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Polícia indicia médico e estudante de medicina por morte de jovem que teve complicações pós-parto em Manoel Urbano
Investigação apontou que o estudante atuava como médico no posto de saúde do município sem ter concluído a formação em medicina, e utilizava o carimbo de um outro médico, plantonista da unidade, que é amigo dele

Jovem tem complicações pós-parto, busca ajuda e morre no AC; Polícia Civil investiga. Foto: Arquivo pessoal
A Polícia Civil indiciou um estudante de medicina e um médico pela morte da jovem Estherfanny Sara de Souza Adrião, de 25 anos, no dia 10 de janeiro deste ano, com complicações pós-parto dez dias após dar à luz em Manoel Urbano, no interior do Acre. Eles vão responder por homicídio culposo.
Como os nomes dos suspeitos não foram divulgados, o g1 não conseguiu contato com as defesas deles.
Segundo o inquérito, o estudante de medicina é suspeito de atuar como falso médico por atender pacientes no posto de saúde do município sem ter concluído a formação em medicina, e utilizar o carimbo de um outro médico, plantonista da unidade, que é amigo dele.
As investigações apontam que foi o estudante quem atendeu Estherfanny quando ela deu entrada na unidade. A jovem chegou com dor de cabeça intensa e crises convulsivas, e, segundo a polícia, não recebeu a devida assistência.
Já o médico plantonista foi apontado como responsável pela demora na transferência dela para Rio Branco.
“Houve falha no atendimento da paciente, inicialmente porque ela foi atendida por um falso médico que prescreveu medicação e este foi indiciado por homicídio culposo por imperícia e exercício ilegal da medicina. O outro médico plantonista foi indiciado por homicídio culposo por negligência diante da demora do atendimento da paciente, a demora da regulação dela para encaminhá-la para o hospital de Rio Branco e também pela ausência de intubação, mas a paciente estava em estado gravíssimo”, disse a delegada Jade Dene.
“Foi constatado que não foi a primeira vez que esse falso médico atendeu na unidade com a permissão e companhia do médico plantonista que estava acompanhando no dia do fato”, acrescentou a delegada.
O marido de Estherfanny, conhecido como Kassula Silva, disse que a família foi ouvida pela polícia e aguarda o desfecho do caso. “A justiça está sendo feita”, resumiu.

Delegacia de Manoel Urbano investiga morte de mulher após buscar atendimento. Foto: Asscom/PCAC
Investigação
Após a morte da jovem, a delegada ressaltou que já recebeu todas as horas de gravações, desde o momento em que a jovem deu entrada até o momento em que saiu da Unidade Mista, sendo levada pelo Samu.
“A Polícia Civil está conduzindo uma investigação completa e diligente para esclarecer as circunstâncias da morte de Estherfanny Sara e determinar se houve falha no atendimento médico que possa ter contribuído para o trágico desfecho. A coleta de depoimentos e a análise das gravações do hospital são etapas cruciais para o avanço da investigação”, enfatizou.
O MP-AC instaurou um procedimento para apurar possível omissão dos profissionais de saúde no atendimento. O órgão requisitou prontuários médicos e realizou inspeções tanto na unidade quanto na ambulância utilizada para o transporte da paciente.
Morte
Em entrevista no dia 14 de janeiro, a professora Esther Samylle Souza da Silva, 27 anos, irmã de Estherfanny, explicou que várias negligências ocorreram na morte da irmã. A família já denunciava que ela tinha sido avaliada por um aluno de medicina sem a supervisão do médico plantonista. Segundo a Lei nº 6.932, de 1981, o residente médico só pode fazer a prática da profissão sob supervisão.
“O médico plantonista da unidade só foi atender após ela convulsionar. Além disso, apesar da gravidade do caso, o médico que a avaliou às 2h [do dia 10] não pediu a transferência. A transferência só foi feita por volta das 6h quando outro médico assumiu o plantão e solicitou imediatamente após ver o quadro dela. Foi um atraso de quatro horas e nesse período ela estava convulsionando“, declarou.
A irmã conta que durante o tempo de espera, a família foi informada que o quadro da paciente era “estável”, o que não correspondia à realidade clínica, já que a jovem não tinha resposta verbal e ocular, e não apresentava estímulos motores. Esther ainda aponta que a transferência de Estherfanny foi feita de forma irregular e que ela não foi entubada na Unidade em Manoel Urbano.

Após a morte da jovem, a delegada ressaltou que já recebeu todas as horas de gravações, desde o momento em que a jovem deu entrada até o momento em que saiu da Unidade Mista. Foto: montagem
“A transferência foi feita através do Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], mas foi usada uma ambulância inadequada, uma ambulância branca. Próximo a Rio Branco, ela não estava mais recebendo oxigênio adequadamente na ambulância. Vimos que faltou oxigênio, o que contribuiu para a piora do quadro dela que evoluiu para duas paradas cardiorrespiratórias”, descreve Esther.
Esther ainda fala que após a reanimação feita na capital, foram informados pela médica que não havia mais o que pudesse ser feito, que o quadro dela era irreversível e que ela já estava em morte encefálica, atestado no dia 10 de janeiro.
A família defende que quer uma investigação rigorosa sobre o ocorrido e pedem a apuração da conduta do médico, da equipe envolvida no atendimento inicial e na transferência. Além disso, buscam a revisão dos protocolos de atendimento na Unidade Mista de Manoel Urbano, para que sigam as normas legais e clínicas.
“A gente já entrou no Ministério Público, fizemos a denúncia, pedindo que todos sejam notificados: o CRM [Conselho Regional de Medicina], o estado, o Samu, para que todos sejam notificados e nos dê explicações. Até agora a gente está esperando alguma resposta desses órgãos. Nenhum deles se manifestou.

