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Acre

Quando OAB se manifestou contra impeachment de Lula éramos democratas, agora é golpe, diz relator

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O advogado acreano rechaça qualquer acusação de que a OAB estaria agindo influenciada pelo calor da crise política

O advogado acreano Erick Venâncio Lima, 37, foi o responsável por elaborar e assinar o relatório do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) entregue pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na última segunda-feira (28) à Câmara dos Deputados. A decisão da entidade contribuiu para aumentar ainda mais a temperatura da crise política brasileira.

Afinal, a aprovação ou rejeição de pedidos de impeachment por parte da OAB é tida como o fiel da balança para garantir a legitimidade jurídica de um processo muitas das vezes visto somente pela ótica política. Foi por conta da manifestação da OAB que, em 1992, o Congresso Nacional acelerou a votação que tirou Fernando Collor do governo.

O advogado rechaça qualquer acusação de que a OAB estaria agindo influenciada pelo calor da crise política

O advogado rechaça qualquer acusação de que a OAB estaria agindo influenciada pelo calor da crise política

Agora, em 2016, a OAB passou a ser chamada de “golpista” pela militância vermelha do Palácio do Planalto. O mesmo nome tem sido dado a todas as instituições que tentam desempenhar suas funções neste momento, como Judiciário, Ministério Público, imprensa e, agora, a OAB. O pedido da Ordem teve divergências dentro da própria advocacia. Para Erick, tal divergência é natural. Mas afirma: “Fico estarrecido quando um farol da advocacia se apequena com o grito de ‘não vai ter golpe.’”

O advogado rechaça qualquer acusação de que a OAB estaria agindo influenciada pelo calor da crise política. “O impeachment é um processo político-jurídico. Jurídico na sua forma e político no seu conteúdo. O julgamento final é substancialmente político, vez que promovido pelo Legislativo,” afirma ele. “A OAB jamais teria a irresponsabilidade institucional de se imiscuir em debate político-partidário.”

Membro do Conselho Federal da Ordem, Erick Venâncio diz que, em 2005, no ápice da crise do mensalão, a OAB rejeitou o pedido de impeachment do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desta forma, os advogados foram chamados de “grandes democratas” e defensores da Constituição por parte do governo, e acusados de “chapa-branca” pelo PSDB.

Formado pela Faculdade de Direito de Marília (SP), ele está há 11 anos atuando na advocacia. Desde 2012 vem ocupado cargos importantes dentro do Conselho Federal da Ordem. Já presidiu a Comissão Nacional do Jovem Advogado e agora é o representante da Ordem dentro do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Erick Venâncio concedeu a seguinte entrevista via e-mail, já que está em ponte aérea constante entre Rio Branco e Brasília:

ContilNet – Qual a diferença entre o pedido de impeachment da presidente Dilma apresentado pela Ordem dos Advogados do Brasil e outros pedidos já recebidos pela Câmara dos Deputados?

Erick – Na verdade, hoje existem dezenas de pedidos de impedimento da presidente da República pendentes de apreciação na Câmara Federal. O pedido apresentado pela OAB, no último dia 28, é mais amplo do que aquele cujo processamento foi admitido e atualmente tramita na Câmara Enquanto aquele apura tão somente crimes relacionados às denominadas “pedaladas fiscais” no exercício 2015, o apresentado pela Ordem concluiu pela evidência, além desse fato, de condutas idênticas praticadas também em 2014, já reconhecidas pelo TCU, além de ilicitude das renúncias fiscais concedidas à Fifa para a realização da Copa das Confederações e da Copa do Mundo e condutas tendentes a obstruir a Justiça.

Só quem não leu o voto pode dizer que a OAB se baseou em qualquer escuta, disse o advogado

Só quem não leu o voto pode dizer que a OAB se baseou em qualquer escuta, disse o advogado

Uma das alegações da OAB é o crime de responsabilidade fiscal que o governo praticou com as chamadas “pedaladas fiscais”. Os governistas, contudo, dizem não ser este um argumento suficiente para a queda de Dilma, afirmando que outros presidentes fizeram a mesma manobra. Até que ponto o argumento do Planalto tem fundamento?

