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Queda da popularidade de Lula no Nordeste acende alerta vermelho no governo

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A maior queda da avaliação positiva de Lula veio do Nordeste, onde o percentual de aprovação recuou de 67% para 60% entre dezembro e janeiro/Foto: Getty Images

Forte polêmica que atingiu o Pix em janeiro também pode ter afetado a popularidade de Lula

A vitória larga no Nordeste, em que Lula recebeu 69,3% dos votos válidos, cerca de 12,5 milhões a mais do que Bolsonaro, foi determinante para sua eleição apertada nacionalmente (50,9% contra 49,1%), em que a diferença de votos ficou em apenas 2,1 milhões.

A pesquisa que acendeu a luz amarela no governo foi um levantamento do instituto Quaest, do final de janeiro, mostrando que a avaliação negativa do presidente superou a positiva pela primeira vez desde o início do mandato, em janeiro de 2023.

Segundo essa pesquisa, que ouviu 4.500 pessoas entre 23 e 26 de janeiro em todo o país, o percentual dos brasileiros que reprova o trabalho de Lula subiu de 47% para 49%, na comparação com dezembro. Já o dos que aprovam caiu de 52% para 47%.

A maior queda da avaliação positiva veio do Nordeste, onde o percentual de aprovação recuou de 67% para 60% no mesmo período de comparação.

Nome histórico do PT e ministro de Lula em seu primeiro mandato, José Dirceu escreveu em artigo publicado na semana passada no jornal Folha de S.Paulo que “a popularidade do governo tomou um tombo histórico no meio do terceiro mandato do presidente”, ao citar os dados da Quaest.

“O mais importante: algumas das maiores perdas de aprovação se deram entre os mais pobres, os moradores do Nordeste e as mulheres, segmentos que ajudaram Lula a derrotar Jair Bolsonaro nas urnas em 2022”, continuou.

Já a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), disse ao jornal O Globo também na semana passada que o apoio do Nordeste a Lula não está garantido em 2026. Ela cobrou mais presença do governo na região e “muita atenção para os investimentos previstos para corresponder às expectativas da população”.

A BBC News Brasil conversou com analistas políticos nordestinos e eleitores de Lula na região para entender a piora do humor com o governo.

Menor capacidade de consumo, com o aumento da inflação, em especial dos alimentos, é apontado como principal fator para explicar a queda de popularidade do governo/Foto: AFP

O principal fator apontado é a menor capacidade de consumo, com o aumento da inflação, em especial dos alimentos, e a alta de impostos pesando no bolso da população, a exemplo da taxação das importações adotada em julho, conhecida como “taxa das blusinhas”.

Especialistas apontam também a dificuldade do governo em dialogar com trabalhadores informais e pequenos profissionais liberais, comuns na região que tem a maior taxa de desemprego do país — 8,7% no terceiro trimestre de 2024, segundo o dado mais recente do IBGE, contra 6,4% na média nacional.

A cientista política Monalisa Torres, professora da Universidade Estadual do Ceará (UECE), nota que o eleitor lulista do Nordeste vota no petista, principalmente, por causa dos bons resultados sociais e econômicos dos seus primeiros governos, e não pelas ideias progressistas da esquerda.

Hoje, no entanto, ela vê dificuldade para Lula repetir o desempenho dos primeiros mandatos. Para Torres, o cenário é mais desafiador agora, citando como exemplo a disputa com o Congresso pelo controle do Orçamento, após a forte expansão das emendas parlamentares.

“Havia muita expectativa num governo que entregou muito em outro momento e, agora, a despeito das promessas, não consegue entregar os mesmos resultados. Isso gera frustração e impacta a avaliação”, avalia.

Para ela, a forte polêmica que atingiu o Pix em janeiro também pode ter afetado a popularidade de Lula.

