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Observação de aves cresce no Acre e fortalece turismo na região

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O jovem observador de aves, Rodrigo Pádula, de 12 anos de idade, junto com a mãe, Fernanda Brasil, carrega sua câmera com empenho e dedicação para registrar as aves do condomínio em que mora. Atenção aos movimentos das aves e um olhar direcionado a elas são gestos muito particulares da prática de observação de aves, que, para Rodrigo, evoca um sentimento: “Sinto muita alegria”.

Rodrigo em lugar adequado para praticar observação de aves na Chácara Ipê. Foto Alice Leão/Sete

O motivo da alegria, segundo Rodrigo, vem da sensação de avançar nos registros fotográficos das espécies de aves do Brasil, pois, mais do que fotografar as aves, Rodrigo cumpre uma verdadeira missão: o jovem lançou o livro intitulado “Aves do Condomínio Chácara Ipê”, com propósito de conscientizar a sociedade a respeito da importância da preservação das aves.

Para Rodrigo, a morfologia das aves é o que mais chama atenção. Foto: Ricardo Plácido/Sema

No livro de Rodrigo, o leitor pode encontrar um material que dispõe da identificação de 100 espécies de aves. A obra teve a colaboração do doutor Edson Guilherme da Silva, professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), referência no assunto de ornitologia, que é a ciência que estuda as aves. Orientado pelo professor para delimitar a identificação das espécies apenas à Chácara Ipê, Rodrigo comenta: “Meu livro ajuda a compreender o que é a avifauna urbana de Rio Branco”.

Registro de Rodrigo enquanto pratica birdwatching. Foto: Rodrigo Pádula

O talento e dedicação de Rodrigo chamaram a atenção do governador Gladson Cameli que prontamente o recebeu em seu gabinete. A partir deste encontro, o jovem recebeu o apoio do governador para a participação em um evento de observação de aves, o Avistar Brasil.

Para Rodrigo, os horários mais adequados para observar são entre 6h e 12h da manhã e 16h e 17h da tarde. Foto: Alice Leão/Sete

O Avistar Brasil é um encontro brasileiro de observadores de aves que apresenta uma programação com exposições, lançamentos de livros, oficinas, dentre outras atividades sobre o tema. A edição deste ano acontece na Cidade Universitária USP, em São Paulo (SP), entre os dias 17 e 19 de maio, e a Secretaria de Estado de Turismo e Empreendedorismo (Sete) terá equipes representando o Acre.

O titular da Sete, Marcelo Messias, destacou a importância da Sete em participar  do evento: “A participação da Sete no Avistar Brasil é extremamente importante para a capacitação da equipe, para buscar oportunidades e modelos para aplicarmos no estado do Acre, para fazermos networking e fortalecermos esse tipo de turismo na região”.

Crescimento visível

No Acre, a prática de observação de aves, também conhecida como birdwatching, tem crescido consideravelmente elevando o estado ao ponto de ser referência no assunto.

Sobre o crescimento da prática de birdwatching no Acre, o professor e doutor em ornitologia, Edson Guilherme da Silva, explica: “Este crescimento está relacionado ao fato de que o Acre possui infraestrutura adequada para receber os observadores de aves de todo o Brasil e também do exterior. Quando falamos de infraestrutura nos referimos a hotéis, veículos, guias e locais adequados para a prática de observação de aves”.

Ao avaliar o potencial do Acre enquanto território de observação de aves, o professor Edson Guilherme comenta como o estado é excelente para a prática, pois apresenta aproximadamente 720 espécies de aves. O professor conta que a Amazônia brasileira apresenta um total de 1.300 espécies.  Ou seja, o estado do Acre representa mais de 50% desse total.

Outro ponto importante a ser considerado é a presença de aves endêmicas no Acre, o que significa que são espécies que vivem exclusivamente na região. O  Acre fica localizado no Centro de Endemismo Inambari e segundo o livro “Aves do Acre”, escrito por Edson Guilherme, há uma concentração de 23 espécies endêmicas em território acreano.

