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UFF ensinará técnica que permite 100% de cura em cânceres de pele
Hospital universitário recebeu doação de aparelho
Por Alana Gandra
O Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), da Universidade Federal Fluminense (UFF), é a primeira unidade da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) no estado do Rio de Janeiro a ter um aparelho usado na cirurgia micrográfica de Mohs, cuja técnica aumenta a chance de cura em cânceres de pele, em torno de 100%, para tumores com baixa capacidade de disseminação via linfática ou sanguínea. 

O aparelho foi doado ao HUAP pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), com a contrapartida que o hospital ofereça a formação de novos especialistas nesta técnica, que permite uma visão completa da superfície tumoral na pele durante sua retirada.
O coordenador da Dermatologia do HUAP, professor Flavio Luz, explicou hoje (20) à Agência Brasil que essa técnica permite a visualização microscópica de 100% da superfície do tumor. “Dessa maneira e mapeando o material, a peça, a gente consegue uma precisão quase que absoluta, plena, de onde está o tumor e até onde ele vai. Isso nos permite remover totalmente o tumor”. Ou seja, a cirurgia micrográfica de Mohs é que permite a visualização da superfície tumoral e faz com que seja possível um mapeamento mais preciso e a chance maior de cura.
A técnica da cirurgia micrográfica de Mohs é consagrada e considerada padrão ouro no tratamento de câncer de pele no mundo. Para ser viabilizada, entretanto, a técnica precisa do aparelho doado pela SBCD, além de outros equipamentos. Flavio Luz assegurou que os benefícios são grandes para os pacientes, uma vez que o tumor é totalmente removido. “Ele não volta. É uma vantagem enorme. Ele deixa de ser agressivo, o paciente fica curado, diminui mutilações, previne novas cirurgias, previne radioterapia, quimioterapia, etc”.
O médico esclareceu que o câncer de pele é o tipo de câncer mais frequente no ser humano, respondendo por cerca de 30% de todos os cânceres que afetam o homem. “É um volume gigantesco de pacientes com câncer de pele por todo o sistema de saúde. O Antonio Pedro não foge à regra”, disse.
Especialização
O HUAP está iniciando, no momento, a formação de novos especialistas na técnica da cirurgia micrográfica de Mohs. Essa formação leva em média dois anos. “A pessoa tem que completar 75 cirurgias plenas, do início ao fim, para poder se certificar como cirurgião micrográfico. E quando ele entra nessa formação, já é um cirurgião dermatológico pleno. Quer dizer, ele já domina todo o conhecimento de oncologia cutânea, já domina a cirurgia dermatológica e já tem uma boa noção de dermatopatologia. Aí, sim, ele vai se habilitar a fazer a formação específica em cirurgia micrográfica”, indicou o professor. “Um colega que tente fazer a técnica sem se especializar, vai ter dificuldades”, manifestou Flavio Luz.
Há um tipo de câncer, em especial, para o qual a cura pode ser assegurada totalmente com essa técnica. Trata-se do carcinoma basocelular primário, que nunca foi operado previamente. “Ele tem 100% de chance de cura. Existe uma possibilidade mínima do tumor voltar. Por isso, o que se tem nas estatísticas, na verdade, é 99,9% de cura para um carcinoma basocelular primário”. Já para um tumor que tenha voltado após alguma cirurgia, o índice de cura fica em torno de 95%. Luz lembrou que o carcinoma basocelular representa 70% dos cânceres de pele.
“A cirurgia micrográfica beneficia muitos pacientes”, disse Flavio Luz, mas admitiu que o Brasil ainda está aquém de países como Estados Unidos e Austrália, que têm mais de mil cirurgiões micrográficos certificados, cada, enquanto o Brasil está atingindo agora o número de 100 especialistas, dos quais dez estão no Rio de Janeiro. “O aparelho é fundamental, principalmente em um hospital universitário, para poder formar novas pessoas. Mas a gente precisa de cirurgiões micrográficos bem formados”, salientou.
Formação
A primeira cirurgia micrográfica com o uso do aparelho doado pela SBCD está prevista para o próximo dia 27. A ideia, em um primeiro momento, é realizar uma cirurgia desse tipo no HUAP a cada semana. “Vamos começar com uma cirurgia por semana e, como é uma formação, a gente não tem como fazer a cirurgia em quantidade”. O foco, atualmente, é a formação de bons cirurgiões micrográficos. Na medida em que o hospital for formando novos especialistas, serão realizadas cirurgias em um menor tempo, o que permitirá realizar mais cirurgias a cada dia. “E, com mais pessoas, isso vai se multiplicando cada vez mais. Essa é a intenção”, afirmou o coordenador da Dermatologia do HUAP/UFF.
Segundo expôs, os resultados para o SUS são também positivos porque, quando se consegue cerca de 100% de cura com essa técnica, evita-se custos de novas cirurgias e tratamentos. Em casos que demandariam, às vezes, várias cirurgias, passa a ser necessário apenas um procedimento cirúrgico resolutivo.
Edição: Aline Leal
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Polícia Federal apreende 613 kg de cocaína em galpão de empresa de fachada em Blumenau
Droga estava escondida em bunker subterrâneo e seria enviada à Europa; um homem foi preso e investigação aponta ligação com cidadãos britânicos procurados internacionalmente

