Geral
Acre lança operação de combate às queimadas e desmatamento
As ações de intervenção e combate não são voltadas somente ao crime ambiental, mas trata-se de uma problemática de saúde pública

O governo vem tomando uma série de medidas para conter os focos de incêndio. Foto: cedida
O governo do Acre, por meio do Grupo Operacional de Comando e Controle, do qual fazem parte todas as instituições ligadas ao Sistema de Meio Ambiente e instituições parceiras, realizou nesta quinta-feira, 29, o lançamento da operação Sine Ignis (Sem Fogo), uma iniciativa de combate às queimadas e ao desmatamento no estado do Acre.
O lançamento, que ocorreu no Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), em uma coletiva de imprensa, é coordenado pela Casa Civil, Defesa Civil e pela Secretaria do Meio Ambiente. As ações de intervenção e combate não são voltadas somente ao crime ambiental, mas trata-se de uma problemática de saúde pública, é o que explicou o coordenador da Casa Civil, Ítalo Medeiros.
“Ela [a operação] também tem um caráter preventivo, principalmente neste mês de setembro, quando as pessoas costumeiramente fazem o uso do fogo. Nós já estamos em uma situação crítica, em que o estado inteiro está tomado por fumaça, sendo de produção local e de outras regiões. Aqui estão todas as forças unidas, estadual e federal, para juntos revertermos esse quadro”, ressaltou.
Todo o processo conta com o monitoramento das informações ambientais, pela plataforma Cigma (PCigma), que vem auxiliar na tomada de decisões frente às mudanças climáticas, impactos de eventos extremos, com dados hidrometeorológicos e de redução do desmatamento, degradação florestal e licenciamento ambiental. Em sua fala, a secretária adjunta do Meio Ambiente, Renata Souza, pontuou a participação da Sema na operação no sentido de subsidiar os dados das áreas mais atingidas.
O Cigma qualifica e quantifica os dados dos focos de queimadas, alerta de desmatamento, nível dos rios e também da qualidade do ar. Emitimos boletins diários para subsidiar o governo nas tomadas de decisões. Além disso, a Sema, junto ao Imac, tem realizado ações de sensibilização com as equipes de educação ambiental nos municípios acreanos. Já foram mais de 4,5 mil pessoas atingidas”, afirmou.
O governo vem tomando uma série de medidas para conter os focos de incêndio. Além das ações, o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), por meio da Portaria n.º 280, suspendeu até o dia 31 de dezembro a emissão de autorizações para queima controlada, devido à vulnerabilidade frente ao avanço do desmatamento ilegal, das queimadas, dos incêndios florestais e da degradação florestal no estado.
Com uma atuação em âmbito federal, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vem realizando um trabalho integrado com as forças estaduais. “Nossa missão é combater o desmatamento, as queimadas na Amazônia. O Acre tem figurado nos últimos meses como um dos estados em que se tem detectado mais focos de calor, e alertas de desmatamento na Amazônia. Já estamos em campo com três brigadas em atuação, nos municípios de Brasileia, Feijó e Sena Madureira, com possibilidade de mais reforço”, comentou o coordenador de fiscalização do Ibama, Sebastião Santos.

A educação ambiental vem como estratégias de combate às queimadas. O chefe da Divisão de Controle Ambiental do Imac, Daniel Vale, destacou que, desde janeiro deste ano, equipes técnicas estão com ações em escolas. Foto: cedida
“A operação é conjunta. O momento é de intensificar o que já vem sendo feito pelo Estado. Estamos capacitando os policiais militares e da Gefron para que possam estar atuando com drones nessas áreas atingidas, e vamos focar em áreas mais críticas. Todo o estado vem sendo monitorado”, ratificou o tenente-coronel K. Albuquerque.
A educação ambiental vem como estratégias de combate às queimadas. O chefe da Divisão de Controle Ambiental do Imac, Daniel Vale, destacou que, desde janeiro deste ano, equipes técnicas estão com ações em escolas, reforçando sobre os perigos causados pelos focos de incêndios. “Trabalhamos com métodos preventivos. Estamos assiduamente em escolas, associações, em todos os municípios do estado”, disse.
“A cada ano a gente observa que as condições vêm se agravando, com um aumento maior de incêndio. A gente vem se organizando todos os anos. Logo quando termina o período de cheia, já nos prontificamos para atender o período do verão, onde os incêndios florestais se intensificam. Nossa estratégia é diminuir o efetivo administrativo, no mínimo necessário, para que haja um quantitativo de militares e bombeiros atuando no combate ao fogo”, esclareceu o coronel Miranda, do Comando do Corpo de Bombeiros.
Estão envolvidos na ação a Casa Civil, a Defesa Civil, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), o Instituto do Meio Ambiente do Acre (Imac), o Grupo Especial de Fronteira (Gefron), o Cento Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Batalhão de Policiamento Ambiental.
Comentários
Geral
Indígena é morto a golpes após sessão de violência extrema em praia de Feijó
Polícia Militar prende um dos suspeitos; crime é o segundo homicídio em menos de uma semana no município
Comentários
Geral
Condenado a 12 anos por estupro de enteada é preso em Guajará-Mirim (RO) após tentativa de fuga para Bolívia
Genival L. V., 49 anos, foi capturado pela Polícia Civil; crime ocorreu em Humaitá (AM) em 2014. Acusado havia escapado de perseguição popular em Porto Velho

