Cotidiano
Polêmica: grupo católico acusa padre de Xapuri por compra indevida de caminhonete
Vigário Geral da Diocese de Rio Branco rebate acusações e diz que compra foi autorizada por Conselho Paroquial e informada ao bispo Dom Joaquim

A compra de um veículo do tipo caminhonete, modelo Volkswagen Amarok cabine simples, pela paróquia de São Sebastião, em Xapuri, está sendo motivo de uma discórdia entre um grupo de católicos intitulado “Amigos de São Sebastião” e o pároco Francisco das Chagas, que já dura semanas. O padre afirma ter adquirido o carro para transportar o gado que é doado todos anos pelos fiéis para os leilões da Festa de São Sebastião, realizada no mês de janeiro, com ápice no dia 20.
O grupo “Amigos de São Sebastião” foi criado para ajudar a paróquia na revitalização da igreja, que teve sua estrutura física bastante danificada pela enchente histórica do Rio Acre, no ano de 2015. De 2017 para cá, o movimento voluntário foi responsável por levantar mais de R$ 90 mil para a recuperação da igreja, segundo prestação de contas apresentada à direção da paróquia e tornada pública pelo padre Francisco das Chagas.
Representantes do grupo católico, que é formado por pessoas que na grande maioria residem em Rio Branco, garantem que o Padre Chagas, como o vigário é mais conhecido na cidade, fez uma aquisição desnecessária de um bem em detrimento de ações relativas à reforma da igreja, que segundo eles não está concluída, e com o agravante de não ter tido a autorização do bispo Dom Joaquim Pertiñez, líder da igreja Católica no Acre.
Enfatizam os paroquianos que além de dispensável a aquisição do veículo é indevida porque prejudica investimentos nas obras de acabamento da reforma que a igreja acaba de receber, como calçadas, sala de catequese e a instalação de seis aparelhos de ar condicionado que já se encontram com as redes elétricas prontas. O desentendimento ameaça romper com a relação entre o grupo e a paróquia, além de levar a questão a outras instâncias.
O professor universitário aposentado José Cláudio Mota Porfiro, um dos membros do grupo, ameaça ir ao Ministério Público Estadual para pedir uma investigação sobre as contas da paróquia de Xapuri. De acordo com ele, o padre Francisco das Chagas estaria esnobando o esforço que o grupo fez nos últimos dois anos para arrecadar quase 90% dos recursos utilizados nas obras de recuperação da igreja matriz.
“Depois de conversar com o grupo executivo nós chegamos à conclusão de que alguma coisa muito séria deve ser feita nas contas da igreja e que, além de tudo, nós temos a intenção de parar com o apoio que nós estamos dando, porque é coisa de 90% o que foi feito por conta dos nossos esforços aqui em Rio Branco. Inclusive, até o próximo evento está ameaçado de não existir, porque o padre agora entrou numa de ter dois carros. O padre está gastando o dinheiro que a gente arrecada com a construção e o outro que vai da Diocese ele está gastando com besteira. Ninguém é bobo. O que ele vai fazer com dois carros desses em uma cidade como Xapuri? Eu vou dar 24 horas para eles e vou denunciar”, afirmou.
Uma fonte envolvida com as ações em favor da paróquia de São Sebastião, que pediu para não ter o seu nome publicado, fez vários questionamentos ao chefe da igreja católica em Xapuri sobre a efetiva necessidade de se adquirir uma segunda caminhonete para a congregação. Para ela, a compra é despropositada e vai de encontro com várias prioridades que a instituição religiosa possui no momento.