Capitão-de-colar-amarelo é um exemplo de ave endêmica do estado do Acre. Foto: Ricardo Plácido/Sema

No Brasil, os observadores têm acesso ao site WikiAves, que é um espaço virtual repleto de registros de imagens e sons das aves, assim como informações sobre elas, entre outras atividades ligadas à prática. Desse modo, os observadores também atuam como colaboradores para o banco de dados das espécies raras e endêmicas.

Outros observadores e histórias

Além do jovem Rodrigo, histórias de outros observadores como a do biólogo e servidor público, Ricardo Plácido, também se desenvolveram na relação com a prática de observação. Ricardo é natural de Recife, vive no Acre há 13 anos e conta que teve seu primeiro contato com pássaros na infância, mas foi na universidade que iniciou os estudos sobre a biologia das aves.

“Eu tive contato com um grupo chamado Observadores de Aves de Pernambuco, que era um clube de pessoas, biólogos ou pessoas comuns, que iam para a natureza para observar pássaros com binóculos, anotar e contemplar os bichos na natureza solta”, conta Ricardo.

No campo da observação de aves, Ricardo considera-se um desbravador: “O meu perfil como observador de aves é justamente de desbravar as espécies raras, pouco conhecidas, e o Acre é um celeiro delas, e tentar torná-las acessíveis para que as pessoas possam vir observar e fotografar essas espécies”, disse o biólogo.

Na imagem, Ricardo Plácido com os equipamentos que aprimoram a prática de observação de aves. Foto: Alice Leão/Sete

Momentos marcantes

Nas aventuranças destes desbravamentos, Ricardo coleciona memórias cheias de sensações e momentos marcantes. Dentre elas, o biólogo destaca o dia em que se tornou o primeiro brasileiro a encontrar a choca-do-acre, espécie rara que, segundo o Guia de Aves do Parque Nacional da Serra do Divisor, só pode ser contemplada na Serra do Divisor (Acre) e em território peruano.

O encontro aconteceu em 2016 enquanto Ricardo estava fazendo mestrado em Mâncio Lima e decidiu ir até o Parque da Serra do Divisor. O biólogo conta que, até então, só havia conhecimento da existência da espécie na serra a partir de levantamentos do parque, mas não havia registros fotográficos ainda. “A única foto que existia [da choca-do-acre] era no Peru e era uma foto em um lugar remoto que o pesquisador fez lá”, explica Ricardo.

Durante o momento, Ricardo relata a emoção que o tomou ao confirmar que realmente era a choca-do-acre que estava no local: “Me deu um nervosismo, uma tremedeira, assim, que eu fiquei adrenalizado, que eu não consegui fazer fotos e vídeos bons, tudo tremido”.

Tremor da foto representa emoção do encontro. Registro do momento em que Ricardo Plácido se tornou o primeiro no Brasil a fotografar a choca-do-acre. Foto: Ricardo Plácido/Sema

Assim como Ricardo, o observador de aves e biólogo, Wyllyan Alencar, também coleciona experiências no campo da observação de aves. Wyllyan relata o momento em que encontrou a ave rara, cnipodectes superrufus, conhecida como flautim rufo, durante um guiamento realizado por ele. Ele percebeu que a ave estava fazendo o ninho dela e explica que, até o momento, não havia nenhuma informação científica sobre a feitura de ninhos desta espécie. “Foi um momento marcante também, é um achado para a ciência e, a partir dali, a gente está ainda em montagem desse pequeno artigo que a gente quer publicar”, disse.

Além de oferecer grandes possibilidades de contribuição científica, Wyllyan ainda elenca uma série de outros benefícios da prática de observação de aves: “É uma atividade que envolve muita paixão, que move também não só a paixão, mas também dinheiro, capital, é uma atividade que pode sim favorecer uma região, uma área, pode salvar uma unidade de conservação, pode alavancar o turismo, pode dar oportunidade às pessoas”.

Papel das unidades de conservação para a preservação das aves

Além de atuarem como lugares adequados para a prática de observação de aves, as unidades de conservação (UC) também exercem um papel de preservação destas espécies. De acordo com o professor, Edson Guilherme Silva, as UCs  são importantes para a preservação das espécies: “Sem as unidades de conservação, as espécies que só ocorrem em regiões muito específicas da Amazônia já teriam sido extintas”.