Forte polêmica que atingiu o Pix em janeiro também pode ter afetado a popularidade de Lula, diz analista/Foto: Getty Images

No início do ano, a Receita Federal ampliou o monitoramento das transações por Pix e cartão de crédito, com objetivo de combater transações ilícitas. Com a mudança, todas as instituições financeiras, inclusive bancos virtuais e aplicativos de pagamentos, teriam que reportar movimentações que somassem mais de R$ 5 mil no mês, no caso de pessoas físicas, e mais de R$ 15 mil, no caso de empresas.

Antes, o monitoramento já ocorria, mas apenas em instituições financeiras tradicionais, como bancos e cooperativas de crédito.

A medida, porém, passou a ser vista como uma ameaça à população. Lideranças bolsonaristas, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), espalharam a informação falsa de que o governo poderia taxar o Pix — meio de pagamento gratuito que se popularizou no país.

Em vídeo que atingiu mais de 300 milhões de visualizações, Ferreira disse que os mais afetados seriam trabalhadores informais, como ambulantes, feirantes e entregadores.

Apesar de a informação sobre a taxação do Pix ser falsa, o impacto foi tamanho que o governo recuou da ampliação do monitoramento.

Para Torres, houve uma falha de comunicação da gestão Lula em explicar melhor a medida. Na sua leitura, isso foi intensificado porque já havia um aumento do desconforto com o governo após medidas como a taxação das importações online, em sites como Ali Express, Shein e Shopee.

Nikolas Ferreira inclusive associa as duas medidas em seu vídeo sobre o Pix. “O Pix não será taxado. Mas é bom lembrar que a comprinha da China não seria taxada e foi”, ironizou o deputado.

‘Nunca um governo cobrou tanto imposto’, reclama paraibano

Morador de Camalaú, no interior da Paraíba, Marcos Farias, de 21 anos, é um dos eleitores de Lula que sentiu o peso da “taxa das blusinhas”

Ele contou à BBC News Brasil que votou no petista em 2022, influenciado por parentes e pela memória de tempos bons para sua família na sua infância, nos primeiros governos do atual presidente.

Além disso, diz que não gostava “das ideias radicais e malucas” de Bolsonaro e queria uma mudança. Hoje, porém, reclama do impacto em seu bolso.

“Eu votei no Lula e confesso que estou insatisfeito com o governo, em parte por conta de impostos altos. Nunca um governo faturou tanto e cobrou tanto da população”, critica.

Estudante do curso técnico de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Farias era ávido consumidor de importados da China antes da taxação.

Ele checou seu registro de compras no Ali Express e contou à reportagem que consumiu 38 produtos entre 2021 e 2023, entre partes de computador, acessórios como teclados e mouses, e itens para produção musical, um hobby seu. Algumas peças ele revendia após pouco uso para comprar itens novos. Mas, desde que os impostos subiram, em julho de 2024, fez duas compras apenas.

A taxação das importações online atendeu a uma demanda das empresas de varejo brasileiras que reclamavam de pagar impostos altos no Brasil e competir com produtos que entravam no país sem tributação.

A proposta partiu do Congresso Nacional, por pressão desse setor, mas acabou encapada pelo governo Lula, que sancionou a nova lei.

Marcos com caixas de produtos que comprou da China/Foto: Arquivo pessoal

O governo argumentou que já havia previsão de taxa sobre as importações de pessoas físicas, mas, na prática, os sites internacionais driblavam essa cobrança. E, dado o forte crescimento das compras online, a Receita Federal não conseguia fiscalizar.

Com as novas regras, as empresas tiveram que aderir ao sistema de remessa conforme, em que o imposto é cobrado do contribuinte no momento da venda. Assim, produtos de até US$ 50 (cerca de R$ 290) passaram a sofrer tributação de 20%, e compras acima desse valor passaram a ser taxadas em até 60%.

Além disso, o novo sistema também facilitou a cobrança do ICMS pelos Estados. A alíquota para importação online está em 17%, mas vai subir para 20% em abril.

Farias diz que reduziu seu consumo porque não consegue encontrar produtos com a mesma qualidade num valor atraente no Brasil. Por enquanto, ele adiou a troca do seu teclado.

