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Nicolau Junior garante que Aleac será transparente e livre de equívocos de gestões passadas
Progressista diz que luta por uma Assembleia menos burocrática e quer deixar sua marca como presidente

Gina Menezes
O presidente da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), deputado Nicolau Junior, que responde interinamente pelo governo do Acre, recebeu à reportagem da Folha do Acre na Casa Civil para uma entrevista onde falou sobre os cinco meses à frente do parlamento, da relação com os demais deputados, a relação de parentesco com o governador Gladson Cameli, o governo estadual e que a marca que quer deixar como presidente do poder Legislativo é uma junção de transparência com eficiência.
Vindo da iniciativa privada, Nicolau diz que sonha em diminuir a burocracia para que os resultados surjam mais rapidamente.
Veja a seguir os pontos principais da entrevista:
“Sei dividir o parentesco com o governador do trabalho que tenho que fazer e lutamos por um parlamento independente”, diz Nicolau
De deputado mais jovem da Aleac em 2015 a presidente do parlamento em 2019, Nicolau Junior afirma que amadureceu como deputado, que lida bem com as relações de parentesco com Gladson Cameli, de quem é cunhado, e que a prioridade dele no momento é construir um parlamento mais forte, independente e resolutivo.
“Tanto eu quanto o governador sabemos separar as coisas, entendemos as importantes atribuições que temos e o fato dele ser meu cunhado jamais me impedirá de lutar por uma Aleac cada vez mais fortalecida, que conviva em harmonia com o Executivo, mas que seja acima de tudo independente. Desde o primeiro dia como presidente que luto pelo fortalecimento do Legislativo e pela manutenção integral das prerrogativas dos deputados. Somos eleitos pelo povo, precisamos e iremos honrar isso”, diz.

Nicolau ao lado do governador Gladson Cameli
A respeito da relação do parlamento com o Executivo, Nicolau diz que pretende seguir lutando por um parlamento que tenha harmonia com o Executivo, mas que, sobretudo, seja forte e independente.
“O papel do Legislativo é ser representante do povo, é fiscalizar, cobrar, analisar os projetos de lei e para isso precisa de liberdade e independência. Sempre iremos lutar com isso. Queremos uma relação de respeito, o parlamentar precisa ser respeitado, pois isso significa que a população está sendo respeitada. Eu fui um dos que exigiu mudanças na relação dos secretários com os deputados”, diz.
Nicolau afirma que conversou com representantes do governo para que os secretários de Estado mantenham uma relação mais próxima e cordial com os deputados. O parlamentar afirma que é inaceitável que secretários não atendam ligações de deputados.
“Quando um deputado liga ele está buscando informações para trabalhar e precisa de respostas”, diz.

Nicolau conversa com a jornalista Gina Menezes, que responde interinamente pelo governo do Acre, recebeu à reportagem da Folha do Acre na Casa Civil para uma entrevista onde falou sobre os cinco meses à frente do parlamento (Foto: FdoA)
Menos burocracia, mais resolutividade e correção de equívocos de gestões passadas
Vindo da iniciativa privada, sendo filho de empresários, Nicolau que está no segundo mandato como deputado afirma estranhar ainda a burocracia que permeia o trabalho parlamentar e frisa que irá lutar por uma Aleac mais ágil e resolutiva.
“A gente sabe que tudo tem um tempo para ser analisado, entendido, votado, mas precisamos diminuir as burocracias. Precisamos de um parlamento mais resolutivo, mais ágil, que dê as respostas que a população precisa e merece. Eu prezo pela resolutividade”, diz.
Nicolau que ao lado do primeiro-secretário, Luiz Gonzaga, tem passado um pente fino em contratações e licitações executadas pelo Legislativo diz que pretende corrigir equívocos cometidos em outras gestões. Elegante, Nicolau não cita quais gestões e nem ataca ex-presidentes, mas garante que deixará sua própria marca como presidente.
“Estamos tentando corrigir os equívocos das administrações passadas, deixando nossa marca na gestão, até porque cada um tem seu estilo e entendemos isso. Queremos melhorar a gestão”, diz.
A missão do governo e a busca por tirar o Acre do endividamento
Nicolau Junior que já sentou na cadeira de governador algumas vezes, na ausência de Cameli e Rocha, diz que o governo precisa dar certo porque o povo do Acre precisa disso.
Ele frisa que é fundamental que deixe de haver defesas de causas próprias e que se construa um projeto comum onde o Acre esteja em primeiro lugar.
“É isso que o governador Gladson sempre diz, o Acre é de todos e deve ser um projeto de todos nós, sem essa de defender apenas alguns grupos”, diz.
A respeito do futuro financeiro do Acre, Nicolau Junior diz que Gladson Cameli tem trabalhado para que as dívidas de empréstimos contraídas pelo governo do Acre sejam repassadas a um único banco para que os juros diminuam e os prazos aumentem.
“O que o governador quer é tirar o Acre do endividamento e para isso é preciso rediscutir juros, prazos. A Assembleia estará pronta para ajudar”, afirma Nicolau.
Sobre a formação das equipes do primeiro escalão, Nicolau é claro em dizer que os resultados não dependem apenas dos secretários. “Não é só o secretário que tem que dar certo. É a equipe toda”, diz.