Para viabilidade do processamento de um pedido de impeachment a Constituição exige que reste evidenciada a prática de crime de responsabilidade. Crime de responsabilidade, ao contrário de sua nomenclatura, não é tipo penal, ou seja, não constitui conduta penalmente típica. São infrações político-administrativas descritas no art. 85 da Constituição Federal. Dentre essas infrações está claramente consignado no texto constitucional que é crime de responsabilidade a conduta que atente contra a lei orçamentária. Portanto, ao descumprir flagrantemente a lei orçamentária nos exercícios 2014 e 2015, a senhora presidente incorreu, sim, em crime de responsabilidade. Pior, fez isso mais intensamente em ano eleitoral.

Os governistas também dizem não haver nenhuma prova ou indício de envolvimento pessoal da presidente Dilma em casos de corrupção. Isso, por si só, a livra de um pedido de impeachment? As denúncias de que seu partido, o PT, usou de caixa-dois para receber dinheiro do petrolão e pagar despesas de campanha a atingem de alguma forma?

Um dos aspectos analisados no meu voto, ratificado por 26 das 27 bancadas do Conselho Federal da OAB, diz respeito à prática de atos de corrupção pela presidente da República. Nesse ponto, foi rechaçado esse argumento, tendo em vista ainda não haver provas dessa conduta, notadamente porque o TSE nos negou acesso aos autos do processo no qual são apuradas as condutas relacionadas ao financiamento da campanha de 2014. Porém, isso não significa que não há crime de responsabilidade, pois a infração político-administrativa não se confunde com ato de corrupção. O ex-presidente Collor foi impedido pela compra de um automóvel popular com dinheiro de caixa-dois de campanha. É possível comparar isso com o que estamos vendo hoje? No que diz respeito aos fatos que apuramos, a presidente atentou contra a lei orçamentária e tentou obstruir a Justiça. Isto está claro.

Outro embasamento da OAB para o pedido foram as revelações de escutas telefônicas entre Dilma e Lula combinando a nomeação do ex-presidente para a Casa Civil, o que seria uma forma de tirar o processo de Lula da 1º instância da Justiça. Para a OAB, a manobra de Dilma seria uma “obstrução à Justiça”. Porém, alguns juristas questionam a legalidade deste grampo, bem como seu vazamento. Até que ponto a OAB avalia que esta prova não estaria “contaminada” por algum tipo de ilegalidade?

Erick ao lado do presidente da OAB/AC, Marcos Vinicius/Foto: Arquivo pessoal

Erick ao lado do presidente da OAB/AC, Marcos Vinicius/Foto: Arquivo pessoal

Só quem não leu o voto pode dizer que a OAB se baseou em qualquer escuta, seja ela ou sua divulgação legal ou não. Entendemos que houve, por parte da presidente da República, tentativas de obstrução da Justiça, sim, mas baseados no fato de que o ex-presidente [Lula] praticou reiteradas condutas tendentes a modificar o foro ao qual estava submetido, culminando com uma nomeação atípica, com utilização de edição extra do “Diário Oficial da União”, exclusivamente para acomodá-lo no governo. Para sacramentar essa acomodação foi a chefia de gabinete da presidente da República transformada, pasme, em ministério. Se isso não for desvio de finalidade do ato administrativo, o que será? Importante ressaltar que a Procuradoria Geral da República, em parecer encaminhado ao STF nesta semana, corroborou o nosso entendimento, defendendo que a nomeação teve por intuito modificar o foro previamente determinado.

Há muitos debates no meio jurídico sobre a legitimidade ou não do processo de impeachment de Dilma Rousseff. Os críticos afirmam que sua base é mais política do que jurídica. Qual a garantia de que este pedido da OAB é estritamente técnico-jurídico e não influenciado pelo calor da crise política do País?

