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A Persistência na falta

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 Nuno Vasconcellos:
Reprodução/Youtube

Nuno Vasconcellos: “Outra fonte permanente de preocupações para o mundo é o Irã”


“O problema do governo não é a falta de persistência”, dizia nos anos 1940 o humorista Aparício Torelly, o Barão de Itararé. “É a persistência na falta”. O aforismo, que surgiu como uma crítica ao governo de Eurico Gaspar Dutra, serve agora, quase 80 anos depois, para pontuar as ações de política internacional do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É difícil encontrar entre as escolhas recentes do Itamaraty uma, apenas uma ação, que não seja manchada por algum equívoco de natureza ideológica. E mesmo aquelas que, no primeiro momento, parecem orientadas pelo pragmatismo que sempre marcou a diplomacia brasileira, logo expõem a nódoa das escolhas malfeitas.

Na sexta-feira passada, em entrevista à rádio Gaúcha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acrescentou mais uma pérola ao extenso colar de impropriedades que tem cometido no campo internacional. O tema, claro, foi a Venezuela. Ao se referir ao país vizinho, Lula disse que “a Venezuela vive um regime muito desagradável. (…) É um governo com viés autoritário, mas não é uma ditadura como a gente conhece tantas ditaduras nesse mundo”. Bem… se a Venezuela não vive uma ditadura, esse conceito merece uma revisão profunda por parte da ciência política.

Palavras como essas incomodam, mas não surpreendem aos que acompanham o caminho do governo em matéria de política internacional. As maiores fontes de preocupação do mundo neste momento — pela insistência em criar confusão e pela mania de não assumir a responsabilidade pelos problemas que criam — são justamente as três ditaduras (ou, se preferir, “regimes desagradáveis”) que o governo trata como aliados preferenciais. Onde há bafafá, pode ter certeza: ou a Rússia, ou o Irã, ou a Venezuela ou os três juntos estão mergulhados até o pescoço. Isso pôde ser visto com clareza na semana passada, quando “los tres amigos” voltaram com destaque ao noticiário.

A diplomacia da cerveja

Não custa recordar algumas declarações feitas no passado para perceber o estrago que esse comportamento tem causado aos interesses do Brasil. Quando Lula voltou ao poder, em janeiro de 2023, fazia quase um ano que Vladimir Putin tinha açulado seus exércitos contra uma Ucrânia que, à primeira vista, seria presa fácil. A impressão era a de que a horda de cossacos do ditador não enfrentaria resistência em suja marcha sobre a capital Kiev. Não foi o que aconteceu.

O conflito chegou a um momento de impasse — sem que Putin manifestasse a intenção de recuar nem Zelensky mostrasse disposição para capitular. A diplomacia brasileira, então, passou a agir como se a responsabilidade pela guerra tivesse que ser compartilhada entre o agredido e o agressor. “Essa guerra, por tudo que eu compreendo, leio e escuto, seria resolvida aqui no Brasil numa mesa tomando cerveja. Se não na primeira, na segunda, se não, na terceira. Se não desse na terceira, ia até acabar as garrafas para um acordo de paz”, disse Lula diante de uma plateia de estudantes em uma de suas mais conhecidas manifestações sobre o conflito.

As palavras do presidente podem até ser tomadas como anedota. De mau gosto, mas, de qualquer forma, anedota. Mas as declarações de seu assessor para assuntos internacionais, Celso Amorim, devem ser levadas a sério pelo perigo que representam para a posição do Brasil no mundo. Desde que voltou a falar em nome da diplomacia brasileira e, na prática, a mandar no Itamaraty, Amorim não tem medido esforços para alinhar o Brasil com as ditaduras mais abjetas do mundo — e isso, é claro, gera uma conta que será cobrada do país mais adiante.

No caso do conflito na Ucrânia, as posições defendidas por Amorim não passam da tradução para o português daquilo que o ditador Putin diz sobre a guerra no idioma de Dostoiévski. Entre as declarações do assessor sobre o conflito, uma, em especial, chama a atenção. Segundo ele, usando palavras de Putin como se fossem suas, qualquer solução para a guerra deveria levar em conta o direito da Rússia se defender de agressões. Sem jamais mencionar, é claro, que as agressões tinham ordenadas justamente por Moscou.

