aeronaves. A ação do tráfico fez explodir a violência na Amazônia, incluindo o Acre

Rio Juruá banha a capital do Juruá, Cruzeiro do Sul. Foto: Reprodução

Tião Maia, ContilNet

O aumento na taxa de homicídios em Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá, o segundo maior município do Estado do Acre, no período de 2005 a 2020, foi como uma explosão em termos de violência: 595% em 15 anos.

A taxa saiu de 4,3, de 1996 a 2004, para 30, no período de 2005 a 2020, o segundo maior índice da região Norte do país. O primeiro ficou com Eirunepé, município do Amazonas, que tem uma população estimada em 33 mil habitantes. Entre 1996 e 2004, a média da taxa de homicídios de pessoas acima de 1 ano era de 3,7 por 100 mil habitantes. Mas, entre 2005 e 2020, esse número explodiu: 34 homicídios a cada 100 mil habitantes – um aumento vertiginoso de 819%.

Além de terem em comum a situação geográfica, Cruzeiro do Sul e Eirunepé, embora estejam em estados diferentes, são banhadas pelo mesmo rio, o Juruá, um dos afluentes do Rio Amazonas. Assim como esses dois, existem outros quatorze rios identificados por pesquisadores brasileiros como os “rios de cocaína”, por servirem de rota para o tráfico que envolve Brasil, Peru, Colômbia e Bolívia. São eles: Abunã, Acre, Amazonas, Caquetá, Envira, Içá, Japurá, Javari, Juruá, Madeira, Mamoré, Negro, Purus, Tarauacá, Uaupés e Xié.

O resultado da pesquisa está publicado na revista Piauí deste mês, com base em estudos sobre Interdição Aérea, Tráfico de Drogas e Violência na Amazônia Brasileira, produzido por pesquisadores do Insper e da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), com a participação do IZA (Institute of Labor Economics), da Alemanha.

Uma versão resumida em português foi divulgada nesta quinta-feira (30) pelo Amazônia 2030, iniciativa de pesquisadores brasileiros para desenvolver um plano sustentável para a Amazônia.

Cerco ao transporte de droga pelo ar fez aumentar uso dos rios, mostra pesquisa

De acordo com a publicação, a hipótese para o aumento da violência que atinge pequenos municípios na região amazônica banhados por essas águas tem uma explicação: com o cerco aos aviões, intensificou-se o uso de barcos no escoamento da droga.

A mudança no transporte do entorpecente aconteceu depois de 2004, ano em que o governo brasileiro colocou em prática uma política de interdição aérea, aprovada ainda em 1998. Com a nova lei, a Força Aérea Brasileira (FAB) foi autorizada a abater aeronaves suspeitas de transportar drogas vindas dos países vizinhos. Assim, a migração para os rios foi uma estratégia dos criminosos para fugir da fiscalização policial.

O escoamento pela água, um meio de deslocamento mais demorado, exige uma dinâmica própria e influencia as comunidades atingidas, argumentam os estudiosos. Os longos trajetos, por exemplo, levam os criminosos a empregarem diferentes barqueiros, contratarem pessoas para fazer a segurança do carregamento, fornecer equipamentos, estocar a droga, entre outras funções. “Isso acaba trazendo a atividade ilegal para uma proximidade muito maior com a população local”, diz Rodrigo R. Soares, professor titular da cátedra Fundação Lemann no Insper e líder da pesquisa.

Uma versão resumida em português foi divulgada nesta quinta-feira (30) pelo Amazônia 2030, iniciativa de pesquisadores brasileiros para desenvolver um plano sustentável para a Amazônia. Foto: Rio Acre/Assis Brasil

Mudanças na logística fizeram explodir a violência em cidades ribeirinhas

As estimativas do estudo indicam que a mudança na logística para movimentar a droga ocasionou, entre 2005 e 2020, 27% do total de 5.337 mortes em 67 cidades da região Oeste da Amazônia margeadas pelos dezesseis “rios de cocaína”. Elas têm menos de 100 mil habitantes, estão longe das grandes cidades e do cruzamento de rodovias, o que diminui as chances de as mortes estarem relacionadas a disputas fundiárias ou desmatamento ilegal. A prevalência de óbitos acontece entre homens de 20 a 49 anos, por uso de arma de fogo ou faca.