A OAB jamais teria a irresponsabilidade institucional de se imiscuir em debate político-partidário. Não somos linha auxiliar de oposição, tampouco submissos a governos. Infelizmente, o debate político é assim. Tenta-se trazer a credibilidade da instituição para reforçar uma posição ou outra. No governo FHC, ao rejeitarmos um pedido semelhante contra o ex-presidente, subscrito por alguns dos juristas que hoje nos criticam, fomos considerados pelo PT como vinculados àquele governo. Naquele tempo, impeachment não era golpe. Quando rejeitamos o pedido de impeachment do ex-presidente Lula, no auge do mensalão, fomos vistos pelo PT como grandes democratas, defensores da Constituição. Já pelo PSDB, como governistas. Agora, aos olhos do governo, somos vistos como golpistas. O impeachment é um processo político-jurídico. Jurídico na sua forma e político no seu conteúdo. O julgamento final é substancialmente político, vez que promovido pelo Legislativo. O que posso dizer é que a decisão da OAB vislumbrou tão somente a evidência de requisitos jurídicos para a sua propositura, com a constatação de que houve pratica de infrações político-administrativas que autorizam a instauração do processo. Se o julgamento político do Legislativo será no mesmo sentido, não é mais da alçada da Ordem. Temos que respeitar as instâncias constitucionalmente legitimadas a proferir o juízo definitivo quanto aos fatos escrutinados.

Há divergências dentro da própria advocacia sobre a ação da OAB. Há quem fale que a Ordem se aliou ao complô do “golpe” para derrubar o governo Dilma. Como você avalia essas acusações?

Na advocacia a divergência e a dialética são absolutamente naturais. Nossa decisão contou com a chancela de 25 seccionais, as outras duas não consultaram seus conselhos, e com o voto de 26 das 27 bancadas do Conselho Federal. As opiniões divergentes, que entendem não haver motivos para a apresentação do pedido, devem ser respeitadas. Contudo, na minha particular visão, advogado que chama pedido de impeachment de golpe não fala como jurista, mas, sim, como alguém ideologicamente comprometido. Quando vejo catedráticos do direito se utilizando desse termo pobre para defender o seu posicionamento, lembro que muitos deles subscreveram pedidos de impeachment contra outros presidentes. Isto amiúda o debate jurídico e agiganta a refrega política. Sou forçado a concluir que, à míngua de argumentos, se recorre a este expediente. Ficaria muito feliz se o voto que proferi fosse bombardeado tecnicamente por todos os juristas contrários a ele, mas fico estarrecido quando um farol da advocacia se apequena com o grito de “não vai ter golpe!”.

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Bebê de 13 meses morre em hospital de Cobija com suspeita de complicações por gripe

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Criança estava internada na UTI do Hospital Roberto Galindo Terán com múltiplos problemas de saúde; autoridades monitoram caso

A Secretaria Municipal de Saúde de Cobija informou que está acompanhando a situação e reforçou a importância de medidas preventivas. Foto: cedida 

Um bebê de 13 meses faleceu nesta quarta-feira (7) no Hospital Roberto Galindo Terán, em Cobija, capital do departamento de Pando, na Bolívia. A criança estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com múltiplos diagnósticos e complicações de saúde, incluindo teste positivo para gripe.

Segundo informações preliminares das autoridades de saúde, a menor já apresentava um quadro clínico delicado antes da internação. A gripe teria agravado seu estado, embora as causas exatas do óbito ainda sejam investigadas.

O caso acende um alerta sobre a circulação de vírus respiratórios na região, especialmente em grupos vulneráveis

A Secretaria Municipal de Saúde de Cobija informou que está acompanhando a situação e reforçou a importância de medidas preventivas, como vacinação e cuidados com crianças pequenas durante o período de sazonalidade de doenças respiratórias.

Até o momento, não há confirmação se a gripe identificada no bebê era do tipo influenza ou outro vírus. O hospital não divulgou mais detalhes sobre o histórico médico da criança, respeitando o sigilo do caso.