“Eu uso um teclado [modelo] AULA-F75. Antes conseguia comprar por 300 e poucos reais. Agora, ele fica cerca de R$ 860 em época de alta de preço. Quando tem promoção, dá para achar por uns R$ 600”, compara.

Para o economista Pedro Menezes, analista político do jornal baiano A Tarde, a taxação das importações acabou afetando também pequenos negócios e trabalhadores informais, numerosos no Nordeste, aumentando o mau humor desse segmento com o governo.

Ele nota que, embora a medida tenha ficado conhecida como “taxa das blusinhas”, ela impactou a compra de itens mais caros, como equipamentos e eletrônicos usados por esses profissionais, itens que nem sempre têm substituto nacional.

Na sua visão, era justo instituir alguma taxação sobre essas importações online, devido à tributação dos produtos nacionais, mas a alíquota deveria ter sido menor.

“Não fazia sentido que essa importação não fosse taxada, mas o jeito que foi feito tornou a pequena importação proibitiva”, ressalta.

Dúvidas sobre novo voto em Lula

Mas o paraibano Marcos Farias diz que a redução das compras não é o único motivo da sua insatisfação com o governo. Ele também reclama da qualidade do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, que frequenta no Instituto Federal Paraíba, no campus Monteiro, cidade vizinha a sua.

Esse campus foi inaugurado por Lula, em 2009, no último ano de seu segundo mandato. Foi nas gestões dele e de Dilma Rousseff que ocorreu a maior expansão de universidades e institutos federais pelo interior do país.

Uma greve de professores dessas instituições, no ano passado, acabou atrasando o curso de Farias, que já devia estar no quarto semestre, mas vai concluir o terceiro em março.

Ele entende que os problemas de agora refletem cortes no orçamento da Educação no governo Bolsonaro, mas diz que esperava uma recuperação mais rápida no governo Lula.

“Alunos de anos anteriores me falaram que o curso era bem mais estruturado. Nos últimos anos, o campus de Monteiro perdeu bons professores que saíram para ganhar mais em cidades maiores. Isso piorou o curso”, constata.

“A gente sabe que teve bastante corte de verbas no governo anterior. Porém, o governo novo prometeu trazer de volta essa verba e até agora a gente não está vendo”, reclama ainda.

Apesar da insatisfação, Farias diz que um novo voto em Lula em 2026, caso ele tente a reeleição, não está descartado. Por outro lado, ele tem certeza de que não votaria em alguém alinhado a Bolsonaro.

“O meu sentimento ainda anda muito ambíguo. Eu estou passando por uma gestão ruim de Lula agora, porém eu tive uma gestão muito boa dele na infância. Acho que [meu voto em 2026] dependeria de quem seria o concorrente dele”, afirma.

O sentimento de Farias é similar ao do advogado Yago Pereira da Silva, que mora em São Lourenço da Mata, na região metropolitana de Recife.

“O café subiu muito, arroz e feijão também”, se queixa Yago Pereira da Silva/Foto: Arquivo pessoal

Ele contou à reportagem que também votou em Lula em 2022 pelo desempenho dele nos primeiros mandatos e as políticas públicas focadas nos mais pobres, além da rejeição a Bolsonaro.

“Muitos amigos meus se formaram pelo Fies”, exemplifica, citando o programa que financia faculdade particular para estudantes de baixa renda criado pelo governo Fernando Henrique Cardoso, mas expandido nos primeiros governos do petista.

Agora, porém, ele reclama da inflação alta, e diz que não garante voto em Lula em 2026.

“Principalmente na questão alimentação, a alta de preços gerou um desconforto aqui na família. O café subiu muito, arroz e feijão também”, se queixa.

“Eu torço, sinceramente, para que esses dois últimos anos de governo sejam excelentes. Hoje eu não votaria nele [Lula], esperaria mais um pouco para tirar minha conclusão”, pondera.

A reação do governo

O governo Lula começou o ano prometendo conter a inflação de alimentos, mas medidas ainda estão sendo estudadas.

Especialistas dizem que a questão é desafiadora porque os preços sofrem o impacto de crises climáticas, como secas mais severas, e da variação de preços no mercado internacional.