O maior sonho de Estherfanny era ser mãe e ela teve sua bebê no dia do réveillon — Foto: Arquivo pessoal
Sonho de ser mãe
Estherfanny era casada há oito anos e era prestadora de serviços no Posto de ldentificacão de Manoel Urbano. Inicialmente, a reportagem entrou em contato com o marido, porém ele estava completamente abalado, já que o sonho do casal era se tornarem pais.
“Ela planejou tudo na gravidez. Eu até brincava: ‘eu nunca vi uma pessoa tão empolgada para ser mãe’. Aí ela foi para a maternidade, ganhou a bebê e veio para casa, estava tudo bem”, conta a irmã.
A jovem saiu da cidade do interior e deu à luz na Maternidade Bárbara Heliodora, sem nenhuma intercorrência, no dia 31 de dezembro de 2024. Após quatro dias, recebeu alta e voltou para Manoel Urbano.
“Mas aí [ela] começou a sentir essa dor de cabeça. Quando ela foi para o hospital e chegou lá, a pressão dela já estava alta. Eles não fizeram os procedimentos corretos, porque os médicos da capital falaram que se eles tivessem feito os procedimentos rápidos e certos, teria evitado o caso dela ser irreversível. Poderia ser caso de cirurgia ou de drenar o sangue”, lamentou Esther.
Após a morte na capital, o corpo de Estherfanny foi levado para a cidade do interior, sob forte comoção dos moradores da cidade.
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Papa Leão XIV divulga nova orientação para sexo no casamento

Papa Leão na FAO em Roma • 16/10/2025 REUTERS/Remo Casilli
Em um novo decreto assinado pelo papa Leão XIV, o Vaticano divulgou orientações para fiéis sobre a prática sexual no casamento, reconhecendo que o sexo não se limita apenas à procriação, mas contribui para “enriquecer e fortalecer” a “união exclusiva do matrimônio”.
A questão está intimamente ligada à finalidade unitiva da sexualidade, que não se limita a assegurar a procriação, mas contribui para enriquecer e fortalecer a união única e exclusiva e o sentimento de pertencimento mútuo.
O documento assinado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé cita o Código de Direito Canônico e diz que uma visão integral da caridade conjugal é aquela que “não nega sua fecundidade”, ainda que deva “naturalmente permanecer aberta à comunicação de vida”.
O texto também prevê o conceito de consentimento livre” e “pertencimento mútuo”, assegurando a mesma dignidade e direitos ao casal.
“Um cônjuge é suficiente”
No decreto publicano em italiano, o Vaticano orientou 1,4 bilhão de católicos do mundo a buscarem o casamento com uma única pessoa para a vida toda e a não manterem relações sexuais múltiplas, estabelecendo que o casamento é um vínculo perpétuo e “exclusivo”.
Criticando a prática da poligamia na África, inclusive entre membros da Igreja, o decreto reiterou a crença de que o casamento é um compromisso para toda a vida entre um homem e uma mulher.
“Sobre a unidade do matrimônio – o matrimônio entendido, isto é, como uma união única e exclusiva entre um homem e uma mulher – encontra-se, ao contrário, um desenvolvimento de reflexão menos extenso do que sobre o tema da indissolubilidade, tanto no Magistério quanto nos manuais dedicados ao assunto”, diz o documento.
“Embora cada união conjugal seja uma realidade única, encarnada dentro das limitações humanas, todo matrimônio autêntico é uma unidade composta por duas pessoas, que requer uma relação tão íntima e abrangente que não pode ser compartilhada com outros”, enfatizou a Santa Sé.
Fonte: CNN
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PF afasta delegado e policial em operação contra esquema de ouro ilegal no Amapá
Operação Cartucho de Midas apreende mais de R$ 1 milhão, € 25 mil e prende suspeito com arma restrita; movimentações acima de R$ 4,5 milhões reforçam indícios de lavagem de dinheiro.

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Roraima suspende novas licenças para extração de ouro após recomendação do MPF
Medida vale por prazo indeterminado e ocorre diante do uso ilegal de mercúrio em garimpos, inclusive licenciados; Femarh terá de revisar autorizações já emitidas.

No mês de fevereiro deste ano, o Estado do Amazonas exportou US$ 11 milhões em ouro para a Alemanha. (Foto: Shuttestock)
Atendendo a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (Femarh) suspendeu, por prazo indeterminado, a emissão de novas licenças ambientais para extração de ouro em todo o estado. A decisão decorre de um inquérito civil que apura os impactos socioambientais do uso de mercúrio no garimpo na Amazônia.
Segundo o MPF, o mercúrio — substância altamente tóxica — vem sendo empregado inclusive em garimpos com licença ambiental, sem fiscalização adequada sobre o método de beneficiamento do minério. O órgão ressalta que todo o mercúrio utilizado nessas atividades é ilegal, uma vez que o Ibama não autoriza sua importação para fins minerários.
A recomendação determina que a Femarh passe a exigir dos empreendimentos a especificação da técnica de separação do ouro e documentos que comprovem o uso de tecnologia apropriada. Também orienta a revisão das licenças já concedidas e a suspensão daquelas que mencionem o uso do metal tóxico.
Em nota, a Femarh informou que não autorizará novas atividades de extração enquanto não houver estudos técnicos que garantam métodos alternativos ao uso do mercúrio.

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