Familiares foram atendidos pela equipe de apoio psicológico da unidade de saúde
  • Esta é a segunda morte infantil com suspeita de gripe registrada em Cobija/Pando neste ano

  • Em 2024, o Ministério da Saúde da Bolívia emitiu alerta sobre aumento de casos respiratórios no norte do país

  • O Hospital Roberto Galindo Terán é a principal referência pediátrica da região fronteiriça com Brasil e Peru

O hospital não divulgou mais detalhes sobre o histórico médico da criança, respeitando o sigilo do caso. Foto: cedida 

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Polícia Militar recupera três motocicletas com restrição de roubo/furto durante abordagens em Brasiléia e Epitaciolândia

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A Polícia Militar do Acre (PMAC), por meio do 5º Batalhão, recuperou três motocicletas com restrição de roubo ou furto durante fiscalizações de trânsito realizadas nos municípios de Brasiléia e Epitaciolândia, nos dias 5 e 6 de maio de 2025.

A primeira apreensão ocorreu na noite de segunda-feira (5), por volta das 19h50, na Rua Francisco Pinto de Souza, nas proximidades da ponte que liga os bairros Vila Vitória e José Hassem. Durante a abordagem a uma motocicleta Kingo, de cor preta, conduzida por um casal, os policiais constataram, após consulta ao número do motor junto à polícia boliviana, que o veículo possuía restrição de roubo/furto, registrada no dia 8 de julho de 2023, na cidade de Cobija, Bolívia.

Na noite seguinte, terça-feira (6), por volta das 18h40, outras duas motocicletas com as mesmas características foram recuperadas na Rua Benjamin Constant, nas imediações do antigo prédio do Banco Bradesco. A primeira abordagem flagrou uma mulher conduzindo uma motocicleta Kingo preta sem portar a CNH e sem os documentos do veículo. A identificação foi confirmada via sistema, e a checagem do número do chassi apontou uma restrição de roubo/furto registrada em 1º de janeiro de 2021, também em Cobija.

Apenas cinco minutos depois, uma segunda motocicleta da mesma marca e cor foi interceptada na mesma via. A condutora, também sem habilitação, apresentou a documentação do veículo. Após a verificação do número do chassi, constatou-se que a moto havia sido roubada em 22 de novembro de 2023, na capital boliviana.

As três motocicletas foram encaminhadas para a delegacia, onde foram realizados os procedimentos cabíveis. A Polícia Militar reforça o compromisso com o combate aos crimes transfronteiriços, intensificando a fiscalização de trânsito com foco na recuperação de veículos roubados ou furtados, além de ações contra a condução irregular de veículos e outras infrações que coloquem em risco a segurança no trânsito.

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Vídeo: Criminosos disparam nove vezes contra bar na Gameleira; ninguém ficou ferido

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Ataque ocorreu na noite desta quarta-feira (7), quando dois homens em uma motocicleta alvejaram o Felinas Bar, no Segundo Distrito de Rio Branco

Câmeras de segurança registraram o momento em que dois criminosos efetuaram vários disparos de arma de fogo contra o Felinas Bar, localizado na Rua Cunha Matos, na região da Gameleira, bairro Seis de Agosto, no Segundo Distrito de Rio Branco, na noite desta quarta-feira (7).

De acordo com informações da Polícia Militar, os autores do ataque estavam em uma motocicleta preta. O garupa sacou uma arma de fogo e disparou ao menos nove vezes em direção ao estabelecimento, onde diversas pessoas estavam reunidas. Apesar do número elevado de tiros, ninguém ficou ferido.

Logo após os disparos, os suspeitos fugiram do local sem serem identificados. Equipes do 2º Batalhão da PM foram acionadas, colheram informações com testemunhas e realizaram buscas na região, mas até o momento ninguém foi preso.

Como não houve vítimas, a perícia criminal não foi acionada. A Polícia Civil deve assumir as investigações para identificar os autores e esclarecer a motivação do ataque.

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