Na mesma moeda

As posições de Amorim sobre a guerra iniciada pela Rússia contribuíam para empalidecer a imagem do Brasil diante das grandes democracias. Na medida em que as potências ocidentais se uniam em torno da Ucrânia, mais o Brasil se afastava de seus aliados tradicionais. Ou melhor, mais os aliados tradicionais viravam as costas e dificultavam os acordos que beneficiassem o Brasil.

A guerra prosseguiu, com um saldo assustador de vidas perdidas desde a invasão, sem que Putin alcançasse seu objetivo de subjugar Zelensky nem Zelensky demonstrasse a intenção de ceder. E tudo parecia prosseguir sem novidades até que, na segunda-feira da semana passada, houve um fato surpreendente: cerca de mil combatentes ucranianos invadiram o território russo e tomaram algumas povoações menores na região de Kursk. Ou seja, o agressor passou a ser agredido em seu próprio quintal.

Putin, é claro, reproduziu o roteiro seguido por qualquer ditador contrariado: ficou furioso, enfezado, colérico, descontrolado! Prometeu retaliar e é bem provável que nos próximos dias empurre o inimigo de volta para o território ucraniano. Mas, por menor que tenha sido a incursão, a devolução na mesma moeda da agressão sofrida há dois anos e meio já foi suficiente para que o mundo passasse a enxergar o ditador com olhos diferentes do que enxergava nos dias seguintes à invasão da Ucrânia.

O tirano ainda tem poder e é capaz de causar muito sofrimento não só à população dos territórios sob o jugo de seus exércitos, mas também a seu próprio povo. Mas, cada dia a mais na duração de um conflito que deveria ter se revolvido antes de completar um mês significa um ponto a menos na imagem de líder indestrutível que Putin sempre fez questão de ostentar. E ter se posicionado desde o início do lado errado do conflito (numa postura que, por sinal, era a mesma do governo de Jair Bolsonaro) em nada contribui para melhorar a imagem do Brasil perante o mundo.

Apoio a estupradores

Outra fonte permanente de preocupações para o mundo é o Irã. Na terça-feira passada, os aiatolás que conduzem o país com mão de ferro desde a revolução islâmica de 1979, apedrejam gays e açoitam mulheres que não se cobrem direito com o véu muçulmano, responderam com um sonoro não a um aceno de paz feito na véspera pelos governos dos Estados Unidos, França, Itália, Alemanha e Reino Unido. As potências ocidentais queriam que o país persa abandonasse a ideia de atacar Israel como retaliação ao ataque que, semanas atrás, eliminou o chefe terrorista Ismail Haniyeh — um dos chefes da facção Hamas.

O Brasil é um dos poucos países do mundo que se relaciona com o Irã como se ali reinasse a mais perfeita normalidade democrática. O país foi, por exemplo, o fiador da inclusão do país persa nos Brics. O anúncio do ingresso desse e de outros novos integrantes no bloco dos países que procuram medir forças comerciais e geopolíticas com os Estados Unidos e a União Europeia foi feito em agosto do ano passado, poucas semanas antes do ataque dos terroristas do Hamas contra Israel, no dia 7 de outubro de 2023.

O que tem o ataque do Hamas a ver com a amizade entre o Brasil e o Irã? Aparentemente, nada. Mas, quem reparar direito notará que esse tipo de companhia tem contribuído para afastar cada vez mais o Brasil de parceiros que podem ser muito mais úteis no futuro. Financiado e acobertado pelo Irã, o grupo terrorista foi responsável pela ação dos criminosos que cruzaram a fronteira e se puseram a degolar crianças, estuprar mulheres, pisotear idosos e sequestrar os civis que encontrassem pelo caminho. Deixar aquela agressão cruel sem uma resposta à altura seria uma atitude inaceitável. Israel reagiu. Deu início à guerra que dura até hoje e parece não ter hora para acabar.

O Irã, claro, nunca escondeu seu apoio ao Hamas, com quem compartilha o objetivo de aniquilar Israel e eliminar os judeus da face da terra. O governo brasileiro, embora tenha sido levado a condenar o atentado diante crueldade extrema praticada pelo Hamas, não demorou a mudar de posição — e logo passou a acusar Israel por estar reagindo com rigor excessivo contra os civis que os terroristas utilizaram como escudos humanos desde o início.