Cocaína estava armazenada em um bunker de empresa de fachada em Blumenau. Fot: captada
A Polícia Federal (PF) apreendeu 613 quilos de cocaína durante uma operação de combate ao tráfico internacional de drogas em Blumenau, no Vale do Itajaí (SC). A ação contou com apoio da Polícia Militar de Santa Catarina e resultou na prisão de um homem suspeito de integrar a organização criminosa.
A droga estava escondida em um bunker no subsolo de um galpão pertencente a uma empresa de exportação de ligas metálicas, que funcionava como fachada para o esquema. Segundo as investigações, o local era usado para o preparo e armazenamento da cocaína antes do envio para a Europa.
Durante a operação, a PF também cumpriu um mandado de busca em um endereço residencial em Florianópolis ligado ao suspeito, onde foram apreendidos veículos, embarcações, joias e documentos. O inquérito aponta a existência de uma estrutura criminosa internacional com base em Santa Catarina, que contava com suporte logístico de brasileiros e liderança de cidadãos britânicos com histórico de tráfico na Inglaterra e procurados internacionalmente.
A investigação continua para identificar outros integrantes do esquema, que já tinha rotas estabelecidas para o narcotráfico transatlântico.
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Exame toxicológico para primeira CNH é vetado pelo governo federal
Medida que exigia resultado negativo para condutores de motos e carros foi rejeitada com argumento de aumento de custos e risco de mais pessoas dirigirem sem habilitação; novas regras do Contran para tirar CNH sem autoescola, no entanto, podem alterar contexto

Na justificativa do veto, o governo argumentou que a exigência aumentaria os custos para tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e poderia influenciar na decisão de mais pessoas dirigirem sem habilitação. Foto: captada
O governo federal vetou a exigência de exame toxicológico para obter a primeira habilitação nas categorias A (motos) e B (carros de passeio). A medida, que seria incluída no Código de Trânsito Brasileiro, foi rejeitada com a justificativa de que aumentaria os custos para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e poderia incentivar mais pessoas a dirigirem sem a documentação obrigatória.
O veto, no entanto, pode ter perdido parte de sua sustentação após o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) editar resolução que permite a retirada da CNH sem a obrigatoriedade de cursar autoescola, reduzindo significativamente o custo total do processo de habilitação.
Outro ponto do projeto que virou lei, e também relacionado aos exames toxicológicos, permite que clínicas médicas de aptidão física e mental instalem postos de coleta laboratorial em suas dependências — desde que contratem um laboratório credenciado pela Senatran para realizar o exame. O governo também vetou esse artigo, alegando riscos à cadeia de custódia do material, o que poderia comprometer a confiabilidade dos resultados e facilitar a venda casada de serviços(exame físico e toxicológico no mesmo local).
As decisões refletem um debate entre a busca por maior segurança no trânsito — com a triagem de possíveis usuários de substâncias psicoativas — e o impacto financeiro e logístico das novas exigências para os futuros condutores.
Assinatura eletrônica
O terceiro item a ser incluído na lei é o que permite o uso de assinatura eletrônica avançada em contratos de compra e venda de veículos, contanto que a plataforma de assinatura seja homologada pela Senatran ou pelos Detrans, conforme regulamentação do Contran.
A justificativa do governo para vetar o trecho foi que isso permitiria a fragmentação da infraestrutura de provedores de assinatura eletrônica, o que poderia gerar potencial insegurança jurídica diante da disparidade de sua aplicação perante diferentes entes federativos.
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Caixa de som que ficou três meses no mar é achada intacta e funcionando no litoral gaúcho
Equipamento JBL, resistente à água, foi encontrado na Praia do Hermenegildo após provavelmente cair de um navio a 300 km dali; aparelho ligou normalmente

A caixa de som, projetada para ser resistente à água, sobreviveu à corrosão salina por todo esse período. Ao ser ligada, o equipamento funcionou normalmente. Foto: captada
Uma caixa de som à prova d’água da marca JBL passou cerca de três meses no mar e foi encontrada intacta e ainda funcionando na Praia do Hermenegildo, no extremo sul do estado. A descoberta foi feita por um morador que passeava de quadriciclo na orla na última segunda-feira (30) e avistou o equipamento entre algas e areia.
Acredita-se que a caixa tenha caído de um container durante um transporte marítimo em agosto, próximo à Praia de São José do Norte, a cerca de 300 quilômetros dali. Apesar do longo período submerso e da exposição à água salgada, que acelera a corrosão, o aparelho resistiu e ligou normalmente quando testado.
O caso chamou atenção pela durabilidade do produto, projetado para ser resistente à água, e pela jornada incomum — percorrer centenas de quilômetros à deriva no oceano e ainda chegar em condições de uso à costa gaúcha. A situação virou uma curiosidade local e um exemplo inusitado de “sobrevivência” tecnológica.

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