“Será que fazer uma dívida em um carro para carregar bois é mais importante que climatizar a igreja para proporcionar um maior conforto aos fiéis? E depois que passar o 20 de janeiro, o que ele vai fazer com esse carro? Não era mais razoável fazer as calçadas, concluir a sala de catequese e comprar os aparelhos de ar condicionado?”, perguntou.
As queixas dos associados coloca em dúvida a gestão financeira da igreja. Segundo a mesma fonte, não se sabe como foi aplicado o dinheiro arrecadado na última festa do padroeiro, cerca de R$ 140 mil. O padre se recusaria, inclusive, a contratar uma pessoa para fazer serviços de manutenção das dependências da sede da paróquia, como desobstrução de calhas e outras limpezas na estrutura física das construções.
O professor Nader Sarkis, membro do Conselho Paroquial de São Sebastião, diz que a compra da caminhonete foi decidida em mais de um encontro realizado pelo órgão. Ele afirma que a decisão foi tomada com base em várias discussões e que o fator determinante para a compra foi a dificuldade que a igreja tem de fazer o transporte das prendas animais para os leilões que são um dos principais meios de arrecadação do Novenário de São Sebastião.
“Essa compra da Amarok foi decidida pelo conselho em mais de um momento, assim como outros assuntos de relevância de nossa paróquia. Não há nada de errado com a aquisição do veículo, que teve a aprovação do Conselho Paroquial e foi efetivada pelo padre com o conhecimento da Diocese. É um absurdo alguém imaginar que um carro possa ser emplacado em nome da Diocese sem o conhecimento do bispo. Respeitamos a discordância com a decisão da compra, mas a autonomia da paróquia também deve ser respeitada”, defendeu.
A versão do Padre Chagas
O sacerdote reconheceu a contribuição dada pelo grupo às obras de revitalização da igreja, mas sustentou que quem define as prioridades da paróquia são os Conselhos Paroquial e Econômico. Sobre a compra da caminhonete, ele assegurou que após a aprovação pelo conselho comunicou a decisão ao bispo Dom Joaquim, que não concordou, a princípio, com a aquisição, mas que optou por não interferir na gestão da paróquia, assinando os documentos para que a transação fosse efetuada e o carro documentado.
Perguntado se a igreja realmente necessita de uma segunda caminhonete, sendo que a paróquia já possui um veículo semelhante, de cabine dupla, e se o referido veículo é adequado para o transporte de gado, o pároco respondeu que esta foi a solução encontrada pela equipe que o ajuda a administrar a paróquia para o problema do transporte das prendas, movimento que ocorre todos os anos.

O padre explicou também que os colaboradores que cedem os carros para esse serviço informaram à igreja que não mais disponibilizariam seus veículos na festa do ano que vem. Ele diz ainda que no decorrer do restante do ano, a igreja tem outras demandas para a caminhonete, pois o outro veículo é destinado ao trabalho de evangelização e locomoção do pároco e equipes.
Quanto às críticas que tem recebido, Padre Chagas afirmou que as ameaças de denúncia dos “Amigos de São Sebastião” não o preocupam. Ele afirma que a paróquia de Xapuri tem todas as suas prestações de contas em dia com a Diocese e que todas as informações financeiras se encontram à disposição de quem procurá-lo na igreja. O pároco disse ainda que há pessoas no grupo que o denuncia que querem tumultuar o ambiente pastoral com o objetivo de interferir na gestão da paróquia.
“Tenho minha consciência tranquila e quero deixar as pessoas à vontade para agir como acharem conveniente. Apenas alerto que se colocarem em dúvida a minha honestidade e a lisura com que as finanças de nossa paróquia são tratadas, terão que responder por isso apresentando provas de qualquer irregularidade que exista. Na próxima sexta-feira, nós teremos reunião do Conselho Paroquial. Acho que não virão, pois o que querem é tumultuar e interferir na gestão da paróquia. No mais, eu estou aqui na igreja à disposição deles para fazer qualquer esclarecimento que desejarem”, concluiu.
O Vigário Geral
Como o bispo Dom Joaquim está no Vaticano participando do Sínodo da Amazônia, a reportagem entrou em contato com o padre Leôncio Asfury, Vigário Geral da Diocese de Rio Branco, para falar a respeito da polêmica na paróquia de Xapuri. O sacerdote da paróquia Cristo Libertador afirmou que tem conhecimento da questão entre o Padre Chagas e o grupo Amigos de São Sebastião, e rebateu as acusações de que possa haver irregularidades na paróquia.
Padre Asfury reconheceu o direito de os membros do grupo contestarem a direção da paróquia a respeito de qualquer decisão tomada, mas garantiu que não há anormalidades na aquisição do veículo e observou que a compra da caminhonete foi aprovada pelo Conselho Paroquial e Econômico, que têm autonomia prevista no Código de Direito Canônico.