Ataque cirúrgico

Assim como o conflito na Ucrânia, a cobertura da guerra no Oriente Médio andava meio escondida no noticiário brasileiro até dias atrás. Desde o 7 de Outubro, Israel se manteve à caça de seus inimigos e um dos nomes que estava em sua mira era o de Ismail Haniyeh — um dos chefes do grupo terrorista. Considerado o chefe das articulações “políticas” do grupo, ele vivia protegido e cercado de luxo no Catar. E embora não fosse representante de um Estado reconhecido pela comunidade internacional, foi recebido com honras quando chegou a Teerã para acompanhar a posse de Masoud Pezeshkian na presidência da República.

Haniyeh foi tratado, na ocasião, com mais deferência do que o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin — que participou da cerimônia como representante do presidente Lula. Ao final do evento, Alckmin retornou ao Brasil e Haniyeh, que permaneceu em Teerã, se refugiou num bunker utilizado como abrigo de terroristas. Foi ali que foi alcançado pelo ataque que o matou.

O governo de Israel jamais assumiu a autoria da operação que eliminou o terrorista. Nos bastidores da comunidade internacional de inteligência circula a desconfiança de que, diante da precisão de um ataque em que, além de Haniyeh, apenas um guarda-costas perdeu a vida, a ordem pode não ter partido do governo de Jerusalém. Ataques como esse costumam ser mais destrutivos e ter menos precisão — e uma das hipóteses seria a de que havia dentro do próprio Irã rivais interessados em se livrar de Haniyeh.

Seja como for, o aiatolá Ali Khamenei — que comanda o esforço destinado a arrastar o Irã de volta à Idade Média — se mostrou tão irritado com o ataque quanto Putin ficou diante da invasão da Rússia pela Ucrânia. Chegou, logo nos dias seguintes, a ordenar despachar contra Israel drones rechaçados com facilidade pela defesa aérea. Mas manteve a ameaça de retaliar e não recuou nem diante do pedido das potências ocidentais para que não levasse a ideia adiante.

Colapso Definitivo

A ameaça de Putin e Khamenei de reagir às agressões de seus adversários com uma força muito maior do que a que foi lançada contra eles não surpreende. Ditadores, de um modo geral, têm o hábito de transferir para os inimigos a responsabilidade pelos desastres que eles mesmos provocam. Outro exemplo nesse sentido vem justamente da terceira maior fonte de preocupação que a humanidade tem nesse momento. E o responsável por ela é o caudilho Nicolas Maduro, o homem que não mede esforços para concluir o trabalho iniciado por Hugo Chavez e enterrar na miséria de uma vez por todas aquele que um dia foi um dos países mais prósperos da América Latina.

Cada vez mais indefeso diante das atrocidades de uma ditadura que se aferra ao poder com unhas e dentes, o povo da Venezuela continua sofrendo sob o tacão do verdugo. Sonhando em se legitimar no poder por mais seis anos (como se a Venezuela ainda tivesse forças para resistir por tanto tempo sem sofrer um colapso definitivo), Maduro resolveu convocar eleições. Se cercou de todas as precauções antes de chamar os eleitores às urnas. Afastou do caminho os adversários com mais chances de derrotá-lo, mandou prender opositores que ousaram desafiá-lo e escreveu ele mesmo as regras que pareciam feitas sob medida para assegurar uma vitória esmagadora. Só que não.

Nos últimos dias, o governo brasileiro, com Amorim encarregado pela condução das iniciativas, vem se esforçando para manter o apoio incondicional que sempre deu à ditadura de Maduro. Cada vez mais isolado na condição de fiador da tirania, o Itamaraty fez bem ao não reconhecer de imediato o resultado das eleições em que Maduro se declarou vencedor antes mesmo da conclusão da contagem dos votos.

O papel mais ridículo, nesse episódio, coube ao Partido dos Trabalhadores — que emitiu nota de apoio tão logo Maduro se autoproclamou vencedor de um pleito que, como todas as evidências indicavam, foi vencido pelo oposicionista Edmundo Gonzáles. O governo brasileiro preferiu esperar. E condicionou o reconhecimento do resultado à apresentação das atas elaboradas pelas seções eleitorais. E continua insistindo nesse ponto mesmo sabendo que, se Maduro quisesse ou tivesse o que mostrar para comprovar a lisura do resultado, teria feito isso desde o início.

Anão diplomático

O que Maduro faz ou deixa de fazer para defender um resultado em que nem ele mesmo acredita, é problema dele e de seu governo. Mas, em busca de uma saída para um problema criado pela insistência em tratar a Venezuela como uma democracia mesmo quando o mundo inteiro sambe que aquilo não passa de uma tirania da pior espécie, Amorim lançou uma dessas ideias que têm contribuído para alimentar a fama de anão diplomático que tem cercado o Brasil no cenário mundial.