O professor ainda ressalta que “além de preservar, as unidades de conservação também são importantes para a pesquisa científica e para o ecoturismo”.

A exemplo disso, no estado do Acre, o Parque Nacional da Serra do Divisor atua como a UC que apresenta a mais rica biodiversidade da Amazônia. Administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Parque Nacional da Serra do Divisor compreende os municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter e Rodrigues Alves.

No Acre também há o exemplo do Parque Estadual Chandless, UC administrada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), localizado nos municípios de Sena Madureira, Santa Rosa do Purus e Manoel Urbano. Tanto o Parque Nacional da Serra do Divisor quanto o Parque Estadual Chandless apresentam enorme potencial turístico, inclusive no que se refere à prática de observação de aves.

Grupo de observadores estrangeiros praticando birdwatching no Parque Estadual Chandless em 2023. Foto: Ricardo Plácido/Sema

Atuação do governo do Estado do Acre

A Secretaria de Estado de Turismo e Empreendedorismo (Sete) faz parte de diversos conselhos gestores de unidades de conservação que apresentam enorme potencial para observação de aves. Atualmente, já está prevista para maio de 2024 a realização de um curso com dois módulos, sendo o primeiro para observação de aves e o segundo para interpretação ambiental. O curso é resultado da parceria entre o governo do Estado, por meio da Sete, Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), ICMBio e Instituto de Pesquisa Ecológica (IPE).

A Sete também está elaborando estudos para incluir na carteira de projetos, as torres de observação de aves. Segundo o servidor da Sete, Francismay Costa, essas torres são estruturas que garantem melhorias à atividade turística de observação, pois permitem a contemplação das aves que ficam em grandes alturas, e contribuem para os praticantes não fazerem barulho e não as espantarem.

Para a diretora de turismo da Sete, Sirlânia Venturin: “O turismo de observação de aves, ou birdwatching, no Acre é uma atividade que tem um alto potencial devido à rica biodiversidade da nossa região, e fortalecer essa modalidade de turismo sustentável é crucial para preservar os ecossistemas delicados da Amazônia”.

Sirlânia ainda ressalta: “O governo do Estado do Acre, por meio da Sete, está atento e sensível à importância que essa atividade tem, e está buscando fomentar o segmento para atrair mais turistas e gerar mais negócios para as comunidades locais e toda cadeia produtiva do turismo”.

Confira a galeria de fotos:

Fonte: Governo AC

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Acre

Morador em situação de rua é esfaqueado no pescoço em Rio Branco

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Um homem de 50 anos, identificado como Edilmo Inácio Pereira, foi vítima de um ataque a faca na noite desta quinta-feira (25) no bairro 6 de Agosto, em Rio Branco. Ele caminhava pela Rua Seis de Agosto quando foi abordado por um homem armado com uma faca, que desferiu um golpe no pescoço da vítima.

Edilmo conseguiu caminhar até um posto de combustíveis próximo, onde desabou com intenso sangramento. O SAMU foi acionado e o levou ao Pronto-Socorro de Rio Branco, onde deu entrada em estado estável, mas com risco de agravamento.

A Polícia Militar esteve no local e iniciou as investigações, que agora seguem com a Polícia Civil, que busca identificar e prender o autor do crime.

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Acre deve arrecadar R$ 6,4 bilhões em impostos em 2025, aponta Impostômetro

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Valor representa 0,16% da arrecadação nacional e supera em R$ 500 milhões o total de 2024; até 25 de dezembro, contribuintes já pagaram R$ 6,3 bilhões

Em comparação até o fim de novembro de 2025, os recursos recolhidos por prefeituras, governo estadual e União somavam R$5,8 bilhões no estado. Foto: captada 

A arrecadação de impostos municipais, estaduais e federais no Acre deve alcançar cerca de R$ 6,4 bilhões em 2025, segundo estimativa do Impostômetro, ferramenta mantida pela Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). O valor corresponde a aproximadamente 0,16% de toda a arrecadação nacional.