Uma das medidas já adotadas para tentar melhorar a popularidade de Lula foi mudar a estratégia de comunicação.

O publicitário Sidônio Palmeira assumiu a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) no lugar do deputado Paulo Pimenta (PT-RS).

O novo ministro colocou Mariah Queiroz para liderar a estratégia de redes sociais. Ela atuou na comunicação do governador de Pernambuco, João Campos (PSB), que obteve bons resultados como uma linguagem descontraída e criativa.

Dentro da nova estratégia de comunicação, as contas oficiais do presidente compartilharam na terça-feira (4/2) um vídeo de Lula vestindo um boné azul com a frase “O Brasil é dos Brasileiros”, acompanhado de efeitos sonoros similares a de um vídeo game.

Segundo o ministro de Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que primeiro apareceu com o boné no sábado (1/2), durante a eleição do novo comando do Congresso, a ideia foi elaborada junto com Sidônio Palmeira como resposta aos bolsonaristas que têm usado bonés vermelhos da campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com a frase “Make America Great Again” [faça os EUA grandiosos de novo].

A oposição, porém, também reagiu rápido. Na segunda-feira (3/2), parlamentares bolsonaristas usaram bonés verde-amarelos durante sessão de abertura do Congresso, com a mensagem “Comida barata novamente, Bolsonaro 2026”. Eles também ergueram pacotes de café e peças de picanha.

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Presidente interino do PT promete mobilização nacional para a eleição de 2026

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Segundo o senador, o entendimento da CNB (Construindo um Novo Brasil, corrente majoritária do PT da qual Humberto Costa faz parte) foi unânime no sentido de que ele assumisse o cargo de Gleisi

Senador Humberto Costa é o presidente interino do PT. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

O presidente interino do PT, Humberto Costa, disse nesta sexta-feira (7) em sua primeira entrevista coletiva após ser confirmado no cargo, que sua principal responsabilidade será conduzir o partido até as eleições internas marcadas para julho e fazer um processo “de forma democrática”, “com grande mobilização nacional” e que possa “fortalecer o partido para a disputa de 2026”.

“Minha ideia é fazer um mandato tampão, até a realização da eleição. Até para que eu possa cumprir a minha principal responsabilidade, que é fazer com que esse processo de eleição interna se dê de forma democrática, seja um grande processo de mobilização nacional, dos filiados, para fortalecer o partido para a disputa de 2026, e conseguirmos ter um processo bastante participativo”, declarou.

Humberto explicou que ocupará a presidência do PT de forma interina, por causa do afastamento da presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PT-PR), para assumir a Secretaria de Relações Institucionais da sigla. Como mostrou o Broadcast Político, por ser um dos vice-presidentes da legenda, o senador pelo PT de Pernambuco assume interinamente o cargo. O diretório nacional se reunirá em até 60 dias e deve confirmar a escolha de Humberto para um mandato tampão até julho, quando a sigla realiza eleições internas.

“A Gleisi se afasta da presidência e devemos fazer em até 60 dias uma votação definitiva. Vamos convocar a reunião o mais breve possível. A extensão da minha interinidade vai até a data de realização do processo de eleição, em julho, quando imagino que estarei passando para o presidente definitivo o comando do PT”, disse o novo presidente interino do partido.

Segundo o senador, o entendimento da CNB (Construindo um Novo Brasil, corrente majoritária do PT da qual Humberto Costa faz parte) foi unânime no sentido de que ele assumisse o cargo de Gleisi. Na reunião do diretório nacional, nesta sexta-feira, todos que se manifestaram também foram a favor da ideia.

“Houve, dentro da CNB, uma unanimidade quanto a essa indicação. Na reunião de hoje, na executiva, todos que se manifestaram disseram que era uma indicação aceitável e que contribuiria para o processo que vamos viver agora e acredito que não haverá muito problema para a confirmação”, declarou.