O chanceler de facto do Brasil foi o primeiro a sugerir que o resultado das eleições de 28 de julho fosse esquecido e um novo pleito fosse convocado para decidir quem governará a Venezuela a partir de 10 de janeiro de 2025, quando se encerrar o mandato do ditador. A líder oposicionista Maria Corina Machado reagiu. Cobrou respeito ao povo venezuelano, lembrou que a oposição se submeteu às regras criadas pela ditadura e mesmo assim venceu as eleições — como comprovam os dados já reconhecidos como verdadeiros pelos Estados Unidos e pela Europa.

O governo brasileiro — sabendo que a sujeira de Maduro respinga cada vez mais sobre sua imagem — vem procurando se afastar da Venezuela. Mas o buraco que cavou para si mesmo com essa insistência em apoiar o ditador é tão profundo que já não é mais possível simplesmente lavar as mãoes e fingir que está tudo normal no país vizinho, como Lula tentou fazer no primeiro momento.

Amorim não consegue esconder que procura dar ao caudilho que o chama de “meu amigo” a chance de permanecer no poder. E Lula vai pelo mesmo caminho. Em entrevista a uma emissora de rádio do Paraná, o presidente disse que “ainda” não reconhece a vitória de Maduro nas eleições. “Eu não quero me comportar de forma apaixonada ou precipitada. Eu quero o resultado”, disse o presidente brasileiro.

O fato é que, assim como não reconhece o Hamas como grupo terrorista, o governo brasileiro insiste em tapar o sol com a peneira e não considerar a Venezuela uma ditadura. Em nome de levar adiante essa ideia, o Brasil liderou a formação de um bloco também integrado pelo México e pela Colômbia que se comprometeu com a procura de uma saída negociada para um impasse que só se encerrará no dia em que Maduro admitir sua derrota e deixar o poder.

Lula, porém, acredita que um “governo de coalizão” sob a liderança do ditador seja capaz de conduzir a Venezuela à normalidade. A ideia é tão absurda que, no país vizinho, foi rechaçada tanto pela oposição quanto pela situação.

O governo do México, por mais esquerdista que se declare, achou prudente não contrariar a posição dos Estados Unidos e se retirou do bloco que defende a tal “solução negociada” que o Brasil ainda imagina ser possível com Maduro. Os interesses comerciais com a maior potência do mundo falaram mais alto e o México resolveu não contrariar a posição norte-americana de reconhecimento à vitória de Gonzáles. A Colômbia, que também não quer comprometer suas boas relações econômicas com os Estados Unidos, também já deu sinais de cansaço e indicou que deve abandonar o bloco criado por Lula e deixar o Brasil sozinho em sua insistência de encontrar uma saída honrosa para o ditador.

É triste ver a diplomacia brasileira, que já foi considerada uma das mais eficientes do mundo, ter seu nome manchado pela condução ideológica que vem recebendo nos últimos anos. É triste ver os interesses do país — que tem muito a lucrar caso consiga manter desimpedidos os canais de diálogo com as grandes democracias — cada vez mais subordinados a dogmas terceiro-mundistas que já eram velhos no final do século passado. A esperança de que o país mude a condução de sua diplomacia e retorne ao tempo em que os interesses do país eram postos à frente da ideologia do governo está cada vez mais distante. E o problema do Brasil, para lembrar a frase citada no primeiro parágrafo deste texto, continuará não sendo a falta de persistência. Mas a persistência na falta.

Fonte: Nacional

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Secretário diz que aliança com MDB para chapa de Mailza Assis está “praticamente fechada”

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Luiz Calixto afirmou que apoio do partido está em fase avançada e que base já inclui PP, União Brasil, PSDB, PDT, Podemos e Solidariedade

“Estamos numa conversa avançadíssima com o MDB, e eu acho que o prego está batido e, na minha opinião, a conta já está virada”, declarou. Foto: captada 

Com Mirlany Silva, da Folha do Acre

O secretário de Governo do Acre, Luiz Calixto, afirmou que as negociações com o MDB para integrar a chapa da vice-governadora Mailza Assis na disputa pelo governo em 2026 estão em fase avançada e praticamente definidas. A declaração foi dada durante o podcast “Vem Comigo”, na quinta-feira (18).