Comparativo anual:
  • 2025 (previsão): R$ 6,4 bilhões

  • 2024 (realizado): R$ 5,9 bilhões

  • Até 25/12/2025: R$ 6,3 bilhões já arrecadados

  • Até novembro/2025: R$ 5,8 bilhões acumulados

Principais tributos pagos pelos acreanos:
  • Impostos sobre produção e circulação: ICMS e ISS

  • Tributos sobre renda: Imposto de Renda (pessoa física e jurídica)

  • Impostos sobre propriedade: IPTU e IPVA

  • Taxas de comércio exterior e outros encargos

Destinação dos recursos:

Os valores arrecadados são utilizados para:

  • Custeio da máquina pública (salários e manutenção)

  • Financiamento de obras e infraestrutura

  • Execução de programas governamentais

  • Pagamento de servidores públicos

  • Quitação de dívidas do estado e municípios

O crescimento da arrecadação reflete tanto a expansão da atividade econômica no estado quanto a melhoria na eficiência da cobrança tributária. Entretanto, especialistas alertam que o Acre continua com uma das menores participações na arrecadação nacional, refletindo suas limitações econômicas estruturais e baixa densidade populacional.

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Cânticos de fé e acolhimento transformam Natal de pacientes no PS

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Foto: Cedida

Corredores do Pronto-Socorro de Rio Branco foram tomados por um som diferente do habitual nesta quarta-feira (24). Em meio à rotina intensa da unidade, servidores se reuniram para realizar um cântico natalino, levando música, palavras de fé e gestos de acolhimento a pacientes e profissionais que permanecem em serviço durante a data.

A iniciativa, que já se tornou tradição, tem como propósito aproximar o verdadeiro significado do Natal de quem passa esse período longe de casa. Para muitos pacientes, a internação na véspera da data simboliza medo e solidão. Para os servidores, é o desafio de cumprir o dever de cuidar enquanto a família celebra à distância. O cântico surge, então, como um gesto simples, mas carregado de sensibilidade, capaz de aquecer corações e renovar esperanças.

Para o gerente de Assistência do Pronto-Socorro, Matheus Araújo, a ação representa uma forma de humanizar ainda mais o atendimento e fortalecer os vínculos dentro da unidade.

“O Natal fala sobre amor, cuidado e presença. Sabemos que muitos servidores passam essa data longe de suas famílias e que muitos pacientes gostariam de estar em casa. Esse momento é para lembrar a todos que eles não estão sozinhos, que aqui existe acolhimento, humanidade e compromisso com o cuidado”, destacou.

A programação percorreu diferentes setores do hospital e contou com a participação de servidores da gestão, do corpo de enfermagem, supervisores e colaboradores do Núcleo de Atendimento ao Servidor (NAST). A organização da ação é feita de forma voluntária e colaborativa, com recursos arrecadados entre os próprios profissionais, que se mobilizam todos os anos para tornar o momento possível.

Além do simbolismo, o cântico também revela o outro lado do cotidiano do pronto-socorro: o cuidado que vai além da técnica e alcança o emocional e o espiritual. Em um cenário marcado por desafios e dias difíceis, a iniciativa ajuda a reforçar para a população que, diariamente, a unidade trabalha com dedicação, empatia e compromisso com a vida.

A enfermeira emergencista Jonnyka Lima, que atua na linha de frente do atendimento, ressaltou o impacto do momento tanto para os pacientes quanto para os profissionais.

“Esse momento toca profundamente quem está aqui dentro. Para o paciente, é um alívio no coração; para nós, profissionais, é uma renovação de forças. Às vezes, tudo o que alguém precisa é ouvir uma música, uma palavra de carinho, sentir que não foi esquecido. O Natal nos lembra exatamente isso: cuidar do outro também é um ato de amor”, afirmou.

Após a apresentação, as reações falavam por si. Olhares emocionados, sorrisos tímidos, lágrimas discretas e palavras de gratidão marcaram o encerramento da ação. Muitos pacientes relataram que precisavam exatamente daquela música ou daquela mensagem. Entre os servidores, o sentimento era de comunhão e fortalecimento coletivo.

Em meio à urgência, ao cansaço e aos desafios diários, o cântico reafirmou que o Natal pode acontecer em qualquer lugar, inclusive dentro de um hospital e que, onde há cuidado, há também humanidade, esperança e amor.

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