“Essas pessoas não podem interferir na autonomia da paróquia. Não podem achar que porque ajudaram nas obras da igreja podem ditar o que o padre deve ou pode fazer. O veículo não foi comprado com o dinheiro que eles arrecadaram, mas com os recursos da festa de São Sebastião do ano passado. Elas têm a liberdade de fazer as denúncias que acharem devidas, mas devem saber que nós não ficaremos de braços cruzados. Temos o nosso departamento jurídico dotado de todas as informações para tomar as providências necessárias”, afirmou a maior autoridade da igreja acreana depois do bispo Dom Joaquim.
Comentários
Cotidiano
Chuva aumenta e Defesa Civil alerta para riscos na captação de água e navegação no Rio Acre
O coordenador também detalhou o comportamento do rio ao longo da semana. Segundo ele, o nível oscilou de 6,68 metros na segunda-feira para 5,43 metros na manhã desta sexta

Cláudio Falcão explicou que a Defesa Civil segue acompanhando a evolução do cenário e reforçou que o período chuvoso está apenas começando. Foto: captada
Suene Almeida
Apesar de Rio Branco não registrar volumes extremos de chuva nos últimos dias, a Defesa Civil Municipal tem monitorado de perto o comportamento do Rio Acre e suas consequências para a capital. Em entrevista nesta sexta-feira (5), o coordenador municipal da Defesa Civil, tenente-coronel Cláudio Falcão, detalhou a situação, chamou atenção para riscos menos aparentes e reforçou que o momento exige cautela.
Segundo Falcão, até a manhã de hoje o acumulado de chuva dentro do perímetro urbano estava em cerca de 18 milímetros. No entanto, o volume que atinge a cidade desde o início da tarde tende a alterar esse cenário. “Daqui a pouco, quando a gente finalizar essa chuva aqui, vamos perceber que o que choveu hoje equivale praticamente à semana inteira”, explicou.
Ele reforça que, embora o índice acumulado não pareça alto dentro de Rio Branco, o quadro regional é mais preocupante. “Mesmo não tendo chovido muito na cidade, nós temos um acumulado na bacia de 250 a 300 milímetros só nesta primeira semana de dezembro, que nem terminou ainda. Ainda é sexta-feira.”
Oscilações do nível do Rio Acre preocupam
O coordenador também detalhou o comportamento do rio ao longo da semana. Segundo ele, o nível oscilou de 6,68 metros na segunda-feira para 5,43 metros na manhã desta sexta, uma queda significativa em poucos dias. Apesar disso, Falcão esclarece que não há risco de enchente neste momento.
O alerta da Defesa Civil, porém, está focado em outro ponto, que é na presença de balseiros, grandes aglomerados de troncos e vegetação que descem com a correnteza e podem causar danos a estruturas e embarcações.
“Existe uma preocupação atual nossa em relação a essa oscilação de nível, que é a formação de balseiros. Esses balseiros colocam em risco a captação de água e a navegação, trazendo grandes possibilidades de acidentes”, afirmou o tenente-coronel.
Ele explica que, mesmo sem perspectiva de transbordamento, o comportamento irregular do rio traz desafios que exigem vigilância constante. “A gente não está preocupado com o transbordamento, que não vai acontecer agora, mas estamos atentos às outras consequências que o nível do rio traz quando ele oscila dessa forma”, destacou.
Cláudio Falcão explicou que a Defesa Civil segue acompanhando a evolução do cenário e reforçou que o período chuvoso está apenas começando, “Essas primeiras chuvas já mostram que a gente precisa ficar alerta. O momento é de atenção, não de pânico”, concluiu.
Comentários
Cotidiano
Prefeito de Rio Branco anuncia pagamento do salário e 13º de servidores para o dia 19 de dezembro
Tião Bocalom afirmou que os depósitos devem injetar cerca de R$ 80 milhões na economia local e destacou que a gestão mantém todos os pagamentos em dia