Segundo Calixto, a base de apoio a Mailza já reúne PP, União Brasil, PSDB, PDT, Podemos e Solidariedade, e a chegada do MDB consolidaria uma ampla federação partidária.

— Estamos numa conversa avançadíssima com o MDB, e eu acho que o prego está batido e, na minha opinião, a conta já está virada — declarou o secretário.

Ele também sinalizou que ainda há espaço para outras composições, especialmente na definição do vice na chapa. — Tem espaço para todo mundo, agora é importante que as pessoas estejam em cima do mesmo tablado, no mesmo caminhão, usando o mesmo microfone — completou.

A declaração reforça a estratégia de ampla aliança em torno de Mailza, que conta com o aval do governador Gladson Cameli e busca se consolidar como a candidatura oficial do grupo governista na sucessão estadual.

Durante a entrevista, Calixto foi enfático ao afirmar que a candidatura de Mailza Assis é irreversível. “A governadora Mailza é candidatíssima. E será, se Deus quiser, irreversível. Somente Deus e ela pode decidir o contrário”, disse.

Ele também fez elogios ao perfil da vice-governadora, destacando sua postura conciliadora, determinação e capacidade de diálogo. Segundo ele, trata-se de uma mulher “determinada, focada, disciplinada, meiga, que não grita com ninguém, não bate na mesa para assustar ninguém e não impõe medo a ninguém”.

“Ela nos guia pelo exemplo de uma mulher íntegra, com muitas qualidades, humana, que sabe sentir a dor do próximo. É essa mulher que governará o Estado a partir de 1º de janeiro de 2027”, declarou.

Ao comentar o cenário das pesquisas, Calixto afirmou que cerca de 74% do eleitorado ainda não decidiu em quem votar para o governo do Estado. Segundo ele, Mailza pontua acima de 20% mesmo sem ser conhecida por mais da metade da população, o que, na avaliação do secretário, demonstra um grande espaço para crescimento. Em contrapartida, ele avaliou que possíveis adversários, mencionando como exemplo o senador Alan Rick, também pré-candidato ao governo, já estariam próximos de seu teto eleitoral por serem mais conhecidos.

“O senador Alan Rick aparece com índices entre 38% e 40%, mas ele já é conhecido por praticamente todo o eleitorado. Ou seja, as pessoas já sabem quem ele é, e isso indica que ele já está próximo do seu teto. Já o potencial de crescimento da nossa vice-governadora é muito grande. Ela tem um espaço extraordinário para avançar. Por essas razões é que acreditamos nesse projeto; não se trata de excesso de otimismo, mas de dados”, destacou Calixto.

Calixto também comentou sobre a possibilidade de o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, não disputar o governo em 2026. Para ele, o gestor municipal deve concluir o mandato para o qual foi eleito.

“O prefeito Bocalom precisa, primeiro, cumprir a tarefa para a qual foi eleito. Ele foi eleito para governar Rio Branco e, entre essas atribuições, há muitas questões que precisam ser resolvidas. Precisamos avançar no saneamento básico, no transporte coletivo, no abastecimento de água, nas condições das ruas, na coleta de lixo, entre outros problemas que, em sua maioria, são de responsabilidade do município. O prefeito não pode abandonar esses compromissos com dois terços do mandato ainda por cumprir. Não foi para isso que a população o elegeu. Ele não pode simplesmente, com um ano e três meses de mandato, deixar tudo de lado, fingir que esqueceu os compromissos assumidos e partir para outra empreitada. Ele precisa cumprir sua tarefa de prefeito. Ele foi eleito para ser prefeito”, pontuou Luiz.

Ao abordar o debate ideológico, Calixto criticou a polarização política e defendeu uma atuação focada em resultados concretos. Segundo ele, a população espera soluções práticas, como melhoria na saúde, transporte, educação e serviços públicos, e não disputas ideológicas.

“A população quer soluções, quer resultados, quer entregas. Quer saber se o ônibus está funcionando corretamente, se chega ao ponto e se está bem conservado. Ela não quer saber se quem está na prefeitura é de esquerda, de direita, de centro ou sem rumo. Essa polarização que existe no país envolve dois extremos, a extrema direita e a extrema esquerda, que se retroalimentam para permanecer no poder. Precisamos sair dessa polarização e desse discurso vazio. O que a população quer é posto de saúde funcionando, ônibus circulando, merenda escolar, médico no posto, remédio disponível, iluminação pública funcionando e ruas razoavelmente conservadas e decentes”, afirmou o secretário.