Os estudos mostram que o Brasil possui cerca de 8 mil km de fronteira com três países que concentram o plantio de coca na região, que está dividido da seguinte forma: Colômbia (61%), Peru (26%) e Bolívia (13%), segundo o relatório mundial do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês). Até o começo dos anos 2000, as principais rotas de escoamento passavam pela América Central e Caribe ou iam diretamente para norte-americanos e europeus, onde estão os maiores compradores.

A Amazônia brasileira começou a aparecer nesse mapa em meados dos anos 2000. O Brasil, que até então figurava na décima posição em volume de cocaína apreendida, atualmente é o terceiro colocado, atrás de Estados Unidos e Colômbia, apontam dados da UNODC de 2021. Foi nessa mesma época que o governo brasileiro investiu para aumentar o controle das fronteiras e do espaço aéreo na Amazônia, que abriga a maior floresta tropical do planeta e tem baixa densidade populacional: cerca de 5,6 habitantes por km².

Uma das medidas para inibir o tráfico veio em 2004 com a chamada Lei do Abate. A medida foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após uma longa discussão no Congresso e com as Forças Armadas. A lei sinalizava que o governo estava disposto a “combater, com as armas adequadas, a invasão de nossas fronteiras por quadrilhas internacionais de narcotraficantes”, afirmou o então ministro da Defesa, José Viegas Filho.

Àquela altura, o país montava uma infraestrutura própria para agir nesse campo – havia pouco controle sobre o espaço aéreo da Amazônia, o que facilitava voos carregados de drogas vindos de países andinos. Em 2002, o Sistema de Vigilância da Amazônia e o Sistema de Proteção da Amazônia (Sivam/Sipam) entraram em operação sob a justificativa de aumentar a vigilância e o controle do tráfego aéreo, das fronteiras, monitorar comunicações clandestinas, rotas de tráfico e contrabando, além de identificar pistas escondidas e garimpos ilegais. Anos mais tarde, em 2005, o Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta IV) iniciava suas atividades em Manaus.

Assim que a Lei do Abate passou a valer, a FAB diz ter registrado uma redução imediata de 32% no número de voos irregulares. O primeiro relato de interceptação de avião suspeito veio a público em 2009, quando uma aeronave vinda da Bolívia foi alvo de disparos de advertência pelos militares brasileiros após o piloto se negar a obedecer. Depois dos tiros, o avião, que carregava 176 kg de pasta base de cocaína, pousou numa estrada de terra em Rondônia.

O estudo liga a interdição aérea ao volume da droga apreendida. Com a migração de parte do comércio ilegal para os rios e estradas, o Brasil dobrou a quantidade de cocaína detida por mar, terra e ar entre 2004 e 2005: foi de 7,7 toneladas para 15,7 toneladas, segundo estatísticas divulgadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) à época.

No entanto, a estratégia usada para dificultar o tráfico de drogas pelo ar pode ter estimulado um novo problema. Segundo o estudo dos pesquisadores brasileiros, a geografia da floresta favoreceu a rápida adaptação do narcotráfico. A análise indica que a violência nas cidades ao longo das vias acessadas mudou de padrão depois da Lei do Abate. O estudo também aponta o aumento de mortes por overdose, sinalizando maior presença de drogas em circulação. “Observamos que diversos municípios com zero casos de overdose antes de 2005 passaram a ter episódios esporádicos desde então”, afirmam os pesquisadores, alertando ainda para a provável subnotificação de casos.