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Aneel e distribuidoras de energia ‘duelam’ sobre renovação de concessão

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Uma mudança na elegibilidade de qual empresa será elencada com atuação em áreas de severas restrições operativas é prevista para o segundo semestre, de acordo com a superintendente da Aneel, Camila Bomfim

O novo contrato, já aprovado, prevê que as empresas devem manter nível adequado de geração de caixa e endividamento, com espaço para investimentos necessários à melhoria da qualidade aos consumidores. Foto: assessoria 

Com a aprovação do termo que será base para a renovação em 30 anos na concessão de 19 distribuidoras de energia, a atenção do setor elétrico está direcionada para os processos complementares que afetam diretamente as obrigações dos entes privados. Na lista de discussões mais aguardadas está um recurso da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) que trata da forma de medir a sustentabilidade econômica e financeira das concessionárias.

No centro do debate está a consideração de despesas e receitas não recorrentes para efeitos de aferição da capacidade da concessionária de honrar seus compromissos econômico-financeiros de forma sustentável. A Abradee entende que há “assimetrias” neste ponto. O argumento é que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem considerado apenas provisões negativas, ou seja, estimativas de eventuais impactos negativos no balanço das empresas. As provisões positivas, uma receita prevista que eventualmente poderia entrar no caixa, não são acatadas para efeitos de aferição da sustentabilidade.

O processo está com pedido de vista do diretor da Aneel, Ricardo Tili. O órgão regulador já colocou em consulta pública a possibilidade de acatar apenas o EBITDA [Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] recorrente, afastando aqueles pagamentos ou recebimentos esporádicos, por exemplo, que eventualmente podem não ser realizados.

Em outra frente, Gustavo de Marchi, vice-presidente da Comissão de Energia Elétrica na OAB/RJ e especialista em regulação, sustenta que há necessidade de avançar na discussão sobre as áreas com severas restrições operativas – aquelas com maiores índices de perdas não técnicas como ligação clandestina, desvio direto da rede ou adulteração no medidor. Ele lembra que essa situação tem uma relação direta com sustentabilidade econômica e financeira das empresas.

A Amazonas Energia é o caso mais emblemático. A situação de insustentabilidade da concessionária perdura há anos, com o grave problema de furtos de energia. O consumidor, na prática, paga a conta de quem frauda ou furta energia. A Aneel reconhece na tarifa parte dos furtos de energia na tarifa para ajudar as empresas a recomporem as perdas, mas se for identificada ineficiência na gestão da concessionária o repasse das perdas não técnicas para a conta de energia é limitado.

Gustavo de Marchi defende a revisão da métrica utilizada hoje para a classificação das áreas de severa restrição operativa. Ele explica que a caracterização via CEP residencial, onde os Correios não conseguem entregar, não é suficiente para definição dessas áreas. “Uma área hoje que esteja operante, ativa, amanhã pode se tornar complexa. Isso é dinâmico. Então, nós temos que ter uma regulação que tenha esses gatilhos, que não seja distante, que não seja hermética. Precisamos ter essa flexibilidade, essa dinâmica regulatória”, defende o advogado e especialista.

Uma mudança na elegibilidade de qual empresa será elencada com atuação em áreas de severas restrições operativas é prevista para o segundo semestre, de acordo com a superintendente da Aneel, Camila Bomfim. Será feita a revisão dos critérios de classificação, com outras variáveis além do CEP residencial.

Toda essa discussão é paralela ao termo de renovação contratual para as distribuidoras. O novo contrato, já aprovado, prevê que as empresas devem manter nível adequado de geração de caixa e endividamento, com espaço para investimentos necessários à melhoria da qualidade aos consumidores. Isso conforme regulamentação prévia sobre o tema. Não atender essas obrigações levaria à limitação da distribuição de dividendos e, no limite, à caducidade da concessão.

“Há o aprimoramento do modelo de contrato. Isso é fundamental para trazer estabilidade regulatória e segurança jurídica. O texto como um todo, ele traz modernizações regulatórias importantes, e traz regras mais rigorosas para as distribuidoras”, aponta Ricardo Brandão, diretor-executivo de Regulação da Abradee.