Por fim, o secretário comentou sobre a formação da chapa majoritária para 2026 e destacou que o segundo voto ao Senado deverá ser destinado a um candidato alinhado ao projeto político da vice-governadora. Calixto citou o nome do senador Márcio Bittar como uma das preferências do grupo, mas ponderou que a definição dependerá do posicionamento político e do alinhamento com a candidatura de Mailza Assis.

“O Gladson é o nosso candidato número um. Nós temos um compromisso com o governador. Os índices de pesquisa indicam que ele terá uma votação extraordinária, em razão da empatia, do carisma e do desempenho dele. O outro candidato será aquele que apoia a governadora, porque é uma contradição ela apoiar alguém que não tenha reciprocidade. Não faz sentido ela estar no palanque de uma pessoa e essa pessoa não estar no palanque dela. Portanto, esse segundo voto será destinado a esse candidato. Nós temos a expectativa e o desejo de que seja o senador Márcio Bittar, mas ele precisa estar no palanque. Ele tem declarado apoio ao Bocalom. Evidentemente que, se estiver no palanque do Bocalom, naturalmente não será o candidato. Seria masoquismo. Não faz sentido. O candidato que fará par com o Gladson será aquele que estiver no mesmo palanque da governadora Mailza, que é a nossa candidata”, concluiu.

O secretário comentou sobre a formação da chapa majoritária para 2026 e destacou que o segundo voto ao Senado deverá ser destinado a um candidato alinhado ao projeto político da vice-governadora. Foto: captada 

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Prefeitura de Rio Branco reforça canais para denúncias de maus-tratos a animais

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Registro pode ser feito de forma anônima pelo site da Semeia; em caso de flagrante, orientação é acionar a Polícia Militar (190)

O registro pode ser realizado de maneira anônima ou identificada, garantindo sigilo ao denunciante e ampliando as possibilidades de apuração por parte dos órgãos responsáveis. Foto: cedida 

A Prefeitura de Rio Branco, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia), está reforçando os canais para denúncias de maus-tratos a animais na capital. A iniciativa visa facilitar o acesso da população aos órgãos responsáveis e fortalecer o combate a crimes ambientais e à violência contra animais.

As denúncias podem ser feitas de forma rápida, segura e sigilosa pelo site oficial da prefeitura: meioambiente.riobranco.ac.gov.br. O registro pode ser anônimo ou identificado, e a Semeia recomenda que o cidadão forneça o maior número de detalhes possível, como endereço completo, pontos de referência, fotos ou vídeos que comprovem a situação.

Em casos de flagrante – quando o crime estiver ocorrendo no momento –, a orientação é acionar imediatamente a Polícia Militar pelo 190 e solicitar o atendimento de uma guarnição da Polícia Ambiental, que poderá intervir de forma direta e urgente.

A medida busca agilizar a apuração e aumentar a efetividade das ações de fiscalização, garantindo maior proteção aos animais e respostas mais ágeis às demandas da comunidade.

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Safra total de grãos de novembro no Acre é estimada em 187 mil toneladas

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O projeto é fruto da articulação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em parceria com a Cooperativa de Café do Juruá (Coopercafé), consolidando-se como ponte estratégica entre o governo estadual

Este ano, a cidade de Mâncio Lima, no interior do Acre, ganhou o maior complexo industrial da agricultura familiar da Região Norte, com investimento de R$ 10 milhões. Foto: captada 

A produção de café no Acre teve um aumento de 113,3% no período que abrange novembro de 2024 e deste ano. Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado no último dia 22 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção do grão, que tem sido um dos cultivos em ascensão no Acre, saiu de 3.079 toneladas no ano passado para 6.581 toneladas neste ano.

Os dados apontam ainda que a safra total no estado deve chegar a 187.062 toneladas em uma área plantada de 62.913 hectares para cultivo de cereais, leguminosas e oleaginosas. Além do café, foram estimadas as seguintes produções.

Produção agrícola (em toneladas)

Mandioca – 494.311

Milho – 123.214

Banana – 89.854

Soja – 56.656

Cana-de-açúcar – 10.181

Laranja – 5.252

Arroz – 4.339

Feijão – 2.829

Fumo – 112

O cultivo da mandioca lidera com folga, seguido pelo milho e pela banana, enquanto o fumo aparece como a menor produção.