Existem quatorze rios identificados por pesquisadores brasileiros como os “rios de cocaína”. Foto: Reprodução

Disputa pelo monopólio do tráfico na região entre facções criminosas

Os pesquisadores alertam que é praticamente impossível enfrentar o problema numa região do tamanho da Amazônia, maior que a União Europeia, apostando só na presença ostensiva da polícia ou das Forças Armadas. “Tem que pensar em algum uso de tecnologia que seja capaz de acompanhar isso e gerar alertas que acionem uma reação”, sugere a pesquisa, citando drones, radares móveis e melhor coordenação entre os órgãos de fiscalização e autoridades dos países vizinhos. Outra ação vital é oferecer às comunidades locais alternativas que gerem renda, preservem a floresta e o modo de vida tradicional, a fim de evitar o envolvimento dos moradores com o narcotráfico e impedir possível “entrincheiramento de algum grupo criminoso ali na região que consiga um monopólio”.

A disputa pelo monopólio do tráfico de drogas na Amazônia sugerida pela pesquisa foi diagnosticada pelo Fórum de Segurança Pública em um relatório de 2022, citado no estudo sobre os “rios de cocaína”. A análise do Fórum abordou o interesse de facções do Sudeste, como o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, e o Primeiro Comando da Capital, o PCC, de São Paulo, pelo controle da região entre 2015 e 2016. O relatório cita ainda que “algumas facções locais compreenderam melhor os mecanismos de funcionamento das redes ilegais através da Amazônia”.

Esse fenômeno suscitou o surgimento de organizações regionais, como a Família do Norte, no Amazonas. Cientes disso, os estudiosos do Insper e da USP compararam os homicídios ocorridos após 2015, tentando identificar algum aumento de óbitos a partir da interferência das facções. Os números mostram que a taxa de mortes se manteve similar durante todo o período a partir de 2004, quando a restrição aérea foi implementada.

Por fim, os pesquisadores ressaltam que, além dos esforços brasileiros para conter o crime organizado, é imprescindível uma cooperação internacional, “principalmente na região andina, para garantir uma abordagem coordenada ao tráfico de cocaína, com maior troca de informações e práticas de segurança transnacional”.

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Brasil

Com repasses de R$ 32,5 milhões, Acre chegou a 98% de execução de recursos da Lei Paulo Gustavo, diz governo federal

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Rio Branco foi o grande protagonista, com R$ 3,15 milhões aplicados em projetos audiovisuais

Maior parte dos recursos foi destinada a projetos de audiovisual. Foto: Lucas Dutra/FEM

O Acre foi um dos estados que mais se destacou na execução dos recursos da Lei Paulo Gustavo, com mais de 98% do montante recebido sendo investido na cultura local. Ao todo, o estado e seus 22 municípios executaram R$ 32,5 milhões, sendo R$ 23,86 milhões direcionados ao setor audiovisual e R$ 8,68 milhões para diversas outras manifestações culturais, como música, dança, pintura e artes digitais.

Entre os municípios acreanos, Rio Branco foi o grande protagonista, com R$ 3,15 milhões aplicados em projetos audiovisuais e R$ 1,27 milhão em outras áreas culturais. As cidades de Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, Tarauacá e Feijó também se destacaram na execução dos recursos, contribuindo para o fortalecimento da cultura no estado.

A Lei Paulo Gustavo, sancionada em 2022, foi criada para apoiar o setor cultural durante a pandemia de Covid-19. Inspirada no legado do humorista Paulo Gustavo, que faleceu em decorrência da doença, a lei destinou recursos a estados, municípios e ao Distrito Federal, com o objetivo de ajudar artistas e produtores culturais a manterem suas atividades durante a crise. Com uma execução recorde, a lei se consolidou como o maior investimento direto na cultura na história do Brasil, promovendo o fortalecimento da economia criativa e a valorização das expressões culturais locais.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, fez questão de ressaltar a importância da Lei Paulo Gustavo para o desenvolvimento cultural e social do Brasil. “A lei é responsável pelo desenvolvimento econômico, social e artístico ao injetar recursos financeiros nos municípios e estados, gerando emprego, renda e dignidade para o nosso povo. A cultura está diariamente na vida dos brasileiros, e por isso leis de incentivo, como a Paulo Gustavo, são fundamentais para fomentar e evidenciar a diversidade da nossa gente e as diferentes formas de se fazer cultura”, afirmou.