O acusado recentemente foi perseguido por populares em Porto Velho, mas não foi alcançado. Foto: captada
A Polícia Civil prendeu Genival L. V., 49 anos, condenado a 12 anos de prisão por estuprar a enteada em Humaitá (AM) em 2014. O criminoso foi capturado nesta sexta-feira, dia 5, em Guajará-Mirim, cidade fronteiriça com a Bolívia, onde provavelmente tentava buscar refúgio internacional para escapar da Justiça brasileira.
Genival havia sido alvo de uma perseguição de populares em Porto Velho na semana passada, mas conseguiu evadir-se antes da chegada das autoridades. A prisão foi realizada por agentes da Delegacia de Guajará-Mirim, que atuaram com base em informações sobre seu paradeiro.
O condenado aguarda agora a transferência para o sistema prisional do Amazonas, onde cumprirá a pena pelo crime de estupro. O caso reforça a cooperação interestadual no combate à impunidade de crimes violentos. A Polícia Civil não descarta a possibilidade de novos desdobramentos investigativos.
Comentários
Geral
Justiça do Acre condena 11 pessoas por morte de indígena forçado a cavar a própria cova em Feijó
Vítima foi sequestrada, torturada e assassinada em crime que chocou o estado; sentenças somam mais de 100 anos de prisão. Caso ocorreu em 2021 e envolveu acusações de racismo e ocultação de corpo

Chegou a 16 o número de pessoas presas pela morte do indígena José Ribamar Kaxinawá, de 32 anos, achado morto em janeiro deste ano na zona rural de Feijó, em junho de 2022. Foto: captada
Onze pessoas foram condenadas pela Justiça acreana pelo assassinato do indígena Ribamar, morto em janeiro de 2022 após ser sequestrado, torturado e obrigado a cavar a própria cova por integrantes do Comando Vermelho. As penas – que somam mais de 150 anos de prisão – incluem condenações por homicídio qualificado, ocultação de cadáver, tortura e associação criminosa.
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Acre, o crime ocorreu após o indígena, que transitava entre a aldeia e a cidade, ter acolhido em sua casa três parentes de Manoel Urbano supostamente ligados ao PCC. Membros do Comando Vermelho local descobriram o fato e, em retaliação, sequestraram Ribamar no dia 7 de janeiro de 2022.
O promotor Carlos Pescador, que atuou no caso, detalhou a crueldade do crime:
“Ele foi levado para uma área rural, onde foi torturado e forçado a cavar sua própria cova. Seu corpo só foi encontrado semanas depois, graças a delações.”
O MPAC denunciou os 11 acusados por homicídio qualificado, corrupção de menores e participação em organização criminosa. Parte deles foi absolvida do homicídio por não estar presente na execução final, mas todos foram condenados pelos crimes de organização criminosa e corrupção de menores.
“Alguns só participaram levando a vítima de um ponto a outro, por isso não foram condenados pelo homicídio. Mas todos foram responsabilizados por integrar a facção e por corromper adolescentes, porque essa foi uma conduta coletiva”, afirmou Pescador.
Dos 11 acusados, 10 compareceram ao julgamento. Apenas uma ré, a única mulher, foi condenada em regime semiaberto; os demais receberam penas em regime fechado .
Um episódio paralelo ocorreu nos dias de julgamento. Isaquéu Sousa Oliveira, um dos acusados considerados peça central no crime, não compareceu e foi morto em Feijó enquanto o júri ocorria em Rio Branco.
“Isaquéu era apontado como responsável principal. Ele começou a falar com pessoas do PCC em Envira, no Amazonas. Quando foram obrigá-lo a assumir sozinho o crime, ele se negou. Acabaram pegando o celular dele, descobriram essas conversas e o executaram da mesma forma que mataram o indígena: em uma cova rasa, com um degolado. Isso aconteceu durante o julgamento, entre os dias 1º e 2”, relatou o promotor.
O MPAC destacou que o caso evidencia o poder crescente das organizações criminosas em áreas indígenas e cidades do interior do Acre.
“Esse é um crime que levanta muitas questões sobre a entrada das facções nas aldeias. Quem está em Rio Branco talvez não tenha a dimensão, mas em municípios como Feijó, Tarauacá, Manoel Urbano e Santa Rosa o impacto é grande. É um desafio para o nosso estado lidar com essa realidade”, concluiu Carlos Pescador.
O caso expõe a violência entre facções mesmo em regiões remotas da Amazônia e a vulnerabilidade de indígenas frente ao avanço do crime organizado. As penas variam de 12 a 28 anos de prisão, com os principais executores recebendo as condenações mais severas.

Dos 11 acusados, 10 compareceram ao julgamento. Apenas uma ré, a única mulher, foi condenada em regime semiaberto; os demais receberam penas em regime fechado. Foto: captada
Você precisa fazer login para comentar.