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Ministério da Saúde confirma 1° caso de nova cepa de mpox no Brasil

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Em 2024, o Brasil registrou 2.052 casos de mpox. Até o início de fevereiro, 115 casos de cepas da doença haviam sido notificados, mas nenhum deles, até então, era da cepa 1b. Nenhum óbito por mpox foi identificado no Brasil ao longo dos últimos dois anos e a maioria dos pacientes

O primeiro caso em humanos foi notificado em 1970, na República Democrática do Congo. Foto: OMS/Divulgação

O Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso de infecção pela cepa 1b da mpox no Brasil. Segundo a pasta, a paciente, uma mulher de 29 anos que mora na região metropolitana de São Paulo, teve contato com um familiar que esteve na República Democrática do Congo, país que enfrenta surto da doença.

Em nota, o ministério informou que o caso no Brasil foi confirmado laboratorialmente, por meio da realização de sequenciamento para caracterizar o agente infeccioso. O exame permitiu a obtenção do genoma completo que, segundo a pasta, é muito próximo aos de casos detectados em outros países.

“Até o presente momento, não foram identificados casos secundários. A equipe de vigilância municipal mantém o rastreamento de possíveis contatos”, destacou o comunicado.

Ainda de acordo com o ministério, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já foi informado sobre o caso e a pasta, junto às secretarias estadual e municipal de Saúde, solicitou o reforço da rede de vigilância epidemiológica e o acompanhamento da busca ativa de pessoas que tiveram contato com a paciente.

Centro de emergência

Em resposta à declaração de emergência em saúde pública de importância internacional por mpox, decretada pela OMS em agosto de 2024, o ministério instituiu o Centro de Operações de Emergências (COE) para a doença que, segundo a pasta, permanece ativo no intuito de centralizar e coordenar as ações.

Casos

Em 2024, o Brasil registrou 2.052 casos de mpox. Até o início de fevereiro, 115 casos de cepas da doença haviam sido notificados, mas nenhum deles, até então, era da cepa 1b. Nenhum óbito por mpox foi identificado no Brasil ao longo dos últimos dois anos e a maioria dos pacientes, segundo o ministério, apresenta sintomas leves ou moderados.

A doença

Causada pelo vírus Monkeypox, a doença pode se espalhar entre pessoas e, ocasionalmente, do ambiente para pessoas, por meio de objetos e superfícies que foram tocados por um paciente infectado. Em regiões onde o vírus está presente entre animais selvagens, a doença também pode ser transmitida para humanos que tenham contato com os animais infectados.

A mpox pode causar uma série de sinais e sintomas. Embora algumas pessoas apresentem sintomas menos graves, outras podem desenvolver quadros mais sérios e necessitar de atendimento em unidades de saúde.

 

O sintoma mais comum é a erupção na pele, semelhante a bolhas ou feridas, que pode durar de duas a quatro semanas. O quadro pode começar com ou ser seguido de febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, apatia e gânglios inchados. A erupção cutânea pode afetar o rosto, as palmas das mãos, as solas dos pés, a virilha, as regiões genitais e/ou anal.

As lesões também podem ser encontradas na boca, na garganta, no ânus, no reto, na vagina ou nos olhos. O número de feridas pode variar de uma a milhares. Algumas pessoas desenvolvem ainda inflamação no reto, que pode causar dor intensa, além de inflamação dos órgãos genitais, provocando dificuldade para urinar.

Entenda

A mpox é considerada doença endêmica na África Central e na África Ocidental desde a década de 1970. Em dezembro de 2022, a República Democrática do Congo declarou surto nacional de mpox, em razão da circulação da cepa 1 do vírus.

Desde julho de 2024, casos da cepa 1b vêm sendo registrados em países como Uganda, Ruanda, Quênia, Zâmbia, Reino Unido, Alemanha, China, Tailândia, Estados Unidos, Bélgica, Angola, Zimbábue, Canadá, França, Índia, Paquistão, Suécia, Emirados Árabes Unidos, Omã, Catar e África do Sul.

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