Em nível nacional, os recursos da Lei Paulo Gustavo somaram R$ 3,93 bilhões, o maior investimento na história do país para o setor cultural. Com uma execução recorde de 95% dos recursos, a lei se consolidou como um importante pilar de apoio à cultura, especialmente em um momento tão desafiador como a pandemia de Covid-19.

O Acre, ao lado de outros estados que também se destacaram, como o Espírito Santo e o Paraná, é exemplo de como a aplicação desses recursos tem gerado impacto positivo na economia e na vida das pessoas. A execução eficiente no estado mostra como é possível investir em cultura e fortalecer a identidade local, ao mesmo tempo em que se geram novas oportunidades para a população.

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Governo Federal propõe expansão do crédito consignado para trabalhadores do setor privado

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Para viabilizar essa nova modalidade de crédito, o governo deve editar uma Medida Provisória (MP) ainda em fevereiro, embora o prazo exato ainda não tenha sido definido. Existe também a possibilidade de enviar um projeto de lei para o Congresso Nacional

Modalidade oferece juros mais baixos em comparação com outros tipos de crédito, sendo amplamente utilizada por servidores públicos, aposentados e pensionistas do INSS. Foto: internet

O Governo Federal anunciou a criação de uma proposta legislativa que visa expandir o acesso ao crédito consignado para os cerca de 42 milhões de trabalhadores com carteira assinada (CLT) no Brasil, especialmente aqueles com dificuldades de acesso a este tipo de financiamento. A principal novidade da proposta é a criação de uma plataforma que permitirá aos bancos e instituições financeiras consultar diretamente o perfil de crédito dos trabalhadores por meio do eSocial, o sistema eletrônico obrigatório que reúne informações trabalhistas, previdenciárias e fiscais dos empregados de todo o país.

O crédito consignado, uma das modalidades de empréstimo mais populares no Brasil, tem as parcelas descontadas diretamente da folha de pagamento do devedor. Essa modalidade oferece juros mais baixos em comparação com outros tipos de crédito, sendo amplamente utilizada por servidores públicos, aposentados e pensionistas do INSS. Atualmente, a legislação permite que trabalhadores com carteira assinada acessem o crédito consignado, mas a exigência de convênios entre empresas e bancos dificulta a adesão de pequenas e médias empresas, limitando o acesso ao serviço.

O projeto foi discutido em uma reunião com o presidente Lula, os ministros Haddad e Luiz Marinho, além dos presidentes de cinco dos maiores bancos públicos e privados do país, incluindo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander. Durante o encontro, ficou claro que a proposta busca eliminar a necessidade de convênios entre as empresas e os bancos, facilitando a oferta de crédito para trabalhadores de diversos setores, independentemente do porte da empresa em que trabalham.

Para viabilizar essa nova modalidade de crédito, o governo deve editar uma Medida Provisória (MP) ainda em fevereiro, embora o prazo exato ainda não tenha sido definido. Existe também a possibilidade de enviar um projeto de lei para o Congresso Nacional, conforme indicou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

As regras sobre o limite do crédito consignado, como o teto de 30% da renda mensal do trabalhador comprometida com o empréstimo, deverão permanecer inalteradas. Além disso, os trabalhadores poderão utilizar até 10% do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a multa por demissão sem justa causa para o pagamento das parcelas, caso se desliguem da empresa.

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