Nicolau Junior que já sentou na cadeira de governador algumas vezes, na ausência de Cameli e Rocha, diz que o governo precisa dar certo porque o povo do Acre precisa disso (Foto: FdoA)
A marca que quero deixar é um misto de eficiência com transparência
Ao lado de Luiz Gonzaga, Nicolau Junior tem trabalhado para colocar no ar o Portal de Transparência da Aleac, digitalizar as edições do Diário Oficial da Casa e garantir transparência para a gestão.
“É um novo momento. A transparência é uma exigência na qual concordamos muito e lutamos por isso. A população precisa acompanhar tudo que acontece com o dinheiro público”, diz.
Questionado sobre qual marca pretende deixar como presidente da Aleac, Nicolau é objetivo em responder que pretende construir uma gestão eficiente e transparente.
“Se conseguirmos diminuir um pouco a burocracia e tornamos tudo mais eficiente aliado à transparência estaremos satisfeirtos”, diz.
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Novembro começa com três homicídios e uma morte no trânsito no Acre
Facções criminosas seguem por trás da maioria dos assassinatos registrados nos primeiros dias do mês

Foto: ilustrativa
O mês de novembro começou violento no Acre e já dá sinais de que poderá ser um dos mais sangrentos do ano. Somente nos três primeiros dias, foram registrados três assassinatos — em Rio Branco, Tarauacá e Assis Brasil — além de uma morte violenta no trânsito, ocorrida na rodovia AC-10, que liga a capital ao município de Porto Acre.
De acordo com a Polícia Civil, a principal motivação dos homicídios continua sendo a disputa entre facções criminosas, responsável por mais de 80% das mortes violentas no estado.
O primeiro assassinato ocorreu na manhã de sábado (1º), no bairro Belo Jardim, em Rio Branco, considerado o segundo mais violento da capital, atrás apenas da Cidade do Povo. A vítima, o pintor de paredes Paulo Henrique Ferreira da Silva, de 32 anos, não tinha antecedentes criminais. Ele havia saído de casa para comprar o almoço da família quando foi surpreendido por dois homens em uma motocicleta. Baleado várias vezes pelas costas, caiu na pista e morreu antes da chegada do socorro.
Em Assis Brasil, a 330 quilômetros da capital, dois jovens foram perseguidos após desrespeitarem um toque de recolher imposto por uma facção criminosa no bairro Bela Vista. Erivan Pereira da Silva, de 33 anos, acabou atingido por um tiro de espingarda nas costas e executado com um segundo disparo na cabeça. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento do crime.
O terceiro homicídio foi registrado em Tarauacá, onde o corpo de Gilberlândio Castro de Souza, de 40 anos, foi encontrado próximo ao aterro do Mercado Municipal. A vítima, que usava tornozeleira eletrônica e cumpria pena em regime semiaberto, apresentava múltiplas perfurações de arma branca e marcas de pauladas. Ao lado do corpo, os policiais encontraram uma faca quebrada e pedaços de madeira usados na agressão.
A Polícia Civil investiga os três assassinatos, mas, até o momento, nenhum suspeito foi identificado.
Com informações de AC24horas
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MP quer apurar morte de adolescente durante ação policial em Rio Branco
O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por meio da Promotoria de Justiça Especializada no Controle Externo da Atividade Policial, instaurou o Procedimento Administrativo nº 0154/2025/PECEAP para acompanhar a apuração da morte do adolescente Vitor Gabriel Sales Rodrigues, de 16 anos, durante um confronto entre policiais militares e suspeitos nas margens do Rio Acre, no bairro Cidade Nova, região do Segundo Distrito de Rio Branco.
De acordo com informações divulgadas pela imprensa local, o episódio ocorreu em maio deste ano e envolveu um tiroteio entre faccionados e a Polícia Militar. Durante o confronto, Vitor Gabriel foi atingido e morreu no local. Outro jovem, identificado apenas como Andrio, também foi baleado e desapareceu após cair no rio.
A portaria, assinada pela promotora de Justiça Maria Fátima Ribeiro Teixeira, destaca que o Ministério Público é a instituição responsável pelo controle externo da atividade policial, conforme o artigo 129 da Constituição Federal. O procedimento busca reunir informações e documentos que permitam o completo esclarecimento das circunstâncias da morte e o acompanhamento das investigações conduzidas pela Corregedoria-Geral da Polícia Militar e pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O documento também leva em consideração a Resolução nº 210/2025 do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que estabelece diretrizes para o acompanhamento de mortes decorrentes de intervenção policial e casos de vitimização de agentes de segurança, bem como o Plano de Ação Institucional do MPAC sobre Letalidade e Vitimização Policial, aprovado pela Procuradoria-Geral de Justiça.
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Acre vira rota estratégica do tráfico internacional de produtores colombianos, aponta relatório
Comando Vermelho domina entrada de drogas pelo Rio Putumayo e intensifica guerra com PCC no estado; facção brasileira mantém acordos diretos com traficantes da Colômbia