A confirmação foi feita durante coletiva de imprensa realizada na Praça da Revolução. Segundo o gestor, os dois pagamentos devem injetar aproximadamente R$ 80 milhões na economia local. Foto: captada
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, anunciou em coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira (5) que o salário de dezembro e o 13º salário dos servidores municipais serão depositados no próximo dia 19. Segundo o gestor, os pagamentos devem injetar aproximadamente R$ 80 milhões na economia da capital.
Bocalom destacou que a política da administração municipal é a de antecipar parte do 13º apenas mediante solicitação do servidor, prática que, de acordo com ele, é pouco comum.
— A grande maioria dos nossos trabalhadores deixa para receber tudo no final do ano, como foi pensado quando o 13º foi criado — afirmou.
O prefeito explicou ainda que adiantar o pagamento no meio do ano pode reduzir o impacto financeiro do benefício devido aos descontos obrigatórios, o que, em sua visão, “desvirtua” o propósito original da gratificação natalina. Ele também reafirmou o compromisso da gestão com a pontualidade nos pagamentos.
— Nunca atrasamos salários, férias ou qualquer outro direito. Fechamos o ano mais uma vez com tudo em ordem, pagando todos os nossos trabalhadores — completou Bocalom.
Comentários
Cotidiano
Obra do viaduto Mamedio Bittar em Rio Branco é adiada para março de 2026
Prefeitura culpa atraso na entrega de insumos vindos de outros estados; estrutura, orçada em R$ 24 milhões, estava prevista para dezembro de 2025

A prefeitura admitiu que não conseguirá entregar a obra ainda este ano e divulgou que a nova previsão é o primeiro trimestre de 2026. Foto: captada
A Prefeitura de Rio Branco admitiu que não conseguirá entregar ainda este ano a construção do viaduto Mamedio Bittar, na confluência das avenidas Ceará, Dias Martins e Isaura Parente. Em nota divulgada nesta quarta-feira (4), a gestão municipal adiou a conclusão da obra para março de 2026.
O novo prazo é o terceiro anunciado pela administração: inicialmente, a entrega estava prevista para outubro de 2025, depois foi adiada para dezembro e, agora, para o primeiro trimestre do ano que vem. Segundo a prefeitura, o atraso se deve à demora na chegada de insumos metálicosnecessários para a estrutura.
— Ressaltamos que não houve má-fé nem por parte da empresa executora, nem da gestão municipal. Trata-se de uma situação logística, considerando também a distância geográfica do Acre em relação aos centros produtores — justificou o município.
De acordo com a nota, os últimos vãos da passagem estão sendo concretados e, após a conclusão do viaduto, ainda serão realizados serviços de acabamento. A prefeitura não informou se o custo inicial de R$ 24 milhões foi alterado.
O viaduto Mamedio Bittar é considerado essencial para desafogar o trânsito em uma das áreas de maior fluxo da capital acreana, especialmente nos horários de pico. A previsão atual é que a obra seja entregue totalmente concluída e dentro dos padrões de qualidade até março do próximo ano.

Segundo a prefeitura, o atraso se deve à demora na chegada de insumos metálicos necessários para a estrutura. Foto: captada
Nota da Prefeitura de Rio Branco
A Prefeitura de Rio Branco, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura, esclarece que o atraso na entrega do Elevado Mamedio Bittar ocorreu em razão de dificuldades no fornecimento dos insumos metálicos utilizados na obra.
O material é fabricado sob medida, de forma milimétrica, e adquirido junto a grandes siderúrgicas do sul do país, como a Usiminas e a Gerdau, que atendem não apenas o Brasil, mas também o mercado internacional. Houve, portanto, atrasos na produção e na entrega dessas estruturas, o que impactou diretamente o cronograma da obra.
Ressaltamos que não houve má-fé nem por parte da empresa executora, nem da gestão municipal. Trata-se de uma situação logística, considerando também a distância geográfica do Acre em relação aos centros produtores.
Neste momento, os últimos vãos estão sendo concretados e os serviços de urbanismo já foram iniciados. Após a conclusão da estrutura, ainda serão executados os acabamentos do tabuleiro, passeios, laterais, pintura e toda a urbanização na parte inferior do elevado.
A Prefeitura reforça que não irá inaugurar a obra de forma inacabada. A previsão é de que o Elevado Mamedio Bittar seja entregue totalmente concluído e dentro dos padrões de qualidade no primeiro trimestre de 2026, mais precisamente até o mês de março.

Ainda segundo a nota, os últimos vãos da passagem estão sendo concretados e que, após a conclusão do viaduto, ainda haverá serviços de acabamento. Foto: captada

Você precisa fazer login para comentar.