Incentivo ao café

Nos últimos anos, o Acre tem apostado e incentivado na produção do café, se tornando um modelo de desenvolvimento sustentável, aliando economia e preservação em um dos produtos mais consumidos no mundo. Além disso, fortalece uma dinâmica de cooperativismo, que tem dado resultado e alcançado pequenos e médios produtores que agora já conseguem contribuir para essa safra.

Este ano, a cidade de Mâncio Lima, no interior do Acre, ganhou o maior complexo industrial da agricultura familiar da Região Norte, com investimento de R$ 10 milhões, e acendeu novas luzes sobre o cooperativismo e a bioeconomia amazônica, agregando tecnologia e valor ao café cultivado por mãos que conhecem profundamente a terra.

O projeto é fruto da articulação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em parceria com a Cooperativa de Café do Juruá (Coopercafé), consolidando-se como ponte estratégica entre o governo estadual, o governo federal e a iniciativa privada.

Além da vocação produtiva, o Complexo Industrial do Café do Juruá é um modelo exemplar de respeito ambiental e tecnologia limpa. Com uma estrutura física de 1.640 m², o parque fabril opera com energia 100% renovável, fornecida por 356 painéis solares que geram mensalmente 21.500 kWh, e adota práticas como o reuso inteligente da água da chuva e o uso de lenha certificada.

Somado a isso, no último dia 9, o setor cafeeiro do Acre recebeu um impulso de R$ 14,7 milhões com a assinatura de um convênio entre a ABDI e a Cooperativa dos Extrativista do Acre (Cooperacre). Durante o ato, o governador em exercício, Nicolau Júnior, ressaltou o papel do governo como parceiro no fortalecimento dos produtores rurais e na criação de um ambiente favorável aos negócios.

O complexo em Acrelândia será construído em um terreno cedido pelo governo do Acre, que tem contribuído com o fortalecimento da cadeia também com a mecanização, entrega de insumos e tecnologias que chega à zona rural.

Projetos

O secretário de Estado de Agricultura, José Luis Tchê, disse que as parcerias ao longo dos anos têm fortalecido a cultura do café, resultando na expansão do produto em todo o estado.

“O Complexo do Juruá já é um sinal disso, e agora teremos mais dois complexos. Foi publicado no Diário Oficial o lançamento do edital para a compra de mudas de café e cacau, aprovado pela nossa Assembleia Legislativa. Essas mudas serão adquiridas diretamente dos viveiristas locais, o que representa um grande avanço. Já temos garantido recurso para um milhão e meio de mudas de café neste ano e mais seis milhões para o próximo. Nosso governo vem trabalhando para fortalecer a cafeicultura do Acre, que já é reconhecida não apenas no Estado, mas também no Brasil e no mundo pela qualidade do nosso café”, destacou.

Ele acredita que esses investimentos como esse devem gerar mais emprego e renda para a população, além de agregar valor ao produto acreano. Ele também destacou a importância do programa Solo Fácil, voltado para a análise de solo na agricultura familiar.

“Detectamos logo no início que 95% da nossa agricultura familiar não realiza análise de solo, algo básico e fundamental para qualquer produção. O programa Solo Fácil utiliza uma tecnologia nova, os equipamentos NIRS, que já estão em fase de testes. Enviamos provas e contraprovas para São Paulo e acreditamos que até o início do próximo mês os aparelhos estarão prontos para uso. Esse é um primeiro passo: com a análise correta, conseguimos corrigir o solo da maneira necessária. Além disso, a mecanização implementada pelo governo tem dado muito resultado.”

Tchê ressaltou ainda o programa Plantando Água, que busca garantir irrigação durante o período de seca.

“Vivemos em uma região com dois climas bem definidos: chuva e seca. Por isso, criamos o programa Plantando Água, que consiste na construção de tanques e barragens para armazenar a água da chuva e utilizá-la na irrigação. Um exemplo é a produtora Kate, que no ano passado colheu 90 sacos de café por hectare, mesmo sem irrigação. Este ano, devido ao verão severo, a produção caiu para 14 sacos por hectare. Agora, com a construção de tanques, esperamos que ela e outros produtores possam colher muito mais. O café e o cacau, mas principalmente o café, trazem dignidade ao agricultor familiar, mudando sua vida quando ele passa a colher 70, 80 ou até 100 sacos por hectare.”

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