A droga atravessa o rio Putumayo e entra no país pela região amazônica, alcançando os estados de Amazonas e Acre, onde é redistribuída por facções locais ligadas ao Comando Vermelho. Foto: captada
O Acre consolidou-se como peça estratégica nas rotas fluviais e terrestres que ligam produtores colombianos aos distribuidores brasileiros de drogas, segundo relatório obtido pela Folha de S. Paulo. A maconha produzida em Cauca, na Colômbia, atravessa o Rio Putumayo e entra no Brasil pela região amazônica, alcançando Amazonas e Acre, onde é redistribuída por facções locais ligadas ao Comando Vermelho.
O estudo revela que o CV mantém acordos diretos com traficantes colombianos ao longo do Rio Solimões, buscando ampliar seu acesso a fornecedores da Colômbia e Peru – estratégia que garante vantagem sobre rivais e fortalece a presença da facção no Acre.
As forças de segurança estaduais já reconhecem que a disputa violenta entre CV e PCC tem relação direta com o controle dessas rotas de entrada da droga, explicando o aumento da violência nas fronteiras acreanas. O tráfico gera impactos devastadores na Amazônia, incluindo violência territorial e degradação social que afetam principalmente povos originários e ribeirinhos.
O levantamento, feito em parceria com a Direção Nacional de Inteligência da Colômbia (DNI), detalha como o tráfico internacional de drogas na chamada Amazônia Compartilhada envolve negociações diretas entre o Comando Vermelho, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e organizações criminosas colombianas, responsáveis pela produção e envio de drogas ao Brasil.

A informação consta em um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que mapeia a atuação das facções brasileiras e seus vínculos com grupos armados da Colômbia. Foto: art
Segundo a reportagem, “a maconha skunk produzida na Colômbia é destinada quase integralmente ao mercado brasileiro, com foco em consumidores de maior poder aquisitivo, e registra crescimento especialmente nas regiões Sul e Sudeste.”
A droga, conhecida por ter alto teor de THC (tetrahidrocanabinol) — entre 15% e 25% —, é considerada de “maior qualidade e valor agregado” em relação à maconha vinda do Paraguai. O relatório aponta que “o skunk colombiano também é negociado pelas facções brasileiras, como o Comando Vermelho, com os grupos armados da Colômbia, assim como o cloridrato de cocaína e pasta base.”
Rota internacional documentada
- Origem: Cauca (Colômbia)
 - Transporte: Rio Putumayo até Tarapacá (fronteira Colômbia-Brasil)
 - Entrada no Brasil: Região amazônica (Amazonas e Acre)
 - Destino: Redistribuição por facções pelo território nacional
 
Disputa territorial no Acre
- CV x PCC: Conflito pelo controle das rotas de entrada
 - Aumento da violência: Consequência direta da disputa faccional
 - Acordos internacionais: CV mantém parcerias com traficantes colombianos ao longo do Rio Solimões
 
Impactos socioambientais
- Degradação social: Maiores impactos sobre povos originários e ribeirinhos
 - Violência territorial: Disputas por áreas de interesse do narcotráfico
 - Intensificação do fluxo: Inclui a variedade “skunk” de alta potência
 
O relatório confirma o que autoridades acreanas já alertavam: o estado tornou-se ponto crítico no mapa do narcotráfico internacional, com facções brasileiras estabelecendo acordos diretos com produtores colombianos. A situação exige cooperação transfronteiriça e políticas específicas para a região amazônica.

Reportagem publicada pela Folha de S. Paulo revela que o Comando Vermelho (CV) consolidou o domínio sobre o varejo de drogas em quatro estados da região Norte — Amazonas, Pará, Acre e Rondônia. Foto: captada

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